27.2.04



e a nba errou
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))) Após o apito polêmico, Rush marcou de 3


Foi na noite de quarta-feira, em Denver. Os Nuggets caminhavam para uma importante vitória sobre o Los Angeles Lakers. Nos segundos finais, o placar registrava um apertado 111-109 para os donos da casa. Com a chance de fechar a tampa do caixão, Andre Miller gastou tempo e arremessou com dificuldade. A bola tocou levemente no aro e o rebote ficou com o companheiro de time Carmelo Anthony.

Mas um apito soou.

Confusão em quadra. A bola bateu ou não no aro? A marcação do estouro de tempo foi correta? O fato é que, no calor da hora, a arbitragem optou por uma bola ao alto. A posse ficou com os Lakers e, num tiro de três, Kareem Rush selou a virada.

Os visitantes foram embora com a vitória na bagagem e a turma de Denver foi dormir de cabeça inchada.

No dia seguinte, o manda-chuva Stu Jackson, homem que comanda a disciplina na liga, soltou o comunicado. “A marcação foi incorreta porque a bola, de fato, tocou o aro. Foi um lance infeliz num ponto crítico da partida. Estamos profundamente arrependidos pelo erro.”

Oficialmente, a NBA errou. E um pedido formal de desculpas foi o bastante para passar uma borracha no assunto. Será que é o suficiente? Não seria o caso de anular o embate? O tema é polêmico e dá margem a uma série de interpretações.

Para um time que briga desesperadamente por uma vaga nos playoffs, uma simples vitória pode custar muito caro. Por enquanto, o Denver se segura como pode na oitava posição do Oeste, mas o Portland tem mostrado poder de reação. Mais para a frente, pode haver choro sob o leite derramado.

Carmelo se apressou em botar a boca no trombone: “Fomos roubados esta noite”, acusou.

A NBA que abra o olho.

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Ainda que os juízes tenham desempenhado um papel relevante, os Nuggets também tiveram uma substancial parcela de culpa na derrota. Quando Nenê fez uma bandeja a 1:27 do fim, o time da casa vencia por sete pontos. Diante da própria torcida, foi incapaz de segurar a vantagem.

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foto . nbae

26.2.04



saudade amarga
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))) Gil Arenas não consegue
se firmar na era pós-Jordan



O primeiro All-Star Game da era pós-Michael Jordan lançou o melhor jogador de todos tempos num inédito ostracismo. Falou-se muito de LeBron, Carter, Richardson, Shaq. Até Magic Johnson, anfitrião da festa, teve seu momento de glória. Sobre Michael, uma menção tímida aqui, outra ali, e costurou-se uma inexplicável economia de linhas.

Só agora, uma semana depois, ele retorna ao noticiário, de passagem, encabeçando especulações sobre uma possível compra do Orlando Magic. Além de ser apenas um boato, trata-se de notícia velha, que remonta à época da quebra de contrato com o Washington Wizards.

Resumo da ópera: pouco se sabe a respeito das novas empreitadas do mestre. Sabe-se muito bem, todavia, sobre o efeito nocivo que sua saída deixou na capital federal. No último campeonato, havia quem colocasse em Jordan a culpa pelo fracasso dos Wizards. Baixo rendimento, problemas físicos, vaidade, falta de união no grupo.

Bem, e agora?

Com um elenco frágil, o Washington atolou no rodapé da tabela e virou saco de pancadas na NBA. Na noite de ontem, uma rara vitória sobre o Toronto Raptors teve sabor de alívio. Nas cinco partidas anteriores, foram cinco derrotas, sendo quatro por mais de 20 pontos. Até agora, o time perdeu 25 vezes por diferença de dígitos duplos, feito que nenhum outro concorrente conseguiu igualar até agora.

Com Gilbert Arenas e Jerry Stackhouse atuando abaixo do esperado, a apatia virou rotina. Nenhuma outra equipe da liga tem uma defesa tão relaxada, capaz de permitir infiltrações a torto e a direito sem sequer cometer faltas. Sem liderança em quadra ou fora dela, o desânimo começa a dar lugar ao desespero.

O reflexo fica nítido nos conflitos internos, como aconteceu no domingo, após um atropelamento diante do Milwaukee Bucks (28 pontos). Arenas e Kwame Brown trocaram insultos e o clima ficou ainda mais tenso. À imprensa, o jovem pivô reclamou e falou em egoísmo: “Algumas pessoas entram em quadra apenas para registrar suas estatísticas, não passam a bola. Não jogamos como um time.”

Informado sobre as declarações do companheiro, Arenas não fez rodeios: “Todos na equipe têm as mesmas oportunidades. Se não estão convertendo, paciência. Passei a bola para Brown seis ou sete vezes. Mas ele está embaixo da cesta e prefere passar para outro jogador.”

Ontem, em Toronto, Arenas fez pirraça. Só arremessou sua primeira bola quando faltavam cinco minutos para o fim da partida. Terminou com sete pontos, enquanto Brown foi o cestinha com 16. Com 20 desperdícios, o Washington bem que tentou entregar o jogo. Mas os Raptors desceram ao mesmo nível, e o que se viu foi um arrastado 76-74 para os visitantes.

Entre tapas e mais tapas, o Jordan que sobrou (Eddie, o técnico) não parece muito preocupado. Diz apenas que vai continuar trabalhando. Com a guilhotina sempre pronta para entrar em ação, não se sabe até quando.

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foto . nbae

25.2.04



para o chão tremer
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))) Jefferson e os Nets terão
prova de fogo em Minnesota



Nenhuma equipe havia vencido 14 seguidas nesta temporada. Nenhum técnico havia iniciado a carreira com 13 triunfos em toda a história da NBA. Com o interino Lawrence Frank à frente, o New Jersey Nets tornou-se uma máquina de quebrar recordes. Sem tomar conhecimento do que encontra pelo caminho, a locomotiva segue atropelando rivais, a exemplo do que aconteceu ontem, diante do Toronto Raptors.

Até agora, a viagem segue tranqüila, sem percalços. Tirando uma visita a Houston e outra a New Orleans, não houve nenhuma escala que se anunciasse indigesta. Celtics, Sixers, Magic, Hawks, Raptors, não foram poucos os decadentes que cruzaram o caminho. Ainda assim, o feito vale pelo conjunto da obra, porque ninguém bate 14 adversários sem méritos.

Hoje, contudo, o roteiro é diferente. Os americanos nem desconfiam qual é o significado de uma quarta-feira de cinzas, mas sabem que a folia do New Jersey nunca esteve tão ameaçada.

Quando a noite cair, o desafio da hora terá como palco o Target Center, em Minneapolis. As vaias para Frank já estão ensaiadas, e o som das arquibancadas tem um único objetivo: empurrar os Timberwolves de volta ao topo da conferência Oeste.

Na teoria, arrancar uma vitória logo mais é uma tarefa ingrata para os Nets, sem comparação com os últimos compromissos. A pressão aumenta, a torcida joga contra e o oponente é um dos mais poderosos de toda a NBA. Enfim, o clima é de playoff e tudo pode acontecer.

Como regra, cá entre nós, minha simpatia se inclina levemente para o lado do Minnesota. O elenco é melhor, o técnico é formidável e os astros estão bem distribuídos em quadra. Com a volta de Wally Szczerbiak e o reinado absoluto de Kevin Garnett, o sortudo Flip Saunders tem em mãos um grupo privilegiado. Está aí uma turma que eu gostaria de ver em estágio avançado nos playoffs.

Mas hoje, não.

Peço licença para remar contra a corrente e confesso que torço por uma vitória do New Jersey. Primeiro, porque qualquer alento é bem vindo no combalido Leste. Segundo, porque existe ali um técnico batalhador que merece uma recompensa. Terceiro, porque Kenyon Martin está se tornando um monstro dentro do garrafão. E quarto, porque toda glória é pouca para o gênio Jason Kidd.

(Convém aqui abrir um parêntese. Continuo achando que Baron Davis foi fantástico na primeira metade de campeonato, por isso votei nele na seleção da semana passada. O prêmio não significa, contudo, ser um armador melhor que Kidd. Até porque tal figura não existe no basquete mundial.)

Pelos motivos listados, creio que os Nets merecem esta vitória emblemática. Confessados os desejos, resta aguardar o embate. E acompanhar tudo, passo a passo. Pela internet, claro. Paciência.

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foto . nbae

22.2.04



breve folia
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))) Em curta pausa carnavalesca, o Rebote tira o bloco da rua e descansa até terça-feira. Na quarta de cinzas, quando Momo se for, a gente volta.

Até lá.

19.2.04



brincando com fogo
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))) Quem encara Iverson?


Um vôo atrasado, um técnico disciplinado e um craque revoltado. Foi este o saldo da punição imposta pelo interino Chris Ford ao intempestivo Allen Iverson, que se atrasou para o treino na volta do All-Star Game e começou no banco a partida de terça-feira, contra o Denver Nuggets. O armador entrou na metade do primeiro quarto e saiu de quadra com 27 pontos, 14 assistências e munição verbal de sobra.

