26.2.04
saudade amarga
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))) Gil Arenas não consegue
se firmar na era pós-Jordan
O primeiro All-Star Game da era pós-Michael Jordan lançou o melhor jogador de todos tempos num inédito ostracismo. Falou-se muito de LeBron, Carter, Richardson, Shaq. Até Magic Johnson, anfitrião da festa, teve seu momento de glória. Sobre Michael, uma menção tímida aqui, outra ali, e costurou-se uma inexplicável economia de linhas.
Só agora, uma semana depois, ele retorna ao noticiário, de passagem, encabeçando especulações sobre uma possível compra do Orlando Magic. Além de ser apenas um boato, trata-se de notícia velha, que remonta à época da quebra de contrato com o Washington Wizards.
Resumo da ópera: pouco se sabe a respeito das novas empreitadas do mestre. Sabe-se muito bem, todavia, sobre o efeito nocivo que sua saída deixou na capital federal. No último campeonato, havia quem colocasse em Jordan a culpa pelo fracasso dos Wizards. Baixo rendimento, problemas físicos, vaidade, falta de união no grupo.
Bem, e agora?
Com um elenco frágil, o Washington atolou no rodapé da tabela e virou saco de pancadas na NBA. Na noite de ontem, uma rara vitória sobre o Toronto Raptors teve sabor de alívio. Nas cinco partidas anteriores, foram cinco derrotas, sendo quatro por mais de 20 pontos. Até agora, o time perdeu 25 vezes por diferença de dígitos duplos, feito que nenhum outro concorrente conseguiu igualar até agora.
Com Gilbert Arenas e Jerry Stackhouse atuando abaixo do esperado, a apatia virou rotina. Nenhuma outra equipe da liga tem uma defesa tão relaxada, capaz de permitir infiltrações a torto e a direito sem sequer cometer faltas. Sem liderança em quadra ou fora dela, o desânimo começa a dar lugar ao desespero.
O reflexo fica nítido nos conflitos internos, como aconteceu no domingo, após um atropelamento diante do Milwaukee Bucks (28 pontos). Arenas e Kwame Brown trocaram insultos e o clima ficou ainda mais tenso. À imprensa, o jovem pivô reclamou e falou em egoísmo: “Algumas pessoas entram em quadra apenas para registrar suas estatísticas, não passam a bola. Não jogamos como um time.”
Informado sobre as declarações do companheiro, Arenas não fez rodeios: “Todos na equipe têm as mesmas oportunidades. Se não estão convertendo, paciência. Passei a bola para Brown seis ou sete vezes. Mas ele está embaixo da cesta e prefere passar para outro jogador.”
Ontem, em Toronto, Arenas fez pirraça. Só arremessou sua primeira bola quando faltavam cinco minutos para o fim da partida. Terminou com sete pontos, enquanto Brown foi o cestinha com 16. Com 20 desperdícios, o Washington bem que tentou entregar o jogo. Mas os Raptors desceram ao mesmo nível, e o que se viu foi um arrastado 76-74 para os visitantes.
Entre tapas e mais tapas, o Jordan que sobrou (Eddie, o técnico) não parece muito preocupado. Diz apenas que vai continuar trabalhando. Com a guilhotina sempre pronta para entrar em ação, não se sabe até quando.
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foto . nbae
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