30.12.04



2005 vem aí
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A partir de hoje, o Rebote embarca em sua tradicional folga de fim de ano. O descanso se estende até terça-feira, dia 4 de janeiro, e até lá a caixa de comentários continua aberta a todos, na esperança de manter a página pulsando.

Apesar das dificuldades, 2004 foi mais um ano de prazer intenso neste papo diário com cada um de vocês. Obrigado pela paciência.

Um ótimo Ano Novo, até a volta.

Abraços,

Rodrigo Alves

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28.12.04



um jogo para perder
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))) Stoudemire e os Suns visitam o
San Antonio de Duncan hoje à noite



Sentado no topo da NBA, o Phoenix Suns não perde há 11 partidas. A última derrota foi há 25 dias, em casa, contra o Minnesota Timberwolves, numa rara demonstração de empenho de Latrell Sprewell. Antes disso, vieram outros nove triunfos, o que deixa a equipe de Mike D'Antoni com o impressionante recorde de 19 noites felizes nas últimas 21 rodadas.

Como a derrota virou artigo raro no Arizona, os especialistas se apressaram em tirar a bola de cristal da gaveta. No site oficial da NBA, a enquete da semana pergunta ao leitor como será a campanha dos Suns ao fim da temporada. Por enquanto, o povo crê em algo entre 60 e 64 vitórias (39% dos votantes). Outros 28% vão além e acham que o time quebra a barreira das 65.

De uma forma ou de outra, criou-se um otimismo pleno em relação a Nash, Marion, Stoudemire, Richardson & Cia. Na viagem aos Estados Unidos, em novembro, pude ver o primeiro compromisso do time fora da casa, na Filadélfia. O rolo compressor que esmagou os Sixers me deixou impressionado. Foi bonito de assistir, mas naquela época eu imaginava que tinha sido apenas sorte de principiante.

Hoje não acho mais.

Com a ajuda valiosa de Nash, o Phoenix enfim adquiriu a consistência que perseguia há muito tempo. Aliou um basquete extremamente ofensivo a uma garra incomum para brigar dentro do garrafão. Se não houver nenhum percalço no caminho (contusões, por exemplo), esse grupo vai longe.

Vai longe, mas também vai tropeçar. Como não dá para fazer campanha invicta, a seqüência de 11 vitórias será interrompida qualquer dia desses.

Aliás, por que não hoje?

A visita a San Antonio, logo mais, é a chance perfeita para perder um jogo, tirar o peso das costas e seguir na caminhada. Tombar no Texas não é vergonha nenhuma (se o embate for disputado, fica até bonito no currículo).

Nós não veremos nada na TV, claro. Uma pena. A imprensa americana já está vendendo a partida como o confronto definitivo entre ciência e criatividade.

Não sei se é bem isso.

Até concordo com a parte da criatividade e sei que os Spurs executam seu esquema à beira da perfeição. Só temo que a comparação reforce a tese de que Tim Duncan e seus colegas jogam feio. Não é verdade. O time é veloz, domina os fundamentos e assina belos contra-ataques. Ou alguém aí acha que Manu Ginobili é um brucutu?

Em todo caso, feio ou bonito, o San Antonio será uma pedreira no caminho dos Suns. Se o Phoenix perder, pode até se sentir aliviado. Agora, se ganhar, quem é que vai segurar essa gente?

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Definitivamente, os tempos são outros para o Chicago Bulls. A Folha de S.Paulo conta hoje, numa nota do Painel FC, o deslize de Chester Brewer, que nos últimos oito anos encarnou o mascote da equipe e divertiu a torcida nos intervalos das partidas. Na tentativa de arrumar uma renda extra, ele foi preso vendendo maconha nos arredores do United Center.

Estava sem a fantasia de touro.


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Outra história saborosa da Folha está na coluna do Melchiades Filho, envolvendo Mike Dunleavy e Magic Johnson. Para quem não conseguir ver o jornal hoje, o texto estará no site amanhã.

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foto . nbae

27.12.04



luz verde para as acrobacias
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))) Carter e Jefferson jogarão juntos hoje


Foram 10 longos dias de fisioterapia e livros. Aparentemente curado da lesão no tendão de Aquiles, Vince Carter aproveitou cada minuto das duas últimas semanas para cuidar do corpo e da cabeça. Nas folgas do departamento médico, mergulhou nos manuais de tática para pescar alguma coisa do esquema ofensivo do New Jersey Nets.

Faz sentido. Não deve ser fácil descobrir onde o imprevisível Jason Kidd vai jogar a bola.

Com o pé saudável e a estratégia do técnico Lawrence Frank razoavelmente decorada, Carter estréia hoje à noite pelo novo time. De cara, pega a temida defesa dos Pistons, em Detroit, mas aposta na má fase do rival para começar com sorte. O craque acrobático não deve ficar muito tempo em quadra. Até recuperar o ritmo de jogo, sabe que Frank deve lançá-lo aos poucos.

Talvez seja melhor assim.

O esforço para se adaptar à nova equipe deixa claro que Carter está disposto a iniciar uma nova era em sua carreira. No Natal, enquanto a família se preparava para a ceia, o atleta ficou grudado na televisão, devorando gravações de jogos recentes. Tudo isso para entender qual vai ser o seu lugar na rotação do ataque.

Mesmo que demore a achar as respostas, não há motivo para pânico. Enquanto as piruetas não chegam, Richard Jefferson vai dando conta do recado. Nas últimas três partidas, o ala vem mantendo uma média superior a 30 pontos. Na quarta-feira, contra o Cleveland, anotou 42.

Com Carter ao seu lado, Jefferson também terá de se adaptar. Se o esquema não estiver bem azeitado, haverá o risco de um trombar com o outro a cada contra-ataque. Para a sorte deles, existe um maestro para evitar que o bolo desande. Com Jason Kidd na direção, basta dar tempo ao tempo.

Que venha a nova era.

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Quem entra no site oficial dos Nets é logo bombardeado por uma janela com a fotografia de Carter e um anúncio de venda de ingressos. É o desespero de uma franquia sem torcida. Mesmo que não acreditem num futuro promissor, os fãs pelo menos têm agora a garantia de basquete acrobático. Já vale a pena ir ao ginásio.

