30.9.02



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Chaney pode ter problemas com Sprewell

BRIGA EM ALTO MAR - Começou quente o período de treinamento do New York Knicks. Primeiro foi o ala Kurt Thomas, preso semana passada por agredir a mulher. Agora é a vez do astro do time, Latrell Sprewell, que deve ficar quase dois meses de molho por conta de uma cirurgia na mão direita. O técnico Don Chaney e a comissão técnica evitam tocar no assunto, mas a edição de ontem (sexta-feira) do New York Post garante que o acidente ocorreu numa situação patética. Durante um passeio em seu iate, o jogador criou um tumulto quando uma mulher vomitou no carpete. Irritado, Spree tentou agredir o namorado da moça, mas errou a mira e esmurrou uma parede. O pior é que, por ter demorado a avisar a diretoria sobre a contusão, o atleta feriu o contrato e pode ser desligado do clube. A última vez que isso aconteceu com ele foi há cinco anos, quando ainda jogava no Golden State e tentou enforcar o técnico P.J. Carlesimo após uma discussão. Chaney que se cuide.

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AGORA VAI? - Em toda a Flórida, só se fala no tornozelo esquerdo de Grant Hill. E nunca o assunto foi tratado com tanto otimismo. É a terceira vez que o jogador tenta retornar, saudável, após uma cirurgia. Desde que foi contratado pelo Orlando Magic, duas temporadas atrás, o craque pé-de-vidro só jogou 18 partidas. Na primeira semana de treinos, ficou a expectativa de que ele voltará a ser o All-Star que foi um dia. Com as contratações de Shawn Kemp e Jacque Vaughn, o armador Tracy McGrady (que há dois anos nada com o time nas costas e sempre morre na praia) já deve ter rezado para todos os santos. Ter Grant Hill tinindo ao seu lado é tudo que ele precisa para fazer o time invadir os playoffs, de olho no título do Leste.


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KG + 4 - No mês passado, o Minnesota Timberwolves recebeu uma proposta dos dirigentes do Porland Trailblazers, que estavam dispostos a ceder Rasheed Wallace e Bonzi Wells. O problema é que, em troca, eles queriam simplesmente o ala Kevin Garnett. Ou seja, a proposta foi descartada logo de cara. Além do mais, o técnico dos Wolves, Flip Saunders, finalmente acordou para a realidade e decidiu que, a partir de agora, o time vai jogar inteiramente em função de seu craque. O novo esquema ficou claro nos primeiros treinamentos: todas as jogadas de ataque começavam com Garnett. E geralmente terminavam bem.

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ASSUNTO DE SOBRA - Os jornalistas que cobrem o San Antonio Spurs não têm do que se queixar. Não falta notícia no início dos treinamentos da equipe. Um dos pontos mais comentados é a carga de responsabilidade que pousou de repente sobre o jovem armador Tony Parker, de 20 anos. Em sua segunda temporada, ele segue como titular, mas já não conta com o suporte do ano passado. Seus bons reservas, Terry Porter e Antonio Daniels, foram embora. Sobraram os fracos Speedy Claxton e Erick Barkley. Ele que trate de não se machucar. Para ver quem será o segundo armador titular, o calouro argentino Emanuel Ginobili vai travar uma briga feroz com o veterano Steve Smith. E na posição de pivô, o astro David Robinson jogará sua temporada de despedida, tentando provar que, aos 37 anos, ainda é útil como parceiro de Tim Duncan. Se não conseguir, pode dar lugar ao chinês recém-contratado Mengke Bateer.

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IMPREVISTOS - Logo agora que o Los Angeles Clippers contratou o excelente armador Andre Miller e se colocou entre os favoritos do ano, começa a soar o alarme no resto do time. Três titulares (Lamar Odom, Elton Brand e Quentin Richardson) devem começar a temporada na enfermaria, o que significa mais tempo de jogo para reservas veteranos como Cherokee Parks, Eric Piatkowski e Sean Rooks. Como a terceira idade dificilmente vai resolver o problema, o técnico Alvin Gentry já pensa em dar oportunidade aos calouros Marko Jaric, Melvin Ely e Chris Wilcox. É melhor torcer para que as principais peças retornem ainda no início do campeonato.

