31.7.04



mentes complexas
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))) A saída de Martin fez Kidd
repensar o futuro com os Nets



A faculdade de psicologia sempre foi e, cá entre nós, continua sendo um plano B guardado na gaveta. Talvez seja tarde para chutar longe o jornalismo, mas idéia adormecida não é idéia morta. Afinal de contas, não faltam por aí mentes pedindo para serem decifradas. A NBA está cheia delas, principalmente no sossego refrigerado dos escritórios. Cartola de basquete é uma raça complexa que caminha em plano paralelo ao de mortais medíocres como nós.

Vejam o caso de Rod Thorn.

Com quatro décadas de bagagem (foi jogador, técnico e dirigente), ele assumiu a cadeira mais luxuosa do New Jersey Nets em 2000 para mudar a imagem da franquia. Não demorou muito para colher os frutos. Embolsou a divisão do Atlântico três vezes e foi a duas finais da NBA.

Mente brilhante, não? Era o que os resultados vinham mostrando, mas Thorn parece ter surtado de uma hora para a outra. Só pode ser submissão ao magnata Bruce Ratner, que lidera o novo grupo de proprietários da equipe e prega a contenção de despesas. Não há outra explicação para o saldo negativo que os Nets vêm acumulando nesta entressafra.

Sem nenhum motivo racional, o vento levou dois titulares de suma importância. Perder Kenyon Martin e Kerry Kittles só se justificaria com um farto material humano chegando em troca. Pois que tal um pacote com quatro escolhas futuras no draft (sendo uma de segunda rodada) e nada mais?

Bem, ocorre que Thorn é um sujeito esperto e foi buscar no mercado de passes livres dois nomes de peso. Encheu a boca para anunciar Rodney Buford e Jacque Vaughn. Só pode ser piada.

O pior de toda essa história é que um elenco esburacado serve como repelente para qualquer craque com o mínimo de espírito vencedor. Não deu outra: Jason Kidd mal voltou das férias e já chamou Thorn e Ratner às falas. Os três conversaram ontem por 25 minutos, no centro de treinamento de East Rutherford, e driblaram a imprensa na saída. Ninguém tem dúvidas, no entanto, de que o armador pediu para ser trocado. Se o desejo for atendido, será a punhalada final para um time em queda livre.

Na tarde de quinta-feira, Rod Thorn tem outro encontro delicado: com os torcedores, num chat promovido pelo site NBA.com. Terá muito a responder. Quero ver se terá coragem de repetir, por exemplo, que ao falhar na tentativa de trazer Shareef Abdur-Rahim, os grandes sonhos de consumo da franquia a partir de agora passam a ser Ron Mercer e Eric Williams.

Deste canto, recomendo cuidado.

Torcida não costuma engolir essas coisas.

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))) Carmelo marcou 16 pontos no sábado


A caminhada americana rumo a Atenas começou com um entrevero que não chega a surpreender: Larry Brown tirou Allen Iverson do amistoso contra Porto Rico por causa de um atraso de cinco minutos no treino. Ficou claro que o treinador não vai perdoar indisciplina, principalmente vindo do desafeto nos tempos de Philadelphia 76ers.

Pensando bem, a conduta radical faz sentido. À exceção de Iverson e Duncan, a seleção dos Estados Unidos não tem nenhum fora-de-série digno de Dream Team. O peso vai recair sobre os ombros de jovens como Carmelo Anthony, LeBron James e Dwyane Wade. Com a evolução do basquete internacional, convém manter o grupo unido para evitar o risco do vexame.

A Olimpíada promete.

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fotos . nba.com e cnn/sports illustrated

15.7.04



diesel na flórida
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))) Combustão espontânea: Shaquille fez
tremer a NBA com ida para o Miami Heat



Agora sim, a coisa esquentou. Se algum afoito supôs que o vôo de Nash para o Arizona e transação Francis/T-Mac seriam os pontos altos dessa entressafra, sinto muito. Passaram míseras duas semanas e tudo isso virou coisa de criança, assim como a ida de Boozer e Okur para Salt Lake, o risco do Detroit ao pescar McDyess ou qualquer hipótese envolvendo Carter, Ginobili, Martin, Harrington e outros fulanos. Pura água com açúcar.