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Na foto que ilustra este texto, careca, de faixa na cabeça e com a camisa do New Jersey, Carter não está a cara do Kenyon Martin?

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fotos . nbae

26.12.04



amargo flashback
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))) Kobe Bryant bateu Shaquille O'Neal nos
pontos, mas não conseguiu evitar a derrota



Papai Noel chegou a Los Angeles vestindo o vermelho tradicional, com um 32 estampado na camisa e um pensamento obsessivo: matar as saudades de um garrafão que foi dele durante muito tempo. Quando o bom velhinho em questão se chama Shaquille O’Neal, matar saudades de um garrafão significa impedir que qualquer intruso faça gracinhas embaixo da cesta.

No melhor da filosofia-Diesel, às favas com o espírito natalino. No retorno a Los Angeles, agora com o uniforme do Miami Heat, Shaq estava decidido a não deixar o adversário se criar. Por bem ou por mal.

O ímpeto defensivo explica as seis faltas que lhe custaram a angústia de assistir à prorrogação do banco de reservas. Ao fim da partida, vitória selada num terreno adversário e familiar, o pivô tinha na ponta da língua o motivo de ter sido eliminado.

“Sem bandejas, sem enterradas no meu garrafão”.

Os repórteres, claro, não perderam a chance de perguntar se aquele veto a qualquer custo valia igualmente para todos os jogadores dos Lakers, ou se havia algum recado especial.

“Basicamente para todos, especialmente para ele”.

“Ele”, no caso, é o desafeto Kobe Bryant, que saiu de quadra feliz pelos 42 pontos e triste por não ter evitado a derrota de sua equipe. Mesmo com a pontuação elevada, Kobe teve de engolir o bom momento do ex-companheiro de time.

Foi o 11º triunfo consecutivo do Miami, que já lidera o Leste com grande folga. E se O’Neal saiu com seis faltas, não tem problema. Dwyane Wade e Eddie Jones combinaram 8 pontos na prorrogação e garantiram o placar de 104-102.

Está aí o grande problema de Kobe Bryant. Quando ele não funciona, a franquia afunda. Ontem, mesmo sem o rival em quadra para perturbar, não marcou nenhum ponto no período extra. Teve o jogo nas mãos no último segundo, mas errou o chute de três.

Kobe é craque, não é deus. Sem ajuda do resto do elenco, vai virar uma espécie de Allen Iverson da Califórnia. Foi ele quem brigou para ser o dono do time. Agora está sofrendo as conseqüências.

Antes da partida de sábado, o telão do Staples Center mostrou um vídeo com lances de Shaq. A torcida aplaudiu por quase um minuto e o próprio Kobe bateu palmas. O pivô nem olhou para cima: “Não quis entrar nessa de flashback”, despistou. Três horas, 24 pontos e 11 rebotes depois, deixou o ginásio com o sabor da vitória emblemática.

Azar de Bryant. Tem que aturar.

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foto . cnn/sports illustrated

25.12.04



presente de grego
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Papai Noel às vezes pode ser um velhinho traiçoeiro. Na última crônica, fiz a ele 30 pedidos em nome dos times da NBA. Antes de atendê-los, o barbudo me mandou um presente indesejado: uma acusação de plágio. Vamos a ela. E à resposta.

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De: Fábio Balassiano
Para: reboteblog@bol.com.br
Data: 25/12/2004 02:18
Assunto: Olá

Olá, Rodrigo, aqui quem escreve é Fábio Balassiano.

Antes de qualquer coisa, Feliz Natal e um excelente 2005 para você e sua família.

Creio que você leia as minhas colunas tanto quanto eu leio as suas. Isso é muito bom, pois cresce o nível de ambas.

Só que não posso deixar de prestar meu descontentamento com você com relação aos pedidos de natal, não mesmo. Minha coluna saiu no dia 21 e 22 de dezembro no Databasket, você conhece, não?, e a "sua" no 24, ou seja, dois dias depois. Será apenas coincidência, até mesmo na distribuição de presentes?

Recebi e-mails de amigos falando a respeito disso, dizendo que eu tinha sido vítima de plágio e coisas do gênero.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado e frustrado com o que vi. Não é problema escrever sobre o mesmo tema, afinal, se estiver na final da NBA os dois necessariamente deverão anotar sobre isso. Porém, quando acontece o que ocorreu, o mínimo que posso pensar, mínimo, é um descuido de sua parte.

Prefiro pensar que aconteceu sem querer, mesmo não acreditando, mas sigo levando.
Só gostaria que quando a mesma idéia fosse citada, frases idênticas aparecerem em seu texto, por favor, cite a fonte, tá ok?

Abraços, espero respostas mesmo acreditando que não venha,

Fábio Balassiano

ps: se quiser, posso enviar as frases coincidentes para lembrar a você...


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Caro Fábio,

Não precisa me enviar as frases coincidentes. Assim que abri seu e-mail, corri no Databasket e percebi que sua reclamação faz todo o sentido. O formato da coluna é idêntico, e alguns “presentes” (Sixers, Wizards, Wolves, Suns) são assustadoramente parecidos. Por isso entendo sua desconfiança, suas acusações e até suas ironias, tanto no texto que me enviou como na coluna seguinte, que faz menção ao fato.

Entender, eu entendo.

Só não posso aceitar e ficar calado.

Em primeiro lugar, eu não havia lido nenhuma coluna sua até receber o e-mail, o que é uma pena, porque seu texto é bom e seu conhecimento de basquete é evidente. Veja bem, aqui não vai um pingo sequer de ironia. Se não me engano, você chegou a me mandar um aviso sobre os textos no início do ano, mas infelizmente o trabalho como jornalista me toma um tempo valioso, que poderia ser dedicado a ler mais coisas interessantes.

Por essas e outras, não conhecia sua coluna. Se conhecesse, e se tivesse lido a do Natal, teria evitado o ridículo de repetir o formato. Como estava de plantão na redação do Jornal do Brasil, tive pouco mais de meia hora para escrever o texto, no início da tarde do dia 24. Não deu tempo de fazer pesquisa alguma, muito menos de garimpar idéias alheias para preencher espaço.