29.9.02



ULTIMATO CARREGADO DE ARROGÂNCIA




Stoudamire perde a bola para Shaw
nos playoffs. Ele não aceita a reserva


Enquanto Penny Hardaway tirou do armário as sandálias da humildade e se disse preparado para ficar na reserva do Phoenix Suns, Damon Stoudamire calçou os tênis da prepotência e mandou o recado para o Portland Trailblazers: "Ou fico como titular ou vocês me negociam com outro time."

E olha que o rapaz nem está com essa bola toda. Jogando um basquete de pouco brilho nos últimos anos (mas sempre como armador principal da equipe), ele agora disputa uma vaga com os novos reforços Jeff McInnis e Antonio Daniels. "Para falar honestamente, não me vejo como uma opção no banco", declarou, cheio de si, à agência Associated Press.

Os dirigentes ainda não se pronunciaram, mas o técnico Maurice Cheeks saiu em defesa do jogador. "Não posso culpá-lo por dizer isso, ele é um dos meus atletas favoritos e aprendeu a ser um líder", elogiou.

Stoudamire se escora na estatística para fazer tal exigência. A última temporada foi a sua melhor pelo Portland, com médias de 13.5 pontos e 6.5 assistências por partida. Os números, entretanto, não salvam o jogador que se omite em momentos decisivos, como nos recentes confrontos contra o Los Angeles Lakers nos playoffs.

A intenção de Cheeks, na verdade, é evitar um incêndio no momento em que tudo parece conspirar a favor dos Blazers. A saída do instável Shawn Kemp e o retorno do pivô Arvydas Sabonis deram novas esperanças a um grupo sempre repleto de craques e de problemas. O técnico vai se desdobrar para abafar qualquer crise e manter os astros felizes. Mesmo que, para isso, McInnis e Daniels tenham que esquentar o banco por algum tempo.


UM ARMADOR COM KNICKS-DEPENDÊNCIA




Jackson: felicidade, só em Nova York

Conforme foi anunciado aqui, no Bloco de Notas de quarta-feira, Mark Jackson não morre de amores pelo Denver Nuggets (e vice-versa). Envolvido na troca que mandou Antonio McDyess para Nova York, o armador foi dispensado ontem pelo novo time, antes mesmo de a temporada começar. Aos 37 anos, está prestes a fechar contrato com o Utah Jazz.

O fato é que, das 16 temporadas que Jackson ostenta no currículo, a de 1996/1997 foi a melhor de sua carreira. Curiosamente, foi a única em que ele vestiu a camisa dos Nuggets. Basta olhar os números: as médias de 10.4 pontos, 12.3 assistências e 5.2 rebotes por jogo nunca mais foram superadas pelo jogador. Seriam ótimos motivos para criar uma relação de simpatia com a cidade. Os seis campeonatos defendendo o Indiana Pacers também foram de relativo sucesso. Mas não adianta.

Trata-se de um daqueles casos de homem de um só uniforme. A alma de Mark Jackson pertence aos Knicks e ponto final. É ali que ele se sente à vontade. Tanto que disputou suas cinco primeiras temporadas no time, rodou a liga por oito anos e, em 2000, conseguiu voltar. Acertando com o Utah, vai ser apenas mais um idoso no time de John Stockton e Karl Malone. Chegar ao título será uma missão tão difícil quanto convencê-lo a passar as próximas férias em Denver.

26.9.02



TOLERÂNCIA ZERO




Brown, prestigiado, não admite indisciplina

A nomeação para o Hall da Fama da NBA, ao lado de Magic Johnson e Drazen Petrovic, parece ter despertado o lado xerife do técnico do Philadelphia 76ers, Larry Brown. Com prestígio de sobra para adotar um regime linha dura, ele decretou: horários de treinamentos devem ser cumpridos religiosamente, e atrasos não serão mais tolerados.

