27.7.03
OPERAÇÃO SILENCIOSA
Nesterovic vai dividir espaço
no garrafão com Tim Duncan
Até hoje, a informação é meio nebulosa. Gregg Popovich, técnico e dirigente do San Antonio Spurs, prefere trancar o assunto numa gaveta enferrujada do passado. As línguas mais afiadas, porém, garantem que ele trabalhou como espião militar no início dos anos 70, quando serviu à Aeronáutica americana.
Pelo que se vê hoje, até que faz sentido.
Agindo em silêncio, sem alarde ou estardalhaço, Pop mexeu uma peça aqui, outra ali, e fez do San Antonio Spurs versão 2003-2004 um time ainda melhor do que o campeão de 2002-2003. Enquanto Malone, Payton, Kidd e Mourning guiavam todos os holofotes para Los Angeles e New Jersey, os defensores do título executaram movimentos cirúrgicos, capazes de dar um trato no elenco e deixá-lo em pé de igualdade com os famintos rivais do Oeste.
Na calada da noite, o San Antonio perdeu Danny Ferry (ou seja, não perdeu ninguém) e ganhou Rasho Nesterovic, Hedo Turkoglu, Ron Mercer e Robert Horry. Está aí um cartola que sabe agir no escuro.
Obviamente não precisamos levar em conta a inevitável saída de David Robinson, prevista há um bocado de tempo. A turma que ficou, unida à que chegou, devolve os Spurs ao altar dos favoritos.
Em uma equipe que prima pela versatilidade, Mercer e Turkoglu se encaixam como luvas. Nenhum dos dois é gênio, mas ambos têm múltiplas habilidades. Nesterovic é bom o bastante para suprir o jogo razoável apresentado pelo Almirante no fim da carreira. Quanto a Horry, não podemos cobrar dele a constância do gatilho fatal que tantas vezes derrubou os adversários dos Lakers. Mas em condições especiais o veterano pode, sim, mostrar serviço. Na reserva de Tim Duncan, ele não terá muitos minutos em quadra, e seu papel será semelhante ao de Steve Kerr: contribuição esparsa, mas sólida.
Incluindo no caldeirão um ano a mais de experiência para Tony Parker e Manu Ginobili e o jogo correto de Malik Rose e Bruce Bowen, temos novamente uma senhora esquadra. Dá até para fazer uma caridade ao Denver e liberar Stephen Jackson.
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CHEGA - Cansado das repetidas eliminações na primeira rodada dos playoffs, o Minnesota Timberwolves jogou a cautela para o alto e salpicou talento ao redor de Kevin Garnett. O time titular terá três belas novidades em relação ao último campeonato: Latrell Sprewell, Sam Cassell e Michael Olowokandi. Trata-se de uma respeitável injeção de ânimo para um grupo que estava na iminência de se acostumar com o fracasso. O trio de reforços estava mesmo precisando respirar novos ares. Spree só faltou ser enxotado de Nova York; Cassell perdeu prestígio em Milwaukee no episódio da contratação de Gary Payton; e Olowokandi não agüentava mais perder, perder, perder. Ao lado de KG, Wally Szczerbiak e Troy Hudson, pintou a chance da sorte grande.
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PRUDÊNCIA - O Sacramento perdeu dois reservas (Turkoglu e Scot Pollard) e ganhou um titular (Brad Miller). Sempre tive com este pivô um certo grau de implicância. Miller só conquistou um lugar ao sol devido à carência crônica da posição, por isso não vejo motivo para colocá-lo na elite dos grandalhões da liga. Ainda assim, fez muito bem a diretoria dos Kings. Com a proximidade da aposentadoria de Vlade Divac, era preciso investir logo em alguém capaz de garantir alguma qualidade embaixo da cesta. No fim das contas, o branquelo desajeitado será mais uma peça útil para Rick Adelman.
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ABISMO - Parecia impossível, mas o Oeste ficou ainda mais forte. Para comprovar isso, proponho um rápido exercício de imaginação, formando duas seleções de jogadores roubados da conferência rival. O Leste engrossou suas pobres fileiras com Campbell, Pollard, Howard, Pippen e Arenas. Já o Oeste afanou Miller, Sprewell, Mercer, Cassell e Payton. É fácil notar quem levou vantagem.
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PROJETO 2005 - Muita gente criticou os engravatados do Atlanta, que liberaram Glenn Robinson e receberam Terrell Brandon na transação com Wolves, Sixers e Knicks. Brandon tem a carreira ameaçada por uma grave contusão, e provavelmente não jogará um minuto sequer pelos Hawks. A estratégia, no entanto, é de longo prazo. Praticamente todos os atletas do elenco têm contrato vencendo em julho de 2005. Até lá, a equipe deve fazer apenas figuração em quadra, preparando o terreno para uma faxina geral que vai possibilitar a chegada de pelo menos dois jogadores de primeira linha com passe livre. A tática é arriscada, mas a ousadia não deixa de ser elogiável.
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ARMADILHA - Na falta de ação verdadeira, a imprensa americana começa a inflar as cotações dos atletas que se destacam nos torneios de verão. Não vale a pena cair nessa. As disputas só reúnem gente do segundo escalão para baixo, por isso os grandes nomes têm sido Frank Williams, Mike Dunleavy, John Salmons, Jannero Pargo, Melvin Ely, e por aí vai. Para se ter uma idéia, o MVP do Rocky Mountain Revue, em Salt Lake City, foi Lonny Baxter, do Chicago Bulls. Precisa dizer mais?
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SEM PRESSA - Parabéns ao Leandrinho, que enfiou 20 pontos no San Antonio. Stephon Marbury, claro, não jogou, e o cestinha dos Spurs foi um sujeito chamado Amemdola Okalaja. Portanto, nada de conclusões precipitadas. Vamos deixar para avaliar o brasileiro quando começarem os amistosos da pré-temporada em setembro.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
O esforço é válido, mas, cá entre nós, Juwan Howard não resolve o problema do Orlando Magic. Para um grupo que já tem Drew Godden como um promissor ala de força, seria mais oportuno investir num pivô que pudesse, de fato, garantir rebotes e distribuir tocos no garrafão.
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O Dallas Mavericks continua comendo mosca. Mark Cuban ainda tenta trocar Raef LaFrentz por Kurt Thomas. Que tédio.
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Elden Campbell quer ser titular no Detroit, que tem Ben Wallace e Darko Milicic embaixo da cesta. Menos, vovô, menos.
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Um juiz do caso Kobe Bryant permitiu a presença de câmeras de TV na sessão prevista para 6 de agosto. É impressão minha ou já paira no ar um clima semelhante ao do julgamento de OJ Simpson?
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(Foto - NBAE)
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