Todas essas explicações não são para você, Fábio, mas para as pessoas que passeiam por aqui e pelo Databasket. Quem viu as duas colunas certamente estranhou a semelhança e merece uma satisfação. Creio que os leitores do Rebote nesses dois anos de existência me conhecem o bastante para saber que eu não costumo sair por aí copiando os outros. Você, que também escreve, sabe que uma atitude como essa seria menosprezar a própria competência e desvalorizar o trabalho.

Dito isso, um Feliz Natal, e continue firme em 2005.

Forte abraço,

Rodrigo Alves

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24.12.04



cartinha enviada
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))) Clima natalino em Charlotte: além dos Bobcats,
as outras 29 equipes da NBA fizeram seus pedidos



Alguns se comportaram direitinho, outros nem tanto. Mas o Natal chegou e todos os times da NBA têm suas listas de presentes e desejos para o Ano Novo. Se os pedidos vão se transformar em realidade, ninguém sabe. A decisão fica para o bom velhinho.

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Atlanta Hawks - A tão aguardada explosão do promissor Al Harrington.

Boston Celtics - Um amuleto da sorte para levar nos dois primeiros jogos depois do Natal, fora de casa contra San Antonio e Dallas.

Charlotte Bobcats - Que Emeka Okafor consiga evitar a lanterna.

Chicago Bulls - A proeza de arrastar essa boa fase ao máximo durante 2005.

Cleveland Cavaliers - Uma vaguinha no playoff para confirmar o status de astro de LeBron James.

Dallas Mavericks - Um pouco de consistência na defesa. Só um pouco.

Denver Nuggets - Um uniforme novo, porque aquele azul-bebê não dá.

Detroit Pistons - Urgência na prancheta de Larry Brown para tirar o time do buraco.

Golden State Warriors - Que Adonal Foyle justifique pelo menos 10% de seu salário.

Houston Rockets - O velho Tracy McGrady.

Indiana Pacers - O surgimento de um sujeito capaz de substituir Ron Artest.

Los Angeles Clippers - Uma campanha digna já está de bom tamanho.

Los Angeles Lakers - Uma cavalaria para salvar Kobe Bryant, apesar de ele ter culpa por ter ficado sozinho.

Miami Heat - Shaq e Wade sem contusões. E só.

Memphis Grizzlies - Que Mike Fratello possa herdar a sabedoria de Hubie Brown.

Milwaukee Bucks - Um milagre médico: a recuperação de TJ Ford.

Minnesota Timberwolves - Um pouco mais de boa vontade de Latrell Sprewell.

New Jersey Nets - Um mínimo de química entre Jason Kidd e Vince Carter.

New Orleans Hornets - Que a NBA decida mandar a equipe de volta para o Leste.

New York Knicks - Saúde é o que interessa. Especialmente para Allan Houston.

Orlando Magic - Saúde é o que interessa. Especialmente para Grant Hill.

Philadelphia 76ers - Um assistente de Papai Noel para dividir as tarefas com Allen Iverson.

Phoenix Suns - Sem presentes. Está ótimo assim.

Portland Trail Blazers - Alguma migalha em troca de Shareef Abdur-Rahim.

Sacramento Kings - Uma dose extra de poder de decisão na reta final da temporada.

San Antonio Spurs - Que o tempo mostre quem é o melhor time da liga.

Seattle Supersonics - O prolongamento máximo do conto-de-fadas.

Toronto Raptors - Paciência da torcida, agora que o ídolo foi embora.

Utah Jazz - A recuperação rápida e urgente do ala Andrei Kirilenko.

Washington Wizards - Um pouco mais de basquete vindo de Kwame Brown.

David Stern - Que seus advogados consigam impedir que a Justiça comum invalide a punição de Jermaine O'Neal.

Brasileiros da NBA - Que o ano passe rápido.

Rebote - A volta da caixa de comentários.

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A todos os leitores,

Um Feliz Natal e obrigado pela companhia.

Abraços,

Rodrigo Alves


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foto . nbae

23.12.04



o bloco do eu sozinho
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))) Iverson botou os 76ers nas costas


Esta história de mudança de função, de distribuir assistências, de jogar pelo coletivo, tudo isso parece ter cansado a beleza de Allen Iverson. A julgar pelas últimas três partidas, o craque do Philadelphia 76ers voltou a ser o pontuador fominha dos velhos tempos e desandou a arremessar sem tomar conhecimento dos adversários.

E dos companheiros de time também, claro.

No sábado passado, em Milwaukee, Iverson anotou 54 pontos na vitória sobre os Bucks. Dois dias depois, cravou 51 em casa, mas não conseguiu evitar a derrota para o Utah Jazz diante da própria torcida. Ontem, fez 40 e venceu em Indianápolis.

A seqüência foi o bastante para roubar o posto de cestinha da temporada (28.7) e reconduzir o pequeno rebelde a seu devido lugar. O problema é que a estratégia do exército de um homem só continua me parecendo um bocado arriscada.

À exceção do primeiro jogo, contra o Milwaukee, os Sixers tiveram sérios problemas a despeito das performances explosivas de seu melhor atleta. Contra o Jazz, as cinco dezenas de pontos não foram suficientes para arrancar uma vitória no Wachovia Center. E ontem o time só deslanchou quando os coadjuvantes entraram em cena.

No início do terceiro quarto, Iverson já tinha 30 pontos e o Philadelphia perdia por dígitos duplos. Conseguiu virar o jogo graças a Marc Jackson, Andre Iguodala e Kevin Ollie, que passaram a dividir as tarefas ofensivas com o astro.

O técnico Jim O'Brien devia aproveitar o Natal para estudar o melhor jeito de jogar. A partir do dia 27, o time parte para uma turnê de sete partidas na conferência Oeste. Com ou sem os shows de Iverson, cada erro vai custar muito caro.

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E não é que o Chicago Bulls foi a Detroit e saiu de lá com a quinta vitória seguida? Daqui a pouco vou começar a acreditar que esses garotos aprenderam a jogar basquete.

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foto . nbae

21.12.04



tempo para respirar
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))) Os Bulls de Curry tentam reagir


Michael Jordan gostou do que viu.

