31.3.03



TEMPO CONGELADO




A luta é dura, mas Duncan e Nowitzki
seguem passeando no topo do Oeste




Nas semanas seguintes ao All-Star Game, muita água rolou na NBA. Pelo menos era isso que se previa. No Oeste, Shaq e Kobe fizeram muita gente pensar que o Los Angeles teria mando de quadra na primeira rodada do playoff; o embalado Portland despertou como possível campeão da conferência; Kevin Garnett colocou o Minnesota entre os favoritos ao título; o Golden State encheu sua torcida de esperança rumo à classificação. No Leste, parecia certa a derrocada do Indiana; Allen Iverson e o Philadelphia ameaçaram alcançar a liderança; o New York deu a entender que conquistaria a oitava vaga.

Tudo fogo de palha. Até agora, nenhuma dessas profecias se realizou.

Os Lakers continuam estacionados na sétima posição; a contusão de Scottie Pippen freou o ímpeto dos Blazers; os Wolves perderam quase todas as batalhas contra times grandes; Warriors e Knicks tropeçaram contra adversários fracos; os Pacers se recuperaram e os Sixers não conseguiram passar do terceiro lugar.

Resumo da ópera: tudo continua como antes. Dallas, Sacramento e San Antonio seguem dominando o Oeste, enquanto Detroit e New Jersey fazem o mesmo no Leste. Cleveland e Denver não largam a lanterna. Phoenix, Houston, Washington e Milwaukee ainda brigam pelas últimas vagas. Ninguém perturba Yao Ming e Amare Stoudemire na eleição de calouro do ano. Ao contrário do que se pensava, o quadro permaneceu praticamente inalterado desde o All-Star, a não ser pelo ligeiro favoritismo conquistado por Garnett na corrida dos MVPs e pela inclusão de Jerry Sloan, do Utah Jazz, entre os candidatos a melhor técnico de 2003.

Enquanto a bola estiver quicando, cada equipe se agarra à sua esperança, mesmo que ela esteja suspensa por um fio poído. Restam apenas 17 dias para o fim da temporada regular. É pouco tempo para alterar um panorama congelado há meses, mas não custa torcer. Que venham as surpresas de última hora.

(Foto - Glenn James/NBAE)

30.3.03



A ORIGEM DO TALENTO




Chris Webber e Juwan Howard foram incluídos
na equipe virtual da Universidade de Michigan




Aproveitando que o basquete da NCAA entrou em sua fase decisiva, o site oficial da NBA resolveu criar um interessante exercício de ficção. O objetivo é descobrir qual universidade revelou os melhores atletas nos últimos anos, levando em conta apenas os que jogam atualmente entre os profissionais. A partir dos frutos de cada faculdade, foram montados times virtuais, que se enfrentam numa espécie de playoff onde a vitória é determinada pela votação do público.

A brincadeira, chamada de Big Men on Campus, é uma ótima oportunidade para conferir o retrospecto recente das divisões de base da liga. De fato, algumas universidades são verdadeiras fábricas de craques. Tal força nem sempre é percebida, já que seus produtos se espalham pela NBA e ninguém se preocupa muito em identificar suas origens. Com os elencos simulados, fica mais fácil analisar, mesmo que o arranjo das posições às vezes seja meio forçado. Abaixo, seguem as seleções que chegaram às quartas-de-final no torneio fictício. Faça seu próprio julgamento.



NORTH CAROLINA
Rasheed Wallace (pivô)
Antawn Jamison (ala)
Michael Jordan (ala)
Vince Carter (armador)
Jerry Stackhouse (armador)

Banco: Rick Fox, George Lynch, Jeff McInnis.

KENTUCKY
Jamaal Magloire
Antoine Walker
Jamal Mashburn
Derek Anderson
Tony Delk

Banco: Ron Mercer, Walter McCarty, Scott Padget.

MICHIGAN
Chris Webber
Juwan Howard
Glen Rice
Jalen Rose
Jamal Crawford

Banco: Maurice Taylor, Robert Traylor, Maceo Baston.

DUKE
Elton Brand
Christian Laettner
Shane Battier
Corey Maggette
Jay Williams

Banco: Danny Ferry, Carlos Boozer, Grant Hill (contundido).

ARIZONA
Sean Rooks
Richard Jefferson
Jason Terry
Gilbert Arenas
Mike Bibby

Banco: Damon Stoudamire, Steve Kerr, Chris Mills.

CONNECTICUT
Cliff Robinson
Donyell Marshall
Caron Butler
Richard Hamilton
Ray Allen

Banco: Kevin Ollie, Travis Knigh, Jake Voskhul.

MICHIGAN STATE
Kevin Willis
Zach Randolph
Morris Peterson
Jason Richardson
Eric Snow

Banco: Jamie Feick, Matten Cleaves (contundidos), Steve Smith.

KANSAS
Greg Ostertag
Raef LaFrentz
Drew Gooden
Paul Pierce
Jack Vaughn

Banco: Danny Manning, Scot Pollard.



Para as semifinais, os fãs já classificaram North Carolina (que sobra na turma), Kentucky e Michigan. A quarta vaga está sendo disputada por Duke e Connecticut. A votação continua aberta e, por enquanto, vai ganhando a turma de Allen e Hamilton. Se você prefere Brand e Laettner, ainda há tempo para votar. De passagem por lá, aproveite e confira as outras escalações. Vale a pena.

(Foto - Rocky Widner/NBAE)

29.3.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




De uniforme novo, Hardaway fez 14
pontos e derrotou o Chicago ontem




VELHINHO EM FORMA - Tim Hardaway está de volta. Com 14 pontos, 7 assistências, 4 rebotes e 3 roubadas, o veterano armador ajudou o Indiana Pacers no triunfo histórico sobre o Chicago Bulls, por 140-89. Podem fazer as contas, foram 51 pontos de diferença. A rodada de ontem teve outros episódios curiosos, como as improváveis vitórias de Golden State Warriors (em Philadelphia) e Phoenix Suns (em Detroit); os incríveis 55 pontos de Kobe Bryant contra o Washington Wizards de Michael Jordan; e a melhor performance da carreira de Caron Butler, que marcou 35 em Miami e bateu o forte Minnesota Timberwolves.

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SPREE FASHION - Faltavam dois minutos para o fim da partida entre New York Knicks e Toronto Raptors, na segunda-feira, em pleno Madison Square Garden. Na linha lateral, Latrell Sprewell se preparava para repor a bola em jogo. Eis que, dos assentos ao lado da quadra, ergue-se o famoso estilista Calvin Klein. Aparentemente tenso, ele segurou Spree pelo braço e falou algumas palavras em seu ouvido, antes de ser contido pela segurança do ginásio. Até agora, ninguém sabe ao certo o que foi dito. O jogador fez um comentário rápido sobre o incidente: “Estou aberto para qualquer linha de roupas. Se o sr. Klein quer falar sobre negócios, podemos falar.”

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TUDO EM CASA - Em Memphis, as coisas funcionam em família. O time da Lausanne High School, que na útlima semana disputou (e perdeu) o título da Divisão 2 do basquete colegial na cidade, cumpriu uma surpreendente campanha graças a uma dupla de atletas promissores: Marc Gasol e Jonny West. O primeiro é irmão mais novo do astro espanhol Pau Gasol, e o segundo é filho do cartola-mor dos Grizzlies, Jerry West.

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MUNDO DAS PRANCHETAS - Anda agitado o universo dos técnicos na NBA. ::::: Um câncer de bexiga obrigou Rudy Tomjanovic a abandonar o banco do Houston na reta final do campeonato. ::::: A má fase do Seattle fez Nate McMillan cogitar o abandono da carreira: “Questiono se estou na profissão certa.” ::::: Flip Saunders vive momento oposto: o sistema de marcação por zona do Minnesota se mostra cada vez mais eficiente. ::::: Jerry Sloan também tem motivos para sorrir. O bom trabalho à frente do Utah o colocou entre os candidatos para a eleição de melhor treinador do ano. ::::: Paul Silas, do New Orleans, está cotado para substituir o lendário Lenny Wilkens, que certamente será demitido pelo Toronto ao fim do campeonato. ::::: Enquanto isso, Jeff Van Gundy, ex-Knicks, continua sendo sondado por várias equipes.

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MOLECADA - LeBron James não será o único colegial do próximo draft. O risco da limitação de idade na edição de 2004 deve atrair uma caravana de garotos para a seleção de 2003. Travis Outlaw, uma espécie de Darius Miles que deu certo, é o nome mais cotado para pular a universidade e ingressar direto na NBA. Atrás dele, podem vir Charlie Villanueva (destaque no McDonald’s All-American Game), Kris Humphries, Kendrick Perkins, James Lang, Jackie Butler e Brandon Bass.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Joseph Forte e Jerome James saíram no tapa dentro do vestiário da Key Arena, em Seattle, na última quarta-feira. Testemunhas revelam que, após a derrota para o Washington, Forte entrou no chuveiro cantando alegremente, o que irritou os colegas de time.

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Michael Finley, que já foi chamado de Iron Man por raramente se contundir, acabou derrotado por uma lesão no pé esquerdo. Não joga pelo Dallas há cinco rodadas.

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“Minha intenção é disputar a próxima temporada. A única coisa que pode me parar é meu próprio corpo”, garantiu o otimista Alonzo Mourning, que se recupera de problemas nos rins.

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Dikembe Mutombo volta ao New Jersey hoje à noite, contra o Golden State. Os Nets torcem para que isso seja uma boa notícia.

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(Foto - Ron Hoskins/NBAE)

28.3.03



TEMPOS DE MARÉ BAIXA




A má fase do Boston dá razões de sobra para
Paul Pierce se preocupar com a classificação




No último domingo, os jogadores e a comissão técnica do Boston Celtics viajavam de Denver (onde haviam perdido no sábado) para Salt Lake City (onde perderiam novamente na segunda). Logo após a decolagem, uma das portas do avião se abriu por falha mecânica. O imprevisto, que poderia ter causado uma tragédia, acabou não passando de um susto. O piloto conseguiu fazer a volta e pousar a aeronave com segurança para que os reparos fossem efetuados.

Felizmente nada de grave aconteceu, mas o episódio ilustra bem a atual fase adversa dos Celtics. A equipe fracassou nas últimas seis partidas e caiu para a sétima posição do Leste. Escorregar para fora dos playoffs deixou de ser uma hipótese remota. Ainda há uma distância razoável para o Washington Wizards, que ocupa o oitavo lugar, mas a turma de Michael Jordan parece ter engrenado na reta final. Convém abrir o olho.

A queda de produção se justifica pelo cansaço de Paul Pierce e Antoine Walker. A dupla carrega o time nas costas desde a primeira rodada, e os descansos no banco de reservas são cada vez mais raros. Era óbvio que um dia o corpo começaria a reclamar. Para completar a rotina de más notícias, os dois Tonys desfalcaram o elenco: Battie amarga uma contusão no joelho direito e Delk sofre duplamente, com uma lesão no tornozelo esquerdo e um caso de morte na família. Vin Baker também vive um drama pessoal, suspenso por problemas com álcool.

Nesse clima de velório, o Boston faz o possível para se segurar na zona de classificação. Por sorte, o calendário prevê tempos de calmaria. A começar pelo jogo de hoje, em casa, contra o lanterna Cleveland Cavaliers. No sábado, o compromisso é na estrada, mas o adversário é o mesmo. Em seguida, na quarta-feira, o time volta para o Fleet Center e enfrenta o Miami Heat. Não poderia haver seqüência mais adequada para quem busca uma recuperação.

Conquistando essas três vitórias, tudo fica mais tranqüilo em relação à próxima fase. Até porque cinco das últimas oito partidas serão disputadas em casa. Com a vaga assegurada, a missão passa a ser outra: caprichar numa preparação física que garanta o fôlego de Pierce e Walker para a hora da verdade.