Por mais que Brown diga que "a lei é para todos", o recado soa mais alto nos ouvidos do astro do time, Allen Iverson, conhecido por não se dar muito bem com os relógios. Aliás, nem com a polícia ele tem se entendido ultimamente. No verão americano, esteve envolvido em várias ocorrências. Acabou conseguindo se livrar de todas, mas contribuiu para manchar ainda mais sua imagem.

Brown jura de pés juntos que o comportamento pouco ortodoxo do craque não foi o gancho para as normas rígidas. Ao contrário: o empenho de Iverson na pré-temporada mereceu elogios. "Desta vez ele está trabalhando pesado, parece outra pessoa", disse o técnico ao jornal local Daily News.

25.9.02



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Uma vez por semana, um passeio rápido pela liga




Harvey e Posey: titulares (?) no Denver

MOTIVO DE PIADA - O pessoal em Denver não anda muito animado com as pretensões dos Nuggets para a próxima temporada. Woody Paige, colunista do Denver Post, esbanja pessimismo em artigo publicado no início da semana, apostando que o time do brasileiro Nenê Hilario vai passar longe dos playoffs. O texto lamenta a saída de Antonio McDyess e a chegada de Mark Jackson, que não estaria nada feliz por voltar à cidade. O retrato da fase ruim é a provável presença de gente fraca como Donnell Harvey e James Posey no time titular. Sob o título "Nuggets ficando bizarros", Paige ainda zomba de um time recheado de nomes esquisitos como Nikoloz Tskitishvili, Pedrag Svovic, Mengke Bateer e o técnico recém-contratado Jeff Bzdelik. Tem razão.

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QUASE CERTO - A edição de hoje (quarta-feira) do Washington Times garante que Michael Jordan vai cumprir seu segundo ano de contrato com os Wizards, e mais, deve anunciar oficialmente a decisão até o fim da semana. Na segunda-feira, em entrevista ao Chicago Sun-Times, o jogador foi evasivo, mas deu pistas: "Vou jogar enquanto tiver amor ao basquete. Às vezes nem eu acredito que estou em atividade, mas ainda amo este jogo".

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PRESTÍGIO - Jacque Vaughn, que jogou quatro temporadas no Utah Jazz, chegou a Orlando cheio de moral. Considerado um jogador pouco acima do razoável, deve enfrentar uma situação inédita na carreira: ser titular (possibilidade inviável para um armador quando se tem John Stockton no mesmo time). Ainda assim, Vaughn deve barrar um nome de peso no Magic, o endiabrado Darrell Armstrong, de 34 anos. Confiança para tal não lhe falta: "Se tem uma coisa que eu amo, é um desafio", declarou.

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REJEIÇÃO - Anfernee "Penny" Hardaway garantiu esta semana ao jornal The Arizona Republic que deseja continuar no Phoenix Suns e que está pronto para voltar a ser o grande jogador que foi um dia. Nem que, para isso, precise amargar algum tempo no banco de reservas. "Meu foco é diferente este ano. Só quero ganhar jogos, não importa se serei titular ou não". A torcida, no entanto, parece ter perdido a paciência. Uma enquete do próprio jornal aponta que Hardaway seria mais útil ao time não como titular ou como reserva, mas sim como moeda de troca para a contratação de outro atleta.

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CRIME - Fora das quadras, a NBA chegou ao noticiário policial. O protagonista é Brian Williams, campeão pelo Chicago Bulls, que depois trocou de nome para Bison Dele. O jogador, a namorada e um amigo estão desaparecidos desde 7 de julho, quando velejavam no Pacífico Sul, perto do Taiti. As investigações sobre um suposto naufrágio evoluíram para a seara criminal. O FBI suspeita de um triplo assassinato em alto mar, e o principal suspeito é o irmão de Williams, Miles Dabord, que está internado, em coma, por overdose de tranqüilizantes. As buscas pelos corpos foram suspensas ontem (terça-feira).