Com o melhor jogador de todos os tempos na platéia, o Chicago Bulls cumpriu ontem uma façanha inesperada em tempos de vacas magras: venceu sua quarta partida seguida e se aproximou do bolo de times que brigam por uma vaga nos playoffs do Leste.

A última vez que a franquia conseguiu essa seqüência de triunfos foi em 1998, graças ao próprio Jordan, que comandou o time em 13 vitórias consecutivas na temporada que lhe renderia o sexto anel de campeão.

De lá para cá, muita coisa mudou e o elenco foi destruído. O gênio da bola hoje é apenas um torcedor à beira da quadra, mas parece que sua simples presença foi o bastante para acordar a garotada.

Contra o Portland, o calouro Ben Gordon fez lembrar o número da camisa de Jordan ao marcar 23 pontos e liderar cinco atletas pontuando em dígitos duplos. "Talvez ele tenha nos dado sorte", supõe o novato.

A boa atuação do pivô Eddy Curry, com 18 pontos e oito rebotes, animou a torcida e arrancou elogios do técnico adversário, Maurice Cheeks: "Ele é um dos principais fatores na reação do Chicago".

Amanhã à noite, Curry terá de suar dobrado para evitar que a equipe volte à realidade. Em Detroit, vai trombar com a parede dos, e assim será em diversos compromissos daqui em diante.

Chegar ao mata-mata ainda é um objetivo utópico, mas tudo bem, os críticos não seriam tão exigentes. Para este ano, enquanto os jovens tentam arrumar a casa, fugir da lanterna já é bom negócio. Em tempos de miséria, um punhado de vitórias funciona como um belo agrado à torcida.

Deu para ver pela reação do fã mais ilustre.

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foto . nbae

20.12.04



oportunismo acrobático
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))) Que tal uma ponte aérea entre Kidd e Carter?


Em mais um capítulo da série “Já Vai Tarde”, o Toronto Raptors finalmente conseguiu se livrar de Vince Carter. Foi provavelmente a novela mais arrastada desde que Latrell Sprewell deixou o New York Knicks. De fato, isso tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde. Diante do inevitável, o presidente do New Jersey Nets, Rod Thorn, aproveitou para fazer seu primeiro movimento inteligente após uma série de burradas.

De uma só cajadada, também despachou seu peso morto (Alonzo Mourning), deu uma satisfação à torcida órfã de Kenyon Martin e, o mais importante, fez um afago no insatisfeito Jason Kidd.

Do jeito que andava se comportado no Canadá, Carter virou uma espécie de tumor para os Raptors. Jogando de má vontade, viu seu rendimento cair, tumultuou o clima no elenco e reclamou dos companheiros. Abraçou firme a franquia e começou a afundar com ela. A diretoria precisava se desligar do craque e sabia que, para isso, havia o risco de obter migalhas em troca.

Sim, migalhas. Não dá para classificar de outro jeito o pacote que chegou a Toronto, com Mourning, Aaron e Eric Williams e duas escolhas no draft. Todos eles podem ser úteis, mas nenhum tem envergadura para lamber a sola de Vince Carter.

Alonzo, por sinal, sequer deve vestir o uniforme da equipe canadense. Enrolado com os exames médicos, ele vai ser dispensado e terá o caminho aberto para voltar o Miami Heat, onde assumiria a modesta missão de esquentar o banco para Shaquille O’Neal.

O fato é que Jason Kidd respira aliviado. Desde a saída de Martin e Kerry Kittles, o armador implorou para ser trocado. Como não conseguiu, tratou de se recuperar da lesão e voltou às quadras. Agora ganha um companheiro de alto nível para dividir as responsabilidades. Se houver um mínimo de química, os Nets terão um dos melhores contra-ataques da história da NBA. Imaginem Kidd, Carter e Jefferson correndo em quadra aberta. Imperdível.

Deste canto, realmente acredito que Vince pode voltar a ser o herói acrobático que conquistou o Canadá. Dificilmente alguém que joga ao lado de Kidd piora sua performance. O armador sabe como ninguém a hora certa de passar a bola.

A mudança será boa por vários aspectos e só não credencia o New Jersey a brigar por títulos porque abriu um deserto embaixo da cesta. Em todo o elenco, sobraram Jason Collins, Nenad Krstic, Brian Scalabrine… e só. Chega a ser assustador.

Se quiser chegar a algum lugar, o trio Kidd-Carter-Jefferson vai ter que jogar por cinco.

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Para quem não viu, vale lembrar: deu Suns no aguardado confronto de líderes na sexta-feira. Na casa do Seattle Sonics, o Phoenix fez bonito e parece ter engrenado na estrada esburacada que leva à elite do Oeste.

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foto . cnn/sports illustrated

17.12.04



pingos nos is
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))) Stoudemire e Allen medem forças hoje


Por conveniências de horário, a ESPN escolheu o embate entre Nuggets e Heat para nos brindar logo mais. Dá para entender, mas é uma pena. A rodada vai ferver mesmo no jogo que vem em seguida, um tira-teima entre as duas forças mais surpreendentes deste início de temporada.

Sorte dos americanos, que poderão conferir ao vivo o duelo entre Phoenix Suns e Seattle Sonics. A batalha da Key Arena reúne as duas equipes mais bem colocadas da tabela, mas não é só isso. A frieza dos números pode esconder um confronto simbólico entre dois times que deixaram os favoritos para trás e, abusados, tomaram a NBA de assalto.

Com um detalhe: de um lado e de outro, pratica-se um basquete ofensivo, solto, bonito de ver. Azar de quem, como nós, só vai poder acompanhar os lances pela internet.

O Phoenix leva para Seattle uma seqüência de seis vitórias e a impressionante marca de apenas uma derrota na estrada. Os Sonics, por sua vez, sustentam a melhor campanha da liga em jogos em casa (10-1). No plano individual também não faltam atrativos. Amare Stoudemire e Ray Allen estão entre os grandes craques deste início de campeonato, sem contar nomes de peso como Rashard Lewis, Steve Nash, Shawn Marion e até Quentin Richardson, que anda promovendo shows da linha de três.

O arremesso de longa distância, por sinal, é usado pelos dois times como arma mortal. Nas estatísticas, ambos se equivalem. A disputa, portanto, recai sobre a guerra no garrafão, e aí os Suns saem na frente.

