6.4.05

O REBOTE ESTÁ EM NOVO ENDEREÇO



www.rebote.org

Vá até lá e confira um site completamente reformulado, com NBA, basquete brasileiro e europeu, colunistas e notícias em tempo real.

Espero vocês na nova casa.

Abraços,
Rodrigo Alves

www.rebote.org

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24.2.05



por trás do óbvio
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))) No fundo, a ida de Webber para os Sixers
acaba rendendo frutos para ambos os lados



Como a maioria absoluta das trocas na NBA, a ida de Chris Webber para o Philadelphia 763ers parece, a princípio, ser ótima para um lado e péssima para o outro. A análise mais rasa evidencia que Allen Iverson ganhou um parceiro à altura e o Sacramento Kings deu adeus à elite da liga.

A primeira parte, de fato, faz sentido, mas talvez a negociação não tenha sido tão ruim assim para os Kings. Tudo bem que os três alas usados como contrapartida (Kenny Thomas, Corliss Williamson e Brian Skinner), juntos, não dão meio Webber. Mas o cartola Geoff Petrie não é nenhum idiota.

Longe disso, por sinal.

Petrie sempre fez do Sacramento uma das franquias mais espertas em termos de construir elenco. Há poucos anos, conseguiu montar um timaço, com um belo quinteto titular e um banco respeitável. Era o caminho mais eficiente para chegar ao título.

Só faltou combinar com os Lakers de Kobe e Shaq.

Como o anel de campeão não veio, a equipe começou a se desmantelar. Perdeu reservas de qualidade, desmotivou os astros e ficou ali, num chove-não-molha que não inspira confiança.

Petrie percebeu que o time ficou pequeno demais para Webber e Peja Stojakovic. Optou pelo sérvio, que caminhava para entrar na briga dos MVPs e, de repente, começou a cair de rendimento. A negociação com os Sixers deixou as coisas bem claras:

O Sacramento agora é o time de Peja.

Mike Bibby, um dos mais subestimados armadores da NBA, já se acostumou a não ser tratado como estrela. Vai continuar garantindo o suporte necessário para a equipe crescer. E Stojakovic passa a ser o astro oficial, sem ninguém a lhe fazer sombra.

Com o novo formato do elenco, os Kings provavelmente passarão a ser um time de defesa, o que já deixou de ser má notícia, desde que o Detroit provou a força de uma boa retranca.

Se conseguir escapar das contusões, Webber vai cair como uma luva no Philadelphia. Era tudo que vinha sendo pedido por Allen Iverson, que atravessa uma temporada de MVP e continuava implorando por alguém capaz de ajudá-lo a marcar pontos.

Pelo que a tabela mostra hoje, a equipe estaria fora dos playoffs, na nona posição do Leste. A situação, contudo, não é tão grave assim. Para chegar ao mata-mata numa posição privilegiada, é preciso apenas passar o Boston Celtics, líder da ridícula divisão do Atlântico, onde ninguém supera os 50% de aproveitamento. Os dois times estão praticamente empatados, e quem ficar em primeiro lugar garante a terceira vaga dos playoffs, sem se importar com concorrentes de outras divisões. São essas minúcias surreais da conferência Leste que tornam a missão de Iverson e Webber mais fácil.

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foto . cnn/sports illustrated

22.2.05



a timidez das estrelas
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))) Iverson, o MVP, marcou apenas 15 pontos


O All-Star Game passou e ninguém viu. Da minha parte, fiquei limitado a parcos melhores momentos nos programas esportivos. Até o Globo Esporte mostrou um breve resumo do torneio de enterradas. Foi o bastante para perceber o esforço da turma em tirar o evento da pasmaceira recente. Josh Smith pulou carniça com Kenyon Martin, Steve Nash jogou futebol com Amare Stoudemire e a disputa recuperou um ar lúdico que parecia ter sumido definitivamente.

Até na hora de ser burocrático, copiando uma enterrada de Dominique Wilkins, Smith conseguiu ser criativo, trocando de uniforme para homenagear o ídolo. Torneio de enterradas é isso. Mesmo sem LeBron James ou Vince Carter, é preciso se divertir.

O jogo das estrelas em si, este sim, parece ter sido uma bela farsa. O lance mais festejado (a enterrada de Carter usando a tabela) não passa de uma reedição de um movimento de Tracy McGrady. Não satisfeito, o próprio T-Mac tentou fazer de novo, mas só conseguiu uma bandeja tímida.

Allen Iverson, MVP da noite, marcou 15 pontos.

Como assim?

Um jogo em que o melhor em quadra anota 15 pontos não pode ser exatamente um espetáculo do esporte.

Os técnicos festejaram o fato de ver em ação uma garotada consciente, que já cresce com o espírito da competição. Creditam a isso o fato de o público ter visto muito arremesso e pouca acrobacia.

Pura balela.

All-Star Game é palco de oba-oba e isso não significa que os astros não sabem jogar para valer. Ou alguém acha que Jordan, Magic e Bird não sabiam o que era competitividade? Na hora da festa, eles se despiam dos pudores naturais e entravam na brincadeira. É disso que o povo gosta.

Por essas e outras, a manchete da noite não foi nenhum lance espetacular, e sim o fato de o Leste ter interrompido a seqüência de três vitórias do Oeste.

Ora, quem se importa?

Hoje a NBA volta ao clima de competição. Agora sim, é hora de deixar as firulas de lado e partir para a briga rumo aos playoffs. A rodada de logo mais é emblemática para os líderes de divisão.

Três deles pegam a estrada para enfrentar equipes que ainda buscam um lugar confortável na tabela. O Miami Heat vai a Chicago testar a reação dos Bulls, o Boston Celtics visita os Lakers em Los Angeles e o Seattle Sonics enfrenta o Houston Rockets.

O tempo das experiências já passou.

De hoje em diante, a coisa fica séria.

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foto . nbae

19.2.05



quem não tem cão...
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))) Sem LeBron, Smith vira
uma das atrações do sábado



No ano que vem, quem sabe. Ainda não foi desta vez que LeBron James cedeu suas habilidade para salvar do ostracismo o torneio de enterradas, que um dia, vocês lembram, foi a preliminar mais interessante do All-Star Game. Dizem que, em 2004, o jovem craque declinou em protesto por ter sido sido barrado na festa dos adultos. Bateu pé feito criança.

Na edição deste ano, a justificativa é bem diferente e mostra que, em apenas um ano, LeBron amadureceu um bocado. O armador do Cleveland, que no domingo jogará com os medalhões no evento principal, desistiu das cravadas de hoje à noite para poupar o tornozelo esquerdo. Fez muito bem.

A pouca idade não impede James de pensar como gente grande. Ele sabe que tem pela frente uma longa jornada, que inclui playoffs e uma possível corrida ao título do Leste. Não é brincadeira. No fim de semana das estrelas, tomou a decisão certa: pegou leve no desafio dos calouros, na sexta, pulou a festa de sábado e guardou energia para o domingo. Pegar firme nos três dias seria arriscado demais.

Além do tornozelo, LeBron tem sofrido com uma gripe incômoda. Na quinta-feira, contra o Minnesota Timberwolves, deixou a quadra no início do quarto período com febre e desidratação. Não conseguiu evitar a derrota de sua equipe, mas ainda assim apresentou números pra lá de saudáveis: 26 pontos, oito assistências e sete rebotes.

A mosca da competição já picou o garoto. Vaidade à parte, era isso que faltava para se inscrever no rol dos grandes atletas da NBA. O resto é com o tempo. Pensar que ele ainda tem pelo menos uma década para evoluir chega a ser assustador.

LeBron agiu certo? Sim. Mas colaborou, de forma indireta, para esvaziar ainda mais o torneio de enterradas, que se tornou um fracasso desde que Vince Carter chocou o planeta em 2000.

