21.9.03



VOU ALI COMER UM BOLO E JÁ VOLTO




No decorrer desta semana, o Rebote completou seu primeiro ano de vida. Em 19 de setembro de 2002, este espaço entrava no ar com dois pequenos textos: um sobre a aposentadoria de Patrick Ewing; outro sobre a indecisão de Michael Jordan quanto a jogar mais uma temporada.

Pois Jordan resolveu ficar, Ewing passou para o lado dos cartolas e, exatamente um ano depois, aqui estamos soprando velinhas pela primeira vez.

O que era para ser apenas um exercício pessoal diário acabou atraindo um bocado de gente. Graças à fidelidade dos amigos (na maioria dos casos, amigos que eu nunca vi na vida), o contador já vai rodando na casa das 16 mil visitas. No fundo, não é a numeralha que importa, e sim as participações, os comentários, o simples ato de passar os olhos nos textos.

Como presente de aniversário, o Rebote aproveita as águas calmas desta entressafra de basquete e tira duas semanas de folga. É tempo suficiente para tomar fôlego e recarregar as baterias, de olho num campeonato que promete.

O retorno fica marcado para 4 de outubro, um dia antes de Dallas x Utah, partida que abre a pré-temporada.

Aí vai começar tudo de novo. Salvo algum imprevisto, a volta já será em ritmo diário.

Obrigado a todos por estes 12 meses.

Um abraço em cada um de vocês,

Rodrigo Alves

14.9.03



2010: UMA ODISSÉIA NA EUROPA




Em 7 anos, Nowitzki pode jogar literalmente em casa



Imaginem a cena. Aos 26 anos, no auge da forma, LeBron James toma um avião com seus companheiros de time e, durante sete horas, os Cavaliers cruzam o Atlântico rumo à Espanha. Na noite seguinte, Cleveland e Barcelona se enfrentam diante de uma platéia ensandecida que lota o ginásio do clube catalão. Fim de partida, e os americanos viajam de volta já pensando no próximo compromisso, contra o poderoso Denver de Nenê e Carmelo Anthony. Tudo isso válido pela NBA.

Difícil acreditar? Por via das dúvidas, convém ir se acostumando com a idéia.

O manda-chuva David Stern já cogitou a hipótese, vários jogadores têm opinado sobre o assunto e uma legião de dirigentes vem estudando todos os detalhes: até o fim da década, se tudo der certo, a liga profissional dos Estados Unidos vai expandir seus horizontes para o outro lado do oceano.

Stern ainda não sabe de que forma isso vai ser feito, mas julga que este é um caminho inevitável. A possibilidade mais forte seria convidar duas equipes européias para integrar a NBA a partir de 2010, o que pode criar cenas insólitas como esta aí de cima. A idéia parece um tanto irreal por conta das viagens exaustivas, mesmo se o calendário permitir que cada time americano vá à Europa apenas uma vez por temporada e faça lá uma seqüência de jogos.

“O maior problema seria esta cota extra de viagens”, confirma o pivô Marcus Camby. “As pessoas não têm idéia de como isso é cansativo. Os deslocamentos dentro do nosso país já são duros o bastante.”

O plano B seria instituir uma nova liga só com times europeus. Para isso, novas equipes seriam criadas ou as atuais seriam aproveitadas? Ainda não dá para responder a essa pergunta. Ninguém sabe se clubes tradicionais como Barcelona e Treviso se submeteriam a um selo genuinamente yankee. Em todo caso, algumas cidades já estão sendo estudadas como possíveis alvos. Barcelona, Milão, Paris, Londres, Atenas e Berlim saíram na frente.

Além da escolha das sedes e da logística das viagens, a decisão ainda depende de uma infinidade de outros fatores, como as condições técnicas dos ginásios, o potencial interesse do público e as barreiras do idioma.

Até lá, muita água vai rolar debaixo da ponte.

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PORTEIRA ABERTA - Não custa lembrar que, no ano que vem, o Charlotte Bobcats entra em cena, elevando para 30 o número de franquias da liga. A entrada dos europeus reabriria a velha polêmica do inchaço. Será bom ou mau negócio?

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POSSE - A avalanche de estrangeiros na NBA, por sinal, está causando um tumulto que nós já conhecemos bem no âmbito do futebol internacional. Os times pagam salários astronômicos a seus atletas e são obrigados a liberá-los para defender suas seleções em torneios mundo afora. Mark Cuban, por exemplo, ficou feliz da vida ao saber que Canadá e Alemanha não se classificaram para as Olimpíadas de Atenas. Assim, o dirigente vê menos risco de contusão para Steve Nash e Dirk Nowitzki. Reclamar, tudo bem. O que não pode é começar a proibir, como tentam fazer os gigantes do futebol na Europa.

