27.10.04



a vez dos armadores
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))) Kidd e Snow, dois atletas
com novos desafios este ano



Não dava mesmo para escapar dos grandalhões. Numa pré-temporada em que Shaquille O’Neal, Kenyon Martin, Carols Boozer, Mehmet Okur, Erick Dampier, Brian Grant e Vlade Divac trocam de uniforme, o noticiário recai naturalmente sobre a turma que fica mais perto do aro. Um olhar mais atento, contudo, recomenda atenção especial ao lado mais atarracado dos esquemas táticos. Com os elencos renovados, diversos armadores que atuam na posição 1 ganharam novo status, numa mudança coletiva como há muito não se via na NBA.

Ao passar os olhos sobre as 30 equipes, o Rebote pescou cinco duplas de baixinhos que precisam subir degraus se quiserem chegar a algum lugar.

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))) KIDD, IVERSON e as múltiplas funções



Em New Jersey, deu até vontade de ir embora. Quando soube que a diretoria abriu a porta dos fundos para K-Mart e Kerry Kittles, o astro Jason Kidd deixou a garganta falar mais alto que o cérebro e pediu publicamente para ser negociado. Não conseguiu, claro. Não é todo mundo que tem bala na agulha para incluir o melhor armador do planeta em suas fileiras. Poeira baixa, lá está o craque diante de um baita desafio: além das assistências para Richard Jefferson, ele vai ser exigido como pontuador. Precisa crescer suas médias se não quiser ver os Nets no fundo do poço.

Na Filadélfia, o quadro é o oposto. Allen Iverson sempre se preocupou em receber a bola e fazê-la chegar à cesta. O resto era o resto. O problema é que agora o escudeiro Eric Snow se foi e deixou vaga a função de armar as jogadas para os 76ers. Lá vai Iverson para a posição 1, abrindo espaço no elenco para o promissor Willie Green. Nada de chutar sem freio. A cada ataque, o tatuado encrenqueiro terá a incumbência de fazer o jogo fluir. Missão espinhosa para um fominha nato.

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))) NASH, FRANCIS e o estrelato solitário



Os últimos anos foram de sombra parcial para Steve Nash. Mesmo com um dos domínios de bola mais eletrizantes da liga, não foi fácil para o canadense brilhar tendo ao seu redor gente do quilate de Finley, Nowitzki, Jamison e Walker. No Arizona, tudo vai ser diferente. De volta ao Phoenix Suns, Nash continuará cercado de talento, mas será o astro da companhia. Talvez seja isso que falte para fincar de vez a bandeira na elite do basquete americano.

O mesmo acontece com Steve Francis. Em Houston, ele precisava dividir as jogadas com Yao Ming, o gigante chinês que ganha terreno a cada noite e impede que o esquema fique centrado num armador. Com a migração para Orlando, Francis encara o desafio de substituir Tracy McGrady e, finalmente, ganha a oportunidade de carregar um time nas costas para justificar o apelido Franchise.

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))) PAYTON, MARBURY e a ressurreição



Para quem andava meio morto, é um prato cheio. Após fracassar no Los Angeles Lakers, Gary Payton conta com Paul Pierce, Ricky Davis e um punhado de jovens para mostrar que ainda está vivo. As turbulências na ida para Boston aumentam ainda mais a responsabilidade do veterano em relação à torcida dos Celtics, que anda meio sem paciência com um time empenhado em negar as glórias do passado.

Stephon Marbury não está tão morto assim, mas tem muito a provar neste ano. Será o primeiro campeonato inteiro com o New York Knicks, time dos sonhos de infância. Com Allan Houston em forma e Jamal Crawford no banco, a equipe tem tudo para chegar novamente aos playoffs e brigar de verdade, em vez de ser varrida na primeira fase.

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))) WADE, SNOW e a arte de virar escada



A saída de T-Mac do Orlando Magic abriu na Flórida um futuro promissor para o jovem Dwyane Wade, que caminharia a passos largos para ser o rei do estado em muito breve. O obstáculo tamanho GG, no entanto, pousou bem no seu time, o Miami Heat, e Wade voltou ao posto de coadjuvante. Com Shaquille O’Neal em quadra, o habilidoso armador assume uma tarefa dupla: pontuar em alto nível e preparar terreno para o superpivô. Se a química der certo, a NBA pode ganhar uma dupla fenomenal.

Alguns degraus abaixo, Eric Snow também vai se transformar em escada. De certa forma, o discreto carregador de piano já exercia esse papel ao lado de Allen Iverson. O astro dos Sixers, no entanto, nunca foi de esperar bolinha pronta na mão. Vamos ver como será agora, em Cleveland, com o emergente LeBron James, que ainda precisa de ajuda para se tornar um verdadeiro All-Star.

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))) FORD, ARROYO e a liderança precoce



Comandar um grupo jovem é coisa pra veterano, certo? Não em Milwaukee, onde o ensaboado TJ Ford, de apenas 21 anos, promete agarrar os Bucks a unha. Em volta dele, o técnico Terry Porter acomodou atletas promissores como Michael Redd e Desmond Mason. Com um esquema bem azeitado, talvez dê para fazer bonito.

No Utah Jazz, caiu nas mãos do pequeno Carlos Arroyo, não muito mais experiente, o fardo de liderar o novo comboio formado por Boozer, Okur, Harpring e Kirilenko. Para encarar a responsabilidade, Arroyo terá de repetir o espírito de liderança mostrado na Olimpíada de Atenas, quando conquistou o mundo à frente da seleção de Porto Rico.

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fotos. nbae

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