Diante da carga de fúria nas palavras, vale até reproduzir na íntegra o rompante de Iverson, que sempre teve problemas com Larry Brown e havia sossegado com Randy Ayers. A entrada de Ford parece não ter deixado baixinho satisfeito. Tirem suas próprias conclusões:

“Fiquei furioso o dia inteiro, desde cedo, no aquecimento, tendo um encontro com um cara que eu mal conheço, me avisando que eu não seria titular e me dizendo o que eu deveria fazer para o time ser bem-sucedido. Fiquei irritado porque estou aqui há oito anos e um sujeito que acabou de chegar me põe no banco. Expliquei a ele porque não consegui chegar na hora, mas não foi o bastante. O que mais me frustrou foi ouvir que eu não tinha respeito por meus colegas e eles não tinham respeito por mim. Nenhum técnico jamais questionou meu esforço pela equipe. Então sentei no banco, incentivei o time, e quando tive minha oportunidade entrei na quadra e joguei como sempre. Não preciso ser amigo dele, não preciso falar com ele, e ainda assim posso jogar para ele. Noite após noite, posso fazer exatamente o que ele pede, e vou fazer isso. Mas qualquer relação fora da quadra de basquete está descartada desde já.”

Era apenas o segundo jogo de Ford como treinador dos 76ers. Quantos mais ele agüenta?


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Logo mais, o Philadelphia visita o Seattle Sonics. Dentro desse barril de pólvora, sabe-se lá o que pode acontecer.

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Sacramento Kings e Minnesota Timberwolves se enfrentam hoje no duelo entre as duas maiores forças da NBA. Chris Webber vai ver tudo do banco. Recuperado da lesão, ele passou do departamento médico para o jurídico e agora enfrenta uma suspensão de oito rodadas por conta de problemas com a Justiça. A contagem regressiva começou para a volta do craque. Enquanto isso não acontece, cabe a Peja Stojakovic a missão inglória de parar o trator chamado Kevin Garnett.

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foto . nbae

18.2.04



entrevista: rasheed wallace
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))) "Metade me odiava"


Medir palavras não é exatamente a especialidade de Rasheed Wallace. Boca suja por natureza, ele até pegou leve ao ser apresentado à imprensa como reforço do Atlanta Hawks. A conversa se deu ontem, após o último treino para a partida de logo mais, em New Jersey, a primeira do ala-marginal com o novo time. Sobre a relação com os fãs em Portland, ele não se esquivou em momento algum: “Metade me amava e metade me odiava”, reconheceu Ciente de que o novo time pode ser um projeto a curto prazo, Wallace espera que os tempos de tapas e beijos tenham ficado para trás.

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Está gostando da vida em Atlanta?
Sinto-me muito bem de estar aqui. Gosto da cidade, sempre gostava quando vinha aqui. Minha família já veio, o que torna as coisas muito mais fáceis. Estamos sendo muito bem tratados e espero que continue assim. A única coisa que me interessa agora é o jogo de quarta-feira contra o New Jersey.

O que tem a dizer sobre transferência?
Para minha esposa, foi mais difícil do que para mim. Em todo caso, sabíamos que isso aconteceria em algum momento. Faz parte do negócio. Agora, tenho a oportunidade de começar novamente, procurando coisas boas e seguindo adiante.

Dá para encarar o novo time como um projeto de longo prazo?
No momento, só o que me interessa é entrar na quadra. Ainda faltam 29 partidas e espero que possamos vencer pelo menos metade delas, ou mais. Esta é a nossa meta.

Em termos de contrato, está pensando sobre o vai acontecer no futuro?
Bem, isto é algo para ser conversado ao fim desta temporada, e assim o faremos. Sinto-me emocionado atuando nesta equipe, mas respeito o meu futuro. O assunto será discutido com Terry Stotts e com a diretoria, assim que o campeonato terminar.

Enquanto a decisão não chega, tem falado com o técnico Terry Stotts?
Sim, temos conversado sobre o que ele espera de mim. Destacamos vários aspectos no meu estilo de jogo: defesa, liderança, rebotes e a ajuda aos rapazes no esquema ofensivo. O que ele quer de mim é simplesmente meu estilo natural.

Analisando o elenco dos Hawks, de que forma você poderá ajudar?
A equipe já tem J.T. (Jason Terry), Jack (Stephen Jackson) e agora Joe Przybilla. Quero apenas acrescentar mais força, defesa e rebotes, assim as coisas funcionarão bem.

Que sentimento fica ao deixar o Portland Trail Blazers?
Sair de lá foi um alívio. Eu me sentia em casa, mas aquela situação estava chateando muito minha mulher e meus filhos. Comigo não tinha problemas, eu não me importava, mas para minha mulher. Era difícil para ela escutar coisas negativas sobre o marido a todo momento. As crianças também enfrentaram esse tipo de problema. Agora, chegamos a um estágio melhor de nossas vidas.

Como era sua relação com a torcida dos Blazers?
Era simples: metade me adorava e metade me odiava. Em todo caso, não vou fazer dessa transferência um assunto pessoal contra os fãs ou as pessoas que moram em Portland. Curti muito esse período e continuarei tendo minha casa na cidade. Não tenho nada de ruim para dizer.

Após tantos anos, você consegue explicar porque aquele time nunca conseguiu engrenar?
Essa é uma resposta que desconheço. Pode ter sido uma série de coisas, algumas pessoais, outras coletivas.

Que imagem você deixa em Portland?
Isso não me interessa muito. Sou um sujeito simples e, como eu disse, alguns vão me adorar e outros vão me odiar. Nada disso me incomoda.

Para você, foi ruim se mudar para a costa Leste?
Não, estou perto de casa. Perto da Filadélfia, perto da minha mãe, que está na Carolina do Norte. Tenho família na Florida, então não vai demorar muito para poder visitá-la. É bem diferente de Portland, aqui estou perto de tudo.

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foto . nbae

17.2.04



meio caminho andado
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))) Stojakovic e Miller reinam na NBA


Polêmicas à parte, o All-Star Game ficou no passado. Com 11 partidas, a rodada de hoje marca o fim do período de experiências e o início da corrida aos playoffs. O que vale a partir de agora é somar vitórias, ganhar posições, subir degraus na tabela. Antes disso, contudo, não custa dar uma rápida olhada no retrovisor para conferir o que de melhor e pior aconteceu na primeira metade da temporada. Enquanto os craques se aquecem para a retomada, o Rebote distribui seus prêmios.

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MELHOR TIME * Sacramento Kings
Chris Webber ainda não pisou na quadra e o Sacramento é o líder da NBA. Que tal? Mais uma vez, o time superou o descrédito da torcida anti-Queens e bateu pé para confirmar sua condição de favorito ao título. A temporada começou cheia de confete e serpentina caindo sobre Lakers, Spurs, Mavs e Wolves. Em silêncio, os Kings fizeram de Peja Stojakovic um astro à altura de Webber. Com a missão de substituir o craque da companhia, o sérvio entrou no salão reservado à elite e trancou a porta por dentro. Desde já, fica coroado como craque legítimo. O esquema azeitado carrega a etiqueta de Rick Adelman, técnico freqüentemente menosprezado em favor de colegas mais espalhafatosos e menos eficazes. Quando Webber voltar (dentro de algumas semanas), sabe-se lá o que vai acontecer. Enquanto não volta, o Sacramento mantém sua bandeira fincada no topo da liga.

EVOLUÇÃO (TIME) * Memphis Grizzlies
Aqui esbarramos numa difícil escolha entre Grizzlies e Nuggets. Os dois saíram de um ano marcado pelo fracasso e surgiram como forças emergentes numa conferência marcada pela solidez. A opção, portanto, recai sobre a análise da tabela: não sei se alguém já percebeu, mas o Memphis é o sexto melhor do Oeste, abraçado com o Houston Rockets (7º) e ameaçando o Los Angeles Lakers (5º). Em primeiro plano, méritos para Hubie Brown, técnico experiente que sabe lidar com a garotada. Pau Gasol é outro que se move no escuro, sem estardalhaço. Assim vai carregando o time no rumo do mata-mata.

DECEPÇÃO (TIME) * Phoenix Suns
Orlando e Chicago andam de mãos dadas neste quesito, mas não há como não eleger a nobre esquadra do Arizona. Primeiro, porque não há explicação lógica para a queda-livre. O elenco se manteve intacto em relação ao do ano passado, que foi aos playoffs e incomodou o campeão San Antonio. Para 2003-2004, teríamos um Amare Stoudemire mais experiente e um Joe Johnson prometendo explodir. Deu tudo errado. As derrotas se acumularam e a diretoria iniciou um desmanche, mandando Stephon Marbury e Penny Hardaway para Nova York. O resultado fica estampado na classificação, com a lanterna do Oeste.

MELHOR JOGADOR * Kevin Garnett
Tem sido um monstro. Levou o Minnesota ao primeiro escalão do Oeste, superando medalhões como Lakers, Spurs e Mavs. Pela primeira vez cercado de talento, Garnett jamais relaxou. Ao contrário, subiu um degrau em relação ao ano passado, quando já merecia ter recebido o prêmio de MVP. As médias de 24.8 pontos, 14 rebotes e 2.3 tocos são as mais altas de toda a sua carreira, sem contar as mais de cinco assistências por noite. Os números ilustram a excelente fase de um atleta versátil, com domínio completo dos fundamentos do basquete. Não tem Duncan, McGrady, Kobe ou Kidd. Este ano, é KG na cabeça.

EVOLUÇÃO (JOGADOR) * Donyell Marshall
Sei que a primeira metade do campeonato tem um trio explosivo em Zach Randolph, Andrei Kirilenko e Michael Redd. Sei que deve gravitar em torno deles a disputa pelo prêmio de maior evolução em relação a 2002-2003. Em todo caso, isso não chega a ser surpresa: a mudança de comportamento já era esperada. Por isso meu voto recai sobre o veterano Marshall, que trocou Chicago por Toronto e, aos 31 anos, descobriu a alegria de jogar. Com os Raptors, o ala atingiu médias de 18 pontos, 11 rebotes, 2.3 tocos e 51% de aproveitamento nos arremessos, seus melhores números em uma década de NBA.