Para este ano, justamente quando o All-Star volta a Denver (palco da disputa histórica entre Julius Erving e David Thompson em 1976), chegamos ao auge do marasmo. A esperança recai sobre os dois Smith (Josh e J.R.). Sabe-se lá o que ele podem aprontar. Amare Stoudemire e Chris Andersen, sinceramente, não me empolgam nesse quesito.

Tomara que eu queime a língua.

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Grande decepção dessa temporada, Carmelo Anthony fez o que deveria fazer na noite de ontem. No desafio dos calouros, chamou a responsabilidade e jogou bonito para a torcida. A partir de segunda-feira, volta ao mundo real com o combalido Denver Nuggets.

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foto . nbae

18.2.05



serviço porco
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))) LeBron: show restrito a assinantes


Bem-aventurados os clientes da banda larga. O desprezo histórico da televisão brasileira (aberta, fechada, trancada ou escancarada) jogou o All-Star Game no colo da Globo.com. Sempre otimista, o escritório da NBA para a América Latina disparou o comunicado para imprensa brasileira, festejando a novidade tecnológica.

Só esqueceu de informar que a transmissão se limita aos assinantes do portal. Quem não tem login e senha cai na mesma situação dos sem-TV.

Confirmei a informação na própria Globo.com, e o site deixa isso bem claro, com todas as letras.

Em resumo, o que aparecia como alternativa viável para o papelão da TV (afinal, quase todo mundo tem internet) acabou se revelando um paliativo praticamente inútil, restrito apenas aos assinantes.

Para o público geral, nem migalhas.

Tudo bem que o campeonato de enterradas é uma farsa, os calouros são fracos e o torneio de três pontos é uma chatice. Mas o domingo nos daria a chance de ver LeBron James e Vince Carter brincando no mesmo time. Fica para o ano que vem, e mesmo assim se a mídia brasileira acordar da inércia.

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foto . nbae

15.2.05



aviso aos navegantes
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Caros,

O vácuo nas atualizações me força a dar nova explicação. Ando trabalhando forte em mudanças drásticas no Rebote, para que em pouco tempo tenhamos no ar um site completamente remodelado. Espero que o resultado compense a redução no número de textos por aqui. Assim que puder, darei mais detalhes. E prometo voltar a escrever no fim da semana, aproveitando o gancho do All-Star Game.

Abraços,

Rodrigo Alves

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4.2.05



nos braços do povo
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))) Justiça tardia: Hill está de volta à elite


Por uma diferença de 65 mil votos, a justiça falou mais alto na edição 2005 do All-Star Game. Foi este o curto hiato que separou Grant Hill e Jermaine O'Neal na disputa apertada pelo posto ao lado de Vince Carter nas alas do Leste. Se tivesse valido apenas o critério estritamente técnico, talvez o resultado fosse outro.

Mas o povo não é bobo.

Na hora de escolher, eram dois os caminhos. O primeiro poderia contrapor os atletas da seguinte forma:

O'Neal, craque de bola, fera no garrafão, 26 pontos e 9.3 rebotes por noite. Hill, fracassado na missão de ser o novo Jordan, médias de 18.9 pontos e 4.5 rebotes.

Ao que parece, não foram esses dados que pesaram. A batalha foi encarada por outro prisma:

O'Neal, suspenso durante 15 partidas por agredir torcedores em Detroit, voltou às quadras antes do tempo graças a uma decisão discutível da Justiça.

Hill, dono de um tornozelo que atravessou quatro cirurgias, dado como morto para o basquete, ressurgiu como peça importante na reconstrução do Orlando Magic.

Em geral, é assim que funciona a cabeça do torcedor. Não basta jogar bem e preencher a tábua de estatísticas com belos números. No esporte, conta muito a empatia, a demonstração de garra, a superação.

E ninguém bate Grant Hill nesse aspecto.

Com uma recuperação quase milagrosa, o ala do Orlando entrou para um seleto rol de atletas que deram a volta por cima e reconquistaram a vaga na elite. Foi assim com Ronaldo, vocês lembram, do joelho esfacelado ao pentacampeonato na Ásia.

Com o tornozelo tinindo, Hill pisa firme na quadra e se torna útil novamente. Seu comparsa Steve Francis, outro pilar do novo Magic, deve ser escolhido pelos técnicos para o banco de reservas. Certamente os dois jogarão juntos por alguns minutos. E a festa será completa em Denver.

O basquete agradece.

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foto . cnn/sports illustrated

3.2.05



oeste, santo remédio
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))) Enfim, Miller é um All-Star


Lembro bem que, há dois anos, quando Brad Miller fez sua primeira aparição no All-Star Game, quase tive um troço. Então vestindo o uniforme do Indiana Pacers, o pivô não passava de um gradalhão desajeitado, esculpido para ser terceira ou quarta opção em elencos medianos. Lá estava ele, em 2003, no meio das estrelas, com seis rebotes, cinco pontos, três assistências e uma atuação digna.

No ano seguinte, Miller se transferiu para o Sacramento Kings. Apressado, fiz logo o julgamento: agora ele vai ver o que é bom pra tosse. Pois foi justamente no olho do furacão que o desajeitado se tornou um dos melhores pivôs da liga. Trombando com a elite do garrafão, buscou ali o combustível que faltava para evoluir.

Quando forem anunciados os reservas do All-Star Game deste ano, ele certamente estará listado.

Com todo o merecimento.

A princípio, faz sentido a previsão de que jogadores medianos do Leste podem se apagar quando trocam de conferência. Afinal, teoricamente é mais fácil se destacar em meio à mediocridade. A análise, no entanto, corre o risco de ficar rasa demais.

O que fez Miller melhorar foi justamente a mudança de clima. Passou a atuar entre os melhores, contra os melhores, e adaptou seu jogo para o alto nível que costuma encontrar por aquelas bandas.

Ontem, ele deu mais uma demonstração de que merece estar no jogo das estrelas. Sem Webber, Stojakovic e Mobley, o Sacramento precisou extrair o melhor de Miller para bater o Golden State em Oakland. O pivô não decpecionou: anotou 38 pontos, 17 rebotes, quatro assistências e quatro roubadas. Foi o líder de um time titular que tinha Evans, Barnes e Songaila, e ainda marcou seis pontos no último minuto da prorrogação.

Na avaliação dos internautas, claro, vai dar Yao Ming para o All-Star. Pelo que se vê, contudo, o banco do Oeste estará muito bem servido.

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foto . nbae

2.2.05



a hora das estrelas
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))) O All-Star Game de Denver é palco
ideal para um renovado Vince Carter



Meus caros, falta pouco. A três semanas do All-Star Game, a eleição está encerrada. Os chineses já congestionaram a internet, os americanos insistiram nos bambas de sempre, os brasileiros tentaram em vão emplacar Varejão ou Nenê. Quem não votou não vota mais. Amanhã à noite, a NBA anuncia os cinco titulares de cada conferência.

A última parcial, no dia 20 de janeiro, mostrava o Oeste com Yao Ming, Tim Duncan, Kevin Garnett, Kobe Bryant e Tracy McGrady. No Leste, Shaquille O’Neal, Grant Hill, Vince Carter, Allen Iverson e LeBron James. Faz sentido. Em geral, são estes os grandes ídolos do basquete americano, os atletas com maior apelo junto ao público, e é isso que conta na hora de clicar os favoritos.

Aqui deste canto, prefiro tomar outro caminho. Dos 10 titulares que ameaçam emplacar, só assino embaixo de quatro. Se valesse apenas o meu voto, os elencos seriam bem diferentes. Vamos aproveitar, então, para incluir logo na brincadeira os reservas, que serão escolhidos em seguida pelos técnicos da liga. Apresento o listão e um punhado de justificativas. Só para lembrar, respeitei as posições de cada jogador no formulário de votação e evitei improvisar nas posições.