(Foto – NBAE)

27.3.03



INVEJÁVEL CARTÃO DE VISITAS




LeBron provou que os elogios
não eram exagero da crítica




Por algum motivo que supera meu entendimento, sempre mantenho um pé atrás diante de qualquer unanimidade. Nelson Rodrigues já explicou tal raciocínio, alegando que o consenso geral é invariavelmente burro. Foi com essa idéia fixa que eu me acomodei no sofá ontem à noite para ver LeBron James em ação. Tranquei na gaveta todos os elogios que a imprensa derramou nos últimos meses e deixei martelar, na minha cabeça, uma voz implicante: “Isso é oba-oba de americano, o moleque não deve ser lá essas coisas”.

Apenas dois minutos foram suficientes para que eu me rendesse.

Com 40 segundos de jogo, LeBron estava dentro do garrafão, sem a bola. Num piscar de olhos, deu um drible de corpo que deixou o marcador atônito, saltou no terceiro andar e completou com estilo uma belíssima ponte aérea. Logo depois, mostrou a mesma habilidade do outro lado da ponte. Quase na lateral da quadra, sem olhar, executou um passe cirúrgico que terminou na enterrada de um companheiro.

Bandeira branca, por favor. O garoto é bom demais.

Num esforço inútil, tentei me convencer de que tudo é mais fácil num episódio festivo. Afinal, ninguém vai se preocupar com marcação no All-Star Game do basquete colegial. Tudo isso é verdade. Ainda assim, LeBron aprontou o suficiente para justificar a badalação da crítica. Vale lembrar que, mesmo em noite de festa, os adversários eram de alto nível. Estava reunida na Gund Arena a nata do segundo grau, gente que paira bem acima da média dos adolescentes que foram atropelados durante a temporada.

Após o impacto inicial, a partida seguiu seu rumo aternando bons e maus momentos. Faltando cinco minutos para o fim, o fenômeno voltou a mostrar serviço numa seqüência de três lances incríveis: uma enterrada de costas digna de Vince Carter; um toco na defesa que terminou em bandeja no contra-ataque; e um lindo vôo para completar uma ponte aérea. Tudo isso em pouco mais de 30 segundos. A torcida, acostumada a ver naquele palco os fracassos do Cleveland Cavaliers, entrou em êxtase.

Em 1981, quando Michael Jordan anotou 31 pontos neste mesmo evento, os organizadores decidiram aposentar a camisa 23. LeBron, que veste esse número em homenagem a Jordan, foi obrigado a procurar uma segunda opção. Escolheu o 32, que um dia pertenceu a Magic Johnson. E o ex-craque dos Lakers foi devidamente honrado.

O repertório de passes espetaculares fez lembrar os tempos de showtime em Los Angeles. Longe de ser egoísta, o garoto serviu de escada para o resto do time em vários momentos. Além de seus 27 pontos, 7 rebotes e 7 assistências, ele chamou para o jogo colegas como Charlie Villanueva, James Lang e Chris Paul. A excelente atuação, claro, foi premiada com o troféu de MVP. Só deve ter decepcionado os ingênuos que esperavam algo como 50 pontos e 10 tocos.

LeBron tem talento de sobra para pular a faculdade e encarar de vez os profissionais. Resta saber quanto tempo vai levar até se adaptar totalmente à NBA. A turma que sai do segundo grau quase sempre gasta um ou dois anos antes de explodir. Foi assim com Kobe Bryant, Tracy McGrady e Jermaine O’Neal. Mas já que entramos no terreno das hipóteses, não custa apostar numa carreira de estrondoso sucesso. Nelson Rodrigues que me desculpe, mas esta unanimidade acaba de ganhar mais um adepto.

(Foto – ESPN.com)

26.3.03



UM SENHOR JOGADOR




Aos 41 anos, Stockton ainda
deixa muita gente na poeira




Em toda a NBA, só há um jogador com moral suficiente para chamar Michael Jordan de “garoto”. John Stockton completa hoje 41 anos, assumindo o título de vovô da liga e conciliando a experiência de um veterano, a vitalidade de um jovem e a disposição de um calouro. O discreto aniversariante já mandou avisar que não quer saber de comemoração. Mas vai ser difícil escapar de uma festa-surpresa para milhares de convidados. Logo mais, o Utah Jazz recebe o Portland Trail Blazers diante de uma torcida ansiosa para cantar parabéns.

Afinal, pode ser a última chance de homenagear um dos maiores atletas que já passaram por Salt Lake City. Assim como o companheiro Karl Malone, Stockton só vai tomar sua decisão sobre a aposentadoria após o fim da temporada. Ou seja, provavelmente não haverá cerimônia de despedida. Convém aproveitar a data de hoje para promover um belo tributo.

Apesar da idade avançada e dos fios brancos que surgem entre os cabelos pretos, não há sinais de cansaço. O líder de assistências na história da NBA ainda mantém uma média invejável (7.6 por partida, a quinta melhor da liga). Também seguem afiadas a visão de jogo e a coragem de chamar a responsabilidade nos momentos decisivos. Até o visual continua o mesmo: cara de bom moço, estilo comportado e shorts mais curtos (resquício do figurino que imperava nos anos 80).

É uma pena que Scottie Pippen esteja contundido e não atue nesta noite. Agora que ele assumiu a posição 1 no Portland, poderia travar um curioso duelo com Stockton. Em seu lugar, estará o encrenqueiro e prepotente Damon Stoudamire. Melhor para o anfitrião, que ficará mais à vontade para executar seus passes perfeitos.

A nós, resta a chance de ver o craque do Jazz em ação mais algumas vezes, durante os playoffs. Mesmo assim, é impossível não lamentar que sua carreira esteja dobrando a última esquina. Maldito tempo, que não pára de correr.

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NA TELINHA - Neste dia festivo, ficaremos de olho num menino que não tem sequer metade dos 41 anos de Stockton. Hoje a TV nos mostra LeBron James ao vivo. Às 21h, com transmissão da ESPN, o fenômeno do basquete colegial americano se exibe no McDonald’s All American High School Basketball Boys Game. Torcemos para que a habilidade do rapaz seja tão grande quanto o nome do evento.

(Foto - Gary Dineen/NBAE)

25.3.03



O NOVO VIGOR DO VELHO CONTINENTE




O basquete europeu prova sua força na NBA,
representado por jogadores como Stojakovic




Definitivamente, a NBA voltou sua atenção para o outro lado do oceano Atlântico. Exemplos não faltam. Desde já, o iugoslavo Darko Milicic agita os bastidores do próximo draft. O Dallas Mavericks, em pleno andamento da temporada, alardeou aos quatro ventos a contratação do francês Antoine Rigaudeau (que acabou se revelando um vexame, é verdade). O também francês Tony Parker virou ídolo em San Antonio e o mesmo aconteceu em Memphis com o espanhol Pau Gasol. Tanta movimentação demonstra que a Europa, mais do que nunca, está inserida no circuito do basquete americano.

Todos os citados ainda podem brilhar intensamente na liga. Alguns têm mais chances (como Parker), outros têm menos (como Rigaudeau). Apenas dois europeus, no entanto, repousam tranqüilos na primeira classe da NBA: Dirk Nowitzki e Peja Stojakovic. Essa dupla não precisa provar mais nada. Ambos estão longe da genialidade mas, a cada noite, revelam-se fontes inesgotáveis de eficiência.

Sobre o alemão do Dallas, muito já foi dito. Sabemos que ele não é um Kevin Garnett ou um Tim Duncan, mas salta aos olhos sua capacidade de comandar a melhor equipe do campeonato (pelo menos é isso que diz a numeralha traiçoeira). Nowitzki nunca esteve tão bem em pontos, rebotes, assistências, aproveitamento de arremessos e precisão nos lances livres. Pode até ser que o playoff transforme o ala agressivo num gigante medroso, mas até lá convém manter o respeito.

Elevar Stojakovic ao mesmo nível de Nowitzki (ou quase isso) significa superar uma certa implicância que sempre tive em relação ao jogador. Desde sua estréia, em 1998, ele não havia me convencido. Mas 2003 me fez ceder, e não só pela presença no All-Star Game (injusta, talvez) ou pelo prêmio de melhor atleta desta semana. Hoje, o iugoslavo é um modelo de consistência no Sacramento Kings, capaz de decidir partidas e se destacar mesmo rodeado de astros como Chris Webber e Mike Bibby.

Enquanto Dirk e Peja estiverem em forma, a Europa tem seu lugar garantido na NBA. O que vier pela frente, com Parker, Gasol ou Milicic, conta como lucro.

(Foto - Rocky Widner/NBAE)

24.3.03



PRIMEIRO REENCONTRO




Giricek e Miller se enfrentam hoje à noite e
matam as saudades de seus antigos times




Há pouco mais de um mês, Mike Miller saiu de Orlando rumo a Memphis, enquanto Drew Gooden e Gordan Giricek tomaram o caminho inverso. O tempo passou e uma coisa ficou clara: a troca rendeu frutos para ambos os lados. Desde então, os Grizzlies venceram nove partidas e perderam oito (bom negócio para quem estava acostumado ao rodapé da tabela). Em casa, só tombaram uma vez, diante do Boston Celtics. Com o Magic, a situação é ainda mais animadora: onze vitórias, quatro derrotas e ótimas chances de classificação para os playoffs.

Pelos números, respeitando o nível de cada equipe, é difícil apontar quem levou mais vantagem. Para ajudar na decisão, nada melhor que um confronto direto. É o que acontece hoje à noite, quando Miller volta à Flórida para enfrentar o amigo Tracy McGrady.

A tendência é apostar cegamente num triunfo do time da casa. Mas as circunstâncias são especiais. Miller vai querer mostrar serviço aos ex-patrões. Após a negociação, suas médias de pontos e rebotes caíram levemente, mas o aproveitamento de arremessos melhorou, e seu espírito de liderança tem sido fundamental para dar ao Memphis uma reta final digna.

A torcida do Orlando, entretanto, não tem motivos para chorar de saudade. Gooden (que está contundido e não deve atuar hoje) reforçou o garrafão e viu seus números saltarem de forma expressiva nos pontos (aumento de 12 para 15), nos rebotes (5.8 para 9.6) e nos arremessos (44% para 50%). Giricek passou de 11 para 16 pontos por jogo e elevou todas as outras estatísticas (à exceção dos tocos, que na verdade não lhe importam muito).

McGrady, que ontem marcou 37 (sendo 21 no primeiro quarto) contra o Miami Heat, vai se habituando aos novos companheiros e dividindo com eles a responsabilidade das partidas. Assim caminha o Magic, de olho numa boa campanha na próxima fase. Os Grizzlies, por sua vez, já estão com a cabeça no ano que vem. Um bom calouro e alguma habilidade nos bastidores devem fazer a equipe crescer em torno de Miller.

Para hoje, fica a curiosa disputa individual. Cada um vai querer provar ao ex-time que a troca foi ruim, quando na verdade ela acabou sendo boa para todo mundo.

(Fotos - NBAE)

23.3.03



MENINO CALEJADO




Na quadra e fora dela, LeBron
já viveu experiências intensas




Salvo algum imprevisto, LeBron James inicia no segundo semestre uma carreira promissora na NBA, seja em Cleveland, Toronto, Denver, Miami ou qualquer outra cidade sortuda. Para o embate com os profissionais, o garoto de 18 anos leva na bagagem uma improvável dose de experiência, fruto dos episódios em que se envolveu desde o começo de 2003. Dentro e fora da quadra, LeBron já enfrentou problemas dignos de gente grande. Nesta semana, ele encerrou seu ciclo colegial conquistando o título para o Fighting Irish, time da escola Saint Vincent-Saint Mary. Vale conferir a breve linha do tempo do menino-prodígio.