23.9.02



DRAMA LONGE DO GARRAFÃO




Mourning segue lutando contra a doença

Na noite da quinta-feira passada, o técnico e proprietário do Miami Heat, Pat Riley, chegou em casa, ligou a TV e se deparou com a reprise de um jogo do seu time contra o New York Knicks, nos playoffs de 1999. No primeio quarto, o pivô Alonzo Mourning, inspirado, marcou 14 pontos e pegou sete rebotes.

Na tarde da mesma quinta-feira, a diretoria do Miami havia divulgado uma nota à imprensa informando que Mourning está fora do time por tempo indeterminado, devido ao agravamento de seus problemas na medula.

"Fiquei feliz porque ele decidiu priorizar o que considera mais importante: sua mulher, seus filhos, sua saúde, sua vida", disse Riley à agência de notícias Associated Press, sem esconder a tristeza pela doença do amigo.

O drama que a equipe enfrenta na quadra, em busca de um pivô substituto, não se compara ao calvário pessoal do jogador. No ano passado, houve uma pausa no processo de deterioração e ele voltou às quadras. Agora, a doença volta com força e já se fala na possibilidade de um transplante.

Naquele 1999, que viu Mourning no auge da forma, o ala Sean Elliott, do San Antonio Spurs, passou pela mesma situação. Fez o transplante e, sete meses depois, estava jogando de novo (hoje trabalha como comentarista).

Fica a torcida para que a história se repita.


BOLA DE CRISTAL, PARTE 4
NO PACÍFICO, BRIGA PARA CACHORRO GRANDE





Webber continua de olho na taça de Shaq

Antes devolver a bola de cristal à gaveta, paramos na divisão do Pacífico, que reúne os dois melhores times de basquete do mundo. Los Angeles Lakers e Sacramento Kings seguraram seus craques e continuam favoritíssimos ao título.

Em busca do quarto caneco consecutivo (o que não acontece desde os anos 60, quando o Boston foi octacampeão), Shaquille O'Neal e Kobe Bryant continuam bem acompanhados. A tarefa de manter a dinastia fica mais fácil com Derek Fisher, Robert Horry, Rick Fox, Mitch Richmond, Brian Shaw, Samaki Walker e Tracy Murray, retaguarda de dar inveja a qualquer adversário. Sem falar em Phil Jackson, eleito este mês pelo público o melhor técnico em atividade.

O Sacramento nunca sentiu o sabor de uma final, azarado que é de ter os Lakers como companheiros de conferência. O fato, entretanto, não diminui a qualidade do time treinado por Rick Adelman. Em quadra, Chris Webber comanda a festa com os iugoslavos (estes sim, campeões mundias) Vlade Divac e Peja Stojakovic. A renovação do contrato de Mike Bibby foi a melhor jogada do clube na pré-temporada, e o banco forte é outra garantia de sucesso.

Como se não bastasse, o Pacífico tem mais a mostrar. O Los Angeles Clippers, que já era bem resolvido dentro do garrafão, trouxe o excelente Andre Miller, ex-Cleveland. O veloz armador deve criar uma boa química com os grandalhões Michael Olowokandi, Elton Brand e Lamar Odom.

O Portland Trailblazers, como sempre cheio de estrelas e em crise, foi ao fundo do baú e repatriou o pivô Arvydas Sabonis. Pode dar certo. Mesmo com a perda de Shawn Kemp, ainda há talento de sobra em Rasheed Wallace, Scottie Pippen, Damon Stoudamire e Bonzi Wells, sem falar no reforço de Antonio Daniels, boa opção para a reserva.