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E AGORA ? - Após dizer um milhão de vezes que desejava ficar em Atlanta, Jason Terry assinou um pré-contrato com o Utah Jazz. A diretoria dos Hawks tem uma semana para cobrir a oferta. “Diante da estrutura do elenco e das incertezas sobre a possível venda da franquia, estou pronto para mudar de ares”, explicou o armador. “O Utah fez uma proposta extremamente difícil de ser coberta.” Será mesmo? Durante todo o verão, a cartolagem de Atlanta garantiu que nenhuma quantia seria o bastante para tirar Terry da equipe. Resta esperar para ver.

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ULTIMATO - Cansado da via-crúcis a que tem se submetido nos últimos anos, Grant Hill decidiu que esta é sua última tentativa de voltar as quadras. Se não der certo, e mais uma cirurgia for necessária, o craque do Orlando Magic vai encerrar a carreira. Até agora, foram quatro operações no tornozelo esquerdo, que lhe permitiram apenas 46 jogos nas últimas três temporadas. A recuperação segue em marcha lenta e a previsão de retorno para fevereiro não deve ser cumprida. Jogador, comissão técnica e médicos concordam que é melhor esperar até 2004-2005.

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FUTURO - O mesmo prazo vale para Jay Williams, que se recupera de um grave acidente de moto. Nas próximas semanas, o armador do Chicago Bulls deve falar com a imprensa numa entrevista coletiva. É uma pena que um jovem promissor tenha colocado a carreira em risco por causa de um acesso de imprudência. Vale lembrar que Williams estava sem capacete e não tinha licença para dirigir motos. Além disso, o contrato padrão de atletas da NBA proíbe o uso deste tipo de veículo, justamente pelo alto risco de acidentes.


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Ainda suspenso pelo Boston, Vin Baker admitiu o alcoolismo publicamente. O jogador embarcou num tratamento sério, está sem beber há seis meses e pretende voltar às quadras em breve. “A suspensão me deu a chance de uma nova vida”, garante. Força para ele.

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Pouca gente sabe, mas Voshon Lenard teve média de 14 pontos por partida na última temporada. É mais um bom reforço para o Denver Nuggets.

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Indiana e Seattle estudam seriamente a troca de Ron Artest por Brent Barry.

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Nick Van Exel em Nova York? Está aí uma química que pode dar certo. O espírito guerreiro do armador casaria bem com a torcida apaixonada dos Knicks. As negociações seguem a pleno vapor.

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(Foto – NBAE/Ronald Martinez)

7.9.03



GIGANTE ACORDADO




Shaq persegue a forma física



Faltavam cinco minutos para o fim do jogo quando Shaquille O’Neal foi para o banco de reservas. De fato, não havia mais motivo para mantê-lo em quadra. Naquele 15 de maio, mais de 18 mil torcedores viram o Los Angeles Lakers ser atropelado pelo San Antonio Spurs, que exatamente um mês depois, em 15 de junho, comemoraria o título contra o New Jersey Nets.

O sonho do tetra terminava ali, com o sabor azedo da derrota. Apesar dos 31 pontos naquela noite, o pivô carregava nos ombros boa parte da culpa pelo fracasso. O excesso de peso lhe arrebentava os joelhos, que mal agüentavam sustentar o corpo inchado. O nível de gordura no organismo superava os 20%, castigando os ossos e minando a mobilidade.

Eis que, antes do previsto, chegaram as férias. Para surpresa geral, as praias da Califórnia ficaram em segundo plano e Shaquille O’Neal, pasmem, virou um rato de academia.

Motivos para entrar em forma não faltam. As chegadas de Karl Malone e Gary Payton deixaram o grandalhão animado com a chance de retomar os trilhos da dinastia. Por outro lado, criou-se uma apreensão inevitável, acirrarando a disputa de egos na franquia. A estrela de Kobe Bryant, por sinal, sobe a cada ano. Diante de tamanha concorrência dentro do próprio elenco, convém não bobear.

Em julho, Shaq contratou como personal trainer um ex-fuzileiro naval que servia à Marinha em Portland. Desde então, sem alarde, a rotina inclui corridas leves, musculação, comida balanceada e um bocado de descanso para não maltratar as articulações. As mudanças de hábito já renderam quase dez quilos perdidos. No montante de 160, não chega a ser grande coisa. Mas é o suficiente para revelar uma disposição que parecia adormecida nos últimos anos.