12 DE JANEIRO

Por causa deste carro, surgiu a primeira dor de cabeça do ano. LeBron foi convocado a explicar como conseguiu adquirir a supermáquina, um Hummer H2 avaliado em US$ 50 mil. Suspeitava-se que o veículo era um presente de um empresário interessado em agenciar o atleta.



27 DE JANEIRO
O inquérito foi concluído quando ficou provado que a mãe de LeBron, Gloria James, deu o brinquedinho de presente ao filho, após conseguir um empréstimo bancário. No mesmo dia em que foi liberado pela Justiça, o jogador se envolveu num acidente, batendo na traseira de um carro guiado por uma senhora de 88 anos.



31 DE JANEIRO
Quatro dias depois, tudo bem com o carro, mas não com as roupas. LeBron foi presenteado por uma loja de esportes com dois jogos de uniformes no valor de US$ 845. Ao aceitar o mimo, ele teria violado sua condição de atleta amador, segundo as regras do basquete colegial de Ohio. Acabou suspenso, o que gerou uma série de protestos dos fãs.



8 DE FEVEREIRO

No primeiro jogo após a revogação da pena, LeBron anotou 52 pontos contra o Westchester de Los Angeles, registrando a melhor marca de sua carreira. Converteu 24 de 31 arremessos tentados, incluindo seis da linha de três pontos. “Senti que esta era a minha noite”, disse.



11 DE FEVEREIRO
Até a arbitragem se rende à idolatria. O juiz Tony Celantano sofreu investigação por ter posado para uma foto com LeBron em plena quadra, após uma partida.



24 DE FEVEREIRO

Como acontece com os grandes astros do basquete, LeBron teve sua camisa 23 aposentada pela Saint Vincent-Saint Mary. Diante de quase 4 mil pessoas na Rhodes Arena, ele manteve a humildade no discurso: “Meus companheiros de time também fazem parte disso, foram eles que me ajudaram a chegar até aqui.”



18 DE MARÇO
O uniforme do jogador foi doado para o museu do Hall da Fama da NBA. A justificativa é preservar a memória do “maior nome do basquete colegial americano, talvez em todos os tempos”, segundo o diretor do museu, Howie Davis.



22 DE MARÇO

Encerramento da temporada com chave de ouro: LeBron marca 25 pontos e pega 11 rebotes na grande final contra o Kettering Alter, dando à sua escola o terceiro título nos últimos quatro anos.



26 DE MARÇO
O próximo passo do fenômeno será transmitido ao vivo para o Brasil pela ESPN Internacional. Na quarta-feira, ele estará em quadra no McDonald’s All American, que reúne as estrelas do high-school. Absolutamente imperdível.


22.3.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




A mira afiada de Yao funcionou ontem



GATILHO - Faltavam 43 segundos para o fim do jogo. O Houston Rockets precisava de uma cesta para fechar a tampa e abortar qualquer tentativa de reação do Golden State Warriors. Numa hora dessas, nada mais imprudente que passar a bola para Yao Ming na linha de três pontos. Com seus 2.26m, o pivô chinês olhou para o aro distante, arremessou e... converteu. A vitória na casa do adversário deixou o Houston mais perto dos playoffs. Yao, que só tinha tentado (e errado) um chute de três na temporada, agora pode se orgulhar dos 50% de aproveitamento na estatística.

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REFORÇO - Na próxima semana, Dikembe Mutombo volta ao New Jersey Nets. A lesão no pulso é coisa do passado. Cabe agora ao técnico Byron Scott reintegrá-lo ao grupo sem que isso represente uma mudança drástica para os vice-líderes do Leste. Jason Collins e Aaron Williams quebram o galho, mas não conseguem fechar os buracos no garrafão dos Nets. Com o retorno de Mutombo, a equipe reforça sua condição de candidata ao título da conferência.

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FUTURO - Gary Payton está seriamente inclinado a renovar seu contrato com o Milwaukee Bucks. Mas a decisão não será tomada logo após o fim do campeonato. O armador pretende viajar com a família e descansar a cabeça. Na volta, vai conversar sobre o futuro com o técnico George Karl. Do jeito que a coisa anda, com a classificação escorrendo pelos dedos, as férias podem ser antecipadas. Payton declarou que se sente capaz de render bem por mais quatro ou cinco anos. Se realmente ficar em Milwaukee, tornará quase inevitável a saída de Sam Cassell.

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FUNDO DO POÇO - A “Operação Lebron” continua firme em Cleveland. O calouro Dajuan Wagner se submeteu a uma cirurgia no joelho direito e ficará alguns meses de molho. O desfalque deve tornar ainda mais sombria a reta final dos Cavaliers, que hoje repousam folgados na lanterna da competição, de olho num lugar privilegiado no próximo draft.

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PLANTÃO MÉDICO - Quem também entrou na faca foi Scottie Pippen. Uma artroscopia no joelho esquerdo deve deixá-lo fora das quadras por três semanas. Com isso, ele perde a chance de travar o último duelo contra o amigo Michael Jordan, na partida de terça-feira entre Portland e Washington. Bem adaptado à posição 1, Pippen vai fazer falta na arrancada para os playoffs. Grant Hill, por sua vez, recebeu uma boa notícia. Os médicos acreditam que a quarta operação no tornozelo esquerdo pode enfim solucionar o problema, reduzindo a possibilidade de abandono da carreira.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Em pesquisa da ESPN.com, Kevin Garnett tem 40% da preferência popular na corrida para ser o MVP. Em seguida vêm Kobe Bryant (26%), Tracy McGrady (13.5%) e Tim Duncan (11%).

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O sucesso de Yao Ming rende frutos no Oriente. Os americanos já estão de olho no sul-coreano Ha Seung-Jin, 18 anos, que cursa o segundo grau numa escola de Seul.

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Shaquille O’Neal criticou a convocação de Mike Bibby para a seleção que vai disputar a Olimpíada de Atenas. Se não quer ajudar jogando, podia pelo menos não atrapalhar falando.

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Bibby, por sinal, devolveu na mesma moeda: “Shaq quer chamar um pouco mais de atenção para ele, já que Kobe tem recebido todos os méritos do time. Não posso culpá-lo por isso.”

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(Foto - NBAE)

21.3.03



SINAL VERDE PARA A TERCEIRA IDADE




Hardaway pode formar com Miller a dupla
de armadores do Indiana na próxima fase




No dia 16 de fevereiro, o Indiana Pacers visitou o Atlanta Hawks e esqueceu as regras de cortesia. De forma grosseira, cometeu cinco faltas técnicas e acabou derrotado por 99-86. A partir daquela noite, instalou-se a crise. A equipe, que então liderava o Leste, perdeu 12 de 15 jogos e hoje ocupa a modesta quarta posição da conferência.

No elenco, pouca gente escapou das nuvens negras. Brad Miller se contundiu; Ron Artest foi suspenso três vezes; Jermaine O’Neal teve o padrasto hospitalizado; Jamaal Tinsley se ausentou para cuidar da mãe doente. Entre os titulares, somente Reggie Miller se manteve firme em quadra durante todo esse tempo. Aliás, não tão firme assim. Com 13 pontos por partida, ele atravessa uma temporada decepcionante, provando que um velhinho cansado é pouco para compensar os problemas da garotada.

E se forem dois velhinhos, será que o quadro melhora?

A diretoria dos Pacers parece defender essa tese. A julgar pelas declarações da cartolagem, a contratação do veterano armador Tim Hardaway é questão de dias. Aos 36 anos, ele voltaria à ativa com a missão de incendiar um grupo desmotivado e evitar o naufrágio nos playoffs.

O atleta, que já defendeu Warriors, Heat, Nuggets e Mavs, foi chamado esta semana para uma entrevista e uma sessão de treinos no ginásio do Indiana. Quem testemunhou a performance ficou espantado. O primeiro a mostrar empolgação foi o técnico Isiah Thomas. “Se um cara como Hardaway mostra interesse em atuar pelo seu time, não custa nada dar uma olhada nele. Não estamos insatisfeitos com o material humano que temos, mas trata-se de um dos grandes nomes da NBA”, elogiou.

A diplomacia do treinador é compreensível, mas a busca de um reforço para a armação tem a ver com o momento infeliz de Tinsley, que vem produzindo abaixo do esperado. Por esse motivo, o segundo velhinho seria muito bem vindo. Conrad Brunner, experiente comentarista do site oficial dos Pacers, deu o aval, alegando que equipe precisa de gente capaz de arremessar a bola decisiva sem tremer. Teoricamente, Hardaway e Miller esbanjam esse dom. Se a dupla estará em forma na próxima fase, já é outro papo.

De qualquer forma, a aposta é válida. O sucesso da empreitada vai depender menos da técnica e mais do físico. Mas se Jordan, Pippen, Stockton e Malone ainda estão aprontando, ninguém pode ser barrado por critério de idade. Que venha o bom e velho Tim.

(Fotos - NBAE)

20.3.03



POR UM LUGAR AO SOL




Em Detroit, Billups finalmente
se tornou um grande armador




Na NBA, a elite da posição 1 pertence a um clube fechado. Circula por ali gente como Jason Kidd, Gary Payton, John Stockton, Steve Nash, Stephon Marbury, Steve Francis e Mike Bibby. A cada ano que passa, novos candidatos tentam se juntar ao grupo. Um Baron Davis aqui, um Andre Miller ali, um Tony Parker acolá. Não é fácil conseguir a vaga. Mas tem sempre alguém tentando.

O insistente da vez chama-se Chauncey Billups.

Após seis anos de luta e passagens por seis cidades diferentes, só agora ele tomou coragem para bater na porta. Por enquanto, ninguém abriu, claro. Mas o barulho já começa a incomodar. O armador parece ter encontrado o caminho certo envergando a camisa 1 do Detroit Pistons. Com impressionante eficiência, vem distribuindo o jogo e partindo para o ataque num time que só pensa em defesa.

Corta para 1997, noite do draft.

Com a terceira escolha na mão, o Boston Celtics pescou Billups e deixou passar, entre outros, Tracy McGrady, Bobby Jackson, Tim Thomas e Derek Anderson. O primeiro erro, óbvio, foi a falta de visão. Mas isso acontece nas melhores famílias. A próxima falha foi não ter tido um pingo de paciência com o calouro, mandando-o embora no ano seguinte (culpa do então treinador Rick Pitino).

Começou ali a peregrinação de Billups por Toronto, Denver, Minnesota e Orlando. Durante mais de meia década, ele não conseguiu engrenar em nenhuma dessas praças. O calvário terminou quando o Detroit, desesperado por alguém que organizasse a casa, resolveu apostar no escuro. Deu certo para ambas as partes.

Hoje, os Pistons lideram o Leste e seu armador principal está no auge da carreira. Para a equipe, foi a peça que faltava na engrenagem bem azeitada por Rick Carlisle. Para o atleta, foi o estímulo necessário na subida de produção. “Eu sabia que ele era bom, mas vi que é ainda melhor do que eu pensava”, elogia o técnico.

Com a armação entregue a Billups e ao cestinha Rip Hamilton, Ben Wallace fica mais à vontade para brigar por seus rebotes. E assim vão eles, rumo a um playoff que promete ferver.

Logo mais, o time enfrenta uma verdadeira prova de fogo. Os portões do Palace de Auburn Hills se abrem para o invocado Philadelphia 76ers, concorrente direto na disputa pelo topo da conferência. Para o teimoso Billups, pode ser mais um discreto passo em direção ao clube onde os colegas Kidd, Payton e Stockton já descansam tranqüilos.