DECEPÇÃO (JOGADOR) * Caron Butler
Atrapalhados por contusões, Scottie Pippen e Michael Olowokandi têm fracassado de forma vergonhosa. As estatísticas revelam um declínio constrangedor e credenciam a dupla ao troféu abacaxi. Ainda assim, ninguém consegue barrar Caron Butler. O ala do Miami Heat caiu num poço sem fundo. Justamente agora que o time parece engrenar, graças aos reforços de Lamar Odom e Dwyane Wade, o jovem promissor viu seu rendimento despencar. A média de pontos caiu de 15.4 para 7.6. Despencaram também rebotes, assistências, roubadas e eficiência nos tiros de quadra. Talvez seja a mudança para a ala-de-força. Talvez seja saudade de Pat Riley. De qualquer forma, é uma pena.

MELHOR CALOURO * LeBron James
Esqueçam o oba-oba, companheiros. O fenômeno de Akron só precisou de meia temporada para provar que não é apenas um produto de marketing. Para os fãs do basquete, pouco importam os milhões da Nike, da Sprite ou das Casas Bahia. O que vale é o nascimento de um novo craque, algo que parece inevitável. Com visão de jogo, ímpeto ofensivo e vocação nata para o espetáculo, LeBron só precisa de uma coisa para ingressar na elite da NBA: tempo.

REVELAÇÃO (CALOURO) * Udonis Haslem
O garoto caiu do céu para o Miami. Entrou pela janela e tornou-se peça importante no esquema de Stan Van Gundy. Sete pontos e seis rebotes por noite são uma ajuda e tanto para um calouro que sequer passou pelo draft. O rendimento caiu um pouco nos últimos dois meses, mas ainda assim Haslem é um presente valioso para o renovado time da Flórida.

DECEPÇÃO (CALOURO) * Darko Milicic
O sujeito foi o segundo escolhido no draft e só jogou 16 vezes, com médias de 3.4 minutos e um mísero ponto por partida. Entendo que o técnico Larry Brown queira poupá-lo. Mas que este é o mico do ano, não resta a menor dúvida.

MELHOR DEFENSOR * Ben Wallace
Ron Artest atravessa seu melhor momento e conjuga ótima defesa com agressividade no ataque, mas não dá para ignorar a presença de Wallace embaixo da cesta. O pivô está entre os melhores da liga em rebotes (13.2) e tocos (2.9). De quebra, ainda é o oitavo em roubadas (1.82), mesmo sendo um grandalhão de 2.06m. Ou seja, nem um pitbull espumando no garrafão causaria tanto estrago.

MELHOR TÉCNICO * Jerry Sloan
Em seus ombros está a explicação para a surpreendente campanha do Utah Jazz, que sobrevive no velho Oeste mesmo sem Karl Malone e John Stockton. Nesta liga em que os técnicos trocam de lugar como se estivessem no futebol brasileiro, é preciso ser um gênio fora da quadra para manter o emprego à frente de um elenco completamente renovado e sem estrelas. Palmas para o professor.

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A SELEÇÃO:

C – BEN WALLACE
PF – KEVIN GARNETT
SF – PEJA STOJAKOVIC
SG – ALLEN IVERSON
PG – BARON DAVIS


Yao Ming
Tim Duncan
Jermaine O’Neal
Tracy McGrady
Jason Kidd

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foto . nbae

16.2.04



melhor roteiro adaptado
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))) Shaq mostrou quem é o ator principal


Chinês brilhando em Hollywood? Que eu me lembre, o mais perto disso num passado recente limita-se aos golpes acrobáticos de Jackie Chan e à lente frenética de John Woo. Ciente de que a terra do cinema é lugar para a prata da casa, Shaquille O’Neal roubou a cena. Ignorou o desejo inicial da audiência, que o escalou como coadjuvante no All-Star Game, elevando Yao Ming à condição de protagonista.

No Staples Center, virou o roteiro do avesso.

Tal como num desse filmes repletos de clichês, o gigante oriental começou aprontando das suas. Movimentou-se bem embaixo da cesta, marcou pontos, se divertiu um bocado. Na verdade, tudo aquilo era apenas uma escada para o protagonista. No fim das contas, quando a trama chegou ao clímax, quem riu por último foi o herói local.

Shaq fez exatamente o que as arquibancadas queriam tanto ver. Brincou, provocou, enterrou, arriscou até em terrenos nebulosos. Falta-lhe habilidade nas mãos, sobra-lhe bom humor na cabeça. E é disso que o povo gosta.

O cartão de visitas veio logo na primeira jogada, quando cruzou a quadra ensaiando malabarismos completamente desajeitados. O público reagiu em delírio, assim como nas vezes em que o pivô se pendurou no aro e arrastou a tabela para baixo, dando a impressão de que o acrílico poderia se espatifar a qualquer momento. Não há como conter o riso ao ver O’Neal desabando nas primeiras filas após uma enterrada, se escorando num sujeito ainda maior que ele (pelo menos na horizontal); ou tomando a câmera de um rapaz à beira da quadra e fingindo retocar a maquiagem.

Tanta vontade de se exibir para a platéia se traduziu em números respeitáveis (24 pontos e 11 rebotes), que lhe renderam um merecido troféu de MVP. Ou o Oscar de melhor ator, para não fugir do clima. O coadjuvante Kobe Bryant anotou 20 pontos e roubou cinco bolas, mas não chegou a ser tão fantástico.

Show semelhante se viu no Leste, que perdeu o jogo por apertados 136-132, mas ganhou fácil no quesito espetáculo. Allen Iverson, Jason Kidd, Tracy McGrady, Vince Carter e Kenyon Martin pareciam globetrotters em quadra, tamanho o repertório de passes, cravadas, bandejas e pontes-aéreas. Quem viu não se arrependeu.

No quarto período, as brincadeiras cederam espaço à seriedade. E nem por isso caiu o nível do jogo. Afinal de contas, Hollywood não vive só de comédia. Não se pode desprezar um bom drama, e os últimos minutos garantiram a dose necessária de emoção, com o placar trocando de dono a cada ataque. Acabou valendo a supremacia do Oeste, mas todos saíram vencedores. Como manda a cartilha do final feliz.

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Por favor, não venham me falar que Jamaal Magloire é um gênio porque liderou sua conferência com 19 pontos. Continuo não vendo nele nada que justifique a convocação em detrimento de LeBron James. Pode até calar minha boca no ano que vem, como fez Brad Miller (vale lembrar que os Hornets vão para o Oeste, mesmo caminho de Miller, que trocou o Indiana pelo Sacramento e me convenceu sobre seus méritos). Ainda assim, mantenho-me cético. Acho Magloire um bom pivô, nada além disso. Ao menos por enquanto.

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Andrei Kirilenko e Dirk Nowitzki mal apareceram. Poderiam ter dado lugar a Zach Randolph e Carmelo Anthony. Mas agora é tarde para chorar.

Ano que vem tem mais.


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GALERIA DE FOTOS:

* Em Hollywood, Shaquille dirige o próprio show

* Para Carter, o céu é o limite

* Kobe não fica atrás no show das cravadas

* Martin tenta quebrar o aro do Staples Center

* Shaq dá um alô pessoalmente à platéia

* Iverson se estica para pegar o rebote

* Magloire se esforça no garrafão

* Até o governador Schwarzenegger faz graça

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fotos . nbae, cbs e cnn

15.2.04



tédio absoluto
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))) Jones venceu, mas não convenceu


Até pela televisão deu para ficar constrangido. Ao fim do último evento de sábado no Staples Center, o silêncio da arquibancada evidenciava a urgência de repensar os eventos preliminares do All-Star Game. Quando acabou o torneio de enterradas (e pouca gente percebeu), seria melhor se houvesse um ralo no meio da quadra para sugar atletas, funcionários, torcedores e jornalistas, dando à festa o desfecho merecido.

Culpa do quase sempre competente David Stern, que insiste em não inovar no que a NBA tem de melhor: a celebração, a diversão, o espetáculo. Em determinados momentos, o manda-chuva da NBA parece um alto funcionário da Fifa, tamanho o receio de arriscar para tornar o esporte mais agradável.

Por medo de abrir o leque a jogadores mais velhos e falta de tato ao convocar os nomes certos, Stern ofereceu ontem à torcida um panorama desolador no encerramento da noite. Para tomar o título de Jason Richardson, foram escalados os medíocres Chris Andersen, Ricky Davis e Fred Jones, que jamais apresentaram em quadra credenciais para entrar em tal disputa.

Resultado: com o armador do Golden State em noite pouco inspirada, tivemos provavelmente o pior torneio de enterradas de todos os tempos. Salvaram-se dois lances. 1) A cravada de Jones com o giro e o braço esticado. 2) A acrobacia de Richardson jogando a bola na tabela e passando-a por baixo da perna. O resto foi o mais puro lixo, um desfile incomparável de falta de criatividade, erros a torto e a direito, decepção geral no ginásio. No fim das contas, J-Rich errou quinhentas tentativas e o título acabou ficando com Jones, sob a reação desconfiada da platéia.

Prova de tamanho fracasso está na atitude do jovem LeBron James, este sim capaz de dar espetáculo. Decidido a se poupar para não comprometer a recuperação de uma lesão, o calouro foi embora do Staples Center no meio da disputa! Para vocês verem como a coisa estava interessante.

O resumo da ópera é triste. Que me desculpe Voshon Lenard, mas o campeonato da linha de três é chato. Que me desculpe Baron Davis, mas o desafio de habilidades dos armadores é muito chato. Que me desculpe o mestre Magic Johnson, mas aquele evento com participação das mulheres e dos veteranos consegue ser ainda mais chato. Quando as enterradas falham na missão de salvar a pátria, temos o retrato final da festa:

Foi uma noite de sábado insuportável.