A frenética quarta-feira nos reservou o filé, a troca classe A, daquelas que passam uma rasteira impiedosa nos alicerces da NBA.

Tirem as crianças da sala: Shaq está de mudança.

Vejam bem. Não estamos aqui falando de Kevin Garnett, Tim Duncan e tampouco Kobe Bryant. Todos esses são craques, brilhantes, mas nenhum tem status suficiente para lamber a sola de Diesel quando o assunto é a capacidade de chamar a atenção.

Rei absoluto embaixo do aro e mestre do marketing fora das quadras, O’Neal pediu para sair de Los Angeles. Quem haveria de negar?

Pois lá vai o gigante, carregando seus 32 anos e incontáveis quilos rumo ao sol da Flórida. Pintou diversão para a brasileirada que entope Miami. Torcedores felizes, patrocinadores idem. Os engravatados da American Airlines, donos do cofre no ginásio do Heat, já começam a rasgar os sorrisos. Afinal, é tempo de casa cheia.

Até a bola subir em outubro, o efeito-Shaquille vai continuar no plano da catarse. Muito vai se falar, muito vai se prever, muita água vai correr, principalmente no que diz respeito à condição física do pivô. Diante de uma bomba como essas, todo mundo quer dar seu pitaco. Neste canto não é diferente, então vamos direto ao que interessa.

Começando pelo Los Angeles Lakers, sinto-me obrigado a reconhecer que, em algum momento, sucedeu-se um erro crasso. A saída era inevitável? Sim, era. Por sinal, era até recomendável, já que Kobe e Shaq não cabiam mais no mesmo espaço e a opção lógica apontava para um craque jovem em detrimento de um trator velho. Se Phil Jackson foi embora, que o grandalhão vá também e leve com ele todos os obstáculos para a permanência de Bryant.

A questão, no entanto, é outra: analisando o mercado, quanto vale um Shaq? Certamente bem mais que o pacote Odom-Butler-Grant. Muito mais. Infinitamente mais. Longe de mim desmerecer o trio do Heat, mas abrir mão de um Shaquille O’Neal é coisa séria. Tamanha perda exige, no mínimo, no barato, dois All-Stars de alto calibre em troca. Ou um superastro. Não é o caso aqui. Odom joga muito, mas não passa de um semi-All-Star. E os outros dois estão a léguas disso.

Mesmo com a idade escorrendo no calendário, Shaq ainda é o atleta mais dominante da NBA. Tal primazia custa caro. Com muita boa vontade, eu só aceitaria iniciar uma negociação se o outro lado da mesa exibisse, no mínimo, um desses indivíduos: Duncan, Garnett, McGrady ou Kidd. Fora desse top-4, nada feito, podem procurar outra vizinhança.

Não foi assim que pensou a diretoria dos Lakers, obviamente muito mais entendida de basquete do que eu. Pois bem, começo a ficar cabreiro quando vejo os Clippers limpando a folha salarial. Se os cartolas deixarem Kobe ir embora, aí sim vou me sentir no direito de pensar que qualquer amador entende mais de basquete do que eles. Seria uma tragédia.

Por enquanto, com Bryant no elenco, o Los Angeles continua tendo um grande time. Bem melhor que o do Miami, inclusive. Não sei se os forasteiros-fominhas-de-título vão ou ficam, mas uma formação com Payton, Kobe, Odom, Malone (ou Butler) e Grant não é de se jogar fora. Com um banco razoável e o reforço de mais um pivô, dá para brigar no Oeste.

O Heat, claro, vai atrás do seu quinhão no Leste, mas para isso não é preciso ter um grande time. Tudo vai depender da saúde de Shaq e da química com os armadores Dwyane Wade e Eddie Jones. Se der certo, será um trio infernal. Se der errado, será um desastre completo, porque não há salvação possível pelo talento dos alas. Udonis Haslem e Rasual Butler são muito verdes para quem já está falando em ser campeão. Vamos com calma.