(Foto - Layne Murdoch/NBAE)

19.3.03



CORRENDO POR FORA




Houston lidera o New York na
luta para alcançar os Wizards




É melhor que Michael Jordan e Gary Payton evitem olhar pelo retrovisor agora. Por incrível que pareça, a imagem de Allan Houston cresce assustadoramente. Enquanto Washington Wizards e Milwaukee Bucks continuam se arrastando em campanhas irregulares, o New York Knicks deixou a timidez de lado e resolveu preencher a ficha de inscrição na disputa pela oitava vaga do Leste. Ontem à noite, a equipe arrancou uma vitória heróica em San Antonio, após estar perdendo por 13 pontos no intervalo. Pode haver credencial melhor?

O resultado deixou o New York a dois jogos do Washington, atual proprietário da última vaga no playoff. No meio do caminho está o Milwaukee, que ainda não conseguiu tirar proveito da química entre Payton e Sam Cassell desde a negociação que mandou Ray Allen para Seattle.

Com a tabela na mão, fica mais fácil apostar numa arrancada dos Knicks. Das 15 partidas restantes, pelo menos 7 são contra adversários fracos, como Denver, Chicago, Toronto, Atlanta, Cleveland e L.A. Clippers. De pedreira mesmo, só os compromissos na estrada com New Orleans (hoje), New Jersey e Utah, além de batalhas contra Detroit e Philadelphia no Madison Square Garden. Basta fazer o dever de casa e deixar o resto com os enrolados Wizards e Bucks, que têm um calendário mais difícil pela frente.

O discreto Allan Houston responde por boa parte deste sucesso. Aos 32 anos, ele atravessa a melhor fase de sua carreira. Nunca esteve tão bem ofensivamente, com média de 22.6 pontos por noite (ótimo número para quem divide o ataque com Latrell Sprewell). De quebra, continua sendo o líder da NBA no aproveitamento de lances-livres, com 92% de acerto.

Ontem, Houston marcou 16 de seus 36 pontos no último período, comandando a reação contra os Spurs. Domingo, diante do rival Milwaukee, anotou 50. Não foi a primeira vez este ano que ele quebrou a barreira das cinco dezenas. No dia 16 de fevereiro, em pleno Staples Center, chegou a 53 na vitória sobre o Los Angeles Lakers.

Além do esforço pessoal, o armador conta com uma ajuda razoável. O pivô Kurt Thomas também vive seu melhor momento, lutando sozinho num garrafão que andava carente de talento. Spree continua eficaz, mas se conseguir elevar um pouquinho o nível de seu basquete, pode fazer a diferença, chegar ao playoff e criar problemas para o pessoal do Leste. Sabe aquela história de peso da camisa? Pois é.

(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)

18.3.03



O EGOÍSTA, PARTE 2




Segue a polêmica: Ricky Davis deve
ou não ser multado pela sua equipe?




Sei que pode parecer falta de assunto, mas peço licença aos amigos para me estender mais um pouco no caso Ricky Davis. A atitude egoísta do atleta no jogo contra o Utah Jazz ganhou desdobramentos que não caberiam na caixa de comentários da crônica de ontem. A imprensa americana entrou no circuito, o que me obriga a retornar ao tema e, conseqüentemente, ilustrar o texto com mais uma foto do rapaz (é a terceira este mês). Paciência.

Em determinado momento, cheguei a questionar a validade da minha revolta. Será que Davis foi tão antiético assim? Será que é tão condenável arremessar contra a própria cesta só para conseguir o rebote que renderia o triple-double? Confesso que fiquei aliviado ao ler a coluna do respeitado David Aldridge, no site da ESPN. Além de condenar o ato, ele pede punição para o jogador, seja por iniciativa da NBA ou da diretoria do Cleveland Cavaliers.

Aldrige recorda um caso semelhante em 1996, quando o Orlando vencia o Detroit por 113-91 e o armador Anthony Bowie precisava de uma assistência para o triple-double. Faltando menos de dois segundos, o Magic resolveu apelar e pediu tempo. Doug Collins, então técnico dos Pistons, ordenou que seu time não marcasse a jogada. Bowie recebeu a bola sozinho e deu um tapa nela para o companheiro concluir em cesta. Missão cumprida, ética na lixeira. O pior é que, na ocasião, o multado por conduta antidesportiva foi Collins.

No caso de Davis, o técnico Keith Smart já adiantou que não haverá multa, alegando que o constrangimento é a pior punição. “Ele terá de conviver com isso para sempre. Aonde quer que vá, as pessoas se lembrarão do episódio.” Envergonhado com o ocorrido, Smart caminhou até o colega Jerry Sloan e pediu desculpas ao fim da partida.

O que torna a situação ainda mais ridícula é o desconhecimento da regra. Procede a questão levantada por Gustavo Nery nos comentários de ontem. O jogador não pode arremessar na própria cesta, sob pena de perder a posse de bola e conceder um lance livre ao adversário.

Ou seja, Davis fez besteira em todos os níveis. Concordo com Aldridge quando ele sugere que os Cavs deveriam se antecipar à NBA e punir o rapaz de uma vez. Mas pelo jeito, isso não vai acontecer. Com a palavra, David Stern.

(Foto - David Liam Kyle/NBAE)

16.3.03



NEM TODO MUNDO SABE GANHAR




Davis protagonizou uma cena
triste na partida de domingo




Talvez por falta de costume, o Cleveland Cavaliers se comporta como derrotado até na hora de vencer. Ontem, a equipe aplicou uma sonora enfiada de 122-95 no Utah Jazz, interrompendo uma seqüência de sete fracassos e dando um pouco de alegria aos raros sofredores que insistem em comparecer à Gund Arena. Tudo ia muito bem quando, nos últimos instantes da partida, Ricky Davis resolveu manchar a noite de forma patética.

Faltavam seis segundos para o fim, e o Jazz acabara de fazer uma cesta, já em clima de despedida. Àquela altura, com mais de 20 pontos de diferença no placar, qualquer esportista civilizado deixaria o relógio correr até o zero, apertaria a mão do adversário e iria para o vestiário feliz. Davis, o melhor em quadra, teve outra idéia.

Com 26 pontos e 12 assistências, ele jogou a bola contra o próprio aro, na intenção de pegar seu décimo rebote, que lhe renderia um triple-double.

DeShawn Stevenson percebeu a malandragem a tempo e voou no braço de Davis, cometendo uma falta. Fez muito bem, impedindo a atitude mesquinha de um atleta preocupado com números pessoais enquanto seu time tem a pior campanha de toda a liga. Sem falar na falta de respeito com os oponentes.

O técnico do Utah, Jerry Sloan, ficou enfurecido. “Isso não é basquete de quintal. Estou orgulhoso de DeShawn e teria sido até mais enérgico na falta. Podem até me prender por dizer essas palavras, mas é o que eu penso”, declarou.

Sloan está coberto de razão. Acabara de sofrer uma das piores derrotas da temporada e viu sua equipe ser ignorada por um indivíduo que só quer melhorar a própria estatística. A resposta de Davis foi ainda mais prepotente: “Eles têm o direito de ficar bravos. Um time que perde desse jeito não pode mesmo estar contente.” Ora, se a declaração tivesse saído da boca de um Dirk Nowitzki, acostumado à rotina de vitórias, eu até cogitaria aceitá-la. Mas foi o lanterninha do campeonato que proferiu essa bobagem.

O mais difícil é imaginar que Davis se contentaria com um triple-double obtido desta forma canhestra, com um rebote do próprio arremesso, contra a própria cesta. Nada mais antidesportivo. Astros como Kobe Bryant, Kevin Garnett e Jason Kidd, que já conseguiram o feito inúmeras vezes, devem ter ficado com pena.

(Foto - David Liam Kyle/NBAE)


O QUE VEM POR AÍ




Carmelo Anthony é um dos jogadores que podem
sair da sombra de Lebron James no próximo draft




Imerso em marasmo nos últimos anos, o draft da NBA estava mesmo precisando de novidades. Em 2002, Yao Ming cumpriu sua parte, liderando o que parece ser uma boa safra, com Stoudemire, Gooden, Butler, Giricek, Williams, Ginobili e Nenê. A próxima seleção, marcada para junho, não vai deixar a bola cair. Engana-se quem pensa que a festa termina após o anúncio de Lebron James como primeira escolha. Além do fenômeno adolescente, apontado desde já como futuro astro da liga, o draft de 2003 promete revelar mais um punhado de nomes promissores. A três meses do evento, é hora de conhecer alguns personagens.



LEBRON JAMES
18 anos, armador, cursa o segundo grau
O menino prodígio do basquete americano ainda freqüenta a escola (mesmo que seja difícil imaginá-lo estudando para a prova de matemática ou comendo merenda no recreio). Precisa desenvolver sua defesa e melhorar nos lances-livres. Só isso. No resto, beira a perfeição. O ponto forte é o passe, lembrando Magic Johnson. Quando o time precisa, Lebron marca pontos com extrema facilidade, pega rebotes como se fosse pivô, mostra impressionante espírito de liderança e decide partidas no último segundo com a frieza de um veterano. Chance zero de não ser o primeiro escolhido.

DARKO MILICIC
17 anos, ala, Hemofarm Vrsac (Iugoslávia)
Com 2.12m, a atual sensação do basquete europeu lembra o alemão Dirk Nowitzki por aliar sua respeitável altura a uma habilidade espantosa. Tão eficiente no ataque quando na defesa, Milicic tem boa visão de quadra e inteligência acima da média. É aposta certa para a segunda escolha.

CARMELO ANTHONY
18 anos, ala, Syracuse
Enfim, um candidato “normal”, saído do basquete universitário americano, como manda o figurino do draft. Freqüentemente comparado a Antoine Walker, Anthony joga de modo agressivo e se garante bem no passe e no arremesso. Com excelente forma física, precisa desenvolver mais sua agilidade.

T.J. FORD
19 anos, armador, Texas
É a grande promessa do draft para a posição 1. Extremamente habilidoso, líder em quadra, criativo, tem visão apurada e reúne motivos de sobra para integrar a elite dos armadores da NBA no futuro. Só precisa ganhar massa muscular para compensar a baixa estatura (1.80m).

CHRISTOPHER BOSCH
18 anos, ala, Georgia Tech
Já atraiu comparações com Antonio McDyess, Tim Duncan e Kevin Garnett. Sua habilidade com as mãos é admirável para um atleta de 2.09m. Tem excelente potencial físico, que ainda precisa ser mais explorado para fazer frente aos grandalhões da NBA.

SOFOKLIS SCHORTSIANITIS
17 anos, ala-pivô, Iraklis Salonica (Grécia)
O estilo tanque e a consistência no garrafão já lhe renderam o apelido de Baby Shaq. Até a pífia performance nos lances-livres facilita a comparação com o pivô dos Lakers. A pouca idade ainda vai lhe render alguns centímetros (hoje tem 2.04m). Precisa ganhar experiência e se livrar dos problemas com faltas (já vi esse filme em versão verde-amarela).

JARVIS HAYES
21 anos, ala-armador, Georgia
Em tempos de teen-mania, é quase um vovô no draft. Fantástico pontuador, move-se com desenvoltura na quadra, pega rebotes e distribui bem o jogo. Versátil, pode atuar em posições diferentes, o que não deixa de ser um trunfo. A defesa ainda é um ponto fraco, mas isso é quase regra geral entre os calouros.

ANDERSON VAREJÃO
20 anos, ala, Barcelona (Espanha)
Primeiro brasileiro a cruzar a porteira aberta por Nenê Hilario, Anderson evoluiu bastante nos últimos anos, revelando agilidade no garrafão, consistência nos rebotes, força nos tocos e uma precisão razoável nos arremessos. Os americanos estão de olho nele, encantados com seu carisma e seu estilo tranqüilão. Ainda precisa mostrar maior regularidade, mas deve estar entre os dez primeiros no draft.

