15.7.04



diesel na flórida
______________________________


))) Combustão espontânea: Shaquille fez
tremer a NBA com ida para o Miami Heat



Agora sim, a coisa esquentou. Se algum afoito supôs que o vôo de Nash para o Arizona e transação Francis/T-Mac seriam os pontos altos dessa entressafra, sinto muito. Passaram míseras duas semanas e tudo isso virou coisa de criança, assim como a ida de Boozer e Okur para Salt Lake, o risco do Detroit ao pescar McDyess ou qualquer hipótese envolvendo Carter, Ginobili, Martin, Harrington e outros fulanos. Pura água com açúcar.

A frenética quarta-feira nos reservou o filé, a troca classe A, daquelas que passam uma rasteira impiedosa nos alicerces da NBA.

Tirem as crianças da sala: Shaq está de mudança.

Vejam bem. Não estamos aqui falando de Kevin Garnett, Tim Duncan e tampouco Kobe Bryant. Todos esses são craques, brilhantes, mas nenhum tem status suficiente para lamber a sola de Diesel quando o assunto é a capacidade de chamar a atenção.

Rei absoluto embaixo do aro e mestre do marketing fora das quadras, O’Neal pediu para sair de Los Angeles. Quem haveria de negar?

Pois lá vai o gigante, carregando seus 32 anos e incontáveis quilos rumo ao sol da Flórida. Pintou diversão para a brasileirada que entope Miami. Torcedores felizes, patrocinadores idem. Os engravatados da American Airlines, donos do cofre no ginásio do Heat, já começam a rasgar os sorrisos. Afinal, é tempo de casa cheia.

Até a bola subir em outubro, o efeito-Shaquille vai continuar no plano da catarse. Muito vai se falar, muito vai se prever, muita água vai correr, principalmente no que diz respeito à condição física do pivô. Diante de uma bomba como essas, todo mundo quer dar seu pitaco. Neste canto não é diferente, então vamos direto ao que interessa.

Começando pelo Los Angeles Lakers, sinto-me obrigado a reconhecer que, em algum momento, sucedeu-se um erro crasso. A saída era inevitável? Sim, era. Por sinal, era até recomendável, já que Kobe e Shaq não cabiam mais no mesmo espaço e a opção lógica apontava para um craque jovem em detrimento de um trator velho. Se Phil Jackson foi embora, que o grandalhão vá também e leve com ele todos os obstáculos para a permanência de Bryant.

A questão, no entanto, é outra: analisando o mercado, quanto vale um Shaq? Certamente bem mais que o pacote Odom-Butler-Grant. Muito mais. Infinitamente mais. Longe de mim desmerecer o trio do Heat, mas abrir mão de um Shaquille O’Neal é coisa séria. Tamanha perda exige, no mínimo, no barato, dois All-Stars de alto calibre em troca. Ou um superastro. Não é o caso aqui. Odom joga muito, mas não passa de um semi-All-Star. E os outros dois estão a léguas disso.

Mesmo com a idade escorrendo no calendário, Shaq ainda é o atleta mais dominante da NBA. Tal primazia custa caro. Com muita boa vontade, eu só aceitaria iniciar uma negociação se o outro lado da mesa exibisse, no mínimo, um desses indivíduos: Duncan, Garnett, McGrady ou Kidd. Fora desse top-4, nada feito, podem procurar outra vizinhança.

Não foi assim que pensou a diretoria dos Lakers, obviamente muito mais entendida de basquete do que eu. Pois bem, começo a ficar cabreiro quando vejo os Clippers limpando a folha salarial. Se os cartolas deixarem Kobe ir embora, aí sim vou me sentir no direito de pensar que qualquer amador entende mais de basquete do que eles. Seria uma tragédia.

Por enquanto, com Bryant no elenco, o Los Angeles continua tendo um grande time. Bem melhor que o do Miami, inclusive. Não sei se os forasteiros-fominhas-de-título vão ou ficam, mas uma formação com Payton, Kobe, Odom, Malone (ou Butler) e Grant não é de se jogar fora. Com um banco razoável e o reforço de mais um pivô, dá para brigar no Oeste.

O Heat, claro, vai atrás do seu quinhão no Leste, mas para isso não é preciso ter um grande time. Tudo vai depender da saúde de Shaq e da química com os armadores Dwyane Wade e Eddie Jones. Se der certo, será um trio infernal. Se der errado, será um desastre completo, porque não há salvação possível pelo talento dos alas. Udonis Haslem e Rasual Butler são muito verdes para quem já está falando em ser campeão. Vamos com calma.

A situação é clara. O Miami optou por se fortalecer em dois anos e, depois disso, deixar o barco correr. Os Lakers se anteciparam ao inevitável e, mesmo sem qualidade equivalente, pescaram bons jogadores para compor um elenco mais sólido. Abrir a porta para alguém como O’Neal é um desperdício que os deuses do basquete não costumam perdoar. Mas só o tempo pode escolher a penitência.

______________________________

GALERIA DE SHAQ

______________________________

O começo em Orlando

A fase pré-tonelada

Na final de 95, contra Hakeem

No clássico da Flórida

A chegada à Califórnia

Rara descontração com Kobe

MVP em 2000

Com a criançada

Com a mulherada

A rotina de títulos

A marca registrada

O pé-de-lancha

______________________________

foto . nbae

Nenhum comentário: