28.3.04



dois dedos de prosa sobre redenção
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))) Alston fez o ginásio tremer


Enquanto os cães ferozes se atacam no Oeste, peço licença aos companheiros para gastar mais algumas linhas com a conferência rival. Os primos pobres da NBA, vocês sabem, vêm dando o que falar. O trio de ferro Pacers-Nets-Pistons continua grudado no topo da tabela, mas a emoção segue espalhada alguns degraus abaixo.

O que aconteceu na noite de sexta-feira foi uma prova inequívoca de que o Leste, apesar de limitado, pode aprontar das suas. Foi o que fez o Miami para cima do Dallas, num triunfo histórico que, a esta altura, já fez valer a temporada para o time da Flórida. Acostumado às derrotas, o Heat decidiu, na reta final do campeonato, tomar o caminho das vitórias. E cadê alguém para frear essa gente?

O tiro certeiro de Rafer Alston, com Shawn Bradley à frente, não apenas sela a sétima vitória seguida do Miami, mas funciona como um símbolo emblemático. Representa a superação do peladeiro diante do gigante, mais ou menos como acontece nas raras ocasiões em que o Leste bate o Oeste. Aquela bola de três caiu como uma bomba no ginásio. O chão tremeu e a arquibancada parecia explodir. Para quem vinha se adequando à rotina de derrotas, esse novo Heat é um sopro de otimismo.

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Outro redentor do fim de semana foi LeBron James, que finalmente quebrou a barreira dos 40 pontos e tornou-se o mais jovem atleta a atingir tal feito. Ontem, contra o New Jersey, o calouro não só marcou 41, como também distribuiu 13 assistências. De certa forma, supriu a ausência de Jason Kidd em quadra. Com o grupo na mão, anotou os últimos 10 pontos da equipe na apertada vitória por 107-104.

E ainda tem gente achando que o garoto é só um produto da mídia.

O resultado de ontem quebrou uma seqüência de fracassos e deixou o Cleveland empatado com o Boston na luta pela oitava vaga do Leste. Para quem foi lanterna no ano passado, a briga atual é mais uma prova de superação numa conferência marcada pelo desafio constante. Com todo respeito aos fãs dos Celtics, o basquete agradeceria se a decadente turma de Paul Pierce abrisse espaço para o sangue novo de LeBron no mata-mata.

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Para não dizer que não falei de Oeste: belíssimo jogo o de ontem, entre Denver e Utah. Disputa acirrada, clima de playoff. O desfecho espetacular, com o raçudo Carlos Arroyo, mostra que, apesar das ausências de Malone e Stockton, o Jazz mantém na veia o espírito guerreiro. Assim como o Cleveland, seria um prazer ver essa moçada na próxima fase.

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foto . nbae

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