DWYANE WADE
21 anos, armador, Marquette
Pontua feito gente grande, não tem medo de encarar os gigantes nas infiltrações e costuma levar a bola até a cesta em vez de tentar os tiros de fora. O problema é a altura. Com 1.93m, é um tanto baixo para a posição 2 e tem pouca habilidade para ser armador principal.

15.3.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Para não cair na tabela, os Wolves de
Troy Hudson precisam se concentrar




DECEPÇÃO - Não é possível que a ausência de Rasho Nesterovic desmonte dessa forma o esquema do Minnesota Timberwolves. Na partida de ontem, contra o Los Angeles Lakers, a trupe de Kevin Garnett jogou mal, muito mal. Em certos momentos lembrou o Denver, tamanha a desorganização do ataque, a correria sem sentido, a pressa para resolver os lances, como se houvesse apenas cinco segundos para cada posse de bola. Só não levou uma sova porque o adversário também não estava em noite inspirada. Shaquille O’Neal e Kobe Bryant (este último gripado) fizeram o suficiente para garantir a vitória e contaram com a ajuda providencial de Derek Fisher.

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MISTÉRIO - O resultado foi importante para o Los Angeles, que voltou aos trilhos após derrapadas em Chicago e Detroit, e preocupante para o Minnesota, enfraquecido por uma seqüência de partidas difíceis (nas últimas sete, foram cinco derrotas). Mas por trás disso tudo, há um grande enigma: como os Lakers conseguem vencer escalando Mark Madesn entre os titulares?

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ATROPELANDO - O New Jersey que se cuide. Um fracasso amanhã, em casa, diante do Philadelphia, pode custar caro. Os 76ers ficariam muito próximos de roubar dos Nets a segunda vaga do Leste. Ontem, vestindo o uniforme vermelho da equipe campeã em 1983, Allen Iverson e seus companheiros chegaram ao 13º triunfo em 15 rodadas. Em toda a conferência, não há ninguém mais embalado.

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MUDANÇA - Por enquanto é só um boato, mas comenta-se que Michael Jordan pode respirar novos ares no ano que vem. O astro sairia de Washington rumo a Charlotte, não para vestir calção e camiseta, mas terno e gravata. Como cartola, ele teria a missão de comandar o time que será criado para representar a cidade na NBA a partir da temporada 2004-2005.

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PENEIRA - Por falar nisso, sabem como o elenco será montado? Em junho de 2004, ocorre um draft paralelo. Cada time da NBA protege seus oito intocáveis e, do que sobrar, o Charlotte seleciona 14 atletas. Além disso, a nova equipe recebe automaticamente o direito da quarta escolha no draft tradicional. Mas ainda é cedo para se pensar no assunto. Por enquanto, nem o nome está definido. Uma votação pela intenet revelou que os preferidos do público são Cougars, Royals e Bankers.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

O Detroit não esperou o fim do campeonato e tratou logo da renovação de Cliff Robinson. Ponto para o jogador que, aos 36 anos, é um dos mais versáteis da liga.

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Como previsto, o céu começa a clarear para os Pistons. Após perder sete seguidas, Ben Wallace e cia. venceram as quatro últimas e continuam firmes na liderança do Leste.

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Quem também vem de quatro vitórias é o Houston Rockets. Má notícia para o Phoenix Suns, concorrente a uma vaga no playoff e adversário de amanhã.

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Do jeito que o Memphis desandou a vencer, vai ficar difícil pegar Lebron James no draft.

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(Foto - David Sherman/NBAE)

14.3.03



MARGINAIS NÃO, MERCENÁRIOS SIM




Iverson não é modelo de bom rapaz,
mas aceita jogar de graça em Atenas




Ainda falta mais de um ano para a Olimpíada de Atenas, mas o assunto já está mexendo com o basquete dos Estados Unidos, especialmente com a turma da NBA. Faz sentido. O fiasco no último Mundial ligou o sinal de alerta e a medalha de ouro na Grécia tornou-se uma questão de honra. Ray Allen, Tracy McGrady, Jason Kidd e Tim Duncan já foram oficialmente convocados. Karl Malone, Kobe Bryant e Mike Bibby receberam chamados informais e mostraram-se dispostos a aceitar.

Enquanto isso, há um sujeito desesperado por um convite. Allen Iverson torce diariamente para o telefone tocar. E nada acontece.

Na hora de pleitear uma vaga, o armador do Philadelphia 76ers joga a modéstia para o alto. “Se é uma questão apenas de basquete, todos sabem que eu sou um dos 12 melhores do planeta”, disse recentemente. O problema é que, no caso dele, a questão está longe de ser apenas de basquete.

Por causa de sua má reputação, Iverson deve assistir aos Jogos pela TV. Confusões na rua, envolvimento com drogas, fichas na polícia, tudo isso pode ser parte do passado, mas a imagem está feita. Na hora de escolher os heróis da pátria, os dirigentes preferem os bons moços.

O tal espírito olímpico, no entanto, parece ter escapado repentinamente a alguns modelos de boa conduta já convocados. Na útlima semana, Karl Malone e Ray Allen declararam que os selecionáveis deveriam ser pagos para jogar. Isso é que é fair play.

Nada contra o sistema capitalista e a relação trabalho-salário. Mas no caso desses astros, que tanto se disseram entusiasmados em defender o orgulho ferido da nação, cobrar pelo serviço é uma incoerência. Malone, que recebe a pequena fortuna de US$ 19 milhões por temporada, chegou a entrar na briga para convencer Shaquille O’Neal e Kevin Garnett a reforçar o grupo. Tudo em nome da imagem dos americanos, seriamente arranhada por iugoslavos e argentinos no Mundial. Ora, que entusiasmo patriótico é esse? Movido a dólares, qualquer um sua a camisa pelo país.

Pois Iverson quer jogar de graça. Pena que os dirigentes o considerem um marginal. Perde o atleta, perde a seleção, perdem os milhões de espectadores do evento. Entre a agressividade do bad boy e a competente sonolência de Ray Allen, quem você acha que o mundo gostaria de ver na Grécia?

(Foto - Jesse D. Garrabrant/NBAE)

13.3.03



O LADO BOM DO COLAPSO




Com os Pacers em crise, O’Neal pode
procurar novos ares em San Antonio




Ao que parece, alguma maldição se apodera dos sortudos que atingem o topo da conferência Leste. Em 2002, o Milwaukee Bucks penou para chegar às primeiras posições e, em pouco mais de um mês, despencou para fora dos playoffs. Este ano, o Indiana Pacers começa a dar sinais de que pode conseguir proeza semelhante. Há algumas semanas, a equipe treinada por Isiah Thomas brigava pela liderança com New Jersey Nets e Detroit Pistons. De uma hora para outra, desandou a perder. Foram 12 fracassos nas últimas 13 rodadas, resultando numa queda vertiginosa. Do jeito que a coisa vai, garantir a quarta vaga pode ser um lucro e tanto.

É claro que, seguindo a maldição, Nets e Pistons também entraram em crise. Mas o Indiana cruzou todos os limites do azar (e da incompetência), criando sérios riscos de deixar escorrer pelos dedos o mando de quadra no primeiro round da próxima fase. A ameaça maior, no entanto, está guardada para o ano que vem. Um colapso nesta temporada deve espantar o melhor jogador do elenco para outra vizinhança.

Jermaine O’Neal ganha passe livre ao fim do campeonato. A intenção de ajudar os jovens Pacers cairá por terra se o ala-pivô perceber que seu futuro pode ser mais glorioso longe dali. Reggie Miller, o velhinho da turma, vai se aposentar em breve. Ron Artest está se saindo um encrenqueiro de marca maior. Jamaal Tinsley, que ainda não passou de uma promessa, seria um ótimo reserva para Gary Payton. Mas o Seattle preferiu negociar o All-Star com os Bucks.

Diante desse quadro sombrio, O’Neal vai adorar dividir o garrafão com Tim Duncan. Basta que alguém em San Antonio estale os dedos e ele vai correndo.

Com a aposentadoria de David Robinson, a folha de pagamento dos Spurs será uma das mais folgadas da NBA. As belas atuações de Tony Parker e Manu Ginobili podem fazer a cartolagem do Texas desistir de Jason Kidd. No auge da carreira, O’Neal é um perfeito plano B. Seria a chance de reeditar as torres gêmeas e, quem sabe, construir uma dinastia.

Se o Indiana realmente afundar, vai ter gente rindo do naufrágio.

(Foto - Gary Dineen/NBAE)

12.3.03



O CORPO EM SEGUNDO PLANO




O'Neal é um dos vários jogadores que
atuam sob o efeito de medicamentos




Quando o assunto é basquete, torcedores e críticos geralmente pensam em belas infiltrações, enterradas espetaculares, tocos agressivos e arremessos no último segundo. É esse o filé mignon do esporte. Enquanto os atletas suam o uniforme dentro das quadras, pouca gente se preocupa com o que acontece fora delas. A não ser por uma ou outra ocorrência na delegacia, a vida pessoal dos astros raramente vira notícia. Os bastidores, no entanto, revelam questões vitais que deveriam ser mais discutidas.

Não estou falando de fofocas. Pouco importa se fulano traiu a mulher ou se beltrano está de caso com a moça da bilheteria. Refiro-me a assuntos mais graves. Foi com esse espírito que Marty Burns, colunista do site da Sports Illustrated, publicou ontem excelente artigo sobre um tema que parece corriqueiro, mas está causando uma polêmica danada nos vestiários e nas enfermarias da NBA.

Até que ponto os jogadores podem se entupir de remédios para vencer a dor de uma contusão?

Para a discussão entrar em pauta, bastou que Shaquille O’Neal estivesse no centro dela. O gigante de Los Angeles admitiu, há um mês, que só consegue atuar em seu melhor nível movido a antiinflamatórios, por conta das lesões no joelho e no pé. Anteontem, ele mudou o discurso, garantindo que não precisa mais desse combustível extra. Ninguém acreditou, claro.

Muitos atletas não reconhecem publicamente, mas só conseguem enfrentar a temporada de 82 jogos à base de medicamentos. A maratona é intensa e os músculos, em geral, não resistem. A situação é pior com os mais velhos e mais pesados (caso de Shaq). Desde a inofensiva Aspirina até drogas mais fortes, como a Indocina, os remédios passaram a fazer parte do cotidiano dos jogadores, como se fossem um item a mais na alimentação.

Os médicos entraram no circuito para afirmar que o uso contínuo em altas doses pode causar diversos problemas de saúde, prejudicando inclusive o funcionamento dos rins. Alonzo Mourning e Sean Elliott, que sofrem deste mal (Elliott chegou a fazer um transplante), usavam antiinflamatórios com freqüência. Ambos acreditam que uma coisa pode estar relacionada à outra, apesar de não haver prova científica.

A liga está dividida. Uma parte prefere cuidar do corpo e a outra acha que tudo é muito normal. Fred Hoiberg, do Chicago, evita abusar da medicina. “Por um lado, é o seu trabalho. Por outro, você sabe que pode ter efeitos a longo prazo. Minha mulher espera um par de gêmeos e eu quero continuar vivo para vê-los crescer”, justificou.

Opiniões como essa encontram resistência especialmente entre o pessoal das antigas. O próprio Phil Jackson, com toda sua sabedoria budista, criticou O’Neal há um mês, quando o pivô não quis tomar injeções e acabou ausente do confronto contra o Houston Rockets de Yao Ming. O técnico chegou ao cúmulo de insinuar que a doença de Shaq era uma espécie de “Minguite”. A torcida de Los Angeles também não gostou nem um pouco de ver seu ídolo adiando o embate com o chinês só por causa de uma “dorzinha” no pé.