O próprio Stoudemire deixa a modéstia de lado e reconhece a superioridade. "Temos uma certa vantagem embaixo da cesta porque o pivô deles, Jerome James, de fato não consegue mover os pés tão bem", ironizou.

O técnico do Phoenix, Mike D'Antoni, prefere encarar a partida como uma boa chance de reavaliar o que vem dando errado. "É um momento empolgante para todo mundo, mas vai ser apenas mais uma vitória ou mais uma derrota", disfarça.

Na disputa pelo topo do Oeste, sabemos que não é bem assim. Quem vencer logo mais ganha moral para manter a boa seqüência em busca de uma vaga confortável nos playoffs.

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fotos . nbae

15.12.04



o herói forçado
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))) Em pose de bailarino, Webber festeja
o chute de três que decidiu o jogo ontem



Com 2,08m de músculos, Chris Webber, como se sabe, não é um exímio arremessador de três pontos. Longe disso. Seu aproveitamento de longa distância flutua entre 20% e 30%, números honestos para um ala-de-força, mas baixíssimos para decidir uma partida nos segundos finais.

Pois ontem, em Milwaukee, ele resolveu calibrar a mão. Com o jogo empatado, os Bucks usaram sua última falta para impedir que o Sacramento Kings fizesse um arremesso. Webber arriscou de três e converteu, mas o cronômetro já estava parado.

A bola voltou para a lateral e acabou parando outra vez nas mãos do ala. Ciente da improbabilidade de acertar o chute novamente, ele tentou localizar Mike Bibby para um passe, mas o armador estava marcado. Brad Miller esperava dentro do garrafão, mas o relógio ia evaporando, a marcação ia apertando e, do meio da rua, Webber foi obrigado a arremessar de novo.

Bingo.

Os três pontos cravados na campainha garantiram uma vitória importante na estrada, por 89-86.

O episódio não deixa de ser simbólico para os torcedores que vêem o Sacramento como um time de pipoqueiros. Webber só foi o herói da noite porque as circunstâncias o forçaram a chutar uma bola da qual ele queria se livrar.

"Eu não estava preparado, era muito longe. Vi Brad embaixo da cesta, mas àquela altura não havia mais tempo para o passe", justificou o All-Star.

O lance espetacular foi o ápice de uma reação furiosa dos Kings, que apagaram uma vantagem de 10 pontos do Milwaukee, irritando o técnico Terry Porter: "É sempre a mesma história. Tínhamos uma margem de folga e ela sumiu no ar. Costumamos conversar sobre a execução dos ataques, mas na hora H as coisas não funcionam."

Por essas e outras, os Bucks amargam a 11ª posição do Leste, atrás até do New Jersey Nets, que ontem, contra o New York, chegou a ficar 15 minutos sem acertar uma cesta. O Sacramento, por sua vez, briga com os cachorros grandes na elite do Oeste, em quarto lugar, com 15 vitórias e seis derrotas.

Aos poucos, o time de Rick Adelman vai se ajeitando. Só precisa ganhar mais confiança nos momentos finais das partidas. Não é todo dia que um grandalhão de 2,08m acerta duas bolas de três seguidas, sendo uma quase do meio da quadra.

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Por um motivo que eu ainda não consegui descobrir, houve uma pane no sistema de comentários. Já vasculhei o servidor Enetation, conferi os comandos, e até agora nada. Continuo tentando solucionar o problema e agradeço a paciência dos leitores.

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foto . cnn/sports illustrated

14.12.04



como nos velhos tempos
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))) Sem Wade, Shaq fez tudo sozinho ontem


"Meu tornozelo foi para um lado e o resto do meu corpo foi para o outro". Assim Dwyane Wade descreveu a torção que o tirou da partida de ontem, contra o Washington Wizards, mas a teimosia do armador em continuar jogando forçou um diálogo rápido com Shaquille O'Neal.

"Flash, vai descansar o pé e deixa que eu cuido do trabalho", recomendou o pivô do Miami Heat.

Ciente do talento e da velocidade que lhe renderam o apelido, Wade avisou que, se deixasse a quadra, Shaq teria de fazer no mínimo 40 pontos para arrancar uma vitória contra uma das maiores surpresas do Leste.

Tudo bem. Missão cumprida.

O'Neal lembrou os tempos de Los Angeles Lakers e, pela primeira vez na temporada, foi um monstro no garrafão. Atingiu as quatro dezenas de pontos e ainda adicionou ao pacote 12 rebotes e cinco tocos. Resultado: mesmo sem contar com agilidade de Wade, o Miami venceu por 106-83 e fincou sua bandeira no topo do Leste.

A liderança da conferência não chega a ser algo de tão sensacional, já que a coroa tem passado de mão em mão, muitas vezes contemplando times que não chegam a inspirar muita confiança. De todos eles, passando por Wizards, Cavs e Knicks, o Heat é o que mais tem pinta de brigar pelo título.

Além do mais, provou ontem que pode sobreviver sem um dos astros. É claro que isso só vale para uma ou duas partidas, daí a importância da boa notícia soltada pelo departamento médico: no jogo de amanhã, novamente contra o Washington, agora na capital federal, Wade e seu tornozelo estarão de volta às atividades.

O que não dá para entender é a decisão do técnico Eddie Jordan de não fazer marcação dupla sobre Shaq ontem, mesmo sabendo que ele era a única opção de ataque. "Expliquei para meus companheiros de time que eu precisava decidir o jogo. Os adversários permitiram que eu fosse agressivo", avaliou o pivô, que enterrou nove bolas.

Jordan deve ter aprendido a lição, mas agora não adianta. Mesmo que consiga anular O'Neal amanhã, Flash estará em quadra para dividir as tarefas. E vai ser difícil segurar o novo líder.

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foto . cnn/sports illustrated

13.12.04



drama no horário nobre
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))) Bryant, Malone e uma cena que passará
a figurar apenas nos arquivos fotográficos



"Alô, Karl?"

"Sim."

"É o Kobe."

"Oi, Kobe."

"Olha só: fica longe da minha mulher. Qual é o seu problema? Como você tem coragem de fazer uma coisa dessas?"

