2.2.04
atenção, all-stars: última chamada
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))) Nowitzki, B. Miller e Odom: surpresas?
Com os frutos da paixão devidamente levados ao altar, entram em cena os neurônios. Escolhidos os dez titulares do All-Star Game, segundo os impulsos da voz do povo, chega a hora de deixar o coração de lado e ativar o cérebro na convocação dos reservas. A tarefa racional cabe aos técnicos da NBA, que preenchem o formulário apontando dois armadores, dois alas, um pivô e duas seleções livres, que os americanos chamam de wild cards. O mistério acaba amanhã, quando a liga divulga o resultado. Sete felizardos em cada conferência vão compor os bancos da maior festa do basquete mundial.
Enquanto não sai o veredicto, não custa brincar de vidente por aqui. Mesmo ciente de que listas são celeiros de discórdia, vamos tentar. Se tivesse em mãos um dos formulários, o Rebote votaria assim:
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L E S T E
))) armadores
))) BARON DAVIS e JASON KIDD
As justificativas são simples. Davis atravessa a melhor temporada de sua carreira, com 23.4 pontos e 8 assistências por jogo. É o maior ladrão de bola da NBA e carregou o New Orleans Hornets numa excelente primeira metade de temporada, mesmo sem o companheiro Jamal Mashburn. A segunda escolha surge de uma constatação óbvia: nenhum All-Star Game pode desprezar Jason Kidd. Principalmente quando o astro está plena forma, liderando a liga em assistências (9.6), pegando 6.4 rebotes por noite e mantendo a alta pontuação (17.1).
))) alas
))) RON ARTEST e LAMAR ODOM
Artest poderia até brigar por uma vaga no time titular, mas esbarrou na paixão popular por Vince Carter. Com a cabeça em ordem, tornou-se um ala extraordinário, aliando ímpeto ofensivo a uma defesa sem pares na NBA. Sua convocação é garantida. Não se pode dizer o mesmo de Lamar Odom, azarão que desponta no horizonte. Em Miami, atingiu elogiáveis 17 pontos e quase 10 rebotes por partida. Está jogando como nunca e merece um prêmio por isso.
))) pivô
))) ZYDRUNAS ILGAUSKAS
Culpa da eleição engessada. A liga força os técnicos a escolherem pelo menos um pivô reserva, o que nos obriga a escalar um atleta de nível mais baixo. Entre Ilgauskas e Jamal Magloire, ficamos com o primeiro, que mantém regularidade no garrafão do Cleveland.
))) escolhas livres
))) MICHAEL REDD e LEBRON JAMES
Baron Davis e Jason Kidd são seleções obrigatórias, mas Michael Redd não pode ficar fora deste All-Star. À frente do inexperiente Milwaukee Bucks, o jovem explodiu nesta primeira metade de campeonato. Livre da sombra de Ray Allen, Redd assumiu a liderança da equipe com médias de 22.1 pontos e 5.1 rebotes. Dito isso, seria também uma baita injustiça deixar LeBron fora do evento. O calouro-sensação correspondeu às expectativas e calou a boca da turma que torcia contra. Joga como gente grande, equilibrando pontos, rebotes, passes e um espírito de liderança raro para um novato.
))) os sacrificados
))) K. MARTIN, P. PIERCE e C. BOOZER
Apesar da decepção em relação aos Nets, Kenyon Martin mereceria entrar na equipe, mas infelizmente não cabe todo mundo. Paul Pierce, figurinha fácil em All-Stars, abre espaço para a nova geração. Sua esperança é uma possível ausência de Ron Artest por motivo de lesão. Carlos Boozer também merece uma menção honrosa, com ótimas médias de pontos (14.1) e rebotes (10.8). Mas seria um exagero incluir três Cavaliers no elenco.