George Karl, treinador do Milwaukee Bucks, foi outro que saiu em defesa da dopagem, alegando que tomou esses remédios durante toda a sua carreira e nada lhe aconteceu. Nesses momentos, fica difícil andar na contramão. Se até os mais experientes se recusam a dar o exemplo, valorizando mais uma vitória do que a saúde dos atletas, cabe à direção da NBA ao menos fazer uma recomendação pública. David Stern, tão zeloso com a disciplina, não pode ignorar esta polêmica e ficar em cima do muro.

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Quem quiser ler (em inglês) o texto de Marty Burns, pode clicar aqui.

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(Foto - Noren Trotman/NBAE)

11.3.03



NOITE CHEIA




Hoje: Payton de roupa nova na tevê



Em meio às peladas que invadem nossa casa duas vezes por semana, a ESPN finalmente acertou a mão. Hoje vale a pena ficar grudado na televisão a partir das 22h, quando o Milwaukee Bucks recebe o San Antonio Spurs.

No time da casa, não faltam atrativos. Resistindo como pode na oitava posição do Leste, o Milwaukee precisa da vitória para encostar no Orlando e se distanciar ainda mais do Washington. Além disso, há vários outros fatores. É a primeira oportunidade de conferir, ao vivo, se Gary Payton ficou bem de uniforme novo; se ele e Sam Cassell de fato podem atuar juntos sem que haja conflito de posições; se Desmond Mason cumpre bem o papel de Ray Allen; se Toni Kukoc realmente aprendeu a jogar basquete como andam dizendo por aí; se Michael Redd é mesmo um garoto de futuro.

Os visitantes dispensam estímulo extra. O simples fato de ver os Spurs em quadra já justifica as duas horas e meia afundado no sofá. Mas não dá para esconder a curiosidade quanto à evolução de Manu Ginobili, que cresce a cada noite, e à boa fase de Tony Parker, que terá em Payton um adversário indigesto.

A rodada segue agitada nos quatro cantos dos Estados Unidos. Na capital, os Wizards recebem o Magic num embate vital para as duas equipes, que brigam ferozmente pela classificação. O mesmo vale para o confronto entre Phoenix Suns e Golden State Warriors. A turma comandada por Gilbert Arenas interrompeu uma seqüência de vitórias na semana passada, quando esteve em Chicago. Desde lá, foram três derrotas. O tempo passa e, se a reação não for rápida, adeus playoffs.

O Los Angeles Lakers visita os Bulls e não pode tropeçar como fez o Golden. Afinal, o Utah Jazz está na cola da sexta vaga e qualquer deslize será fatal. Em Indianapolis, os Pacers, com nove fracassos nas últimas dez rodadas, abrem as portas de seu ginásio para o New Orleans Hornets, que terão o armador Baron Davis de volta após um longo período de contusão.

O Denver de Nenê Hilario retorna ao lar e enfrenta o Toronto Raptors ao fim de uma turnê de quatro partidas. Foi na estrada, mais precisamente em Miami, que os Nuggets quebraram uma série de 14 derrotas. O reencontro com a torcida pode estimular o lanterna do Oeste. Por falar em lanternas, os piores do Leste medem forças no duelo dos desesperados. Carregando o título de maior saco de pancadas da liga, o Cleveland Cavaliers recebe um Heat desfalcado de seu principal jogador, Eddie Jones.

Pela TV ou pela internet, a terça-feira tem atrações para todos os gostos.

(Foto - /NBAE)

10.3.03



UM JOGA, O RESTO BATE PALMAS




Jordan esteve no Madison pela última
vez e atuou sozinho contra os Knicks




Para Michael Jordan, o Madison Square Garden sempre foi um lar em plena estrada. Em cada uma das 43 visitas que o mestre fez ao ginásio do New York Knicks, alguma sintonia inexplicável pairava no ar e transformava uma simples partida num evento único. Não foi diferente na despedida. Na tarde de domingo, Jordan pisou o chão do Madison pela última vez. Marcou 39 pontos, pegou oito rebotes e comandou uma reação eletrizante no quarto período. Teve atuação fantástica, mas percebeu que os tempos são outros. O uniforme que ele vestia ontem não era vermelho e quem estava ao seu lado não era Scottie Pippen. Resultado: o Washington Wizards perdeu de novo.

Um reencontro futuro entre a torcida de Nova York e o melhor jogador de todos os tempos só seria possível por meio de duas chances remotas: um retorno inesperado na próxima temporada ou um embate entre as equipes nos playoffs, caso haja o milagre da dupla classificação. Difícil apontar qual das duas opções é mais improvável.

Em seu ato derradeiro no palco dos Knicks, Jordan saiu derrotado por culpa dos companheiros de time, como vem acontecendo seguidamente nas últimas semanas. Desde que completou 40 anos, o jogador decidiu mergulhar no passado e pescou no fundo do baú uma série de grandes performances, raramente acompanhadas pelo resto dos Wizards.

A paciência parece estar se esgotando. “É muito decepcionante quando um homem de 40 anos mostra mais vontade que garotos de 25, 24 ou 23”, lamentou o craque. “Eu me atiro em bolas perdidas e faço tudo para levar este grupo aos playoffs, mas não vejo isso nos outros caras. Até que eles comecem a mostrar a atitude necessária para se jogar basquete, não vamos a lugar nenhum”.

Jordan está cheio de razão ao abrir o verbo contra os colegas. A falta de empenho é o único motivo plausível para o fracasso do Washington, que ocupa a 9ª posição do Leste, bem atrás do Milwaukee e seguido de perto pelo New York. Uma análise pura e simples da escalação colocaria a equipe entre as favoritas da conferência. Com a bola quicando, entretanto, tudo dá errado.

Jerry Stackhouse é um dos melhores armadores da liga, mas já cansou de mostrar (desde os tempos de Detroit e Philadelphia) que não carrega time nas costas. Larry Hughes, contratado ao Golden State, chegou para organizar as jogadas e correspondeu, mas penou com as contusões. Kwame Brown teve um excelente início de campeonato. Começou a decepcionar quando surgiram os rumores de que seria despachado pelos Wizards antes da data-limite para trocas. Bryon Russell (ex-Utah) e Charles Oakley (ex-Chicago) prometiam boas doses de experiência para o banco de reservas, mas caíram de rendimento assustadoramente.

Seria no mínimo uma incoerência jogar a culpa numa comissão técnica formada, entre outros, por Doug Collins e Patrick Ewing. Material humano não falta. Mas para chegar à próxima fase, cada um precisa se esforçar além dos limites. Se Jordan, quarentão, está fazendo isso, é bom que garotada tome jeito. Vem mais bronca por aí.

(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)

9.3.03



::: E S P E C I A L :::


O FUTURO DOS GIGANTES




A escola de pivôs da NBA, que produziu gênios
como Bill Russell, aposta suas fichas em Ming




Nos anos 60, os garrafões americanos eram freqüentados por atletas da estirpe de Wilt Chamberlain, Willis Reed e Bill Russell. A década seguinte revelou mestres como Kareem Abdul-Jabbar, Bill Walton e Wes Unseld. Depois vieram Moses Malone, Robert Parish, Hakeem Olajuwon, Patrick Ewing, David Robinson e vários outros. Chegamos à geração de Shaquille O’Neal com talento de sobra embaixo da cesta. Mas eis que o século 21 deu as caras, e com ele a fartura começou a virar escassez. A fábrica de pivôs da NBA entrou em crise.

Nas duas vezes em que Michael Jordan saiu de cena nos anos 90, Hakeem, Ewing, Robinson e Shaq tomaram conta das finais, sendo que este último aproveitou para iniciar sua própria dinastia. Comentou-se que o basquete estava migrando da arte para a força, da beleza estética para o culto ao músculo. Ao fim deste campeonato, Jordan deve abandonar a carreira em definitivo, mas a mudança de estilo não se repetirá. Com o material humano que passeia pelas quadras atualmente, vai ser difícil criar uma nova escola de gigantes.

Cabe ressaltar que estamos falando aqui de pivôs tradicionais. Num tempo em que a posição se confunde cada vez mais com a ala-de-força, prefiro tirar dessa discussão bons jogadores como Ben Wallace, Jermaine O’Neal, Brian Grant e Derrick Coleman. Originalmente, são todos alas. O que falta na liga hoje é o especialista na posição 5. Dentro de poucos anos, a carência será insuportável.

Robinson atravessa sua última temporada. O mesmo pode valer para Alonzo Mourning (saúde debilitada) e para os estrangeiros Vlade Divac e Arvydas Sabonis (idade avançada). Dikembe Mutombo, Shawn Bradley e o próprio Shaquille não têm muito tempo pela frente. Em breve, vão curtir o merecido descanso. Quem, portanto, vai herdar o garrafão?

A resposta soa melhor em mandarim. O candidato número 1 é o chinês Yao Ming, que parece reunir qualidade suficiente para se tornar o rei dos pivôs no futuro. Além da altura, ele conjuga força, leveza, agilidade, ótimo posicionamento e, de quebra, um respeitável apelo de marketing. Resta ao calouro provar que o otimismo é válido. Em seguida, desponta um trio esforçado, que mostra competência mas ainda está longe da esfera dos craques: Michael Olowokandi, Brad Miller e Zydrunas Ilgauskas.

É isso. A não ser que alguém tenha escapado à minha pesquisa, o resto é o resto.

Existe pelo menos uma explicação para a falta de talento nas safras recentes: o gargalo universitário tem dado preferência a armadores e alas. Juntos, os três últimos drafts revelaram apenas 13 pivôs tradicionais na primeira rodada, num total de 84 jogadores. O número vem diminuindo a cada ano (sete em 2000, quatro em 2001 e dois em 2002). Desses 13, um é realmente bom (Yao) e quatro são razoáveis (Brendan Haywood, Etan Thomas, Jamal Magloire e Jake Tsakalidis). Os outros são péssimos.

A julgar pelo que vem por aí, o céu tende a continuar nublado. Na bolsa de apostas para o draft de 2003, apenas três pivôs estão cotados entre os 20 primeiros: Chris Kaman (de Central Michigan), Kendrick Perkins (de Memphis) e James Lang (que ainda cursa o segundo grau). O fenômeno iugoslavo Darko Milicic, cotado para a segunda escolha, mede 2,13m mas atua como ala.

Definitivamente, o destino do basquete americano não está na posição 5. Sei que Kobe, T-Mac e Garnett darão conta do recado. Mas é impossível conter o saudosismo ao ver, por exemplo, a camisa 33 de Ewing no teto do Madison Square Garden, sabendo que o legado deixado por ela escoa lentamente pelo ralo.

(Foto - Bill Baptist/NBAE)

8.3.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Com a bola cheia, Crawford tornou-se titular
na vaga do desmotivado calouro Jay Williams




ROUPA SUJA - Jay Williams não esperava um batismo tão conturbado na NBA. Rendendo muito abaixo do esperado (9.4 pontos e 5 assistências por noite), o calouro resolveu expressar publicamente sua insatisfação com o Chicago Bulls. Revelou que o clima é péssimo entre jogadores e comissão técnica, sugeriu mudanças e deu a entender que alguns atletas deveriam ser negociados (inclusive ele próprio). A primeira medida veio na quinta-feira, contra o Golden State Warriors: Williams foi sacado do time titular. Com Jamal Crawford no comando da armação, os Bulls venceram por 119-105.