Pois é. Bobeou, a vida de Kobe Bryant vira uma novela mexicana. O diálogo telefônico acima, detalhado pelo próprio jogador, ocorreu no fim do mês passado, quando Vanessa Bryant, mulher de Kobe, informou ao marido que Karl Malone havia lhe passado uma cantada em pleno Staples Center.

Enquanto o amado suava na quadra e marcava 30 pontos contra o Milwaukee Bucks, Vanessa ouvia gracinhas de Malone, que ainda não jogou este ano.


))) Vanessa: gracinhas de
Malone dentro do ginásio



Recuperando-se de uma cirurgia e mantendo o mistério sobre um possível retorno ao elenco dos Lakers, Malone tem mostrado um certo "espírito Shaquille O'Neal", assumindo o lugar do pivô como inimigo número 1 do craque da companhia.

Embora ambos se esforcem para negar os desentendimentos, não há mais como esconder a situação. Primeiro, Kobe sugeriu, em entrevista a uma rádio, que o time deveria abrir os olhos em relação à volta ou não de Malone. Disse "intuir" que o ala não retornaria às fileiras do Los Angeles.

Pronto. Malone subiu nas tamancas e deu a entender que as declarações do colega de equipe o deixaram chateado a ponto de procurar outra vizinhança.

Agora, a divulgação do diálogo telefônico leva o caso para o plano pessoal. Kobe, já enrolado com uma acusação de estupro que abalou o casamento, não parece disposto a ter mais um entrevero capaz de estremecer as relações com a mulher. Aparentando tranqüilidade na partida de ontem contra o Orlando Magic, ele afirmou que aceita Malone de volta, mas "apenas como companheiro de time".

O ala ainda não se pronunciou sobre o novo episódio. Ou seja, vale aguardar as cenas do próximo capítulo.

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fotos .cnn/sports illustrated e cbs

10.12.04



o milagre de tracy
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))) Quem saiu cedo perdeu o show de T-Mac


"Bem, vocês perderam um grande jogo". Foi este o recado irônico de Tracy McGrady para centenas de torcedores do Houston Rockets que deixaram o ginásio nos minutos finais, quando o San Antonio Spurs mantinha a vantagem em torno de 10 pontos. Desenhava-se mais uma derrota constrangedora em casa. O que os fãs não sabiam era que T-Mac tinha outros planos. De fato, quem foi embora perdeu um dos desfechos mais espetaculares na história da NBA.

Para quem ainda não sabe, McGrady marcou 13 pontos nos 35 segundos finais. Acertou quatro bolas de três, sendo uma com falta e lance-livre de bonificação. A última balançou a rede a um segundo do fim, virando o jogo para 81-80 e recompensando os torcedores abnegados que acreditaram no triunfo até o último instante.

O ala-armador do Houston teve uma noite heróica como há muito não se via na NBA. Os números absolutos (33 pontos, oito rebotes e cinco roubadas) não se comparam aos 53 pontos, 16 rebotes e quatro tocos de Dirk Nowitzki na semana passada, mas superam qualquer performance recente em termos de poder de decisão.

A última coisa parecida aconteceu há quase uma década. Foi em 1995, no primeiro confronto das semifinais do Leste entre Indiana Pacers e New York Knicks. Com 8.9 segundos no relógio, Reggie Miller, possuído, marcou 8 pontos e garantiu uma vitória épica por 107-105.

Para McGrady, a atuação de ontem não representa apenas uma porta para os livros de recordes do basquete americano. Mais que isso, começa a colocar o craque de volta no rol dos melhores atletas da liga. Desde que chegou ao Texas, na pré-temporada, ele ainda não conseguiu se encontrar, mas já deu dois sinais de que pode voltar a ser o velho T-Mac.

O primeiro foi justamente na noite gloriosa de Nowitzki, quando seus 48 pontos foram ofuscados pela grandiosidade do alemão. O segundo foi ontem, quando mostrou que ainda tem o instinto matador para carregar um time nas costas.

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O milagre, lance-a-lance

0:52 - Ming enterra (66-74)
0:47 - Padget rouba e enterra (68-74)
0:44 - Brown acerta lances-livres (68-76)
0:35 - T-Mac marca de três (71-76)
0:31 - Brown acerta lances-livres (71-78)
0:24 - T-Mac faz de três e sofre falta (75-78)
0:16 - Duncan acerta lances-livres (75-80)
0:11 - T-Mac marca de três (78-80)
0:07 - T-Mac rouba a bola de Brown
0:01 - T-Mac acerta de três e vira o jogo (81-80)

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foto . cnn/sports illustrated

8.12.04



o leste do avesso
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))) O Washington de Jamison é líder


Mais de um mês correu por baixo da ponte e, por favor, alguém me explique o que houve com a tábua de classificação da conferência Leste. De uma hora para outra, os favoritos bobearam e três times tomaram de assalto uma tabela que sempre foi meio estranha, mas neste início de campeonato tem se mostrado totalmente esquizofrênica.

Dava para prever que o topo do Leste seria dominado por Washington, Cleveland e New York?

No fundo, mas bem no fundo, esse furacão tem explicações razoáveis. A começar pela queda do Indiana Pacers, que teve o elenco esfacelado após a fatídica pancadaria, e do Detroit Pistons, que ainda não ajustou suas engrenagens. É assim mesmo. Acontece com equipes como Spurs, Wolves, Kings e Mavs. A cada ano, algumas delas demoram a embalar e ficam para trás no começo da temporada.

Depois, se recuperam.

Miami e Orlando, respaldados por bons reforços, continuam fazendo bonito, mas patinaram de leve e abriram espaço para forças emergentes que, cá entre nós, não inspiram muita confiança.

Os Wizards contam com a habilidade do armador Gilbert Arenas, eleito melhor atleta da semana na conferência, com média de 25.7 pontos por noite. A boa fase, com a ajuda do reforço Antawn Jamison, se traduziu em quatro vitórias seguidas. Sem que ninguém percebesse, o time pulou para a liderança.

Os Knicks, em terceiro lugar, tiram proveito da fragilidade da divisão do Atlântico. Ali não é difícil se destacar. Tanto que a campanha continua sendo medíocre, com oito vitórias e nove derrotas.