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O verdadeiro festival das enterradas aconteceu no dia anterior, com LeBron, Carmelo Anthony, Amare Stoudemire e a turma que entrou em quadra para o desafio dos calouros. Este sim foi o grande evento pré-All-Star, e a NBA fez muito bem de antecipá-lo para sexta. Longe da mediocridade do sábado, os garotos brilharam sozinhos e deram ao povo o que o povo gosta: pouca defesa, muito ataque, lances espetaculares e diversão de sobra.

Foram quase 50 enterradas das duas equipes. LeBron e Carmelo mostraram excelente entrosamento e contaram com atuações inspiradas dos adversários Stoudemire, Flip Murray e Carlos Boozer. O placar elástico de 142-118 ilustra bem o que aconteceu: foi um show como manda o figurino do bom basquete.

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GALERIA DE FOTOS

* LeBron provou que voar é possível

* Carmelo também mostrou serviço

* Stoudemire foi o MVP do desafio dos calouros

* Baron Davis venceu o desafio de habilidades

* Lenard desbancou Stojakovic nos três pontos

* Fisher, Magic e Lisa Leslie fizeram festa

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fotos . nbae, cbs e cnn

13.2.04



diversão turbinada
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))) LeBron não quer apenas brincar logo mais


É dia de festa em Los Angeles. Começa hoje à noite, excepcionalmente numa sexta-feira 13, o fim de semana do All-Star Game. Esquemas táticos e disputas de posição na tabela ficam para a semana que vem. Até domingo, o que importa é a arte. O cartão de visitas, logo mais, não estará na TV dos pobres mortais brasileiros. Uma pena. O desafio entre calouros e atletas de segundo ano tem tudo para ser um dos melhores da história.

As escalações dispensam grandes comentários e garantem o espetáculo. Os novatos apostam no trio LeBron James, Carmelo Anthony e Dwyane Wade, jovens astros que devem ter minutos de sobra para mostrar talento, tamanha a superioridade em relação ao restante do elenco. Por motivos óbvios, os holofotes estarão voltados aos três, mas não faltam azarões. Chris Bosh, Udonis Haslem, Jarvis Hayes, Josh Howard e Kirk Hinrich podem roubar a cena.

No outro lado da quadra, a tropa é indigesta. Para começo de conversa, o garrafão está bem servido, com os grandalhões Yao Ming, Amare Stoudemire, Carlos Boozer e Nenê. No perímetro, Manu Ginobili, Tayshaun Prince, Flip Murray e Marko Jaric comandam o show. Há de ser um belo jogo.

Espera-se, por sinal, uma atitude mais agressiva de Nenê. Na última edição do evento, ele atravessava um tímido ano de estréia. Marcou apenas seis pontos e saiu de quadra quase sem ser percebido. Desta vez, a história é outra. Mais adaptado ao estilo americano de basquete, vai querer mostrar serviço. Aqui, de longe, fica nossa torcida.

O MVP da noite? Difícil não apostar em LeBron. Frustrado por não ter sido incluído entre os reservas da partida principal, o ala-armador dos Cavs vai entrar em quadra mordido. Para acirrar ainda mais os ânimos, existe uma disputa velada com Carmelo. Os dois querem sair do ginásio como heróis, claro.

James tem no desafio de logo mais seu primeiro grande evento na NBA. Por mais que o clima seja de diversão, a pressão é inevitável. Por isso creio que o garoto não vai se limitar a acrobacias e firulas. Bobeou, ele vai jogar sério para somar pontos. Afinal de contas, é a oportunidade de embolsar o primeiro troféu da carreira.

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foto . nbae

12.2.04



festa particular
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))) Richardson vai alçar vôo no sábado


A transferência do jogo dos calouros para sexta-feira cria uma constatação inevitável: a noite de sábado está nas mãos de Jason Richardson. Que me desculpem Peja Stojakovic e seus concorrentes, mas tiros de três não chegam a me comover. O mesmo vale para aquela série de outros eventos estranhos. Sobra o torneio de enterradas, que por sinal se esvazia a cada ano, desde que Vince Carter encantou o mundo em 2000.

Richardson, no entanto, é sempre uma esperança de salvação. Trata-se de um artista de primeira linha. Não cabe aqui discutir eficiência em quadra, domínio de fundamentos ou disciplina tática. Limito-me a louvar as proezas que este indivíduo consegue fazer no curto tempo de um salto rumo à cesta.

Prova disso é que o ala-armador do Golden State Warriors chega para defender um bicampeonato. Se faturar pela terceira vez, será o maior vencedor da história do evento, batendo Harold Miner, Dominique Wilkins e ninguém menos que Michael Jordan. É claro que a disputa no passado era muito mais acirrada. Hoje, quem se atreve a bater Richardson?

Ricky Davis, Chris Andersen e Fred Jones.

Ora, faça-me o favor.

Sempre penso que a liga deveria pressionar um pouco mais as franquias para liberar craques realmente capazes de turbinar o evento. Ninguém pode jogar forçado, claro. Mas David Stern é um sujeito esperto, sabe negociar. Tem habilidade para construir um elenco de respeito para um torneio que já foi o símbolo maior da arte na NBA. Imaginem o atrativo de uma disputa entre Richardson, Carter, Tracy McGrady e LeBron James. Alguém em sã consciência deixaria de ver uma batalha dessas?

LeBron, por sinal, foi um capítulo à parte. Primeiro, avisou que não participaria para não agravar uma lesão incômoda. No início da semana, depois do anúncio dos participantes, abriu o leque e disse que não descartaria aceitar um convite de última hora. Ontem, após uma derrota maiúscula contra o New Jersey Nets, bateu o martelo: “Estou fora, estou fora, estou fora”, repetiu para os repórteres. “Não falo mais sobre o campeonato de enterradas”.

Uma pena.

Andersen, no fim das contas, acabou entrando pela janela do Denver Nuggets. Nota publicada ontem no jornal Folha de S.Paulo afirma que o time cogitou indicar Nenê para o evento, mas optou pela chance de ter mais um atleta no fim de semana das estrelas, já que o brasileiro jogará a partida de amanhã contra os calouros. Pensando bem, foi até melhor. Cá entre nós, não vejo nosso Hilário fazendo acrobacias a caminho do aro.

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11.2.04



faxina em dose dupla
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))) Shareef e Rasheed trocam de uniforme


Quando Stephon Marbury e Penny Hardaway tomaram o rumo de Nova York, abrindo vaga para Antonio McDyess e Howard Eisley no Arizona, o horizonte ficou nítido: a NBA vive uma nova era dentro dos escritórios. Foi-se o tempo em que os cartolas trocavam atletas de mesmo nível, com o inocente objetivo de reforçar posições ou apenas incendiar a franquia. Cada vez mais, entram em jogo limites salariais, contratos na reta final, problemas disciplinares, escolhas no draft. São tantos elementos que, em vez de um raio-X preciso com meia dúzia de parágrafos, algumas negociações da liga renderiam complexas teses de mestrado.

A troca entre Blazers e Hawks, anunciada na segunda-feira, poderia se estender em cadernos e mais cadernos de análises detalhadas. Neste caso, entretanto, convém saltar direto para o capítulo da conclusão: o negócio foi excelente para os dois lados.

Em Portland, caiu o último pilar da delinqüência. A saída de Wallace é fruto de um esforço elogiável da diretoria, que gastou pulsos e mais pulsos em ligações telefônicas nos últimos anos. Foi o mesmo tipo de teimosia que deu certo em Nova York com Latrell Sprewell (com uma diferença: agora o caminho de volta foi bem melhor que o dos Knicks). Shareef Abdur-Rahim e Theo Ratliff têm capacidade de sobra para devolver os Blazers ao trilho do playoff. Além do mais, trata-se de dois cidadãos inofensivos do ponto de vista moral, e isso é o que conta atualmente naquelas bandas.

Dito isso, vamos ao ponto que renderia a dissertação acadêmica. Sem Reef e Ratliff, o Atlanta perde força no garrafão. Vai ter de usar cabeças-de-bagre como Nazr Mohammed e Alan Henderson. Tudo bem, se pensarmos que este é o único ponto negativo da história. O resto é festa.

Para começar, o entediado torcedor da Geórgia passa a ter um motivo para ir ao ginásio. Ver Wallace em quadra é algo curioso, nem que seja com olhar antropológico. Com sorte, o sujeito volta para casa com uma boa história de briga para contar. Após um longo inverno, o time finalmente tem um daqueles atletas que despertam a emoção da torcida, para o bem ou para o mal. Agora, a melhor parte do enredo: aconteça o que acontecer, este misto de herói e vilão só fica até o fim da temporada.

Rasheed e Wesley Person (outro envolvido na jogada) atravessam o último ano de seus polpudos contratos. O primeiro embolsa US$ 17 milhões e o segundo, US$ 7.4 milhões. Ao apagar das luzes, os dois estarão livres para trocar idéias com outras franquias, e os Hawks estarão livres de uma enorme pedra no sapato. Sem a dupla, a folha de pagamento cai para US$ 15 milhões abaixo do limite salarial.

O que isso significa?

Kobe Bryant na mira, claro.

O craque do Los Angeles Lakers (que também está nos planos dos vizinhos Clippers) é o nome preferido dos novos proprietários do Atlanta. Sabe-se que Kobe dificilmente permanecerá ao lado de Shaquille O’Neal e, diante da situação financeira da liga, um vôo solo só seria possível em equipes pequenas. Reerguer uma delas é um desafio pra lá de razoável.

