28.12.03
fim de ano, fim da picada
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))) Artest voltou a aprontar e
Carlisle quer vê-lo pelas costas
Fim de ano é sempre aquela coisa: esperanças renovadas, mensagens de paz, bandeiras brancas por todo lado, confraternização geral. Nesse clima, o Rebote pede licença para uma breve pausa, afinal ninguém é de ferro. Após o descanso na virada do ano, o site volta ao ar no dia 4 de janeiro. Até lá, fica aberta a caixa de comentários para quem quiser manter o papo atualizado neste período.
A ironia da ocasião é o tema que puxa a crônica de despedida de 2003: nos próximos parágrafos, não haverá paz. Vamos falar de brigas, provocações, desentendimentos, agressões.
Pois foi assim que Ron Artest, Rick Carlisle e o Indiana Pacers resolveram encarar o réveillon.
Vocês certamente lembram que a turma de Indianápolis começou o campeonato com uma campanha arrebatadora de 14 vitórias e duas derrotas. Tudo corria às mil maravilhas, em grande parte devido à fase cordeirinho de Artest, sem faltas técnicas, reclamações e ataques de pelanca.
O problema foi quando o time começou a perder.
Nos últimos 15 compromissos, foram oito fracassos. No mais recente, em casa, contra o New Jersey Nets, a bomba explodiu. Foi pelos ares o bom comportamento do bad-boy oficial da equipe. Ruiu a relação amistosa do técnico com os jogadores. Roupa suja lavada em público, crise deflagrada nas barbas do ano novo.
Tudo começou na noite de sábado, antes da partida contra os Nets. Era um canto isolado do vestiário no Conseco Fielhouse, e o rap corria solto no último volume. Assim Ron Artest se concentrava, alheio ao que acontecia em sua volta.
Bola quicando, o ala parecia desinteressado. Marcado ou não, recebia passes e interrompia a rotação ofensiva para chutar de três. Fez isso três vezes. Errou todas. E irritou o treinador.
Fugir do esquema desenhado na prancheta é pecado mortal em times armados por Rick Carlisle. Abre-se aqui uma discussão polêmica: vale mais a tática do estrategista ou o improviso do atleta? Até que ponto vai a liberdade do craque para escapar do que foi combinado?
Carlisle não admite tal “insubordinação”. Se está na prancheta, deve ser executado. À exceção dos contra-ataques, tudo tem de ser feito conforme indicam as setas. No Detroit Pistons, fraquíssimo ofensivamente, dava certo. No Indiana Pacers, com várias opções de finalização, vai dar problemas.
Aliás, já deu.
“Só errei três arremessos, ora. Não há nada de errado comigo”, justificou Artest. “Ninguém pode ser perfeito o tempo todo, não vejo mal nenhum nisso.”
Pois o técnico viu. Levou a discussão para o intervalo e, após o bate-boca, deixou o atleta no banco durante todo o segundo tempo, alegando que ele não está disposto a se sacrificar pelo conjunto: “Tem gente aqui que não entende as coisas. A alma do time é mais importante que o objetivo de cada um.”
Carlisle voltou para o terceiro período tão transtornado que perdeu a cabeça e foi expulso ao reclamar de uma falta em Jermaine O’Neal.
O resto do elenco prefere não alimentar a fogueira, mas há quem discorde da ditadura da prancheta. “Respeitamos o técnico, mas conhecemos nossas habilidades”, insinuou o reserva Al Harrington. “Sabemos que é possível criar boas jogadas sem ter de seguir uma cartilha em todos os ataques.”
A discussão vai dar pano para manga. Por ora, o que se percebe é um princípio de crise. As vísceras estão expostas. Se não quiser repetir a derrocada do campeonato passado (quando despencou pela tabela na reta final), convém ao Indiana contornar os conflitos internos. Afinal, é isso, só isso, que impede o time de brigar pelo título da conferência.
E, cá entre nós, bem que podiam escolher outro período do ano para brigar, não?
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Já sabemos que 2004 vai trazer mais basquete para o Brasil. Que traga também mais saúde, paz e felicidade.
A todos, um Feliz Ano Novo.
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foto . nbae
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