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O E S T E
))) armadores
))) SAM CASSELL e MIKE BIBBY
Não há dúvidas sobre o mérito de Cassell. Após 11 temporadas, ele atingiu o auge e deve ser premiado. O baixinho se encaixou como uma luva na rotação do Minnesota Timberwolves e se tornou um dos grandes responsáveis pelo salto de qualidade da equipe. Bibby entra na jogada em terreno polêmico, desbancando bons rivais como Gary Payton e Steve Nash. Em silêncio, o armador dos Kings evoluiu em relação ao ano passado, atingiu seu recorde em média de pontos (17.1) e fez por merecer a convocação.
))) alas
))) PEJA STOJAKOVIC e ZACH RANDOLPH
Entre todos os possíveis reservas, o iugoslavo é a aposta mais certa. Tem nível para estar entre os titulares, mas foi prejudicado pelo desenho quadrado do time. Se Tim Duncan pudesse entrar como pivô, Garnett passaria à ala de força e Stojakovic seria aproveitado na posição 3. Como não é possível, terá de se espremer no banco. Uma pena. Apesar da fraca campanha do Portland, Randolph é um fenômeno. Concorre com nomes de peso e não será surpresa se conseguir enfiar todos no bolso. Com aquele aspecto físico de quem briga com a balança, é o décimo cestinha da liga. Para se ter uma idéia, suas médias saltaram de 8.4 para 21.3 pontos e de 4.5 para 11 rebotes. Um trator.
))) pivô
))) SHAQUILLE O’NEAL
Alguma dúvida aqui? Que Yao Ming evoluiu, ninguém discute. Mas um All-Star Game no Staples Center sem Shaquille O’Neal seria a maior aberração dos últimos tempos.
))) escolhas livres
))) BRAD MILLER e DIRK NOWITZKI
No ano passado, dediquei uma crônica inteira para lamentar a inclusão de Miller na seleção do Leste. A mudança de conferência, contudo, mostrou que o grandalhão pode render acima do esperado. O dono do garrafão em Sacramento tem sido fantástico. Como se não bastassem os 14.5 pontos e 10.7 rebotes, ele ainda distribui 4.7 passes por noite, número elogiável para um pivô. Nowitzki andou em baixa com a crise do Dallas, mas se recuperou com o time e voltou a ser o velho alemão de sempre. As médias de 21 pontos e 8.7 rebotes são menores que as de 2002-2003, mas continuam altas o bastante para garantir presença no banco do Oeste.
))) os sacrificados
))) A. KIRILENKO, R. ALLEN e C. ANTHONY
Tirar Andrei Kirilenko da lista foi o ponto mais triste da minha seleção. Com o Utah Jazz nas costas, o ala honrou a posição que um dia foi de Karl Malone. Com Randolph, Miller e Nowitzki incluídos, aguardo a chiadeira dos fãs do jovem russo. O ideal seria abrir uma vaga a mais no Oeste. Como não dá, busquei opções mais sólidas. Paciência. Ray Allen manteve o bom nível de sempre, mas foi punido pela contusão e por ter disputado apenas 20 partidas. Quanto a Carmelo Anthony, seria um prazer vê-lo no meio das estrelas, como adversário de LeBron James. Em nome do espetáculo, valeria um bocado. Em nome da justiça, não custa esperar mais um ano.
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As esquadras, portanto, seriam:
))) LESTE
C - BEN WALLACE
PF - JERMAINE O’NEAL
SF - VINCE CARTER
SG - TRACY MCGRADY
PG - ALLEN IVERSON
Zydrunas Ilgauskas
Lamar Odom
Ron Artest
Baron Davis
Jason Kidd
Michael Redd
LeBron James
))) OESTE
C - YAO MING
PF - TIM DUNCAN
SF - KEVIN GARNETT
SG - KOBE BRYANT
PG - STEVE FRANCIS
Shaquille O’Neal
Zach Randolph
Peja Stojakovic
Sam Cassell
Mike Bibby
Brad Miller
Dirk Nowitzki
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Amanhã a gente confere. Um abraço.
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foto . nbae
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