Digamos, no entanto, que o tiro em Bryant saia pela culatra. O plano B parece definido, e recai sobre outro craque em busca de novos ares: Allen Iverson. A tese é defendida por parte da imprensa americana e confirmada por fontes da liga, mas, cá entre nós, não vejo muito sentido nela.

Primeiro porque Iverson ainda tem contrato em vigor. Ou seja, Wallace teria de ser usado como moeda de troca. Como a turma do Philadelphia não é boba, jamais abriria mão do astro pelo colega marginal. A solução? Um terceiro time no circuito. A ESPN.com aposta em Steve Francis para os Sixers, Iverson para os Hawks e Sheed para os Rockets.

Sei não.

Em todo caso, a simples possibilidade de ter um craque de verdade no elenco abre novos caminhos para o Atlanta. À beira da quadra, por exemplo. Em tempos de dança das cadeiras, Terry Stotts carrega uma corda no pescoço há um bocado de tempo. Talvez até segure o emprego até o fim do campeonato, que não vale mais nada mesmo. No ano que vem, contudo, a mudança é certa. E o candidato número 1 é Doc Rivers, cotado para o posto desde que deixou o Orlando Magic.

Com a perspectiva da chegada de um franchise player [odeio essas expressões em inglês, mas aqui fica difícil traduzir], Rivers seria um homem feliz sob o teto da Philips Arena. Para convencer o treinador, a diretoria pode lançar mão de dois outros atrativos: um calouro explosivo pescado no draft e, acreditem, uma arquibancada cheia.

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Em meio a toda essa confusão, só um ponto me levanta dúvidas: o comportamento de Wallace até o fim do ano. Vai se conformar com o papel de peso morto, à espera da guilhotina, num time fadado às derrotas? Pago para ver.

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10.2.04



entrevista: cuttino mobley
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))) “Somos a melhor defesa”


Em time que tem Steve Francis e Yao Ming, é difícil ser estrela. Ainda assim, Cuttino Mobley vai se unir aos colegas no fim de semana do All-Star Game. Escalado para disputar o torneio de arremessos de três pontos, ele vive a expectativa da festa. Com médias de 15.3 pontos e 4.4 rebotes por noite, vem ajudando o Houston Rockets na corrida rumo ao playoff. O objetivo é apagar a frustração do ano passado, quando a equipe perdeu a vaga no mata-mata para o Phoenix Suns. Em entrevista ao escritório da NBA para a América Latina, Mobley fala sobre a ansiedade pelo evento em Los Angeles e o dia-a-dia com Francis, Yao e o técnico Jeff Van Gundy.

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Como está a expectativa para o fim de semana? Pronto para a disputa nos arremessos de três pontos?
Sinto-me feliz de ir para Los Angeles e encontrar meus amigos, vai ser muito divertido. Sem falar que é uma oportunidade de participar numa prova de prestígio, não posso negar que adoro estes eventos do All-Star. Gosto das competições individuais, e esta é uma boa oportunidade para mostrar o meu jogo.

Como você descreve o momento que o Houston Rockets atravessa agora?
Somos a melhor equipe em defesa na liga e isso nos deixa tranqüilos, orgulhosos pelo trabalho do grupo. Nos momentos difíceis, temos de pensar positivo, é isso que falo para meus companheiros. Assim as coisas saem muito melhor.

E em comparação à temporada passada?
No último campeonato, ficamos fora dos playoffs e isso foi muito frustrante. Basicamente, queremos um pouco de revanche, e por isso temos trabalhado duro durante esta temporada para chegar ao mata-mata e fazer um bom papel.

Na semana passada, houve uma controvérsia na equipe, quando Steve Francis perdeu o vôo para Phoenix. O time perdeu o jogo e havia vários rumores sobre um mal entendido entre Francis e o técnico Jeff Van Gundy. O que aconteceu de verdade?
Isto já ficou no passado, mas não tenho problemas em falar sobre o assunto. Não perdemos apenas porque Steve não estava em Phoenix. Podíamos ter vencido os Suns sem Steve, eu, Yao, Maurice ou qualquer outro jogador. Antes de qualquer coisa, somos uma equipe, e uma equipe não depende só da atuação de um só jogador.

Como tem sido o trabalho com Van Gundy?
É uma pessoa que está na liga há muito tempo, sabe muito sobre o basquete. Ele é muito respeitado e te faz ver as coisas com muito mais clareza. É muito interessante trabalhar com ele.

Com ele, veio também Patrick Ewing.
Também é uma grande pessoa. Como jogador, ninguém pode discutir seu talento. Como pessoa, é uma figura muito agradável. No vestiário, hoje ele veste uma roupa diferente, mas é como se fosse um dos nossos. Ele sabe quando é hora de brincar e quando é hora de trabalhar, mostra muito profissionalismo.

Como tem visto a evolução de Yao Ming dentro do garrafão?
Cada dia é um novo dia para Yao. Ele tem muito mais a aprender, dentro e fora da quadra. Ewing funciona como um tipo de mentor para Yao, que é uma estrela e sabe disso. Tem muita gente que depende da atuação dele. Por isso, ele trabalha duro para melhorar seu jogo cada vez mais. A verdade é que seu potencial o levará a ser um dos melhores jogadores nesta liga. Já até podemos ver isto, na lista do All-Star Game. Além disso, ele nos faz rir muito, é um grande rapaz.

Francis também faz parte do grupo do All-Star. Como é jogar com ele?
É simples. Ele faz tudo ficar mais fácil, e você sente isso na quadra. É um excelente jogador, e fora da quadra também é uma ótima pessoa.

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Lá se foi o homem. Demorou um bocado, mas o Portland Trail Blazers finalmente conseguiu concluir uma das mudanças mais anunciadas dos últimos tempos. Na calada da noite, Rasheed Wallace se mandou para Atlanta, em troca de Shareef Abdur-Rahim. Amanhã, falamos mais sobre o assunto.

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9.2.04



duelo de emergentes
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))) Os Grizzlies de Battier e os
Nuggets de Carmelo se cruzam



Quando a noite cair no Colorado, o privilégio caberá a alguns milhares de felizardos, espalhados pelas arquibancadas do Pepsi Center. Em plena segunda-feira, começo de semana, a torcida terá o prazer de acompanhar um atraente embate entre duas das equipes que mais evoluíram na NBA em relação à última temporada.

No tira-teima dos emergentes, Nuggets e Grizzlies se enfrentam para resolver uma desavença. Foram até agora dois encontros no campeonato, com uma vitória para cada lado. Longe de ser uma inócua briga individual, a partida significa um novo passo na longa caminhada rumo aos playoffs. O caminho é inusitado para ambas as partes, mas parece bem pavimentado.

Se a primeira fase terminasse hoje, o Memphis entraria na sétima posição, para enfrentar o Minnesota, e o Denver ficaria com a oitava vaga, caindo nas garras do Sacramento. Na noite de ontem, houve uma prévia dos possíveis confrontos. A turma liderada por Pau Gasol viajou a Minneapolis e arrancou uma virada heróica, nos últimos segundos, diante dos embalados Wolves. O triunfo se deve ao arremesso certeiro de Shane Battier, a 2.9s do fim, e representa a quebra do recorde de vitórias da franquia (29). Carmelo Anthony e seus comparsas não tiveram a mesma sorte. Visitaram os Kings, resistiram durante três períodos, mas acabaram atropelados com o placar de 115-92.

Com um tropeço aqui e outro ali, Grizzlies e Nuggets se mantêm firmes nos dois últimos degraus do mata-mata. Subir mais que isso é complicado e exige transpor equipes fortes como Rockets e Lakers. A intenção, portanto, é garantir o lugar por ali mesmo. Por enquanto, a missão vai dando certo. As maiores ameaças são Jazz, Sonics e Blazers, que permanecem alguns jogos atrás.

Se o ritmo não mudar no decorrer dos próximos meses, teremos estas duas revelações nos playoffs de 2004. Boa notícia para o Oeste, que respira novos ares, pelo menos na parte de baixo da tabela. Méritos para a movimentação consciente dos cartolas. Em Denver, Kiki Vandeweghe sabia que seria inútil incorporar Carmelo ao elenco sem cercá-lo de talento. Em Memphis, Jerry West fez um bocado de besteiras desde que assumiu, mas parece finalmente ter acertado a mão com a garotada.

A evolução ainda não é o bastante para furar a elite da conferência, tarefa praticamente impossível. Funciona, contudo, para uma saudável renovação na NBA. Que os novos sejam bem vindos.

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8.2.04



chutes na loteria
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))) Bradley e Croshere: Bobcats em junho?


Daqui a pouco mais de quatro meses, começa a tomar forma a 30ª franquia da NBA. Por enquanto, não se tem idéia de quem vai envergar os chamativos uniformes cor-de-abóbora, mas uma coisa é certa: como todo calouro, o Charlotte Bobcats vai começar por baixo. A liga agendou para 22 de junho o draft de expansão. Trocando em miúdos, é neste dia que a diretoria da nova equipe vai pescar, no restante da liga, os atletas encarregados de iniciar a nova era do basquete na Carolina do Norte.

Para quem ainda não sabe, o esquema funciona da seguinte forma: cada franquia tem até 12 de junho para eleger oito jogadores intocáveis, que ficam fora da seleção. Os demais formam uma mega lista de “sobras”, e é justamente dali que o Charlotte vai escolher um mínimo de 14 atletas. No draft universitário, cabem aos Bobcats duas posições: a quarta e a 34ª. O desenho do elenco se completa com trocas e contratações vindas de ligas secundárias e países estrangeiros.