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))) OESTE

Brad Miller (Kings)
Amare Stoudemire (Suns)
Dirk Nowitzki (Mavs)
Ray Allen (Sonics)
Steve Nash (Suns)

Reservas:

Yao Ming (Rockets)
Kevin Garnett (Wolves)
Tim Duncan (Spurs)
Tracy McGrady (Rockets)
Tony Parker (Spurs)
Shawn Marion (Suns)
Chris Webber (Kings)

Como vocês perceberam, levei em conta o fato de Kobe Bryant estar machucado. Em condições normais, ele brigaria com Ray Allen por uma vaga no time titular. Sem Kobe, temos um quinteto no qual todos os atletas merecem a convocação pelo talento, claro, mas principalmente pelos serviços prestados às suas equipes.

Os chineses que me desculpem, mas Brad Miller tem sido um pivô mais completo que Yao Ming. Jogou muito nas últimas semanas pelo Sacramento Kings e merece estar em quadra no tapinha inicial. Kevin Garnett vem atravessando outra temporada monstruosa, mas não dá para tirar o doce da boca de Dirk Nowitzki ou Amare Stoudemire. O primeiro segurou a onda com a saída de Steve Nash e se tornou um ala ainda mais versátil no Dallas. O segundo, ao lado de Nash, é peça fundamental na escalada vitoriosa do Phoenix. O armador canadense foi a escolha mais fácil: é o MVP da primeira metade do campeonato. Faria uma boa dupla com Allen, que carrega o Seattle nas costas.

Entre os reservas, não há grandes novidades, a não ser, talvez, pelos três últimos. O acende-apaga Tony Parker está mais aceso do que nunca. Marion e Webber, sempre eficientes, pouco aparecem, mas têm sido brilhantes.

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))) LESTE

Shaquille O’Neal (Heat)
Antawn Jamison (Wizards)
Vince Carter (Nets)
LeBron James (Cavs)
Allen Iverson (Sixers)

Reservas:

Ben Wallace (Pistons)
Antoine Walker (Hawks)
Grant Hill (Magic)
Dwyane Wade (Heat)
Gilbert Arenas (Wizards)
Steve Francis (Magic)
Larry Hughes (Wizards)

Não tive pena de excluir Jermaine O’Neal e Jason Kidd. O primeiro esteve suspenso durante muito tempo e o segundo, além da contusão, não anda em fase tão boa.

Com o fracasso do Detroit Pistons de Wallace, Shaq tornou-se incontestável, assim como Jamison, provavelmente o melhor ala do Leste hoje em dia. Talvez alguém torça o nariz para Vince Carter, mas deixo claro que o Carter da minha escalação não é o do Toronto, e sim o do New Jersey, que vem atuando em altíssimo nível. All-Star Game é palco de show, e ninguém dá mais espetáculo que ele. Invoco o mesmo argumento para justificar LeBron James, que calou a boca dos críticos e explodiu este ano. A briga na armação é cruel. O jovem Dwyane Wade conseguiu se incluir no rol de craques da liga, mas Allen Iverson tem sido um gigante. Com quase 30 pontos, oito assistências e quatro rebotes por noite, quem tem coragem de barrar o baixinho invocado?

No banco, coloquei outros três grandes armadores: Francis, Arenas e Hughes, sem saber se este último estará saudável o bastante para jogar. A implicância com o instável Antoine Walker se justifica, mas os números deixam claro: o sujeito anda gastando bola em Atlanta. E o velho Grant Hill? Não seria ótimo coroar a recuperação gloriosa com alguns minutos no All-Star?

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Será que esqueci alguém?

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foto . nbae

1.2.05



devendo satisfação
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A ausência de uma semana foi por motivo de força maior, mas pode render novidades para o site em breve. Voltamos à carga na quarta-feira, com a bola de cristal devidamente calibrada para o All-Star Game.

Abraços,

Rodrigo Alves

25.1.05



gangue reunida
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))) Jackson estará em quadra amanhã


Quando David Stern mandou Ron Artest, Stephen Jackson e Jermaine O'Neal para o chuveiro, desenhou-se um futuro sombrio para o Indiana Pacers. Sem os três principais jogadores, a tendência era que o time fosse encontrar seu porto seguro no rodapé da conferência Leste.

Não foi bem o que aconteceu.

Graças à Justiça (talvez justiça não seja o termo mais adequado neste caso), O'Neal voltou antes da hora. Amaciada a ira da mídia, a poeira baixou e tudo voltou ao normal. A equipe venceu algumas partidas e se manteve ali, na zona dos playoffs, com um razoável 20-19 na campanha.

No início da semana, Artest tirou uma folga na carreira de rapper e voltou a treinar em Indianápolis. Jogadores e comissão técnica deitaram falação sobre a importância de ter o atleta de volta ao grupo, mesmo que seja apenas para dar uma força à garotada, já que sua ação nas quadras está vetada até o próximo campeonato.

Entende-se que os colegas de trabalho lhe puxem o saco, mas não dá para negar que a simples presença de Artest em quadra, ainda que com uniforme de treino, carrega uma enorme carga nociva para o esporte. Se a punição fosse séria, deveria impedir que ele usasse as dependências da franquia para se manter em forma. Que vá malhar em cima de um palco, com microfone em punho.

O frisson em torno de Artest coincide com o retorno de Stephen Jackson, que estará apto a jogar contra o Boston Celtics amanhã. Diante da situação vergonhosa que forçou a punição, com socos e pontapés distribuídos aos torcedores do Detroit Pistons, o mínimo que se espera na volta é um pouco de humildade.

Não parece ser o caso de Jackson.

Em entrevista ao escritório da NBA para a América Latina, o atleta deixou transparecer a prepotência dos brigões ao responder qual é o time a ser batido no Leste:

"O nosso", cravou secamente.

Não é não, caro Stephen. Sem o marginal Artest, o Indiana tem um elenco apenas mediano. No Leste, dá até para brigar, mas está longe de ser o papão a ser batido.

Por uma dessas ironias tão freqüentes no calendário da NBA, Jackson terá os Pistons pela frente logo na quinta-feira. Pode ser o primeiro passo para mostrar que está disposto a ser o bamba da conferência.

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foto . nbae

23.1.05



o exemplo vivo
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))) Wilkens e uma cena que não se repetirá


Alô Romário, presta atenção. Pede para alguém te traduzir o noticiário da NBA desta semana e repara que esportista de elite precisa saber a hora de parar.

Aos primeiros sinais de decadência, o lendário Lenny Wilkens não pensou duas vezes e tirou o time de quadra. Agiu rápido para não comprometer uma carreira fantástica. Cortou pela raiz o recente acúmulo de derrotas que manchava a campanha mais vitoriosa de um técnico da NBA em todos os tempos. E olha que, à frente do banco de reservas, ele nem precisava do físico em dia para render em alto nível. Aos 67 anos, com ralos cabelos brancos, Wilkens poderia estar em plena forma.

Mas não estava.

Manter sob comando o instável elenco do New York Knicks é tarefa para gente grande. Com Isiah Thomas no escritório e Wilkens rabiscando as pranchetas, veio a esperança de que a franquia poderia engrenar. O problema é que a realidade resolveu enfiar o pé na porta.

Na viagem aos Estados Unidos, em novembro, pude conferir ao vivo a primeira partida em casa da equipe na temporada. Foi uma estréia trágica, com o Boston Celtics aplicando um massacre em pleno Madison Square Garden. Na salinha ao lado do vestiário, vi de perto um Wilkens arrasado, tentando catar explicações para o vexame. Em voz baixa, ele repetia que "os rapazes precisam entender o que é defesa".

Pelo jeito, ninguém entendeu, e o próprio técnico acabou sugado pelo clima de incompetência. Fez uma besteira atrás da outra e não conseguiu criar nada de interessante tendo em mãos o inegável talento de Marbury, Houston, Crawford, Penny e Ariza. Chegou a desenhar jogadas bisonhas para Nazr Mohhamed em momentos decisivos. Perdeu jogos, foi criticado, começou a se desmoralizar.

Na sexta à noite, veio o último fracasso, mais uma vez diante da própria torcida. Contra o Houston Rockets, a punhalada final surgiu no último segundo, com arremesso de Scott Padgett. Antes de a bola cair, a sirene ingrata selou a nona derrota em 10 rodadas.

