16.2.04
melhor roteiro adaptado
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))) Shaq mostrou quem é o ator principal
Chinês brilhando em Hollywood? Que eu me lembre, o mais perto disso num passado recente limita-se aos golpes acrobáticos de Jackie Chan e à lente frenética de John Woo. Ciente de que a terra do cinema é lugar para a prata da casa, Shaquille O’Neal roubou a cena. Ignorou o desejo inicial da audiência, que o escalou como coadjuvante no All-Star Game, elevando Yao Ming à condição de protagonista.
No Staples Center, virou o roteiro do avesso.
Tal como num desse filmes repletos de clichês, o gigante oriental começou aprontando das suas. Movimentou-se bem embaixo da cesta, marcou pontos, se divertiu um bocado. Na verdade, tudo aquilo era apenas uma escada para o protagonista. No fim das contas, quando a trama chegou ao clímax, quem riu por último foi o herói local.
Shaq fez exatamente o que as arquibancadas queriam tanto ver. Brincou, provocou, enterrou, arriscou até em terrenos nebulosos. Falta-lhe habilidade nas mãos, sobra-lhe bom humor na cabeça. E é disso que o povo gosta.
O cartão de visitas veio logo na primeira jogada, quando cruzou a quadra ensaiando malabarismos completamente desajeitados. O público reagiu em delírio, assim como nas vezes em que o pivô se pendurou no aro e arrastou a tabela para baixo, dando a impressão de que o acrílico poderia se espatifar a qualquer momento. Não há como conter o riso ao ver O’Neal desabando nas primeiras filas após uma enterrada, se escorando num sujeito ainda maior que ele (pelo menos na horizontal); ou tomando a câmera de um rapaz à beira da quadra e fingindo retocar a maquiagem.
Tanta vontade de se exibir para a platéia se traduziu em números respeitáveis (24 pontos e 11 rebotes), que lhe renderam um merecido troféu de MVP. Ou o Oscar de melhor ator, para não fugir do clima. O coadjuvante Kobe Bryant anotou 20 pontos e roubou cinco bolas, mas não chegou a ser tão fantástico.
Show semelhante se viu no Leste, que perdeu o jogo por apertados 136-132, mas ganhou fácil no quesito espetáculo. Allen Iverson, Jason Kidd, Tracy McGrady, Vince Carter e Kenyon Martin pareciam globetrotters em quadra, tamanho o repertório de passes, cravadas, bandejas e pontes-aéreas. Quem viu não se arrependeu.
No quarto período, as brincadeiras cederam espaço à seriedade. E nem por isso caiu o nível do jogo. Afinal de contas, Hollywood não vive só de comédia. Não se pode desprezar um bom drama, e os últimos minutos garantiram a dose necessária de emoção, com o placar trocando de dono a cada ataque. Acabou valendo a supremacia do Oeste, mas todos saíram vencedores. Como manda a cartilha do final feliz.
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Por favor, não venham me falar que Jamaal Magloire é um gênio porque liderou sua conferência com 19 pontos. Continuo não vendo nele nada que justifique a convocação em detrimento de LeBron James. Pode até calar minha boca no ano que vem, como fez Brad Miller (vale lembrar que os Hornets vão para o Oeste, mesmo caminho de Miller, que trocou o Indiana pelo Sacramento e me convenceu sobre seus méritos). Ainda assim, mantenho-me cético. Acho Magloire um bom pivô, nada além disso. Ao menos por enquanto.
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Andrei Kirilenko e Dirk Nowitzki mal apareceram. Poderiam ter dado lugar a Zach Randolph e Carmelo Anthony. Mas agora é tarde para chorar.
Ano que vem tem mais.
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GALERIA DE FOTOS:
* Em Hollywood, Shaquille dirige o próprio show
* Para Carter, o céu é o limite
* Kobe não fica atrás no show das cravadas
* Martin tenta quebrar o aro do Staples Center
* Shaq dá um alô pessoalmente à platéia
* Iverson se estica para pegar o rebote
* Magloire se esforça no garrafão
* Até o governador Schwarzenegger faz graça
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fotos . nbae, cbs e cnn
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