Ciente da antecedência, mas curioso por natureza, o Rebote resolveu brincar de cartola. O primeiro passo foi visitar o site NBA Draft.net e conferir quem ocupa hoje, na prévia, as posições destinadas ao novo time. Em quarto lugar, temos o habilidoso ala inglês Luol Deng, da Universidade de Duke, com 18 anos, 2.03m e 100kg. Em 34º, vejam a coincidência, está o brasileiro Anderson Varejão, 21 anos, comparado no site a Drew Gooden, do Orlando Magic.

Diante disso, pulamos a etapa internacional e vamos ao draft de expansão. O Rebote encarnou todos os dirigentes da liga ao mesmo tempo, separou oito intocáveis em cada elenco e pescou 14 no bolo restante, sem distinguir a situação de cada um em termos de contrato. No fim das contas, as escolhas do Charlotte bem poderiam ser:

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PIVÔS:
Shawn Bradley (DAL)
Tony Battie (CLE)

ALAS:
Robert Horry (SAN)
Jerome Williams (CHI)
Austin Croshere (IND)
Donnell Harvey (PHO)
John Wallace (MIA)
Stacey Augmon (NOR)

ARMADORES:
Tony Delk (DAL)
Tariq Abdul-Wahad (DAL)
Alex Garcia (SAN)
Eddie Robinson (CHI)
Jamaal Tinsley (IND)
Chucky Atkins (DET)

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Difícil tirar daí um time titular. Unindo os drafts, vamos de Bradley, Deng, Williams, Delk e Tinsley? Não dá para colocar medo em ninguém. O banco, no entanto, ficaria forte. Imaginem uma formação reserva com Battie, Varejão, Croshere, Robinson e Atkins. Bastante razoável. É assim, com bons reservas, que uma equipe começa a crescer.

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A lista do Rebote fica devidamente arquivada. Em junho, a gente confere se algum desses vai, de fato, virar um Bobcat.

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7.2.04



. bloco de notas
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todo sábado, um passeio rápido pela liga

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))) Lawrence Frank ainda não
descobriu o que é uma derrota



r e v i g o r a d o

A montanha russa parou no alto. Ao que parece, o instável New Jersey Nets encontrou seu caminho sob a tutela do interino Lawrence Frank. Se os altos e baixos são, de fato, coisa do passado, só vamos saber nos decorrer dos próximos meses. Mas desde a saída de Byron Scott, foram seis vitórias em seis partidas, todas com mais de dez pontos de diferença. Apontado como clone de Jeff Van Gundy, Frank se esforça para impor estilo próprio. Começou apostando nos reservas e deu mais minutos a Lucious Harris, Aaron Williams e Rodney Rogers. A intensidade da equipe em quadra deu um salto impressionante, revelando uma garra que se mantinha ausente até agora. Aliviado com a troca de técnico, o astro Jason Kidd tirou o peso das costas e voltou a jogar como um All-Star. Em vitórias na estrada contra Sixers, Magic, Rockets e Hornets, o armador beirou um triple-double de média.

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f o r c i n h a

A saber: nos últimos cinco jogos da era Byron Scott, Kidd teve média de 12.8 pontos, acertando apenas 31.5% dos arremessos. De quebra, ainda registrou mais de quatro desperdícios de bola por noite, o que afetava diretamente as atuações dos colegas Kenyon Martin e Richard Jefferson. Efeito do desânimo ou boicote? Há quem aposte numa campanha clara para derrubar o antigo treinador, mesmo que o craque não tenha pedido a demissão diretamente no escritório do presidente Rod Thorn.

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i m p a c i e n t e

Às voltas com uma contusão incômoda no joelho, Nick Van Exel está infeliz. Na semana passada, o armador falou abertamente que gostaria de se aposentar jogando por um time do Texas (leia-se Dallas, San Antonio ou Houston). Agora os boatos apontam interesse de Pacers e Blazers. Aliás, o Portland está interessado em qualquer indivíduo capaz de levar Rasheed Wallace para longe antes da data-limite das negociações. A mudança mandaria Van Exel para o Oregon ao lado de Erick Dampier, em troca de Wallace. Cá entre nós, soa como um bom negócio para ambas as partes.

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c u r i n g a

Às vésperas de ganhar passe livre, o veterano Brent Barry passou a ser disputado por Bulls e Celtics. Com médias de 10.6 pontos e 5.5 assistências, o ala-armador do Seattle Sonics é um dos mais versáteis da NBA e tem a vantagem de atuar em diversas posições. Boa pedida para elencos engessados, que precisam de cartas na manga a todo instante. Para o Boston, um possível fracasso na empreitada não significa o fim do ímpeto negociador. O cartola Danny Ainge garante que vai anunciar uma troca de peso nos próximos dias.


((((( z o n a ))))) ((((( m o r t a )))))

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* Ao bater os Raptors em Toronto, o Indiana Pacers superou o número de vitórias fora de casa obtido em toda a temporada passada.

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* Ao bater os Bucks em Memphis, os Grizzlies igualaram o recorde de vitórias da franquia: 28 até agora, numa campanha promissora.

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* O Atlanta venceu duas seguidas, acreditem. Graças a Theo Ratliff e Shareef Abdur-Rahim, que bloquearam Ricky Davis duas vezes nos últimos segundos (dê uma olhada aqui) e impediram que o Boston levasse a partida para a prorrogação.

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* Uma revendedora da Harley-Davidson entrou na Justiça contra Shaquille O’Neal, alegando que o pivô encomendou uma moto personalizada para seus 2.16m, mas se recusou a pagar por ela. Com medidas gigantes para simples mortais, a máquina encalhou.

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:) APLAUSOS para Jim Jackson, veterano que ainda dá o que falar em Houston. Foi com um arremesso dele, ao soar da campainha, que os Rockets bateram o Chicago Bulls na noite de ontem.

:( VAIAS para o Utah Jazz, que começou a ratear. A performance no campeonato ainda é elogiável, mas nas últimas quatro rodadas foram quatro derrotas, sendo três em casa. O pior é que oito dos próximos dez compromissos serão na estrada.

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6.2.04



sangue renovado
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))) Iverson espanou os colegas. Deu certo


Na terça-feira, Allen Iverson gastou dez minutos de seu precioso tempo para desancar companheiros de equipe. Sem citar nomes, bradou que a turma “não joga com coração e não enfrenta os desafios”. A mágoa havia explodido após uma derrota para o Toronto Raptors, a nona nas últimas 11 partidas. A noite de ontem expôs os efeitos da bronca, recuperou o batimento cardíaco dos Sixers e, mais que isso, deixou clara a preocupação do próprio Iverson em dar o exemplo.

A vítima foi um desgastado Los Angeles Lakers. Exaustos pela seqüência de viagens, com Gary Payton expulso no primeiro período e sem a eficiência de Shaquille O’Neal, os soldados de Phil Jackson foram atropelados e saíram de quadra ainda mais tortos, com a derrota de 96-73.

Vestindo medonhos uniformes dos anos 60, o Philadelphia se escorou na performance agressiva de Iverson, com 39 pontos. Glenn Robinson, um dos alvos das críticas, respondeu com 26 pontos e desta vez arrancou elogios do craque do time.

“Não sei se o crédito é meu, mas, se for, fico feliz. Os caras jogaram duro, fizeram tudo o que foi preciso para obter a vitória”, afagou Iverson. “Fiz questão de dar o exemplo, mas nunca me preocupo com minha atuação individual.” Tudo bem, a gente finge que acredita nesse arroubo de humildade.

O técnico Randy Ayers se mantém cauteloso. Alega que, contra os Lakers, todo mundo quer mostrar serviço. A avaliação precisa sobre a mudança de atitude fica para amanhã, contra o Boston Celtics.

No outro lado da quadra, Phil Jackson depositou no cansaço a culpa pela derrota. “As pernas estavam mortas”, reconheceu. De fato, a choradeira se justifica. Na quarta escala de uma viagem que inclui sete partidas, a delegação de Los Angeles chegou à Filadéfia no meio da madrugada.

Kobe Bryant, que era esperado pelo técnico, sumiu. Recuperado de um corte profundo na mão, o armador havia sido confirmado para o jogo, mas não apareceu. O time informou que ele volta ao elenco na próxima parada da turnê, em Orlando. Sem ele, Malone e Payton, a responsabilidade pousou nas costas de O’Neal, que marcou apenas 17 pontos e errou 12 de 15 lances-livres.

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No quarto período, o mesmo árbitro que havia expulsado Payton marcou uma falta técnica de Glenn Robinson, alegando que o atleta ficou muito tempo pendurado no aro após uma enterrada. Eu, hein.

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4.2.04



mundo dos injustos
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))) Quem tem mais pinta de All-Star?


Chutando meandros técnicos para a lateral e reduzindo os conceitos à essência mais pura, de que trata um All-Star Game? Qualquer iniciante na arte do basquete é capaz de dizer que a função básica do jogo das estrelas é reunir... estrelas. Pois pergunte por aí, numa pesquisa livre, quem é mais estrela:

LeBron James ou Jamaal Magloire?

Nem o mais rabugento dos seres fugiria do consenso. Com pleito unânime, a eleição apontaria justamente para o infeliz que ficou fora da convocação.

Por mais grotesco que isso possa parecer, LeBron vai passar a noite do dia 15 de fevereiro em casa, afundado no sofá, controle remoto e pipoca ao alcance da mão. Na melhor das hipóteses, estará acomodado em uma das confortáveis poltronas do Staples Center, batendo palmas enquanto Magloire sua o belo uniforme em quadra.

Triste.