A situação é clara. O Miami optou por se fortalecer em dois anos e, depois disso, deixar o barco correr. Os Lakers se anteciparam ao inevitável e, mesmo sem qualidade equivalente, pescaram bons jogadores para compor um elenco mais sólido. Abrir a porta para alguém como O’Neal é um desperdício que os deuses do basquete não costumam perdoar. Mas só o tempo pode escolher a penitência.

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GALERIA DE SHAQ

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O começo em Orlando

A fase pré-tonelada

Na final de 95, contra Hakeem

No clássico da Flórida

A chegada à Califórnia

Rara descontração com Kobe

MVP em 2000

Com a criançada

Com a mulherada

A rotina de títulos

A marca registrada

O pé-de-lancha

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foto . nbae

5.7.04



a energia que faltava
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))) Steve Nash chega para revigorar o Phoenix Suns


Uma semana se passou e pouca coisa aconteceu no mundo do basquete. Sem muito alarde, Marcus Camby renovou com o Denver, Jason Kidd operou o joelho esquerdo, Baby abiscoitou um contrato de US$ 6.7 milhões, Manute Bol sofreu um grave acidente de carro (sofrimento à parte, é difícil crer que aquele sujeito consegue entrar num carro). De relevante, só uma notícia: Steve Nash está de volta ao Phoenix Suns.

O calendário da NBA só permite a canetada a partir do dia 14, mas está tudo certo entre o jogador e o cartola Jerry Colangelo, que viajou até a casa do adversário e, em Dallas, roubou Nash de Mark Cuban. A comitiva saiu do Arizona com muita gente boa a bordo, incluindo o ala Amare Stoudemire, com o discurso afiado para convencer o armador. No Texas, não houve reação.

“Não foi fácil para mim, Steve decidiu ir embora por dinheiro”, lamentou o folclórico Cuban, que segue indócil na missão de recrutar Shaquille O’Neal.

De fato, soa agradável receber US$ 65 milhões por cinco anos, mas não foi só o bolso que pesou na decisão de Nash. Esperto e cansado de morrer na praia, ele sabe que sua chegada põe os Suns no rol de favoritos ao próximo título da liga. Vai dividir a quadra com gente de calibre como Stoudemire, Shawn Marion e Joe Johnson. O elenco de apoio mescla a experiência de McDyess, Eisley e Clark com a juventude de Leandrinho, Cabarkapa, Jacobsen e Lampe.

Levando em conta a nova energia que chega, a química tem tudo para dar certo, mas ainda falta alguma coisa. Duas, na verdade. E a diretoria precisa fazer ao menos uma se quiser brigar pelo troféu.

A primeira é encontrar um bom pivô, ou alguém que se sujeite a ficar plantado embaixo do aro. Jake Voskuhl quebra um galho mas, além de ser fraquinho, é o único da equipe. Se torcer o pé, já era. Há boas opções na turma de passe livre, resta saber se vai sobrar dinheiro após a ofensiva para trazer Nash.

Dificilmente o Phoenix vai ter bala na agulha para pescar um Erick Dampier ou um Mehmet Okur (que se revezaria na posição 5 com Amare). Descartados os melhores, o foco pode se voltar para um Vlade Divac, um Jake Tsakalidis ou até um John Wallace.

A segunda opção seria reforçar o banco. Leandrinho e Eisley formam uma boa dupla reserva na armação e Cabarkapa tem tudo para estourar este ano. O resto é uma incógnita. Será que McDyess agüenta mais uma temporada? Será que Lampe deslancha? Que pobre alma entraria no lugar de Marion?

Ainda é cedo para responder a essas perguntas. Até o fim de outubro, ainda há tempo suficiente para mexer no elenco, avaliar os veteranos e, claro, torcer para a garotada dar as caras.

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A chegada de Nash devolve ao nosso Barbosa um alicerce que estava capenga desde a saída de Stephon Marbury. Esquentar banco para craque não é vergonha nenhuma. Pior seria continuar carregando a armação nas costas. O último campeonato já mostrou que o brasileiro ainda não tem cacife para encarar a missão. Enquanto o tempo corre, ele vai aprender um bocado com um dos grandes nomes da posição.

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foto . nbae