Vale também dar uma boa olhada no Seattle Supersonics. Desmotivado, Vin Baker foi buscar novos ares em Boston. A contrapartida veio com a experiência de Kenny Anderson e com um pivô de verdade (o que o time não tem há muito tempo), Vitaly Potapenko. O jovem (e cobiçado) Rashard Lewis renovou seu contrato e a estrela de Gary Payton ainda pode brilhar por alguns anos.

O Phoenix Suns, bom no papel, é sempre uma incógnita. Stephon Marbury, Shawn Marion e Tom Gugliotta raramente decepcionam. Resta saber se Anfernee Hardaway vai finalmente reencontrar o basquete de alto nível dos tempos em que fazia tabela com Shaq no Orlando Magic.

Na lanterninha do Pacífico, como sempre, vem o Golden State Warriors. A diretoria não se coçou para buscar reforços, perdeu Larry Hughes para o Washington e resolveu apostar tudo no calouro Mike Dunleavy Jr. Não é suficiente para um time que confia demais em Antawn Jamison e Mookie Blaylock.

21.9.02



BOLA DE CRISTAL, PARTE 3
O MEIO-OESTE TOMADO POR FORASTEIROS





Ming e Nenê: idiomas diferentes em quadra

Analisar a divisão do Meio-Oeste é como tentar prever o imprevisível. Tudo depende do rendimento de determinados jogadores, principalmente a horda de estrangeiros que povoa as equipes. Nenhuma delas pode ser considerada ruim, o que não significa imunidade a surpresas negativas.

Para começar, todos os olhos estarão voltados para a maior incógnita do ano: como vai se comportar o chinês Yao Ming no Houston Rockets? Primeira escolha no draft, o gigante oriental chega para preencher o vazio deixado por Hakeem Olajuwon. Se funcionar, o Houston volta à elite da liga, já que o resto do plantel não é nada bobo: Maurice Taylor, Glenn Rice, Cuttino Mobley e Steve Francis.

Outro poço de dúvidas é o Denver Nuggets, que se desfez de Antonio McDyess e agora reza pelo sucesso de Marcus Camby, Mark Jackson e Nenê Hilário. O brasileiro, por sinal, deve ser um fator decisivo. Com a ausência de McDyess, fica mais fácil para ele garantir uma vaga no time titular.

No San Antonio Spurs, a questão é se o calouro argentino Emanuel Ginobili vai se adaptar à NBA e repetir as atuações do Mundial de Basquete, quando levou sua seleção ao vice-campeonato. Na retaguarda estão as torres David Robinson e Tim Duncan, além do talentoso Steve Smith.

Três times mantiveram suas bases e confiam no conjunto para chegar longe. O melhor deles é o Dallas Mavericks, que segue como um dos favoritos ao título, comandado pelo alemão Dirk Nowitzki e pelo canadense Steve Nash. O Utah Jazz aposta nos quase idosos John Stockton, Karl Malone e John Starks. Por sua vez, o Minnesota Timberwolves vai de Kevin Garnet, Wally Szczerbiak e Terrell Brandon, repetindo uma fórmula que não deu muito certo nos últimos anos.

Sobra o Memphis Grizzlies, primo pobre da turma, que ainda assim está longe de ser fraco. O espanhol Pau Gasol (outro que brilhou no Mundial) foi eleito o melhor novato da última temporada e tem ao seu lado uma dupla infernal de armadores, formada por Michael Dickerson e Jason Williams.


BOLA DE CRISTAL, PARTE 2
CENTRAL DE POUCOS TALENTOS





Allen e Robinson passam a ser adversários

Na segunda leva de previsões, chegamos ao deserto de talento da NBA. A divisão Central, tão respeitada num passado recente, hoje não assusta ninguém. Com poucos investimentos, resta torcer por milagres. Dos oito times, só três parecem capazes de surpreender. Dois deles, Atlanta Hawks e Milwaukee Bucks, estiveram envolvidos numa das trocas mais comentadas da pré-temporada.