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VAI OU FICA? - Por falar no Golden, a torcida anda desesperada com a provável saída de Gilbert Arenas, que ganha passe livre ao fim deste campeonato. Denver, San Antonio, Utah e L.A. Clippers já estão agindo nos bastidores para levar o armador. Além das manifestações constantes nas arquibancadas, com faixas e camisetas, os fãs criaram uma página na internet (clique aqui e veja) só para pressionar a diretoria. Eles querem a renovação do contrato de Arenas mesmo que seja preciso quebrar o teto salarial e pagar uma multa à liga.

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BOLETIM MÉDICO - Vai de vento em popa a recuperação do azarado joelho de Antonio McDyess. O ala do New York Knicks, que vibrou com a permanência de Latrell Sprewell após tantos boatos, descarta uma possível volta ainda nesta temporada, mas garante que estará em quadra no mês de julho, antes do prazo previsto. Para o próximo ano, promete entrosamento perfeito com o bad boy Spree. O otimismo é tanto que ele se ofereceu para disputar as Olimpíadas de Atenas pela seleção americana. Na noite do draft de 2002, McDyess foi negociado pelo Denver Nuggets, que o mandou para Nova York em troca de Marcus Camby, Mark Jackson e Nenê Hilário. Antes da contusão, só teve tempo de disputar três amistosos.

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RETORNO A TEMPO - Em time que está ganhando não se mexe. A não ser para acrescentar a cereja do bolo. O New Orleans Hornets, que venceu suas últimas oito partidas, tem um bom motivo para mudar a escalação no confronto de terça-feira, em Indianapolis. O armador Baron Davis, ausente há 20 rodadas devido a uma contusão nas costas, deve retomar as rédeas da equipe contra os Pacers. O “reforço” coloca os Hornets entre os favoritos ao título da conferência Leste.

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AR CONTAMINADO - A ESPN não toma jeito. Na rodada de ontem, com Jazz x Kings, Lakers x Wolves, Sonics x Sixers, a TV brasileira mostrou uma pelada entre Celtics e Clippers. O principal atrativo foi a paralisação do jogo antes do quarto período, por conta de um misterioso gás que deixou parte do ginásio tossindo e respirando com dificuldades. O sujeito que teria soltado a substância no ar driblou a polícia e fugiu às pressas do Fleet Center. Após dez minutos de muita conversa, os juízes decidiram reiniciar a partida. Uma pena. Bem que podia ter terminado ali mesmo.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Nas últimas dez rodadas, os três melhores times do Leste (Detroit, New Jersey e Indiana) somaram 8 vitórias e 22 derrotas. No Oeste, Dallas, Sacramento e San Antonio, juntos, venceram 24 e perderam apenas seis.

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Está confirmado: Grant Hill não volta mais nesta temporada, nem que o Orlando vá até a final.

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Cotado para vestir o uniforme do San Antonio em 2003-2004, Jason Kidd veio a público para dizer que está plenamente feliz jogando pelos Nets e que sua família está muito bem instalada em New Jersey.

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Discretamente, Allen Iverson manda avisar que está na briga pelo título de MVP.

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(Foto - NBAE)

7.3.03



RETORNO PROVIDENCIAL




Acreditem ou não, o Phoenix Suns conta com
Penny Hardaway para chegar à próxima fase




Criar jogadas de efeito, atrair comparações com Michael Jordan e levar um time à final da NBA jogando ao lado de Shaquille O’Neal. Engana-se quem pensa que tudo isso é privilégio exclusivo de Kobe Bryant. Há oito anos, esse papel cabia a um menino chamado Anfernee Hardaway, que na quadra atendia pela alcunha de Penny. Em 1995, ele disputava sua segunda temporada na NBA. Apontado como futuro astro do basquete, desbancou o próprio Jordan nos playoffs, ajudando Shaq a carregar o Orlando Magic rumo à série decisiva contra o Houston Rockets.

Pois este mesmo Penny veste hoje o uniforme do Phoenix Suns. Aliás, não exatamente o mesmo. Aos 32 anos, o que se vê atualmente é uma pálida sombra daquele jovem promissor. Sua média de pontos despencou e ele passou a ser encarado como um atleta que some nos momentos mais importantes. Culpa das seguidas lesões? Talvez.

O fato é que, neste campeonato, a velha forma ensaiou um retorno. Os números continuavam baixos, mas o espírito de liderança reapareceu. Era o comando que faltava para orientar colegas mais novos como Shawn Marion, Stephon Marbury e o calouro Amare Stoudemire. Até o início de janeiro, tudo corria muito bem no Arizona. Os Suns mantinham a excelente marca de 22 vitórias e 14 derrotas, passeando pelas primeiras posições do Oeste.

Foi aí que, durante um treino corriqueiro, Hardaway machucou a mão direita. O que parecia ser uma contusão simples acabou virando caso de cirurgia. O armador entrou na faca e seu time entrou em crise. Desde então, foram mais 14 derrotas, acompanhadas de apenas 10 vitórias. A queda livre deixou a equipe na oitava colocação, seriamente ameaçada por quem vem subindo.

Nesse clima de naufrágio, Penny volta para tentar o resgate. A reestréia foi na quarta-feira, com a mão novinha em folha e uma vitória importante sobre o Portland Trail Blazers. Os dois meses de inatividade se refletiram na atuação: apenas dois pontos em 15 minutos. O que importa, entretanto, é saber se o jogador será capaz de retomar o ritmo a tempo de salvar o Phoenix da desclassificação.

Uma rápida espiada no calendário mostra que o tempo é curto. No domingo, as portas da America West Arena se abrem para para o fortíssimo Minnesota Timberwolves de Kevin Garnett. A pedreira continua na próxima semana: além de receber o Sacramento Kings, o time pega a estrada para enfrentar Golden State Warriors e Houston Rockets, dois aversários diretos na luta por uma vaga nos playoffs.

Se não quiser ver a próxima fase pela TV, é bom que Hardaway recupere sua forma em tempo recorde. E que bata na madeira três vezes para não se machucar de novo, claro.

(Foto - Barry Gossage/NBAE)

6.3.03



O RISCO DO ADEUS DUPLO




A aposentadoria de Malone e Stockton tira
o sono de torcedores e dirigentes em Utah




Na terça-feira, o Utah Jazz promoveu uma grande festa para inaugurar seu novíssimo centro de treinamento em Salt Lake City. Construído com o que há de mais moderno em tecnologia, o local deixou os jogadores de boca aberta. No entanto, os dois maiores astros da equipe têm quatro meses para a aproveitar o cheiro de novo das quadras. Daí em diante, ninguém sabe.

John Stockton e Karl Malone ainda não decidiram o que farão ao fim desta temporada. Ambos ganham passe livre no dia 1º de julho e cogitam seriamente a aposentadoria. Na inauguração do centro, o assunto voltou à tona. Mas os atletas continuaram em silêncio. Restou à imprensa pressionar o dono do time, Larry Miller. “As pessoas me perguntam diariamente sobre o futuro da dupla, mas eles não dão o menor sinal”, disse o manda-chuva. “Queremos muito que continuem aqui, mas não vamos forçá-los a nada.”

Stockton é o rei da discrição, não solta uma palavra sequer. Miller desconfia que ele já tomou sua decisão e aguarda a hora certa de anunciá-la. Daqui a três semanas, o armador completa 41 anos. Nem parece. Apesar da idade, continua liderando a NBA na média de assistências. Malone, aos 39, apresenta desempenho semelhante. Apesar da ajuda de Matt Harpring e Andrei Kirilenko, é ele quem lidera o Jazz rumo a mais um playoff.

Justamente no ano em que voltou a mostrar capacidade de brigar pelo título, a equipe deu um tremendo azar. Na sexta posição do Oeste, tem à sua frente cinco candidatos fortíssimos (Dallas, San Antonio, Sacramento, Portland e Minnesota). Como se não bastasse o esforço ingrato de perseguir essa gente, o Utah ainda precisa cuidar para não ser atropelado por quem vem atrás. Lakers e Rockets não estão para brincadeira e outros adversários, como Warriors e Sonics, vêm escalando a tabela enfurecidos.

A eliminação na próxima fase pode ser o empurrão que faltava para os astros pendurarem o tênis. No caso de Malone, ainda há uma esperança: o ala foi convidado para disputar a Olimpíada de Atenas, em 2004. Se aceitar o chamado para jogar na Grécia, provavelmente vai ficar na NBA por mais um ano. O problema é que a permanência pode ser longe de Salt Lake.

A diretoria dificilmente vai oferecer um salário compatível com o atual. Deve pesar ainda um outro fator: a eterna busca pelo título. Há alguns meses, comentou-se que Malone poderia se transferir para New Orleans (que já abrigou o Jazz e hoje é a casa dos Hornets). Ao lado de Jamal Mashburn, ele teria uma chance real de erguer o troféu pela primeira vez.

A mudança abriria espaço na folha de pagamento do Utah para um punhado de contratações ao fim do campeonato. A torcida espera que o dinheiro seja bem empregado. Estão todos apavorados com o risco de seguir o triste caminho do Chicago Bulls após a despedida de Michael Jordan.

(Foto - NBAE)

5.3.03



EM NOME DA HONRA




Ricky Davis não admite a hipótese de
perder jogos para ficar bem no draft




No dia 16 de abril, o Cleveland Cavaliers se despede da temporada 2002-2003 recebendo o Toronto Raptors na sempre vazia Gund Arena. Será um momento de alívio, o ponto final numa campanha sofrível que ninguém quer guardar na memória. Nessa noite de despedida, a diretoria anuncia o primeiro passo rumo ao futuro: um novo logotipo e o uniforme redesenhado, combinando tons de vinho e dourado. Para uma mudança realmente promissora, seria bem vinda uma boa dose de sorte na loteria do próximo draft. Com o fenômeno Lebron James no elenco, o caminho se tornaria menos tortuoso.

O difícil é provar para todo mundo que o time não está entregando os pontos desde já. Não dá para disfarçar um certo conforto na última posição da tabela, onde as chances de ficar com a primeira escolha no draft são maiores. A situação é tão curiosa que os próprios adversários já começam a desconfiar.

“Eles desistiram”, disse Tracy McGrady, do Orlando Magic, que massacrou os Cavs no domingo. O cestinha da liga achou muito estranho o modo como o adversário se comportou no terceiro período, permitindo 39 pontos e marcando apenas 12.

Foi o suficiente para despertar a fúria de Ricky Davis, um dos poucos que vêm trabalhando decentemente em Cleveland. “É doloroso ouvir uma acusação dessas”, comentou o ala. “Há muita frustração no ar. Eu nunca passei por algo parecido, e nunca quero passar por isso de novo.” Como um herói da resistência, o ala mantém a média de 21.2 pontos por jogo. Tirando ele, o pivô Zydrunas Ilgauskas e o calouro Dajuan Wagner, o resto da equipe patina em total fracasso.

Sinceramente, não acredito que o grupo esteja perdendo de propósito de olho em Lebron. Na cabeça de um atleta, isso é inconcebível. Até porque muitos deles podem sair de Cleveland no ano que vem. Sem contar que a lanterna não garante nada no draft. Ao contrário: na história da liga, nunca aconteceu de o último colocado ficar com a primeira escolha. Tudo se resolve no terreno da sorte.

O que acontece é uma onda inevitável de desmotivação. É impossível buscar estímulo olhando para as arquibancadas vazias e sabendo que uma vitória não vai fazer diferença alguma. Não se pode exigir dessa turma um leão morto por noite. Resta cumprir o que resta do calendário com um mínino de dignidade e esperar os próximos anos. De roupa nova, quem sabe os ventos não começam a soprar em outra direção?