Aí caiu a ficha.

Wilkens deve ter dado uma olhada no currículo e percebeu que não precisava se queimar daquela maneira. Festejado por sua história, ele consegue a proeza de ser o técnico que mais venceu (1.332) e também o que mais perdeu (1.115) no basquete americano. Foi campeão em 1979 com o Seattle Supersonics e comandou a seleção dos EUA na Olimpíada de Atlanta, em 1996, quando os ianques ainda ganhavam medalhas de ouro. Disputou o All-Star Game nove vezes e, claro, acabou no Hall da Fama.

Diante disso, a solução foi simples: chamar Isiah Thomas num canto e dizer tchau. A conversa é que não foi tão simples assim. Levou tempo e incluiu uma série de ponderações. Além de honrar o restante do contrato (US$ 10 milhões nos próximos dois anos), o cartola ainda ofereceu um cargo na diretoria. Wilkens ficou de pensar, mas agora só quer saber da família. No repouso do lar, terá lembranças de sobra para curtir com a mulher e os filhos.

Assim como Romário também teria, se decidisse sair de cena.

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foto . cnn/sports illustrated

21.1.05



noite feliz
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))) A caminho: Nash, Parker e uma longa madrugada


Se o café não estiver forte, vai ser difícil manter os olhos abertos. A não ser que Tony Parker e Steve Nash funcionem como um eficiente remédio anti-sono. No dia em que os dois maiores times da NBA cruzam os bigodes, a jornada de basquete na ESPN só vai terminar lá pelas 4h da manhã. Para os teimosos que estiverem dispostos a brigar com as pálpebras, vale o sacrifício.

No confronto anterior, o Phoenix Suns estava no auge de uma campanha surpreendente, com 11 vitórias seguidas. Foi o tal "jogo para perder". Desde então, o San Antonio Spurs cresceu e tomou a liderança da liga.

Agora, a situação é bem diferente.

Com Steve Nash dividido entre a quadra e a enfermaria, o Phoenix perdeu as últimas cinco e entrou em crise. Diante o mesmo adversário que lhe carimbou a seqüência vitoriosa, tem a chance de ensaiar uma recuperação.

A boa notícia é que Nash está de volta, curado do problema nas costas que arrumou quando teve o pé pisado pelo reserva Leandrinho. Sem o canadense, ficou claro que o esquema ofensivo de Mike D'Antoni não consegue deslanchar. Mais uma vez, ficou claro que um armador de elite faz o time render. Nesse quesito, Nash é o que mais se aproxima do mestre Jason Kidd.

O problema é que, logo mais, estará no lado oposto da quadra um pequeno francês que vem aprontando nas últimas rodadas. Tony Parker, que costuma acender e apagar com a rapidez de um vaga-lume, anda bem aceso.

Nas últimas cinco rodadas, enquanto os Suns se afundavam, Parker manteve médias superiores a 20 pontos e sete assistências por noite. O último show veio na quarta-feira, quando marcou 25 a acertou a bandeja redentora nos segundos finais contra os Clippers.

O embate com Nash promete, assim como a briga de Tim Duncan e Amare Stoudemire embaixo da cesta, ou de Manu Ginobili e Quentin Richardson na longa distância. Não faltam motivos para varar a noite acordado.

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foto . nbae

20.1.05



o filho bastardo
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))) Prepare o ouvido, T-Mac: vem aí uma chuva de vaias


Deu trabalho, vocês lembram. Tracy McGrady só conseguiu sair de Orlando porque chorou, gritou e esperneou até a diretoria armar uma troca de emergência. Com a campanha pífia que o time fez ano passado, o craque não estava disposto a continuar carregando nas costas uma franquia derrotada. Precisava de novos ares longe da Flórida e, para isso, abriu o berreiro, implorando para ser negociado.

Meses depois, o retorno inevitável.

Logo mais, T-Mac volta a Orlando, desta vez para enfrentar um TD WaterHouse Centre em fúria.

A amostra grátis foi dada na terça-feira, contra o Detroit Pistons, quando o locutor oficial da arena convocou a torcida para o próximo jogo e, irônico, citou o nome de McGrady. A arquibancada tremeu de ódio e as vaias preencheram o ginásio. Foi o prefácio da recepção hostil que se desenha para hoje à noite.

"Definitivamente, será uma atmosfera de playoffs", reconheceu T-Mac ao jornal Houston Chronicle. "Fui vaiado até na partida da pré-temporada, quando fiquei no banco. Vai ser interessante ver como será dentro da quadra".

Ironia do destino, o novo Magic de Steve Francis e Grant Hill tem campanha melhor que a dos Rockets. Além disso, acaba de contratar o retranqueiro Doug Christie, que promete infernizar a vida de McGrady.

Só para registrar: enquanto o clima estiver fervendo na Flórida, a ESPN estará do outro lado do planeta, transmitindo a calmaria do Australian Open de tênis.

Que beleza.

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Com 27 pontos, 11 rebotes e 10 assistências diante do Portland, LeBron James tornou-se o atleta mais jovem a conseguir um triple-double na NBA. E no ano passado tinha gente dizendo que o garoto era uma enganação da mídia...

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foto . nbae

19.1.05



bruxa solta
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))) Johnson deve jogar improvisado na posição 1


Na segunda-feira, quando perdeu o quarto jogo seguido, em Detroit, o técnico do Phoenix Suns, Mike D'Antoni, só tinha uma frase para os repórteres:

"É hora de voltar para casa".

Foi o desfecho de uma turnê trágica para o líder da NBA, que já havia tombado feio em Salt Lake City, Washington e Indianápolis. A paz que D'Antoni esperava encontar no Arizona, contudo, foi por água abaixo logo no primeiro treino.

Num lance acidental, Leandrinho pisou no pé de Steve Nash. Desgraça pouca é bobagem.

O craque canadense, que estava pronto para voltar ao time amanhã, contra o Memphis, tentou se desvencilhar e deu um jeito nas costas. O brasileiro, reserva imediato, torceu o tornozelo esquerdo e também foi baixar na enfermaria.

Se existe mesmo o tal inferno astral, o do Phoenix acaba de dar as caras.

Sem o titular e o reserva na posição 1, o técnico deve improvisar Joe Johnson na armação das jogadas. Vai ser mais uma prova de fogo para os Suns, que mantinham uma campanha de 31-4 com Nash e perderam as três sem ele.

Johnson é habilidoso e já jogou como armador principal, mas não é a mesma coisa. Em todo caso, ainda há uma chance de os contundidos se recuperarem em tempo recorde, a tempo de pisar em quadra amanhã. Convém torcer por isso.

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))) De uniforme antigo, Mavs
e Wizards somaram 257 pts



Terça gorda: Dos 10 times que entraram em quadra ontem, oito quebraram a barreira dos 100 pontos. O ápice foi a vitória do Dallas sobre o Washington, por 137 a 120, sem uma prorrogaçãozinha sequer. No primeiro quarto, os Mavs já tinham sapecado 40-20. Quatro de seus jogadores anotaram mais de 25 pontos. Com um trator ofensivo desses, não há time emergente que resista. Sem o contudido Larry Hughes, os Wizards tomaram duas lavadas no Texas.

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Em seu primeiro jogo diante da torcida do Orlando Magic, Doug Christie foi essencial na vitória sobre o Detroit Pistons. Com 1:26 no relógio, acertou uma bola de três e pôs o time da casa na liderança. Nos últimos segundos, sufocou Rip Hamilton e evitou que o armador recebesse a bola para o arremesso. A responsabilidade caiu nas mãos de Tayshaun Prince, que errou. É o tipo de habilidade que não entra na estatística, mas ajuda a vencer partidas.