O Atlanta foi o maior beneficiado. Recebeu o ala Glenn Robinson, que deve formar boa dupla com Shareef Abdur-Rahim. O armador Jason Terry também merece atenção, assim como o experiente pivô Theo Ratliff.

Em Milwaukee, Ray Allen certamente está chorando a perda do parceiro Robinson. Ganhou, numa troca injusta, o desajeitado Toni Kukoc. Ainda assim, com Sam Cassell e Tim Thomas, os Bucks têm vaga quase certa nos playoffs.

A terceira força é o Toronto Raptors do fantástico Vince Carter. Hakeem Olajuwon e Antonio Davis garantem as trombadas embaixo da cesta, enquanto Alvin Williams brigará com Lindsey Hunter por espaço no time titular.

Daí em diante, a coisa começa a piorar. Os Hornets, agora em New Orleans, mantiveram a mesma base, mas não chegam a empolgar. Baron Davis e Jamal Mashburn comandam um grupo mediano, longe de ser candidato ao título.

O mesmo pode-se dizer de Indiana Pacers e Detroit Pistons. O velhinho Reggie Miller já não tem a mesma pontaria. Seus colegas Jermaine O'Neal e Jamal Tinsley rendem um caldo, mas vai ser preciso suar para passar de fase. Os Pistons perderam sua melhor arma, Jerry Stackhouse, em troca do razoável Richard Hamilton. O ponto alto do time fica sendo a dupla de grandalhões Ben Wallace e Cliff Robinson.

Se o acaso não aprontar nenhuma peça, Chicago e Cleveland não vão a lugar nenhum. Apostando tudo no calouro Jay Williams, os Bulls contrataram ainda o ala veterano Donyell Marshall. O melhor do time, no entanto, continua sendo Jalen Rose. Muito pouco para quem já teve Jordan e Pippen. Os Cavaliers deixaram escapar uma preciosidade, o jovem armador Andre Miller, trocado com o L.A. Clippers por Darius Miles. Agora, as esperanças estão em Nick Anderson e Tyrone Hill. Ou seja, não há esperanças.


BOLA DE CRISTAL, PARTE 1
O ATLÂNTICO DE CARA NOVA




Baker e Mutombo vestirão novos uniformes

Faltando pouco mais de um mês para o início da temporada 2002-2003, já é possível ter uma idéia das pretensões de cada time. Negociações de peso já foram feitas e, entre os jogadores que tinham passe livre, os principais já resolveram suas vidas. Portanto, é hora de tirar a traiçoeira bola de cristal da gaveta. Mãos à obra.

Começando pela Conferência Leste, na divisão do Atlântico, que tem tudo para ser a mais equilibrada da liga. À exceção do Miami Heat, todos os times se reforçaram e podem desempenhar bons papéis.

O New Jersey Nets, campeão do Leste ano passado, fez uma troca arriscada como o Philadelphia 76ers, abrindo mão do ala Keith Van Horn pelo pivô Dikembe Mutombo. A ausência de Van Horn será sentida, mas Mutombo chega para suprir a maior deficiência da equipe: pela falta de um pivô decente, o NJ foi massacrado pelos Lakers de Shaquille O'Neal nas últimas finais. Além de Kenyon Martin, Kerry Kittles e Rodney Rogers, os Nets ainda podem se orgulhar de ter o melhor armador de toda a liga: Jason Kidd.

O Philadelphia, por sua vez, abre mão de força no garrafão e ganha em velocidade com a chegada de Van Horn. O mediano Todd MacCulloch vai ter que desdobrar na briga pelos rebotes para que o trabalho de Allen Iverson não seja em vão.

Respaldado pela boa campanha do último ano, o Boston Celtics investiu no irregular Vin Baker e conseguiu manter sua dupla de astros, Paul Pierce e Antoine Walker. Perdeu a experiência do armador Kenny Anderson, que vai fazer falta porque não há um reserva à altura. Mas se Baker resolver jogar, as chances são muito boas.