Tal cena surreal é produto dos curiosos miolos que preenchem os crânios da cartolagem na NBA. São organizados? Sim. Competentes? Honestos? Bons administradores? Não resta dúvida. O que falta nessa turma engravatada é exatamente o que transborda em exagero ao sul do Equador nos dirigentes de futebol: jeitinho (seja brasileiro, argentino ou de qualquer outra procedência latina).

Enquanto nossos cartolas abusam da quebra de regras, fazendo disso um instrumento nefasto para deturpar regulamentos e legislar em benefício próprio, os coronéis do basquete americano fecham qualquer brecha para o improviso. Gostam de tudo certinho, asseado, impecável. Até aí, tudo bem. O problema é quando tal disciplina resvala para o engessado, o inócuo, o quadrado.

É assim no All-Star Game. Por conta de um formulário minuciosamente planejado, os técnicos da liga são obrigados a escolher, pelo menos, um pivô reserva para cada conferência. Pivô, diga-se de passagem, de acordo com o critério adotado pela direção, o que soa estranho num campeonato em que as posições se confundem cada vez mais.

E se o treinador achar que All-Star Game não é lugar para pivôs desajeitados, mas para armadores e alas habilidosos? E se não houver nenhum pivô que preste, mas diversos alas e armadores prontos para dar o espetáculo que a torcida tanto espera num evento festivo? Não interessa.

Elimina-se o artista, convoca-se o brucutu.

Nessa filosofia, Magloire ocupou uma vaga que poderia ser de LeBron. Ou de Lamar Odom. Ou de Shareef Abdur-Rahim. Ou de Stephon Marbury. Ou de Chauncey Billups. Ou de qualquer outro. O que o amigo gostaria de ver na noite do dia 15? Uma infiltração abusada de algum desses excluídos? Ou um rebote burocrático de Magloire?

Não vamos aqui, por favor, jogar pedras no pivô do New Orleans Hornets. Com 11.7 pontos e 9.4 rebotes por partida, ele atravessa ótima temporada. É uma peça importante no esquema montado por Tim Floyd.

Feita a ressalva, convenhamos que não é bem isso que o povo quer ver na festa. E ainda que fosse, vá lá, os números de Zydrunas Ilgauskas me chamariam mais a atenção na hora da escolha. O fato é que nenhum dos dois tem calibre para adentrar o Staples Center ao lado de gente como Tim Duncan, Kevin Garnett, Jermaine O’Neal e Tracy McGrady. Diante da nítida ausência de bons pivôs, não custaria nada abrir mão da exigência, afrouxar o gesso e liberar os técnicos para selecionar quem bem quisessem.

Ah, o jogo ficaria desarrumado sem um grandalhão reserva? Ora, sr. David Stern, tente usar este argumento com Don Nelson, por exemplo. O treinador do Dallas aboliu esse negócio de pivô há um bocado de tempo, e nem por isso o sistema ofensivo parece prejudicado. Se funciona no Texas, imagine num All-Star Game, onde os sistemas valem (ou deveriam valer) muito menos que o brilho individual.

A esperança é que o comandante do Leste, Rick Carlisle, dê a Magloire seus cinco minutos de fama e nada além disso. E que o garoto LeBron James possa bater palmas para quem de fato merece.

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No frigir dos ovos, os bancos se alinham assim:

LESTE
Jamaal Magloire
Kenyon Martin
Ron Artest
Paul Pierce
Baron Davis
Jason Kidd
Michael Redd

OESTE
Shaquille O’Neal
Brad Miller
Peja Stojakovic
Andrei Kirilenko
Dirk Nowitzki
Ray Allen
Sam Cassell

Das 14 previsões, errei cinco (LeBron, Ilgauskas, Odom, Randolph e Bibby). Continuo discordando das escolhas de Pierce, Magloire e Allen, mas fico feliz por Martin e Kirilenko. Ambos merecem essa estréia no terreno dos astros.

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3.2.04



entrevista: keith van horn
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))) “Jogar em NY é o máximo”


Em dia de anúncio dos reservas do All-Star Game, o nome de Keith Van Horn passa longe do noticiário. Desde que entrou na NBA, em 1997, o ala enfrenta o descrédito dos críticos e, apesar de números pra lá de razoáveis, não consegue cruzar a porta da elite da NBA. Após seis temporadas, sendo cinco na vizinha New Jersey, Van Horn caiu justamente no caldeirão de uma das torcida mais exigente da liga. Em Nova York, não chega a ser brilhante. As médias de 16.6 pontos e 7.2 rebotes por noite, no entanto, surpreendem os detratores e ilustram o bom momento de um atleta que, vez por outra, carrega o time nas costas. Em entrevista ao escritório da NBA para a América Latina, o ala de 28 anos fala sobre o novo desenho dos Knicks e a pressão da torcida no Madison Square Garden.

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Como está sua primeira temporada em NY?
As coisas estão bem. Tivemos um começo de campeonato meio devagar, mas meu nível individual tem melhorado muito, equiparando-se ao da equipe, e agora tudo está muito melhor.

Como tem sido o processo de adaptação à cidade, depois de deixar o Philadelphia?
Estou feliz em Nova York, é uma cidade fascinante para viver e jogar. O lugar me encanta. Já morei alguns anos aqui quando estive em New Jersey, sei que é uma parte do país da qual todo mundo pode desfrutar, se não para jogar basquete, apenas para viver. Jogar em Nova York é o máximo.

Como vê a chegada do craque Stephon Marbury à equipe?
Ele chegou com um grande sorriso para o primeiro treino e nós gostamos muito disso. Marbury tem colaborado muito e, com seu talento, tem feito várias jogadas importantes, colaborando para que possamos vencer mais partidas.

E Lenny Wilkens? O que significa tê-lo como técnico na beira da quadra?
É simplesmente um honra jogar para um dos melhores treinadores da história da liga.

Com as recentes mudanças, você sente alguma diferença na equipe? É grande a pressão?
É sempre tenso jogar no Madison Square Garden. Os fãs são exigentes e querem ver o time ganhando. Nas últimas semanas, temos tido algumas vitórias importantes e a resposta por parte do público é animadora. Fica agradável jogar assim. Estamos um pouco mais tranqüilos e acho que isso se reflete na quadra.

Até onde você esse grupo pode chegar?
Estamos trabalhando forte para continuar ganhando. Estamos nos acostumando a jogar juntos, o que é uma questão de tempo. Mas o futuro é promissor, gostaríamos de ver esta equipe lutar nos playoffs.

Olhando para trás, você tem saudades de atuar ao lado de Allen Iverson?
Jogar com ele é algo especial. Além de ser um grande homem, é um excelente atleta, que torna as coisas bem mais fáceis. Espero que o Philadelphia 76ers tenha um bom ano, a verdade é que deixei muitos bons amigos por lá.

O que pensa sobre a tendência da NBA de se tornar mais global a cada ano?
Por causa de todos os excelentes jogadores que chegam aqui, a liga é reconhecida mundialmente. São poucos os países no mundo que não conhecem algo da NBA, e tenho muito orgulho de representá-la. Não sei como será o futuro. Fala-se em expansão e não tenho idéia de como podem fazer logisticamente. Mas penso que, com certeza, no futuro a liga terá equipes na Ásia e na Europa.

Quais são os seus estrangeiros favoritos?
São muitos os que tiveram um verdadeiro impacto na liga, como Peja Stojakovic, Dirk Nowitzki, Pau Gasol, Manu Ginobili. Todos agora são estrelas de suas equipes. Capturam a atenção dos fãs, são seguidos em todas as arenas e fazem muito para seus times.

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2.2.04



atenção, all-stars: última chamada
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))) Nowitzki, B. Miller e Odom: surpresas?


Com os frutos da paixão devidamente levados ao altar, entram em cena os neurônios. Escolhidos os dez titulares do All-Star Game, segundo os impulsos da voz do povo, chega a hora de deixar o coração de lado e ativar o cérebro na convocação dos reservas. A tarefa racional cabe aos técnicos da NBA, que preenchem o formulário apontando dois armadores, dois alas, um pivô e duas seleções livres, que os americanos chamam de wild cards. O mistério acaba amanhã, quando a liga divulga o resultado. Sete felizardos em cada conferência vão compor os bancos da maior festa do basquete mundial.

Enquanto não sai o veredicto, não custa brincar de vidente por aqui. Mesmo ciente de que listas são celeiros de discórdia, vamos tentar. Se tivesse em mãos um dos formulários, o Rebote votaria assim:

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L E S T E

))) armadores
))) BARON DAVIS e JASON KIDD
As justificativas são simples. Davis atravessa a melhor temporada de sua carreira, com 23.4 pontos e 8 assistências por jogo. É o maior ladrão de bola da NBA e carregou o New Orleans Hornets numa excelente primeira metade de temporada, mesmo sem o companheiro Jamal Mashburn. A segunda escolha surge de uma constatação óbvia: nenhum All-Star Game pode desprezar Jason Kidd. Principalmente quando o astro está plena forma, liderando a liga em assistências (9.6), pegando 6.4 rebotes por noite e mantendo a alta pontuação (17.1).

))) alas
))) RON ARTEST e LAMAR ODOM
Artest poderia até brigar por uma vaga no time titular, mas esbarrou na paixão popular por Vince Carter. Com a cabeça em ordem, tornou-se um ala extraordinário, aliando ímpeto ofensivo a uma defesa sem pares na NBA. Sua convocação é garantida. Não se pode dizer o mesmo de Lamar Odom, azarão que desponta no horizonte. Em Miami, atingiu elogiáveis 17 pontos e quase 10 rebotes por partida. Está jogando como nunca e merece um prêmio por isso.

