14.6.04
na ante-sala da glória
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))) Os Lakers só têm mais uma chance para frear o
ímpeto de Wallace e impedir a façanha dos Pistons
Incansáveis na missão de virar a lógica do avesso, Brown, Billups, Hamilton, Prince e os Wallaces conseguiram o que nem o analista mais inconseqüente havia previsto. A um passo do paraíso, o Detroit Pistons acaba de cooptar a estatística como aliada na corrida pelo título. A questão, na verdade, não é o fato de nenhum time ter conseguido, até hoje, virar uma final após estar perdendo por 3-1. Tabus estão aí para serem atropelados e, no universo ímpar da NBA, tudo pode acontecer. O problema é que, aos meus olhos, salvo algum surto de miopia, o Los Angeles Lakers não parece muito disposto a quebrar a escrita e entrar para a história.
Nitidamente descontrolados, os jogadores perdem uma eternidade de tempo no esforço mesquinho de peitar os juízes e trocar farpas internas. Deveriam canalizar toda a energia na complicada tarefa de superar um grupo focado cegamente na linha reta que leva ao troféu.
Contra a maré, o gigante Shaquille O’Neal teve ontem uma performance explosiva, com 36 pontos e 20 rebotes. Para o azar dele, o basquete não é um esporte individual. E o companheiro Kobe Bryant sucumbiu ao franzino Tayshaun Prince, acertando apenas oito de 25 arremessos.
Tão ávidos pelo anel de campeão, Gary Payton e Karl Malone estão fazendo de tudo para enterrar os próprios sonhos. É frustrante ver dois atletas de primeiro nível chafurdando em atuações tão bisonhas. Malone ainda tem a desculpa do joelho avariado, mas o que dizer de Payton? Ele, que já esteve lá, devia saber que as finais exigem superação. Pois escolheu logo este momento para exibir seu pior basquete.
O leitor mais atento há de notar que o banco de reservas foi pífio, somando apenas nove pontos. Ora, o do Detroit foi pior ainda, com oito. A diferença se fez na qualidade dos titulares. É das estrelas que o Los Angeles precisa. E elas andam sumidas.
Rip Hamilton nem foi tão brilhante, mas manteve a cabeça fria para converter seus sete lances-livres. Fantástico nos dois extremos da quadra, Chauncey Billups deu mais um passo para ser o MVP das finais. Prince teve lá seu quinhão defensivo, Ben Wallace cumpriu sua meta no garrafão e o homônimo Rasheed, bem, este foi o melhor de todos. Com 26 pontos e 13 rebotes, o bad boy segue saboreando a vingança pelas pancadas que levou dos Lakers no passado.
O sucesso se repete fora das quatro linhas. Em frente ao banco, Larry Brown mantém o nó tático apertado e castiga o colega Phil Jackson. Nas arquibancadas, a torcida garante o espetáculo. Se for para ganhar o título, que o Detroit ganhe logo amanhã, para evitar a perversidade que seria celebrar a conquista longe dos fãs. Essa gente que lota as poltronas do Palace não merece ver a festa por um telão.
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Recém-saídas da manutenção, as bolas de cristal agora mostram o título caindo no colo da conferência Leste. A prudência, contudo, recomenda esperar mais um pouco. Não dá para enterrar os Lakers antes da última sirene.
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foto . nbae
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