Minutos após selecionar o brasileiro Nenê Hilário no draft, o New York Knicks mandou-o para Denver junto com Marcus Camby e Mark Jackson. Fez besteira? De jeito nenhum. Em troca, recebeu um dos melhores alas da NBA, Antonio McDyess, que pode ser a peça que faltava num time que já tem Latrell Sprewell e Allan Houston. O banco de reservas também vai contar a favor, com Howard Eisley, Kurt Thomas, Clarence Weatherspoon e Othela Harrington.

O Washington Wizards ainda aguarda a decisão de Michael Jordan. Se ele voltar, vai formar uma equipe de respeito com Jerry Stackhouse, Larry Hughes e Kwame Brown. Se decidir encerrar a carreira (pela milésima vez), de nada adiantará o investimento feito na pré-temporada.

Com bons nomes no elenco, o Orlando Magic precisa se livrar maldição das contusões. Grant Hill é mais visto de terno, no banco, do que de camiseta, na quadra. Se conseguir jogar, o time pode se tornar uma das boas surpresas do torneio. Isso porque a fraca performance no garrafão deve ser superada com a contratação de Shawn Kemp (tão irregular quanto Vin Baker, mas ainda assim um bom reforço). O time conta ainda com o habilidoso Darrell Armstrong e o fora-de-série Tracy McGrady.

Os vizinhos do Orlando na Flórida devem repetir o papelão do ano passado. Sem Alonzo Mourning, mais uma vez combalido por graves problemas de saúde, o Miami Heat tem Eddie Jones... e só. Brian Grant, LaPhonso Ellis e Rod Strickland já foram bons um dia, hoje são apenas razoáveis. A sorte do técnico Pat Riley é que a NBA não prevê rebaixamento.

20.9.02



VISÃO MÁGICA FORA DAS QUADRAS



Johnson ontem e hoje: o brilhantismo segue intacto

Anualmente, a NBA escolhe um punhado de profissionais para integrar o Hall da Fama. Entre técnicos e jogadores, alguns são bons atletas, outros são realmente lendas das quadras. Este ano, foram selecionados, entre outros, o croata Drazen Petrovic (morto num acidente de carro em 1993) e o treinador do Philadelphia 76ers, Larry Brown. Foram ofuscados, coitados, porque todos os holofotes apontaram para um só homem: Earving "Magic" Johnson.

Está aí um sujeito que merece estar no Hall. Em 13 anos de carreira, ganhou cinco títulos e foi o responsável por algumas das jogadas mais espetaculares já executadas em uma quadra de basquete. No Los Angeles Lakers, ajudou a cunhar a expressão showtime, que hoje é apenas uma lembrança distante. Carregando o vírus HIV no sangue há quase duas décadas, Magic continua um cavalo, incansável, jogando partidas beneficentes mundo afora.

Mas isso todo mundo já sabe. O que muita gente pode não ter visto é a entrevista coletiva concedida por ele esta semana. Lucidez em estado puro. A visão de jogo continua intacta, revelando um entendimento cristalino do esporte. Para quem quiser gastar o inglês lendo a íntegra, é só clicar aqui. Eu, neste canto, vou destacar apenas um pequeno trecho, no qual Magic aborda, sem ufanismo, o fracasso da seleção americana no campeonato Mundial. Diz ele, com a autoridade de quem tem rodado o planeta nos últimos anos:

"As outras seleções se aproximaram um pouco de nós, mas não a ponto de nos bater nas Olimpíadas, se escalarmos os jogadores que devem ser escalados. Nossos dez principais atletas não estavam no Mundial. Tínhamos muitos marcadores de pontos, mas não tínhamos bons arremessadores."