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foto . nbae

18.1.05



livrinho rasgado
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))) Gordon selou a vitória dos Bulls e Lenny
Wilkens mostrou que não conhece as regras



Não sei se os torcedores de outros times vão tolerar mais uma crônica sobre o Chicago Bulls. Sei que os princípios do jornalismo condenam uma repetição de temas tão gritante como esta, mas o motivo da insistência não é o fato de o time do Illinois ter o melhor retrospecto recente da liga, não são as sete vitórias seguidas, não é a ascensão da garotada.

Nada disso.

É só mais uma daquelas coincidências históricas que, volta e meia, dão as caras na NBA.

Para quem não sabe, os americanos celebraram ontem o Dia de Martin Luther King. Em Nova York, além do legado deixado pelo líder negro, a torcida aproveitou para festejar também os 15 anos do arremesso fantástico de Trent Tucker que rendeu uma vitória sobre os Bulls no feriado de 1990 e, mais que isso, forçou uma mudança nas regras da liga.

Na ocasião, faltava um décimo de segundo para o fim do jogo. Tucker recebeu a bola, chutou de longe e garantiu o triunfo dos Knicks. A partir dali, a NBA baixou a norma: com menos de três décimos no relógio parado, só vale a cesta se houver um tapinha. Segurar com as duas mãos e fazer o arremesso invalida o lance. Faz sentido, já que o chamado catch-and-shoot parece inviável diante de tão pouco tempo.

O lance de Tucker entrou para a história e revisitou o Madison Square Garden ontem.

Mesmo tendo oito pontos de vantagem a três minutos do fim, o New York permitiu a virada do Chicago. Ben Gordon foi o herói da noite, selando o placar em 88-86 no último segundo, com um arremesso desequlibrado diante de Michael Sweetney.

Exatamente como há 15 anos, restou um décimo de segundo no cronômetro.

Foi aí que se estabeleceu a diferença entre os técnicos. O jovem visitante Scott Skiles conhecia a regra-Tucker. O veterano Lenny Wilkens, não.

Assim que os Knicks pediram tempo, o treinador dos Bulls plantou todos os seus pupilos embaixo da cesta para defender um possível tapinha, única jogada permitida àquela altura. Wilkens, decidido a reforçar a fama de gagá, armou uma jogada de arremesso. Foi para o vestiário derrotado, claro.

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16.1.05



herança atrasada
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))) Ex-times de Jordan, os Bulls de Curry
e os Wizards de Arenas voltam a vencer



No sossego da aposentadoria, Michael Jordan deve estar feliz. As maiores seqüências de vitórias na NBA hoje pertencem justamente às duas equipes que tiveram a honra de contar com o rei em suas fileiras. Acostumados a freqüentar o rodapé da tabela nos últimos anos, Washington Wizards e Chicago Bulls começam a colher os frutos da renovação e finalmente experimentam o sabor da vitória.

Se o campeonato terminasse hoje, os dois estariam nos playoffs, até com chances de confronto direto na segunda rodada. Seria bonito de ver, mas vamos deixar as previsões na gaveta.

Por enquanto, ficamos com a série de sete triunfos dos Wizards, que ontem bateram o líder-mor da liga, e a ressurreição dos Bulls, que venceram a sexta seguida em cima de um velho rival.

Na capital dos Estados Unidos, a torcida que lotou o MCI Center promoveu uma sessão de histeria no minuto final da partida contra o Phoenix Suns. Sem Steve Nash, os bambas do Oeste não conseguiram segurar Juan Dixon e Gilbert Arenas, que comandaram uma corrida de 16-0 no quarto período e selaram o placar de 108-103, sob o barulho ensurdecedor que vinha das arquibancadas.

Em Chicago, o jogo coletivo venceu mais uma vez. Diante do New York Knicks, o time treinado por Scott Skiles teve quatro atletas envolvidos na jogada final. O calouro Andres Nocioni bloqueou um chute de Trevor Ariza e Tyson Chandler evitou que bola saísse pela lateral. Conseguiu achar Kirk Hinrich, que passou para Nocioni e ligou o contra-ataque. Por fim, a bola chegou às mãos do jovem grandalhão Eddy Curry, que partiu para a cesta e converteu a bandeja, fechando a partida em 86-84.

Tanto Wizards como Bulls desprezaram soluções mágicas para crescer. A tática é arriscada e pode jogar as equipes no buraco, como de fato aconteceu nesses dois casos. Em compensação, surte efeito quando menos se espera. Basta que a química se estabeleça e cada jogador perceba sua função em quadra. Às vezes basta um ou outro reforço (Jamison em Washington, os calouros em Chicago) para criar a fagulha que faltava. Que continue assim.

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Brasil 1: Com a lesão de Nash, Leandrinho fez diante do Washington sua primeira partida como titular este ano. Substituindo o líder da liga em assistências (10.9 por noite), o armador brasileiro saiu de quadra sem ter dado um passe decisivo sequer. Errou sete dos primeiros oito arremessos e mostrou que a torcida precisa rezar pela volta rápida do canadense, se não quiser ver crescer a série de três derrotas.

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Brasil 2: Nenê está de volta ao noticiário, desta vez pela porta dos fundos. A briga com Olowokandi não acrescenta nada à carreira do ala-pivô e nem mostra que ele é mais macho que os outros. Num saldo bizarro, só lhe rende quatro jogos de suspensão e uma mancha na imagem, em tempos de tolerância-zero na disciplina da liga.

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Velhice: Se não me engano, alguém falou outro dia na caixa de comentários que Lenny Wilkens está ficando gagá. Ontem, após a cesta de Eddy Curry, com três segundos no relógio, ele pediu tempo, reuniu a turma e armou a jogada decisiva para... Nazr Mohhamed! “Queríamos que a bola final estivesse com Nazr. Assim iríamos para a cesta e poderíamos cavar uma falta. Foi essa a alternativa que eu julguei ideal.” Cheio de moral, o pivô recebeu a bola, bateu para dentro e levou um toco de Tyson Chandler. De fato, parece que a idade está chegando no banco dos Knicks...

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14.1.05



pouso forçado
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))) Bryant deu um susto na torcida ontem à noite


Duas aterrissagens problemáticas deixaram claro que a sorte não anda ao lado do Los Angeles Lakers nesta temporada. A primeira foi na quarta-feira, quando o avião que levava o time de Denver para a Califórnia assustou os jogadores e a comissão técnica. A outra foi ontem, quando Kobe Bryant pousou em cima do pé de Ira Newble ao disputar um rebote.

Na noite de quarta, o clima já não era dos melhores no vôo charter que conduzia a equipe após a derrota de 95-83 para os Nuggets. Quando chegava ao aeroporto de Los Angeles, quase na pista, a aeronave embicou para cima e ganhou o céu novamente.

Ninguém entendeu nada.

Foram mais 50 minutos de espera, até que a tripulação conseguisse contornar um defeito na asa. Em determinado momento, o piloto chegou a sair da cabine com uma lanterna na mão para ver o problema de perto. No fim das contas, funcionou o sistema reserva e o avião pousou, aos trancos e barrancos, em meio aos 50 veículos de emergência espalhados à margem da pista.

"Os 50 minutos pareciam uma eternidade", contou o técnico Rudy Tomjanovich, nitidamente assustado.

Mal sabia ele que o pior contratempo ainda estava por vir. Foi ontem, no primeiro quarto da partida contra o Cleveland. Numa disputa de bola no garrafão, Kobe levou a pior contra Newble e teve de sair carregado para o vestiário do ginásio.

As primeiras radiografias não detectaram nada grave, mas os médicos preferem esperar o resultado da ressonância magnética feita hoje.

Só faltava essa.

Penando para ficar na elite mesmo sem Shaquille O'Neal, os Lakers costumam andar nas costas de Bryant. Sem ele, o time está condenado ao fracasso. Ontem, o elenco de apoio ainda segurou a barra, garantindo a vitória sobre os Cavs de LeBron James.

Mas não adianta se iludir. O jeito é torcer para que a estrela maior volte o mais rápido possível.

