17.8.03



CARTADA DE ÚLTIMA HORA




Musselman não poderá mais contar
com a habilidade de Antawn Jamison





O falastrão Mark Cuban já estava com uma das mãos no troféu abacaxi desta pós-temporada. Era o favorito absoluto para receber o selo de cartola fracassado do verão americano, afinal o Dallas Mavericks embarcou numa fossa olímpica após a eliminação nos playoffs. A letargia se estendeu pelo período de negociações e a equipe se limitou a aplaudir a perícia administrativa dos rivais do Oeste. Enquanto Lakers, Wolves, Kings e Spurs injetavam ainda mais talento em suas fileiras, Cuban gastava tempo proferindo impropérios sobre o caso Kobe Bryant.

Eis que, no entanto, o fim de semana chegou. E o Dallas, enfim, disparou seu tiro certeiro.

Quando as luzes de segunda-feira se acenderem no escritório da NBA, será oficializada uma troca respeitável com o Golden State Warriors. Nick Van Exel, Evan Eschmeyer, Popeye Jones e Avery Johnson darão lugar a Antawn Jamison, Danny Fortson, Chris Mills e Jiri Welsch.

O Texas perde a experiência de Van Exel, e só. Eschmeyer, Jones e Johnson foram apenas peças de decoração na última temporada; não farão a mínima falta. Em troca, Cuban pescou o habilidoso Jamison, estrela em ascensão que há muito tempo merecia uma oportunidade num time de ponta. De quebra, o reboteiro Danny Fortson e seus 118 quilos se apresentam para reforçar um garrafão esquálido.

Jamison chega na hora certa para preencher (com muito mais qualidade) o vazio deixado por Adrian Griffin, que assinou com o Houston Rockets. Sendo assim, os Mavs passam a formar com LaFrentz, Nowitzki, Jamison, Finley e Nash. A despeito de um pivô razoável, são quatro excelentes opções de ataque, privilégio que até agora só era possível encontrar em Los Angeles. O banco recebe o reforço de Fortson e continua afiado, com Bradley, Najera, Abdul-Wahad, Williams e Bell (os dois últimos ainda com passe livre), sem falar no calouro Josh Howard.

Pronto. Após semanas consecutivas de inércia, o Dallas fez o dever de casa. Mais uma vez, está confortavelmente instalado na elite.

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PERDAS - E o Golden State? Para quem já perdeu Gilbert Arenas e deve perder Earl Boykins, não chega a ser de todo ruim substituir a dupla por Van Exel e Speedy Claxton. O problema é que temos aí a história do cobertor curto. Ao equilibrar a armação, abre-se um rombo na ala. Sem Jamison, todo o peso ficará nos ombros de Troy Murphy, que desde já passa a rezar por boas atuações do calouro francês Mickael Pietrus.

Em seu terceiro ano de NBA, Jason Richardson vai ter de provar que suas habilidades vão além das enterradas acrobáticas. Pena que as saídas de Jamison e Arenas sejam o bastante para desmantelar um dos times mais empolgantes do último campeonato. A não ser por um milagre, o playoff continua sendo apenas um sonho.

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NOVO CARTEIRO - J-Rich não é o único atleta com um desafio espinhoso pela frente. Keon Clark abandona o posto de eterno coadjuvante no Sacramento Kings para assumir, em Salt Lake City, uma posição que nos últimos 18 anos foi ocupada por Karl Malone. Clark deixou a Califórnia em boa hora. Sua relação com o técnico Rick Adelman ficou um bocado estremecida quando Chris Webber se machucou no último mata-mata. O substituto, para surpresa geral, foi o instável Hedo Turkoglu. “Ali eu percebi que a coisa era política”, acusa Clark, evitando se comparar a Malone: “Nunca haverá outro Carteiro; mas eu também posso fazer minhas entregas”.

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LARGADA - Liderada por Tim Duncan, a nova versão do Dream Team não chegou a dar show, mas mostrou à sua torcida que o destino do basquete americano no Pré-Olímpico deve ser bem diferente da atuação pífia no campeonato mundial. No amistoso contra Porto Rico, hoje cedo, em Nova York, os Estados Unidos venceram por 101-74, com 21 pontos e 15 rebotes de Duncan. Tracy McGrady marcou 15 pontos e Ray Allen, 14. Respaldados pela boa atuação de Carlos Arroyo, os porto-riquenhos engrossaram a partida até o terceiro quarto, quando perdiam por apenas 3 pontos. No período final, entretanto, os EUA fizeram 26-8 e fecharam a tampa. O próximo compromisso das feras é para valer: a corrida por uma vaga em Atenas começa na quarta-feira, contra o Brasil de Nenê e Leandrinho.

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FICÇÃO? - Terminaram em fevereiro as filmagens de um longa-metragem independente que narra o drama de um astro do basquete acusado de estupro. Poucos meses depois, quando a vida imitou a arte e Kobe Bryant se viu envolvido em enredo idêntico, o diretor Jennifer Harper mal acreditou. Por trás da coincidência, um detalhe ainda mais curioso: o financiador do filme é o pivô Dale Davis, do Portland Trail Blazers. “Não quero fazer publicidade com a situação de Kobe”, garantiu Davis, que investiu US$ 1 milhão no projeto.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Jerry West parece esmerado em continuar a série de lambanças no Memphis Grizzlies. À procura de um grandalhão, o cartola trabalha com uma lista que inclui Nazr Mohammed, Adonal Foyle, Erick Dampier, Jerome James e Vitaly Potapenko. Lamentável.

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Após muita conversa, o Indiana Pacers acertou a renovação de Reggie Miller. O contrato deve ser oficializado no decorrer da semana, com valores bem modestos.

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Se Lamar Odom for mesmo para Miami, Eddie Jones deve fazer as malas logo depois. A tática é reservar espaço na folha salarial e fazer uma proposta ousada por Kevin Garnett no ano que vem.

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Aos 38 anos, Arvydas Sabonis sai de cena. Com seu estilo desajeitado, o pivô lituano foi um dos maiores responsáveis pela abertura da NBA para os estrangeiros. Em tempos de carência embaixo da cesta, vai deixar saudade.

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(Foto - Rocky Widner/NBAE)

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