))) pivô
))) ZYDRUNAS ILGAUSKAS
Culpa da eleição engessada. A liga força os técnicos a escolherem pelo menos um pivô reserva, o que nos obriga a escalar um atleta de nível mais baixo. Entre Ilgauskas e Jamal Magloire, ficamos com o primeiro, que mantém regularidade no garrafão do Cleveland.

))) escolhas livres
))) MICHAEL REDD e LEBRON JAMES
Baron Davis e Jason Kidd são seleções obrigatórias, mas Michael Redd não pode ficar fora deste All-Star. À frente do inexperiente Milwaukee Bucks, o jovem explodiu nesta primeira metade de campeonato. Livre da sombra de Ray Allen, Redd assumiu a liderança da equipe com médias de 22.1 pontos e 5.1 rebotes. Dito isso, seria também uma baita injustiça deixar LeBron fora do evento. O calouro-sensação correspondeu às expectativas e calou a boca da turma que torcia contra. Joga como gente grande, equilibrando pontos, rebotes, passes e um espírito de liderança raro para um novato.

))) os sacrificados
))) K. MARTIN, P. PIERCE e C. BOOZER
Apesar da decepção em relação aos Nets, Kenyon Martin mereceria entrar na equipe, mas infelizmente não cabe todo mundo. Paul Pierce, figurinha fácil em All-Stars, abre espaço para a nova geração. Sua esperança é uma possível ausência de Ron Artest por motivo de lesão. Carlos Boozer também merece uma menção honrosa, com ótimas médias de pontos (14.1) e rebotes (10.8). Mas seria um exagero incluir três Cavaliers no elenco.

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O E S T E

))) armadores
))) SAM CASSELL e MIKE BIBBY
Não há dúvidas sobre o mérito de Cassell. Após 11 temporadas, ele atingiu o auge e deve ser premiado. O baixinho se encaixou como uma luva na rotação do Minnesota Timberwolves e se tornou um dos grandes responsáveis pelo salto de qualidade da equipe. Bibby entra na jogada em terreno polêmico, desbancando bons rivais como Gary Payton e Steve Nash. Em silêncio, o armador dos Kings evoluiu em relação ao ano passado, atingiu seu recorde em média de pontos (17.1) e fez por merecer a convocação.

))) alas
))) PEJA STOJAKOVIC e ZACH RANDOLPH
Entre todos os possíveis reservas, o iugoslavo é a aposta mais certa. Tem nível para estar entre os titulares, mas foi prejudicado pelo desenho quadrado do time. Se Tim Duncan pudesse entrar como pivô, Garnett passaria à ala de força e Stojakovic seria aproveitado na posição 3. Como não é possível, terá de se espremer no banco. Uma pena. Apesar da fraca campanha do Portland, Randolph é um fenômeno. Concorre com nomes de peso e não será surpresa se conseguir enfiar todos no bolso. Com aquele aspecto físico de quem briga com a balança, é o décimo cestinha da liga. Para se ter uma idéia, suas médias saltaram de 8.4 para 21.3 pontos e de 4.5 para 11 rebotes. Um trator.

))) pivô
))) SHAQUILLE O’NEAL
Alguma dúvida aqui? Que Yao Ming evoluiu, ninguém discute. Mas um All-Star Game no Staples Center sem Shaquille O’Neal seria a maior aberração dos últimos tempos.

))) escolhas livres
))) BRAD MILLER e DIRK NOWITZKI
No ano passado, dediquei uma crônica inteira para lamentar a inclusão de Miller na seleção do Leste. A mudança de conferência, contudo, mostrou que o grandalhão pode render acima do esperado. O dono do garrafão em Sacramento tem sido fantástico. Como se não bastassem os 14.5 pontos e 10.7 rebotes, ele ainda distribui 4.7 passes por noite, número elogiável para um pivô. Nowitzki andou em baixa com a crise do Dallas, mas se recuperou com o time e voltou a ser o velho alemão de sempre. As médias de 21 pontos e 8.7 rebotes são menores que as de 2002-2003, mas continuam altas o bastante para garantir presença no banco do Oeste.

))) os sacrificados
))) A. KIRILENKO, R. ALLEN e C. ANTHONY
Tirar Andrei Kirilenko da lista foi o ponto mais triste da minha seleção. Com o Utah Jazz nas costas, o ala honrou a posição que um dia foi de Karl Malone. Com Randolph, Miller e Nowitzki incluídos, aguardo a chiadeira dos fãs do jovem russo. O ideal seria abrir uma vaga a mais no Oeste. Como não dá, busquei opções mais sólidas. Paciência. Ray Allen manteve o bom nível de sempre, mas foi punido pela contusão e por ter disputado apenas 20 partidas. Quanto a Carmelo Anthony, seria um prazer vê-lo no meio das estrelas, como adversário de LeBron James. Em nome do espetáculo, valeria um bocado. Em nome da justiça, não custa esperar mais um ano.

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As esquadras, portanto, seriam:

))) LESTE

C - BEN WALLACE
PF - JERMAINE O’NEAL
SF - VINCE CARTER
SG - TRACY MCGRADY
PG - ALLEN IVERSON

Zydrunas Ilgauskas
Lamar Odom
Ron Artest
Baron Davis
Jason Kidd
Michael Redd
LeBron James

))) OESTE

C - YAO MING
PF - TIM DUNCAN
SF - KEVIN GARNETT
SG - KOBE BRYANT
PG - STEVE FRANCIS

Shaquille O’Neal
Zach Randolph
Peja Stojakovic
Sam Cassell
Mike Bibby
Brad Miller
Dirk Nowitzki

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Amanhã a gente confere. Um abraço.

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foto . nbae

1.2.04



. bloco de notas
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um passeio rápido pela liga

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))) Jerry Stackhouse está de volta


a l í v i o

Dia desses, escrevi aqui que Chris Webber era o último craque que faltava estrear no campeonato. Bem, com um pouco de boa vontade, não custa incluir no pacote o ala-armador Jerry Stackhouse. Com o estigma de carregar nas costas times fracos, ele raramente consegue chegar longe e sempre acaba subestimado. Trata-se, contudo, de um atleta de primeira linha. No início da tarde de domingo, Stackhouse guardou a contusão na gaveta e fez sua esperada estréia na temporada. Voltou tímido, com apenas 13 pontos e dois rebotes. Não importa. Para o limitado Washington Wizards, a simples notícia do retorno é um alívio e tanto.

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f e n ô m e n o

No fim das contas, a festa pela volta de Stack foi ofuscada na capital dos Estados Unidos. Quem roubou a cena foi o calouro LeBron James, com 38 pontos, maior marca de sua curta carreira. O show individual foi premiado no plano coletivo com uma rara vitória na estrada, por 104-100. Também brilhou o promissor Carlos Boozer, com 21 pontos e 14 rebotes. No que diz respeito ao ala, foi mais um passo na sólida campanha por uma aparição entre os reservas do All-Star Game (assunto do qual vamos tratar amanhã).

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h i s t ó r i a

Por falar em grandes atuações, que dizer da sensacional virada do Denver Nuggets sobre o Dallas Mavericks, no sábado? Em pleno Texas, os meninos de Jeff Bzdelik perdiam por 20 pontos no terceiro período. Em outros tempos, seria causa perdida, mas aquele velho espírito derrotista é coisa do passado. Carmelo Anthony, Andre Miller e Rodney White assumiram as rédeas da partida e comandaram uma reação histórica, fechando o placar em 107 a 102. O resultado concreto da mudança de atitude segue estampado na tabela, com o sexto lugar do Oeste.

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s u r p r e s a

Por falar em equipes emergentes, o Miami Heat também resolveu aprontar de uns tempos para cá. Dos últimos seis compromissos, venceu cinco, incluindo um louvável triunfo em New Orleans. Mesmo com os 18 pontos de Jamal Mashburn, os Hornets esbarraram na forte defesa adversária e não conseguiram passar dos 70. Na verdade, não há mistério: com os titulares em quadra (Brian Grant, Lamar Odom, Caron Butler, Eddie Jones e Dwyane Wade), o Miami não é de passar vergonha. Ontem, Grant não jogou, mas deu lugar ao bom calouro Udonis Haslem. Azeitada por Stan Van Gundy e orientada por Pat Riley, essa turma pode surpreender a caminho dos playoffs.


((((( z o n a ))))) ((((( m o r t a )))))

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* Quando a maré não é boa, fica difícil. Kobe Bryant mal tinha voltado da contusão e se envolveu num acidente doméstico. Fez um corte profundo no dedo ao mexer numa janela de vidro, na garagem de casa. Que fase, hein.

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* Sobre o futuro, ninguém sabe. Mas no presente, a Rede TV mostrou claramente o que o Phoenix Suns perdeu ao mandar Stephon Marbury para Nova York. Mesmo sem Allan Houston, o novo desenho dos Knicks tem cheiro de playoff.

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* Oferecido à exaustão pelo Los Angeles Clippers, Melvin Ely pode ser mandado, com Marko Jaric, para o Chicago Bulls, que responderia com Marcus Fizer.

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* É uma pena que LeBron James tenha desistido do torneio de enterradas para não correr risco de lesão. Seria uma boa oportunidade para revigorar o concurso, cada vez mais tedioso e enfadonho.

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:) APLAUSOS para Lawrence Frank, técnico interino do New Jersey Nets, invicto nas três partidas que disputou desde que substituiu Byron Scott.

:( VAIAS para o Boston Celtics, que vem despencando na tabela. Perdeu quatro seguidas e oito das últimas dez. Convém abrir o olho.

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foto . nbae