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13.1.05



turco apressado
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))) Sem o colega russo, Okur
decidiu resolver tudo sozinho



E olha que Andrei Kirilenko mal voltou a treinar. Com pressa, Mehmet Okur resolveu não esperar o retorno do companheiro e, depois de perder nove seguidas, foi à forra justamente em cima dos dois melhores times da NBA. San Antonio e Phoenix perceberam que, em Salt Lake City, o anfitrião passou a receber os visitantes em clima hostil.

A vitória contra os Spurs soou como um daqueles acidentes de percurso, a velha e conhecida zebra que, vira e mexe, passeia pela liga. Mas ontem, diante dos Suns, a dose se repetiu. Depois de ter decidido o jogo de segunda-feira com uma cesta no último segundo, Okur voltou a desequilibrar na noite de quarta. Saiu de quadra com 21 pontos e 17 rebotes, sendo sete ofensivos, pescados num território que geralmente pertence a Amare Stoudemire.

"Lugar certo, hora certa. A chave é o esforço. Vou atrás de todas as bolas", ensina o jogador de 27 anos, fundamental na renovação promovida no Jazz pelo técnico Jerry Sloan.

Mesmo com os dois triunfos, os playoffs continuam muito longe. O próximo desafio é em Sacramento, e Sloan já avisou que qualquer euforia está vetada. "Se eles não perceberem onde estamos e o buraco onde caímos, será triste. Ainda temos um longo caminho a percorrer", avaliou.

Tão importante para o Utah, talvez Okur seja a peça que falta para o Detroit engrenar. Com ele, no ano passado, o esquema de Larry Brown tinha uma opção segura para ser acionada no banco de reservas. Sem o turco, os Pistons parecem perdidos. Com o turco, o Jazz parecia ter se encontrado.

A contusão de Kirilenko representou um baque para o ousado projeto de Sloan. Com a recuperação do russo, o time pode voltar aos trilhos. Ainda é cedo para descartar o mata-mata.

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12.1.05



oeste selvagem
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))) O Phoenix de Amare mostrou ao Miami
de Haslem que, no Oeste, o papo é diferente



A folga na liderança do Leste inflou o Miami Heat de confiança. Com razão, a mídia e os torcedores embarcaram no otimismo e logo começaram a cogitar mais um anel de campeão no dedo de Shaquille O'Neal. Uma viagem ingrata, no entanto, tem forçado o pivô a experimentar o amargo sabor da realidade.

Contra a elite do Oeste, o buraco é mais embaixo.

Bem mais embaixo.

A miniturnê deu largada na sexta-feira, com uma vitória fácil diante do Portland Trail Blazers. O problema começou na segunda escala, em Seattle. Longe de casa, quase na fronteira com o Canadá, o time de Stan Van Gundy perdeu por 10 pontos de diferença. E já havia perdido para os mesmos Sonics uma semana antes, em plena Flórida.

Parada seguinte, Arizona.

Foi ontem, no embate entre os líderes de conferência. O Phoenix Suns abriu uma pequena vantagem no início da partida e foi embora, sem tomar conhecimento de Shaq, Dwyane Wade & Cia. Venceu sem esforço, por 122-107, e fez o adversário ligar o sinal de alerta.

Surgiram as dúvidas. Será que o Heat vai nadar, nadar e nadar até chegar à final da NBA, para então levar uma ensacada impiedosa? O tempo vasto que nos separa dos playoffs não permite previsões desse tipo, mas a desconfiança é natural.

Com elencos teoricamente mais fracos e dependência maior dos titulares, as equipes do Leste penam para se manter em alto nível. Cada atleta tem de suar o dobro se quiser que sua franquia entre no seleto grupo dos candidatos ao título.

Em Miami, não é diferente.

O jovem Wade, por exemplo, completa 23 anos na segunda-feira, mas já anda meio estragado. Entrou em quadra ontem com três lesões diferentes: uma no tornozelo, uma no joelho e uma nas costas.

O esgotamento físico só vai dar uma pausa na sexta-feira, quando termina a viagem pelo Oeste e o Heat terá quatro dias de descanso antes de enfrentar o Atlanta Hawks em casa.

"Vai ser bom para todo mundo. Vou ter a chance de relaxar meu corpo e é exatamente isso que vou fazer", avisa Wade.

Van Gundy, esperto, já deu o aval para a folga.

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Por falar em corpos recuperados, Andrei Kirilenko treinou ontem pela primeira vez em mais de seis semanas. O técnico Jerry Sloan espera que o russo já possa voltar às quadras neste sábado, contra o Cleveland Cavaliers.

Mas nada de esforço exagerado.

"No retorno, vamos colocá-lo para jogar apenas cinco minutos, para ver como ele se sente. No intervalo para o segundo tempo, aquecido novamente, poderá jogar outros cinco", explicou o econômico assistente Gary Briggs.

Para quem acaba de interromper uma seqüência constrangedora de nove derrotas, a notícia chega como esperança de novos tempos.


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11.1.05



a chave da defesa
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))) Christie reforça a retaguarda do Orlando


A troca anunciada ontem quebrou duas das parcerias mais sólidas da NBA quando se trata de armadores. Cuttino Mobley deixa Steve Francis para trás e vai formar dupla com Mike Bibby, que não terá mais Doug Christie ao seu lado. A negociação entre Orlando Magic e Sacramento Kings serve para mostrar que, muitas vezes, os números enganam.

Da temporada passada para esta, houve um ligeiro declínio nas estatísticas de Christie, que passou a pontuar menos, reduziu o aproveitamento de arremessos e caiu até nas roubadas de bola. Mobley, por sua vez, apresentou leve melhora em quase todos os fundamentos.

Levando-se em conta a idade dos ateltas, parece ainda mais estranho, portanto, dizer que o Orlando leva vantagem na troca. Mas leva.

Primeiro porque o time não precisa tanto dos pontos de Cuttino. Steve Francis, Grant Hill (que ganha mais importância), Dwight Howard e até o reserva Hedo Turkoglu dão conta do recado ofensivo. O que o limitado técnico Johnny Davis precisava era fortalecer a defesa. E para esta missão, poucas opções são melhores que Christie.

O armador que defendeu os Kings nos últimos cinco campeonatos vai abrir um buraco no esquema de Rick Adelman que Mobley terá dificuldades para preencher. Equilibrar um sistema de defesa não é tão simples como liberar os atletas para o ataque. Não é algo que se faça da noite para o dia.

Para o Magic, que começa quase do zero com um elenco renovado, vale o risco. Para o Sacramento, que já tinha um grupo azeitado, talvez seja arriscado demais. Vamos esperar para ver.

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10.1.05



os novos reis
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))) Nash e o Phoenix: fora de alcance


Definitivamente, são outros tempos. Quando Lakers e Wolves entrarem em quadra logo mais, ninguém poderá vender o jogo como a esperada reedição da última final do Oeste e seus times cheios de astros brigando na elite da liga. Exceto por Shaquille O'Neal, os astros continuam lá, com os mesmos uniformes, mas hoje se engalfinham por motivo bem menos nobre: manter os míseros 50% de aproveitamento e garantir uma vaguinha humilde nos playoffs.

Sem perder tempo, a NBA varreu Los Angeles, Minnesota e outros medalhões para baixo do tapete vermelho, que foi estendido a emergentes como Phoenix Suns e Miami Heat. Líderes de suas conferências, estes dois sim, farão o jogo da semana.

Vai ser amanhã, na America West Arena, o mesmo palco onde o Phoenix tratou de destruir ontem, sem piedade, o que sobrou do Indiana Pacers. Talvez tenha sido, em todo o campeonato, a atuação mais convincente da turma comandada por Mike D'Antoni. Com extrema facilidade, a diferença de pontos chegou às quatro dezenas e terminou em 124-89. Foi uma noite para xingar até a quinta geração de Ron Artest, que deixou seu time frágil como papel.