Os Cavaliers, estes sim, podem ter chegado para ficar. Para o desespero da turma que torce contra, LeBron James está jogando o fino. Era o líder que a equipe procurava nos dias de trevas e agora, ainda por cima, está bem acompanhado, com talento razoável ao seu redor.

Enquanto o amigo Carmelo Anthony pena para enfiar o Denver no grupo do mata-mata, o jovem LeBron já mandou seu recado e avisou que a liga deve prestar mais atenção no Cleveland. De fato, deve.

Quanto a Washington e New York, salvo imprevistos, o tempo deve se encarregar de devolvê-los ao lugar de origem. E tudo voltará ao normal, até que o próximo furacão peça passagem.

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Enquanto isso, no Oeste, Spurs e Sonics, os dois melhores da tabela, medem forças em San Antonio. Tim Duncan e Ray Allen prometem um jogaço.

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foto . nbae

7.12.04



pelas beiradas
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))) Simmons é um o fator de
desequilíbrio para os Clippers



O tempo fechou quando Elton Brand cerrou o punho e largou um soco no calouro Emeka Okafor. Era o último quarto da partida entre Los Angeles Clippers e Charlotte Bobcats, que seguia equilibrada, disputada lance a lance. Último quarto, aliás, uma vírgula: a brincadeira estava apenas começando e a batalha ainda se arrastaria por duas prorrogações.

Com Brand expulso, o L.A. penou para arrancar uma vitória suada, mas pelo menos saiu de quadra aliviado. Foi a quarta vez que o time da Califórnia avançou para períodos extras. Nas outras três, havia perdido para Golden State, Houston e Minnesota. Ontem, contra a franquia estreante da liga, embolsou o triunfo e manteve o honroso sétimo lugar na tabela da conferência Oeste.

Alguém aí falou em playoffs?

Bem, atrás dos Clippers ainda temos Lakers, Nuggets, Blazers, Jazz e Grizzlies, todos candidatos a uma vaga no mata-mata, na corrida que promete ser uma das mais disputadas dos últimos anos.

Enquanto os concorrentes deixam, o primo pobre de Los Angeles vai fazendo seu papel de forma exemplar. Tem vencido as partidas fáceis e perdido as difíceis. Para quem se acostumou a ser saco de pancadas na NBA, já está bom demais.

Não custa voltar alguns meses no tempo para lembrar que, na ânsia de abrigar Kobe Bryant em suas fileiras, a diretoria fez uma faxina no elenco. Perdeu gente boa e apostou no razoável Kerry Kittles como reforço. Pois Kittles, vejam só, machucou o joelho direito e sequer está jogando. O mesmo aconteceu com o calouro Shaun Livingston, que se contundiu durante um treino e também caiu na enfermaria.

Junte-se a isso o fato de que Elton Brand começou o ano pegando leve. Bem, talvez Okafor não concorde com isso depois do murro que levou ontem, mas o ala reduziu suas médias de pontos e rebotes.

Ora, como explicar, então, o sucesso dos Clippers neste início de campeonato? O segredo está num quarteto de atletas em franca ascendência.

O primeiro é Corey Maggette, que mantém o bom nível do ano passado e não foge da responsabilidade para decidir partidas. Ontem, contra os Bobcats, ele anotou 33 pontos e 11 rebotes. Tem sido assim sempre que a equipe precisa, e assim deve continuar se houver pretensões reais de classificação. Os outros três destaques formam o grupo de apoio para Maggette e Brand: o pivô Chris Wilcox, o armador Marko Jaric e o ala Bobby Simmons subiram degraus significativos na carreira e passaram a contribuir mais com a equipe.

Simmons, no entanto, parece ser o grande fator de desequilíbrio. Garantido no quinteto titular e ciente da confiança que desperta no técnico Mike Dunleavy, o ala passou a atuar 38 minutos por noite. Sua média de pontos cresceu de 7.8 no ano passado para 16.4 este ano. Evolução semelhante tem sido notada nos rebotes, nas assistências, nas roubadas e, principalmente, no aproveitamento de arremessos. O sujeito acertava 39% de seus chutes a agora subiu o número para 56%.

Se a maré de vitórias vai quebrar na praia em breve, não dá para prever. Em todo caso, convém ao Los Angeles aproveitar enquanto não acorda do sonho. Se conseguir estender a boa fase até metade da temporada, crescem as chances reais de se intrometer no clube fechado dos playoffs no Oeste.

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foto . nbae

6.12.04



cavalaria a caminho
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))) Jason Kidd volta hoje contra o Toronto


Sábado foi um daqueles dias raros para o New Jersey Nets. Dia de vitória. Tudo bem, foi um 109-88 sobre o frágil Atlanta Hawks, mas é assim mesmo: com a qualidade humana que o elenco tem apresentado, é difícil ganhar de quem não é frágil. Os outros três triunfos foram contra Chicago, Portland e Charlotte. Aí fica mais fácil, não? De resto, o que se viu foi uma dúzia de derrotas impiedosas.

Para atenuar o sofrimento, só chamando reforço de peso. E a solução saiu direto do departamento médico. A cavalaria chega hoje à noite, na Continental Airlines Arena, vestindo a camisa 5 e distribuindo passes capazes de fazer o elenco render um pouco mais.

Toda a esperança dos Nets para evitar uma campanha vexatória está nas mãos de Jason Kidd, que volta às quadras logo mais, aparentemente recuperado de uma delicada cirurgia para reconstruir a cartilagem do joelho esquerdo.

No sábado, enquanto a equipe batia o Atlanta, Kidd preferiu se poupar. Ainda não se sentia em condições de dar as caras numa partida oficial, mas já havia treinado bem, inclusive em simulações táticas de cinco contra cinco.

Ninguém esperava que o melhor armador do planeta se recuperasse de forma tão rápida. Daí a desconfiança em relação a seu real estado de saúde. Quem explica é o próprio:

"Estou me sentindo ótimo. Jamais voltaria se não estivesse me sentindo capaz. Tudo correu muito bem no processo de reablitação".

Então tá, bola para ele. Com a armação do jogo sob suas asas, Kidd tem condições de melhorar as atuações dos companheiros. É o que Richard Jefferson disse ontem: não dá para medir em números o impacto da volta.

