20.7.03
MAUS LENÇÓIS
Enquanto Malone chega, Kobe se complica
“Meu erro foi o adultério. Tenho de dar satisfações à minha esposa e a Deus pelas ações naquela noite. Rezo para que ambos me perdoem. Nada do que aconteceu no dia 30 de junho foi contra a vontade da mulher que agora falsamente me acusa.”
Kobe Bryant está literalmente em maus lençóis.
As aspas acima, reproduzidas mundialmente na sexta-feira, ilustram o drama enfrentado pelo astro do Los Angeles Lakers, justo agora que seu time resolveu reforçar o elenco com Gary Payton e Karl Malone, criando um prognóstico otimista dentro da quadra. Como as informações chegam ao Brasil em pílulas esparsas, proponho usar este espaço para lançar alguma luz sobre o triste episódio, que pode mudar o rumo de uma das carreiras mais estelares do basquete.
Antes de mais nada, cabe esclarecer que a acusação sofrida por Bryant não é de assédio sexual (como parte da imprensa brasileira tem mencionado), e sim de abuso/violência sexual. Ou seja, estupro. O mal-entendido se dá na tradução do termo em inglês, “sexual assault” (abuso), bem mais grave que “sexual harassment” (assédio).
O craque vai se apresentar à Justiça no início de agosto, acusado de ter violentado uma jovem de 19 anos. A suposta vítima trabalha num spa ao lado do resort onde o atleta estava hospedado em 30 de junho, na cidade de Vail (Colorado), para operar o joelho direito no dia seguinte. Se a condenação vier, a pena pode chegar a quatro anos de prisão.
Não convém, a esta altura, tirar conclusões precipitadas. Os advogados vão a campo em ambos os lados, e nos resta aguardar a decisão judicial. Em todo caso, o jogador dificilmente conseguirá apagar a mancha na imagem de bom rapaz.
Na melhor das hipóteses, se for absolvido do abuso sexual, Kobe vai carregar o rótulo de adúltero. O alarde da imprensa já basta para arranhar sua reputação. Neste caso, é bom deixar claro, o assunto passaria a ser doméstico. Ninguém tem nada a ver com tal história, a não ser ele, a mulher e a amante-relâmpago. Qualquer condenação moral na esfera esportiva seria hipócrita. Falhas desta ordem acontecem em diversas famílias.
Na pior das hipóteses, se for condenado, o quadro se complica, e muito. Afinal de contas, trocando em miúdos, lugar de estuprador é na cadeia, seja ele quem for. Quem pratica qualquer ato de violência contra uma mulher, especialmente no plano sexual, deve ser punido como manda a lei.
Andes do veredicto, o caso ainda vai passar por uma série de meandros, recursos, idas e vindas. Será que a mocinha está querendo se aproveitar da fama do tricampeão para arrancar dele um polpudo acordo financeiro? Pode ser. Será que o atleta realmente pisou na bola? Seria uma grande decepção. O julgamento não cabe a nós. Para isso existem promotores, defensores e juízes.
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SURREAL - A turma de Sacramento que me perdoe, mas parece piada esta história da contratação de Dennis Rodman. O boato surgiu forte durante a semana, quando o ícone máximo da indisciplina na NBA jantou com os irmãos Maloof, proprietários da equipe. Pelo visto, o obstáculo da negociação foi puramente financeiro, já que a dupla de cartolas parece cansada da política de torrar dólares a torto e a direito. Preocupante é saber que o critério técnico-físico sequer foi levado em conta. Ou seja, se houvesse dinheiro disponível, aquele elenco coeso receberia um senhor de 42 anos conhecido por arrumar algumas das piores confusões da história da liga. Rodman, que encerrou sua carreira há três anos com passagens curtas e polêmicas por Los Angeles e Dallas, disse que vestir o uniforme dos Kings seria “uma oportunidade deliciosa de ferrar os Lakers”. Menos, bad boy. Na verdade, ferrado estaria o pobre torcedor do Sacramento.
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FOLGA MONETÁRIA - David Stern e seus comparsas decidiram que o teto salarial para a temporada que se aproxima será de US$ 43.8 milhões, o que representa um aumento de US$ 2 milhões em relação ao último campeonato. A mudança beneficiou alguns times, como o Washington Wizards, que agora acumula US$ 8.5 milhões para gastar no mercado. A quantia deve ser suficiente para seduzir Gilbert Arenas, que ostenta o chamado passe livre restrito (ou seja, o Golden State tem prazo de 15 dias para cobrir qualquer proposta recebida pelo atleta). O problema é que no cofre dos Warriors só há US$ 4 milhões para segurar o rapaz. Arenas só fica se houver uma reformulação no elenco.
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TUDO POR BRAND - Pat Riley jogou pesado e saiu derrotado. Sem Alonzo Mourning, o técnico-cartola do Miami Heat apostou todas as suas fichas numa proposta de US$ 84 milhões por Elton Brand, um reforço de primeira linha para o time da Flórida. A situação de Brand, porém, era a mesma de Arenas, e o Los Angeles Clippers igualou a oferta. Com isso, o ala permanece na Califórnia, em boa parte graças aos esforços do novo treinador, Mike Dunleavy, que exigiu a renovação do jovem astro. A expectativa é que a mesma política sirva para Corey Maggette (assediado pelo Utah), mas não para Andre Miller, que deve mesmo ir para Denver. O próximo alvo de Riley passa a ser Lamar Odom.
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REFORÇO MORAL - Aos 37 anos, Scottie Pippen está de volta a Chicago. Com experiência de sobra, o veterano pode dar boas dicas à garotada que se amontoa no elenco dos Bulls. Mas, cá entre nós, sua contratação soa mais como uma jogada psicológica do gerente e ex-colega John Paxson, interessado em vender a idéia de que tudo voltará a ser como nos bons tempos. A sólida campanha do Portland credencia Pippen como velhinho salvador, mas seu destino não deve ser muito diferente de um Romário no Fluminense ou um Edmundo no Vasco: muita experiência, alguma eficiência e pouquíssimos resultados.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Antonio Daniels chega a Seattle para ser titular. É bom jogador. Após seis anos na sombra de armadores mais habilidosos, ele finalmente terá a oportunidade de mostrar serviço, com a ajuda providencial de Ray Allen.
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O Boston Celtics acertou ao renovar o contrato de Walter McCarty, que não é nenhum gênio mas funciona bem como reserva.
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Rasho Nesterovic em San Antonio, Michael Olowokandi em Minnesota, e eu com um pé atrás. Acho excessiva a badalação em torno dos dois. São pivôs razoáveis, nada muito além disso.
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(Fotos – NBAE)
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