Sendo assim, o Phoenix igualou ontem o total de vitórias conquistadas no ano passado. São 30 até agora, e já tem gente cogitando quebra de recordes. Vamos com calma que o tempo é um juiz cruel. Qualquer oba-oba pode tirar os Suns dos trilhos. Até agora, no entanto, justiça seja feita: ninguém tem merecido tanto o título da NBA quanto Nash, Stoudemire, Marion, Richardson, Johnson e todo o elenco de apoio.

Dá para ter uma idéia do sufoco que o Miami vai passar amanhã. Mas também existe talento na costa do Atlântico. Em menos de uma semana, o time perdeu duas vezes para o Seattle, o que não significa nenhum desastre. Shaquille O'Neal atravessa grande fase nas últimas semanas e Dwyane Wade, bem, todo mundo sabe que Dwyane Wade caminha para se tornar um dos melhores armadores da liga.

Lakers e Wolves que me desculpem, mas a semana é de Heat e Suns, símbolos da nova ordem no basquete americano. Pelo menos até que se prove o contrário.

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8.1.05



ano novo, roupa velha
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))) LeBron James vestiu amarelo e derrotou
o New York sem grande esforço no sábado



Máscara, uniforme amarelo com listras e tempo extra descansando no banco de reservas. Olhando de longe, nem parecia LeBron James. Até que veio o segundo quarto, com duas enterradas de fazer o torcedor saltar da cadeira. Era ele mesmo, desfilando apenas o básico, com 22 pontos em 32 minutos, para que seu Cleveland Cavaliers atropelasse o New York Knicks, 104-79, na Gund Arena.

Era para ser um disputado embate entre dois líderes de divisão. Mas que espécie de líder de divisão é o New York, com mais derrotas que vitórias? Sorte de Lenny Wilkens que o Miami se mandou do Atlântico. Com Sixers, Celtics, Nets e Raptors na concorrência, nunca foi tão fácil garantir o terceiro lugar da conferência nos playoffs. Acabam de perder a quarta seguida e ainda estão lá, no topo.

Wilkens, que hoje treina os Knicks, já treinou e jogou pelo Cleveland, o que lhe rendeu homenagens antes da partida de sábado. O mesmo valeu para Ron Harper, Terrell Brandon, Larry Nance, Wayne Rollins e Winston Bennett, como parte das comemorações pelos 35 anos dos Cavs na liga.

Para completar a festa, a equipe usou o velho uniforme dos anos 70, com listras na gola e nas laterais. Foi justamente naquela década a última vez em que aplicou uma enfiada desse calibre no New York (24 pontos de diferença em 1976, contra os 25 de sábado).

Em quadra, o time segue fazendo bonito. Regido pelo jovem LeBron, lidera com folga a divisão Central, que tem Detroit Pistons e Indiana Pacers, longe de ser o mamão-com-açúcar-atlântico dos Knicks. Com 20 vitórias e 12 derrotas, saiu por cima em cinco das últimas seis partidas.

Na terça-feira, pega uma moleza com o Charlotte Bobcats em casa e depois parte para uma viagem espinhosa de seis escalas no Oeste. Prova de fogo para quem ainda busca afirmação.

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7.1.05



recorde às avessas
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))) Hamilton só acertou lances-livres


"Não sei como descrever esta noite".

É difícil mesmo, Rip.

Em mais um tropeço do Detroit Pistons, em casa contra o Memphis Grizzlies, Richard Hamilton entrou para a história da NBA. Só não foi exatamente pela porta da frente. Na derrota de ontem, o armador foi o cestinha do time com 14 pontos, mas não acertou nenhum arremesso de quadra.

Nenhum.

Nos total de chutes, foram 10 erros, e a pontuação de Rip acabou sendo construída com uma performance perfeita nas 14 vezes em que subiu à linha de lances-livres. Tal feito nunca havia acontecido no basquete americano.

Hamilton foi o líder entre sete colegas que anotaram pelo menos sete pontos. O ataque bem distribuído, no entanto, não foi o bastante para evitar uma derrota humilhante com o placar de 101-79, vergonha diante da própria torcida. Não é todo dia que alguém entra no Palace de Auburn Hills e quebra a barreira centenária, mas os tropeços do atual campeão têm sido cada vez mais freqüentes.

Pelo menos na frieza dos números, os rendimentos de Rip e Tayshaun Prince melhoraram em relação ao ano passado. Ben Wallace e Chauncey Billups mantêm o mesmo nível, mas o banco não é mais o mesmo e Rasheed Wallace talvez seja o fator da queda.

Não chega a ser algo dramático, mas Sheed tem contribuído menos ofensivamente. Seu aproveitamento de arremessos caiu e a equipe sentiu o peso da mudança, ainda que tenha sido sutil.

Diante disso, bola para Larry Brown. O técnico tem cacife de sobra para estimular o craque bad-boy e azeitar o elenco em 2005. Como está no Leste, o time ainda goza de uma razoável quinta posição na tabela, com 17 vitórias e 14 derrotas. Mas lugar de campeão é lá em cima. E o tempo está indo embora.

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Por falar na marginalidade, Bill Laimbeer e Rick Mahorn estão juntos de novo, na WNBA. O primeiro já era treinador do Detroit Shock, desde 2002, e o segundo se une agora à franquia como assistente técnico. Coitadas das mocinhas que vão dividir com eles o banco de reservas.

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E o Seattle, hein? Aquela história de jogar bem fora de casa foi para o espaço. Alterado o quinteto titular com a contusão de Reggie Evans, os Sonics perderam duas seguidas e agora vão enfrentar um Miami Heat com sede de vingança.

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6.1.05



a noite dos primos pobres
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))) Wallace não deixou Szczerbiak se criar


No primeiro ataque do jogo, o ala Gerald Wallace pegou três rebotes ofensivos e abriu o placar com uma enterrada raivosa.

Na metade do terceiro período, Steve Francis e Grant Hill combinaram 22 pontos numa corrida que fechou o caixão do adversário.

Eram duas partidas diferentes, unidas apenas pela necessidade de superação. Os medalhões que nos desculpem, mas a noite de quarta-feira pertenceu aos primos pobres da NBA.

Em Charlotte, os Bobcats vinham de seis derrotas seguidas e tinham pela frente o Minnesota Timberwolves, que fez a melhor campanha do ano passado. O modesto Wallace não tomou conhecimento de Garnett & Cia. Com jogadas furiosas e garra de sobra, marcou 21 pontos, pegou 12 rebotes e deu à franquia estreante sua vitória mais significativa nesta breve existência.

No vestiário, os companheiros fizeram festa, mas o ala, ex-Sacramento Kings, preferiu manter o discurso humilde. "Não há superastros neste time. Precisamos nos manter consistentes durante os quatro períodos, e hoje fizemos um belo trabalho", avaliou, enquanto os outros atletas gritavam que ele teria de pagar o jantar para todo o grupo.

Contra um elenco povoado de estrelas, o Charlotte realmente não se intimidou. Anotou 22 dos últimos 26 pontos do jogo, fechou o placar em elogiáveis 102-84 e abriu crise nos Wolves, que perderam as quatro últimas. Enquanto Wallace se esquivava dos elogios, Garnett pegava pesado na autocrítica: "Todo mundo tem de se olhar no espelho, inclusive eu. Preciso produzir mais e perceber o que tenho feito de errado".

Devia dizer isso diretamente a Latrell Sprewell, que voltou a ser o come-e-dorme de antes, com as piores médias de pontos, rebotes, roubadas e assistências em 13 anos de carreira.

Em Orlando, a situação foi parecida, em escala diferente. Se o Magic não está tão mal quanto os Bobcats, os Sonics estão bem acima dos Wolves, o que valoriza a vitória de ontem. Após quatro tropeços feios, o Orlando decidiu lavar a alma justamente contra o Seattle, que briga no topo da tabela.

Herói da vez, Francis saiu de quadra com 35 pontos, 11 rebotes e seis assistências. Com a ajuda do escudeiro Grant Hill, comandou o rolo compressor, atropelando os rivais do Oeste e fechando o jogo relativamente fácil em 105-87.

Zebra no esporte é assim mesmo, nunca avisa quando vai aprontar.

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O Phoenix Suns derrotou o Minnesota, entrou no avião, se mandou para o Texas e atropelou o Houston. Com tiros cirúrgicos de três, nem precisou dos serviços completos de Amare Stoudemire. Time versátil é isso aí: vence até cansado e com o protagonista a meia-bomba.

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5.1.05



terça nobre, quarta idem
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))) McGrady e Sura têm novos
amigos para mostrar aos Suns



Em apenas cinco partidas, foi uma senhora terça-feira no imprevisível mundinho da NBA. Vejamos:

Jermaine O’Neal, que deveria estar na lista de suspensos mas escapou graças a uma manobra judicial, marcou 55 pontos contra o Milwaukee. Kevin Garnett, que continua um monstro, anotou 47 diante dos Suns. Amaré Stoudemire, que joga muito com ou sem o acento agudo no nome, foi expulso com duas faltas técnicas. Mesmo assim, o embalado Phoenix bateu o Minnesota com um placar que diz tudo: 122-115, sem prorrogação. Vince Carter, que ontem voltou a ser o velho Vince Carter, fez 31 pontos e o New Jersey, que ontem continuou sendo o novo New Jersey, perdeu feio para o Washington. Chris Webber, que tem fama de amarelão, cravou arremessos decisivos no Madison Square Garden para enterrar o New York, que teve o astro Stephon Marbury anulado pelo anônimo Maurice Evans nos minutos finais. Tim Duncan, que não passou dos 12 pontos, deixou o defensivo Bruce Bowen comandar o ataque e atropelar Kobe Bryant numa vitória fácil sobre o Los Angeles Lakers.

Está bom para uma noite de terça?

Então vamos à quarta, porque hoje é dia de bola laranja na TV. Mais que isso, é dia de ver Amaré (ou simplesmente Amare), Nash, Marion, Richardson, Johnson e, de quebra, a dupla Yao-McGrady.

Seria injusto reduzir o embate entre Suns e Rockets à simples presença de valores individuais. Trata-se de uma chance rara para conferir dois times que atravessam momentos especiais.

O Phoenix, vocês sabem, tem a melhor campanha da liga e pratica o basquete mais vistoso deste ano. O Houston, talvez vocês ainda não tenham percebido, decidiu ressurgir das cinzas, escorado num movimento discreto e arriscado da diretoria.

Quando mandou Jimmy Jackson e Tyronne Lue embora, a cartolagem esperava que os novos contratados, David Wesley e Jon Barry, dessem novo ânimo ao elenco. Só não esperava que os dois fossem os responsáveis pela mudança que tirou a franquia de uma situação incômoda e a devolveu á briga por uma vaga nos playoffs.

Desde a troca, os Rockets venceram três seguidas. Se a temporada regular terminasse hoje, estariam classificados para o mata-mata e enfrentariam os... Suns, vejam só. Ao contário do que parece, o que se viu no Texas não foi apenas uma troca de peças, mas também de filosofia. O técnico Jeff Van Gundy, que não é bobo, percebeu que o time iria para o buraco se continuasse como estava.

Com Barry, Wesley, McGrady e Bob Sura na manga, o treinador apostou numa formação ousada, com três armadores no time titular (Wesley e Sura se revezando). Deu a eles liberdade para correr a quadra à vontade, sem se preocupar em passar a bola para o gigante Yao Ming embaixo da cesta. O resultado foi uma formação mais solta, que elevou T-Mac ao nível dos velhos tempos. Nas três vitórias, as médias do craque ficaram em 34 pontos, 7.3 rebotes e 5.6 assistências.

Após bater Utah, Milwaukee e Cleveland, o Houston recebe logo mais um adversário de alto calibre, aliás o calibre mais alto da NBA hoje em dia. Contra o Phoenix, o novo esquema será posto à prova.

E a sorte, finalmente, estará do nosso lado: poderemos acompanhar, ao vivo na ESPN, cada segundo da batalha memorável.

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Foi só eu falar que o segredo do Seattle é a manutenção do quinteto titular desde a primeira partida e já veio a primeira baixa. O ala Reggie Evans deve ter comido aquela azeitona a mais nas ceias de fim de ano. Com problemas estomacais, perde os próximos dois jogos: hoje, em Orlando, e amanhã, em Washington. Uma pena.

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4.1.05



glória em silêncio
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))) Allen se acostumou a vencer na estrada


"Este é um dos melhores momentos que o esporte pode proporcionar ao atleta: a chance de silenciar uma torcida."

Com 35 pontos nas costas e moral de sobra, o craque Ray Allen soltou a provocação diante da American Airlines Arena absolutamente calada. Depois de 14 triunfos seguidos do time da casa, um forasteiro careca apareceu e estragou a festa.

Coube ao surpreendente Seattle Supersonics entrar nos domínios do Miami Heat e interromper a série vitoriosa de Shaquille O'Neal e Dwyane Wade.

Assim como o Phoenix Suns teve seu "jogo para perder" na semana passada, contra os Spurs, o Miami teve o seu ontem, diante de uma equipe que começa a mostrar algo além do fogo de palha. Calar torcidas tem sido uma constante: foi assim nos últimos seis compromissos longe do lar.

Confesso que, de início, não acreditava em tamanho sucesso. Aliás, continuo não levando muita fé em pretensões mais ousadas. Na reta final da temporada regular e no incêndio dos playoffs, a coisa muda de figura. Mas a disposição da trupe liderada por Allen e Rashard Lewis é inegável. Simpático que sou aos Sonics desde os tempos da dupla Payton-Kemp, festejo a boa fase. Só preciso de mais algum tempo antes de embarcar na euforia.

O fato é que, contra o Miami, o time teve a sorte de descalibrar a mão certeira de Eddie Jones justamente quando o Heat mais precisava dela. A menos de um segundo do fim, o armador tentou um chute de três e sofreu uma falta de Lewis. Teve a chance de bater três lances-livres e levar o jogo para a prorrogação.

Diante do ginásio lotado, errou logo o primeiro.

Para os torcedores, foi uma decepção. Resta agora esperar pela revanche, e não será preciso aguardar muito. No domingo, as equipes voltam a se enfrentar, desta vez na Key Arena.

Será o "jogo para perder" dos Sonics?

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Na NBA, são raras as soluções mágicas. No caso do Seattle, por exemplo, o sucesso pode se explicar pelo entrosamento. Em todas as 29 partidas da equipe, o técnico Nate McMillan usou o mesmíssimo quinteto titular: Jerome James, Reggie Evans, Rashard Lewis, Ray Allen e Luke Ridnour. Nada de contusões, nada de experiências. Química é isso aí.

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Como nem todo mundo tem tempo para entrar na caixa de comentários, reproduzo aqui o calendário enviado pelo leitor Guilherme com os jogos que serão transmitidos pela ESPN Internacional até o fim de março. Os horários são os americanos.

05/01 - 9pm - Phoenix x Houston
07/01 - 8pm - Philadelphia x Minnesota
12/01 - 9pm - Houston x Dallas
14/01 - 8pm - Dallas x San Antonio
19/01 - 10:30pm - Minnesota x LA Lakers
21/01 - 8pm - Indiana x Miami
28/01 - 7pm - Cleveland x New York
02/02 - 10pm - Denver x Portland
04/02 - 7pm - Dallas x Indiana
11/02 - 8pm - Denver x Cleveland
16/02 - 9pm - San Antonio x New Orleans
20/02 - All Star Game (em negociação)
25/02 - 8pm - Cleveland x Indiana
02/03 - 9pm - Charlotte x New Orleans
04/03 - 8pm - Sacramento x Miami
04/03 - 10:30pm - Dallas x LA Lakers
11/03 - A definir
16/03 - 9pm - Minnesota x San Antonio
18/03 - 7:30pm - LA Lakers x Indiana
23/03 - 8pm - Detroit x Philadelphia
25/03 - 8pm - Phoenix x Miami
30/03 - 10pm - Houston x Portland

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