Com uma visão de jogo ímpar no basquete mundial, Kidd talvez seja o atleta que mais produz à margem das estatísticas. Sua capacidade de envolver quem está à sua volta não pode ser transformada em numeralha. Só quem vê os jogos consegue perceber este tipo de mudança.

O técnico Lawrence Frank sabe disso e aposta todas as fichas no retorno do craque. "O número de cestas fáceis certamente vai crescer. Haverá uma queda significativa na carga de stress dos atletas".

Mesmo que não esteja 100% recuperado e ainda penando para reencontrar o melhor ritmo, não há dúvidas: Jason Kidd é o único remédio capaz de atenuar o sofrimento da torcida. A cura é um sonho distante, mas já dá para tirar o time da UTI.

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foto . nbae

3.12.04



olho no alemão
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))) Nowitzki teve noite de rei na quinta-feira


O esforço foi louvável, mas Tracy McGrady escolheu o dia errado para acordar. Em visita a Dallas, o craque do Houston Rockets fez um estrago na tábua de estatísticas com 48 pontos, nove rebotes e nove assistências. A noite tinha tudo para representar o momento de redenção para o único atleta de elite da liga que se mantinha abaixo da crítica neste início de temporada.

Só faltou combinar com o alemão.

Justamente no dia em que T-Mac voltou a ser T-Mac, Dirk Nowitzki resolveu dar de presente aos fãs a melhor atuação de sua carreira (e uma das melhores performances individuais da NBA nos últimos anos). Além dos impressionantes 53 pontos, o ala pegou 16 rebotes, deu quatro tocos, roubou três bolas e acertou 21 de 22 lances livres. Passou exaustivos 50 minutos em quadra e botou os Mavericks nas costas, do início do primeiro quarto até o fim da prorrogação. Fez de tudo em prol do coletivo e desfilou um vasto repertório de lances espetaculares.

A vitória por 113-106 serve para dar moral ao Dallas, mas também para garantir a Nowitzki uma raia de luxo na corrida pelo título de MVP. Dito isso, os mais afoitos logo gritarão: "Quem precisa de Steve Nash?"

A frase vale como provocação, apesar da festa que o ex-companheiro vem fazendo no Phoenix Suns. Não custa lembrar que Nash levou o time à liderança e ainda embolsou o prêmio de melhor jogador do mês.

O fato é que o All-Star alemão soube absorver a saída do amigo. Inteligente, ampliou seu leque de jogadas e, mesmo com um punhado de estrelas ao seu redor, chamou a responsabilidade pelo sucesso da franquia. Resultado: médias inéditas de pontos (27.3, vice-cestinha), rebotes (11.4), roubadas (1.56) e aproveitamento da linha de três (45%).

Neste caso, os números falam alto, mas não representam o aspecto decisivo da avaliação. Na ponta do lápis, vale mais o amadurecimento do atleta e a sua capacidade de decisão. Não deixa de ser saudável que um estrangeiro brigue para pescar uma vaga no topo do basquete americano.

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Antes do duelo épico entre Nowitzki e T-Mac, todo mundo estava esperando que LeBron James e Carmelo Anthony fizessem o grande confronto da quinta-feira. Pura ilusão. Na vitória fácil do Cleveland sobre o Denver, LeBron marcou apenas 17 pontos e Melo anotou 14. O tira-teima fica para a próxima.

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A maré de sorte que tem acompanhado as raras transmissões da ESPN (uma mísera por semana) deve continuar forte esta noite. Cumpridas as seis rodadas de suspensão, Ben Wallace volta ao Detroit Pistons justamente contra o San Antonio Spurs de Tim Duncan. Vale ficar acordado até tarde.

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foto . cnn/sports illustrated

2.12.04



tédio na califórnia
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))) Odom e os Lakers precisam reagir


Ganhar os jogos fáceis, perder os difíceis. Assim tem sido a entediante rotina do Los Angeles Lakers, o que rende ao time um discretíssimo décimo lugar na conferência Oeste e a indiferença total da mídia, que simplesmente parou de falar sobre a turma de Kobe Bryant. Com o elenco desmontado, o técnico Rudy Tomjanovich ainda pena para ajustar as novas peças e criar, a partir delas, um time de basquete.

Por enquanto, bola na mão de Kobe.

O problema é que, mesmo sendo ele o cestinha da temporada, e mesmo jogando bem toda noite, nem sempre dá para arrancar vitórias com um exército de um homem só. Ontem, por exemplo, a equipe quebrou a rotina e perdeu uma partida que deveria ser muito fácil, contra o lanterna do campeonato.

Para a sorte do Chicago Bulls, os Lakers sofreram com uma pane nos quatro minutos finais, quando acertaram apenas uma cesta. Na terça-feira, contra o Milwaukee, outro revertério: Bryant errou seus últimos oito arremessos e a vitória quase foi por terra. Quem garantiu a noite feliz foi o jovem Brian Cook, que acertou cinco de seis chutes da linha de três e anotou 25 pontos. Nos segundos finais, justiça seja feita, Kobe deu um toco monstruoso em Michael Redd que, desde já, entra para a galeria dos melhores lances do ano.

O fato é que, nesse perde-e-ganha, o Los Angeles não consegue sequer ser o melhor time da cidade. Atrás dos Clippers, se mantém fora do grupo de classificados ao mata-mata. O quarto lugar na divisão do Pacífico (onde o Phoenix Suns tem passado a vassoura sem muito esforço) não condiz com a tradição de uma franquia acostumada a brigar por títulos.

Culpa de quem?

Os novos reforços continuam devendo. Por contusão ou desinteresse, Lamar Odom, Caron Butler, Brian Grant e Vlade Divac estão rendendo muito abaixo do esperado. Sem a ajuda deles, Bryant pode marcar 40 pontos a cada rodada. De nada vai adiantar.

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John Grenn e Charlie Haddad receberam em suas casas educadas cartinhas informando que estão proibidos de pisar no Palace de Auburn Hills, em Detroit. Green é o sujeito acusado de jogar um copo cheio em Ron Artest, na famosa confusão do dia 19 de novembro. Haddad teria invadido a quadra para brigar com os atletas. A princípio, nenhum processo será aberto. E fica uma sensação de que, no geral, a punição ainda é branda.

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foto . nbae