(Foto - David Liam Kyle/NBAE)

4.3.03



DEIXEM O GAROTO CRESCER EM PAZ




Pode parecer loucura, mas quem tem
Tony Parker pode esnobar Jason Kidd




Confortavelmente instalado na terceira posição do Oeste, o San Antonio Spurs navega em águas calmas. Das últimas 14 partidas, venceu 13. O problema é que, apesar da ótima fase, o papo naquelas bandas sempre acaba recaindo sobre um jogador que está a centenas de quilômetros dali. É inevitável. Todo mundo quer saber se Jason Kidd vai mesmo se mudar para o Texas no ano que vem.

Não cabe aqui discutir a possível química endiabrada entre Kidd e Tim Duncan; ou esmiuçar os detalhes salariais da transação; muito menos lamentar o buraco negro que se abriria em New Jersey. Por trás disso tudo, a diretoria dos Spurs deveria se ater a uma questão mais pertinente: será que vale a pena?

Antes que as pedras me atinjam em cheio, permitam que eu justifique minha desconfiança. Ao desprezar o melhor armador do planeta, dou motivos de sobra para vocês questionarem minhas faculdades mentais. Sei também que, se existe algum resquício de razão no meu argumento, ele só vai aparecer daqui a alguns anos. Em todo caso, vamos em frente.

Há em San Antonio um francês de 20 anos chamado Tony Parker. Com 1.88m, 81 quilos e sobrancelhas enormes, ele atravessa sua segunda temporada dando sinais cristalinos de que, muito em breve, vai passear à vontade no salão nobre dos armadores da NBA. Hoje, suas médias são de 15.6 pontos e 5.4 assistências por noite. Vá lá, os números não dizem muito. Mas quem acompanha esse rapaz de perto garante que sua visão de jogo é digna de gente grande.

Nos últimos meses, ele passou a desempenhar um papel mais agressivo no comando de sua equipe. Contra o Sacramento Kings, semana passada, anotou 32 pontos, arrancando elogios entusiasmados de Chris Webber: “O sujeito é muito rápido. Suas infiltrações quebraram nossa defesa”.

O fato é que os Spurs têm dólares de sobra. Dependendo do acordo com Kidd, Parker não precisaria sair (os dois seriam titulares, assim como Payton e Cassell em Milwaukee). Ainda sobraria dinheiro para fazer uma proposta meia-boca a Michael Olowokandi. Talvez o pivô não se importe em ganhar menos no Texas diante da chance de faturar títulos em série.

Mas Kandi ainda está devendo basquete na liga, não é o cão de guarda dos sonhos para nenhum técnico. Sem David Robinson, a força no garrafão ficaria toda nas costas de Duncan, o que pode não ser bom negócio. Por isso, talvez seja melhor esquecer Kidd, manter Parker e investir num grandalhão realmente bom, como Jermaine O’Neal, ou num finalizador habilidoso, como Lamar Odom (ambos terão passe livre). Com um pouco de sorte, ainda daria para manter uma certa flexibilidade na folha de pagamento, de olho em mais reforços no ano seguinte. Assim se constrói uma dinastia.

Resumindo a ópera: se eu fosse o presidente, não torraria meus milhões com Jason Kidd. Tudo bem, podem mandar trazer a camisa-de-força e o chapéu de Napoleão. Não me importo, desde que o hospício tenha um aparelho de TV que me permita testemunhar a inevitável ascensão de Tony Parker.

(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)

3.3.03



ORDEM NA CASA




Apesar da crise, há uma luz no fim do
túnel para os Pistons de Rip Hamilton




Viagens nem sempre são agradáveis. Perguntem ao Detroit Pistons. A equipe acaba de voltar para casa após um passeio pela costa Oeste, trazendo na bagagem uma seqüência de cinco derrotas. Há sete rodadas, a turma comandada pela cabeleira afro de Ben Wallace não sabe o que é vencer. Ainda assim, não há motivo para pânico. A crise é grave, mas o primeiro lugar do Leste é um sonho possível. E até provável.

Basta espanar a poeira, convocar a torcida e partir rumo ao topo da tabela. Mesmo após tantos fracassos, o time continua ocupando a terceira posição da conferência, colado aos dois primeiros, Indiana e New Jersey. A diferença é que, até o fim da temporada regular, o calendário reserva aos Pistons apenas sete partidas fora de casa, enquanto os Pacers pegarão a estrada 11 vezes e os Nets, 12.

Como se não bastasse a vantagem numérica, o Detroit vai enfrentar adversários mais fracos quando estiver longe dos seus domínios. Dos sete, seis são colegas do Leste. O único do Oeste é o Memphis Grizzlies, que não assusta ninguém. Já o roteiro do Indiana prevê escalas em Los Angeles, Sacramento, Portland e Philadelphia. O New Jersey, por sua vez, fará visitas a Dallas, San Antonio, Houston e New Orleans.

Ou seja, basta não pisar na bola. Tudo bem que a estrela da companhia mantém a pífia média de 6.5 pontos por jogo. Mas Wallace não está nem aí para o ataque. Em resumo, o negócio dele é toco e rebote. Os Pistons não têm outra saída senão seguir a liderança de seu pivô: todo mundo para a defesa, garrafão trancado, vida que segue. Mexer no placar cabe a Richard Hamilton e Chauncey Billups, que matam um leão por noite para tornar minimamente ofensivo um elenco pra lá de retranqueiro.

Quando o playoff chegar, uma boa artilharia vai fazer falta. Mas isso é outro papo. Por enquanto, o que vale é subir na tabela de classificação, se possível até o ponto mais alto. Olhando de longe, a missão não parece tão difícil assim.

(Foto - Scott Cunningham/NBAE)

2.3.03



O LADO ZEN DO GIGANTE




Meditação e um trabalho físico intenso fazem
de Garnett um dos candidatos a MVP de 2003




Durante o último verão americano, os praticantes do golfe em Minneapolis sentiram falta de alguém nos campos verdes. Freqüentador assíduo dos clubes no período de férias, Kevin Garnett não quis saber da bolinha branca em julho do ano passado. Preferiu continuar com a laranja, mesmo que isso significasse mais trabalho e menos lazer. O craque do Minnesota Timberwolves, que mais uma vez amargava a eliminação na primeira rodada dos playoffs, antecipou em quase três semanas o início dos treinamentos físicos. Na época, ninguém deu muita importância ao fato. Hoje, os resultados saltam aos olhos.

Em plena forma desde a primeira partida desta temporada, Garnett nunca atuou tão bem em toda a sua vida. Com médias de 23.1 pontos e 13 rebotes por noite, ele se transformou numa máquina de fazer double-doubles. Até agora, foram 49 em 60 jogos. Os números dizem muito, mas não explicam tudo. A fama de sumir no quarto período foi superada. Agora, o ala cresce nos momentos finais e carrega o time nas costas até soar a sirene derradeira.

Aliando força e agilidade, o físico perfeito abriu caminho para a boa fase. No entanto, o verdadeiro ponto de mutação está na mente. Em busca de harmonia espiritual, Garnett foi além da musculação e passou a fazer aulas de ioga. “É impressionante como isso tem me ajudado este ano”, disse o atleta ao site da ESPN. “Seja na hora decisiva do último quarto, ou na linha de lances-livres, eu controlo minha energia e me concentro muito mais.”

A tabela de classificação não deixa dúvidas quanto à eficácia do novo método. Em fevereiro, os Wolves venceram 12 de suas 13 partidas. A seqüência histórica levou o time à quinta posição do Oeste. Uma vitória hoje, em casa, contra o New York Knicks, é o suficiente para roubar a quarta vaga do Portland Trailblazers, o que significa a guarda provisória do mando de quadra no primeiro round do mata-mata.

Para bater Kobe, T-Mac e Duncan na briga pelo troféu de MVP, Garnett ainda precisa de algo mais. Seria ótimo, por exemplo, se conseguisse mostrar que sua equipe é candidata ao título. Uma boa oportunidade para isso é a turnê de cinco partidas que começa na terça-feira. Até o dia 10, o Minnesota enfrenta, fora de casa, Sonics, Kings, Lakers, Suns e Mavericks. Depois de tanta pedreira, a volta ao lar ainda prevê encontros indigestos com Spurs, Lakers (de novo) e Blazers.

Se conseguir atravessar bem essa maratona, o grupo prova sua força e anuncia a disposição de ir mais longe nos playoffs. Com KG-zen à frente, é bom que ninguém duvide.

(Foto - David Sherman/NBAE)

1.3.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Artest teve um encontro com
Stu Jackson, o xerifão da NBA




PUXÃO DE ORELHAS - Na última quinta-feira, sentaram-se à mesma mesa duas figuras opostas na NBA: o marginal do momento e o xerife linha dura. Ron Artest, do Indiana Pacers, pegou um avião e foi a Nova York a pedido de Stu Jackson, vice-presidente da liga. O encontro, que estava marcado há semanas, coincidiu com a terceira suspensão imposta ao atleta nesta temporada. Ao todo, ele já perdeu oito jogos por motivos disciplinares. Jackson, que insiste em implantar a tolerância-zero, não quer ver nascer um novo Dennis Rodman. Por isso chamou o jovem Artest às falas. Nenhum detalhe da reunião foi divulgado, a não ser o fato de ela ter servido “para os dois se conhecerem melhor”.

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ABUSADO - A novidade é que os constantes embates entre jogadores e árbitros começaram a render punições também para a turma do apito. O juiz Derrick Stafford pegou duas partidas de geladeira por ter falado um punhado de besteiras para o técnico Pat Riley. A confusão aconteceu antes do All-Star Game, quando o Miami enfrentou o Portland. Na semana anterior, Stafford já havia aprontado em Sacramento: em plena quadra, após ter discutido com Vlade Divac, virou-se para Dough Christie e mandou um recado ao iugoslavo: “Avise a ele que este não é o último jogo dos Kings que eu vou apitar este ano.”

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COMOÇÃO - A homenagem do New York Knicks a Patrick Ewing, ontem à noite, foi de arrancar lágrimas. Quando sua camisa 33 subiu ao teto do Madison Square Garden, foi possível perceber claramente a paixão dos nova-iorquinos pelo basquete. Várias lendas do passado prestigiaram a cerimônia, desde os mais antigos como Walt Frazier, Willis Reed e Dr. J, até os mais recentes como Charles Barkley, Clyde Drexler e Michael Jordan. Destaque para o breve discurso de Alonzo Mourning, que começou sob vaias e terminou com aplausos eufóricos.

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BOLA EM JOGO - Como se não bastasse a festa no intervalo, os Knicks derrotaram o Orlando Magic após duas prorrogações, numa partida eletrizante. Com um triple-double e arremessos incríveis de três pontos, Latrell Sprewell só não fez chover. Na primeira fila, envergando um elegante terno, Ewing certamente assistiu ao show com uma ponta de inveja, por não poder cruzar a linha da quadra e se posicionar dentro do garrafão.

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DESPEDIDA - Está confirmado. Michael Olowokandi não renovará seu contrato com os Clippers ao fim do campeonato. Quem garante é o próprio jogador. Vaiado constantemente pela torcida no Staples Center, ele desbafou ao L.A. Times: “Digo publicamente que não estarei aqui no próximo ano. Então podem vaiar à vontade, não me importo.” Até agora, três times mostraram interesse no pivô: Denver, Miami e San Antonio.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

O Milwaukee Bucks anunciou que fará o possível e o impossível para renovar com Gary Payton ao fim da temporada.

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Ray Allen teve ontem seu primeiro grande momento em Seattle: um triple-double na vitória sobre o Los Angeles Lakers.

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Assim como quem não quer nada, Michael Jordan volta a jogar como nos velhos tempos. Desde que fez 40 anos, sua média é de 30.6 pontos por noite.

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Por falar em Jordan, logo mais ele enfrenta o Chicago Bulls pela última vez em sua carreira. Se não resolver voltar ano que vem, claro.

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(Foto - Ron Hoskins/NBAE)