5.3.03
EM NOME DA HONRA
Ricky Davis não admite a hipótese de
perder jogos para ficar bem no draft
No dia 16 de abril, o Cleveland Cavaliers se despede da temporada 2002-2003 recebendo o Toronto Raptors na sempre vazia Gund Arena. Será um momento de alívio, o ponto final numa campanha sofrível que ninguém quer guardar na memória. Nessa noite de despedida, a diretoria anuncia o primeiro passo rumo ao futuro: um novo logotipo e o uniforme redesenhado, combinando tons de vinho e dourado. Para uma mudança realmente promissora, seria bem vinda uma boa dose de sorte na loteria do próximo draft. Com o fenômeno Lebron James no elenco, o caminho se tornaria menos tortuoso.
O difícil é provar para todo mundo que o time não está entregando os pontos desde já. Não dá para disfarçar um certo conforto na última posição da tabela, onde as chances de ficar com a primeira escolha no draft são maiores. A situação é tão curiosa que os próprios adversários já começam a desconfiar.
“Eles desistiram”, disse Tracy McGrady, do Orlando Magic, que massacrou os Cavs no domingo. O cestinha da liga achou muito estranho o modo como o adversário se comportou no terceiro período, permitindo 39 pontos e marcando apenas 12.
Foi o suficiente para despertar a fúria de Ricky Davis, um dos poucos que vêm trabalhando decentemente em Cleveland. “É doloroso ouvir uma acusação dessas”, comentou o ala. “Há muita frustração no ar. Eu nunca passei por algo parecido, e nunca quero passar por isso de novo.” Como um herói da resistência, o ala mantém a média de 21.2 pontos por jogo. Tirando ele, o pivô Zydrunas Ilgauskas e o calouro Dajuan Wagner, o resto da equipe patina em total fracasso.
Sinceramente, não acredito que o grupo esteja perdendo de propósito de olho em Lebron. Na cabeça de um atleta, isso é inconcebível. Até porque muitos deles podem sair de Cleveland no ano que vem. Sem contar que a lanterna não garante nada no draft. Ao contrário: na história da liga, nunca aconteceu de o último colocado ficar com a primeira escolha. Tudo se resolve no terreno da sorte.
O que acontece é uma onda inevitável de desmotivação. É impossível buscar estímulo olhando para as arquibancadas vazias e sabendo que uma vitória não vai fazer diferença alguma. Não se pode exigir dessa turma um leão morto por noite. Resta cumprir o que resta do calendário com um mínino de dignidade e esperar os próximos anos. De roupa nova, quem sabe os ventos não começam a soprar em outra direção?
(Foto - David Liam Kyle/NBAE)
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