Melhor análise, impossível. Os EUA amargaram um vexame dentro de casa porque escalaram um arremedo de time, repleto de musculosos que não sabem direito o que fazer com a bola. Por mais que o nível dos adversários tenha melhorado (e realmente melhorou), não há Iugoslávia ou Argentina que possa ao menos sonhar com uma vitória frente a uma equipe formada por Shaquille O'Neal, Tim Duncan, Kevin Garnett, Chris Webber, Karl Malone, Kobe Bryant, Ray Allen, Vince Carter, Michael Jordan, Allen Iverson, Jason Kidd, Gary Payton, John Stockton...


O ADEUS DE UM PIVÔ MODELO-ANTIGO


Fim de festa: Ewing encerra sua carreira

Com 17 anos de basquete na bagagem, Patrick Ewing anunciou ontem que está se aposentando. Com ele, vai saindo de quadra, de fininho, toda uma escola de pivôs. Wilt Chamberlain, Kareem Abdul-Jabbar, Bill Russell e vários outros passavam longe da imagem de gorila que dita a moda nos garrafões hoje em dia. Assim como Ewing, muitos eram desajeitados, mas nem por isso menos geniais. Ganhavam respeito não pela força e sim pela técnica. Sabiam jogar.

Com a aposentadoria daquele que provavelmente foi o maior jogador dos Knicks em todos os tempos, sobraram poucos. Hakeem Olajuwon, Dikembe Mutombo e Vlade Divac, já velhinhos, ficam sendo os últimos exemplares dignos da espécie. O resto vale mais pela massa de músculos. Vide Shaquille O'Neal, que se tornou o maior nome da NBA sem ao menos saber como se faz um arremesso. Basta observá-lo na linha de lance-livre: o sujeito segura a bola com as pontas dos dedos. Ganhou fama e respeito porque soube, como poucos, usar o físico para se transformar numa máquina de fazer pontos. Os seguidores deste estilo, sem metade da eficiência de Shaq, só contribuem para propagar o basquetebol-força: Alonzo Mourning, Antonio Davis, Jermaine O'Neal, Erving Johnson e uma pá de outros brucutus.

Ewing e a escola de gigantes mondrongos deixarão saudade.


"SÓ MAIS UM ANO, PATRÃO"


Com Stackhouse chegando, Jordan volta?

A capital americana aguarda ansiosa. O Washington Wizards, representante da cidade na NBA, tem grandes chances de sair da figuração para fazer bonito no próximo campeonato, que começa em novembro. Mas para isso, tal qual uma noiva nervosa, depende de um "sim".

Michael Jordan ainda não decidiu se vai jogar mais uma temporada. O Pelé da bola laranja segue em guerra com as contusões, que teimam em não deixá-lo em paz só porque ele é um velhinho de 39 anos. Se jogar, dificilmente vai repetir o vexame do ano passado, quando anunciou com pompa uma volta triunfal e nem conseguiu levar o time aos playoffs. Desta vez, tudo pode ser diferente.

Primeiro porque o sr. Jordan, proprietário do time nas horas vagas, percebeu que não tem mais idade para carregar marmanjo nas costas. Tratou de agir nos bastidores e conseguiu reforços importantes. Os Wizards de 2002-2003 terão em quadra Larry Hughes (ex-Golden State), Bryon Russell (ex-Utah) e Jerry Stackhouse (ex-Detroit). Os dois primeiros são jogadores habilidosos, sendo que Hughes esbanja juventude e o veterano Russell será uma valiosa opção no banco.

Com Stackhouse, a coisa é ainda melhor. Está um nível acima, é craque, decide partidas. Desde os tempos de Philadelphia (quando formava uma tabelinha indigesta com Allen Iverson), o rapaz passeia pela elite da liga.

De quebra, a equipe ainda tem o garoto Kwame Brown como pivô titular e os experientes reservas Popeye Jones, Christian Laettner e Chris Whitney.

Sem Jordan, é certo mais um desempenho medíocre. Mas se o homem resolver brincar por mais um ano, o Washington pode se tornar a grande surpresa do torneio. Anotem aí.

19.9.02





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