Tudo isso não é apenas para garantir o fôlego ao lado de Payton, Malone e Bryant. A partir de outubro, a diretoria terá a opção de renovar antecipadamente o contrato de O’Neal. O pivô espera que lhe ofereçam o máximo permitido: US$ 121 milhões por três anos. “Seria ótimo se eles me fizessem essa oferta”, diz. “Acho que mereço.”

Assim, o esforço terá valido a pena.

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Enquanto astros como Shaq se enquadram nas cartilhas da disciplina, tem muito pé-rapado por aí fazendo besteira a torto e a direito. Vejamos o caso singular deste indivíduo chamado Joseph Forte.

Aos 23 anos, ele vive a expectativa de sua terceira temporada. O Seattle Sonics, no entanto, já deixou claro que ele não vestirá mais a camisa do time, mesmo que seja preciso pagar seu salário até o fim do contrato. Na verdade, a diretoria demorou (e muito) para tomar esta decisão.

Em dois anos de carreira, Forte tem um histórico invejável de tumultos. Já esmurrou um companheiro no vestiário; faltou a inúmeros treinos; recusou-se a ser incluído na lista de contundidos; agrediu um torcedor na Carolina do Norte; foi preso por porte ilegal de arma e drogas.

Somam-se a isso as sensacionais médias de pontos (1.2), rebotes (0.7) e assistências (0.6) por partida. É ou não é um atleta indispensável para a NBA?

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BRUXAS - Em inferno astral semelhante seguem Ruben Patterson e Atoine Rigaudeau. O primeiro, insatisfeito, pediu aos cartolas do Portland para ser negociado. Deveria saber que nenhum dirigente em sã consciência vai querer um encrenqueiro com quatro anos restantes em contrato (foi essa, aliás, a resposta que a diretoria lhe deu). O segundo era All-Star na Europa, passou vergonha no Dallas e foi mandado para o Golden State, que acaba de dispensá-lo! Se arrependimento matasse...

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DOCE LAR - No decorrer desta semana, o Houston Rockets abre as portas de seu novíssimo ginásio, o Toyota Center. A casa nova de Yao Ming tem 94 suítes de luxo, um restaurante cinco estrelas, uma adega de vinhos, paredes de madeira nobre e um telão gigante com resolução duas vezes maior que o normal. As poltronas são as mais confortáveis de toda a NBA, e nenhuma outra arena tem tantos banheiros. Enquanto não chega a inauguração, aqui você confere os últimos retoques na fachada, o vestiário do time e a visão de uma das suítes. O primeiro visitante será o New Orleans, dia 12 de outubro, em amistoso da pré-temporada. Para celebrar os novos tempos, o armador reserva Moochie Norris, dono de um dos black-powers mais estilosos da liga, passou a máquina zero na cabeleira.

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BABEL - Mavericks e Nuggets continuam disputando para ver quem inclui mais estrangeiros em suas fileiras. O Dallas, que já tem um alemão, um canadense, um francês, um mexicano e um de Ilhas Virgens, contratou o armador islandês Jon Stefansson. O Denver, que conta com um brasileiro, um esloveno e um da Geórgia, foi buscar na Holanda o pivô Francisco Elson.

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PLANTÃO POLICIAL - Na tarde de sábado, dois jovens foram assassinados com tiros na cabeça num luxuoso salão de beleza de Miami. O proprietário do estabelecimento é o pivô Alonzo Mourning. Há três semanas, ladrões invadiram a casa de Rod Strickland em Washington e roubaram uniformes antigos do jogador, que já passou por diversas equipes. As camisas estavam expostas nas paredes, protegidas em quadros de vidro.


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Após três cirurgias, o joelho de Antonio McDyess está 90% recuperado. Mas como alegria de torcedor do New York dura pouco, um outro joelho tem sido motivo de preocupação: Allan Houston passou por uma artroscopia e é dúvida para o início da temporada.

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Jacques Vaughn está de volta a Atlanta. Em 2001-2002, quando estreou pelos Hawks, o armador errou seus 22 primeiros arremessos.

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Com quase 27 pontos de média, Pau Gasol é a grande estrela do campeonato europeu de seleções, que oferece três vagas para a Olimpíada de Atenas. Espanha, França, Lituânia e Grécia avançaram para as quartas-de-final e agora esperam os adversários que virão da repescagem. Sérvia (campeã mundial) e Grécia (sede) já estão classificadas para os Jogos.

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Por falar nisso, a França bateu a Itália, no sábado, por 82-52. Tony Parker passou quase todo o último quarto no banco. Que sina, hein...

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