7.6.04
planeta chocado
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))) Billups cumpriu a profecia e venceu
Sábado foi um dia de frases proféticas. Duas delas saíram da boca do técnico Larry Brown, em meio ao bate-bola dos Pistons na véspera do jogo 1 em Los Angeles. A primeira veio em tom de constatação: “Em toda a liga, não existe um jogador mais dominante que Shaquille O’Neal, assim como não existe um jogador melhor que Kobe Bryant”.
No domingo, vimos que o técnico do Detroit estava certo: Shaq marcou 34 pontos e pegou 11 rebotes, enquanto Kobe anotou 25 pontos e quatro roubadas.
A segunda frase veio em três tópicos, com jeito de receita. “Precisamos evitar o acúmulo de faltas; temos de converter grandes arremessos; não podemos permitir cestas fáceis”.
Dito e feito. Nenhum jogador do Detroit passou de três faltas; os arremessos decisivos vieram um atrás do outro; a defesa parecia uma muralha.
Com experiência de sobra, o treinador sabia que a vitória só seria possível se o mundo conspirasse a favor dos Pistons. É aí que entra a terceira frase do sábado, não de Brown, mas do atarracado Chauncey Billups. Foi a mais profética de todas:
“Estamos prontos para chocar o planeta”.
Graças ao próprio Billups, o planeta está devidamente chocado. Diante de um Gary Payton atônito, o armador foi a centelha ofensiva que marcou a diferença na partida de ontem. Com 22 pontos, comandou um elenco equilibrado, capaz de surpreender até o mais crédulo dos torcedores.
Acredite se quiser, o Detroit venceu. Passeou no jogo, quebrou o encanto dos Lakers, roubou o mando de quadra e mostrou que pode fazer frente ao poderoso rival da conferência Oeste.
E agora?
Bem, agora estamos diante de duas possibilidades. Uma é a repetição da final de 2001, quando o MVP Allen Iverson aprontou das suas e o Philadelphia 76ers faturou o jogo 1 no Staples Center. Em seguida, foram quatro vitórias avassaladoras do Los Angeles, que fechou a tampa em 4-1 e garantiu o bicampeonato sem sobressaltos. Alguém aí acredita que a história possa se repetir?
Eu, não.
Então vamos à segunda possibilidade, que é uma série bem disputada, centrada na defesa e se arrastando por seis ou sete partidas. Para os Lakers, o duelo de terça-feira será de vida ou morte. Perder de novo significa deixar o troféu escapar pelos dedos. E mesmo empatando o confronto, serão três embates seguidos em Michigan. Osso duro de roer.
O fato é que Phil Jackson precisa fazer a turma acordar. Ontem, o desânimo no vestiário era assustador. Atropelado pelo fracasso, Karl Malone murmurava num canto que a culpa era dele. “Não tentei arremessos, não criei situações para os outros atletas, joguei como um calouro”, lamentava, em clima de velório.
O Carteiro tem boa parcela de responsabilidade na derrota, mas não está sozinho no naufrágio. À exceção de Kobe e Shaq (fantásticos), o time inteiro amarelou. Entre os coadjuvantes, o cestinha foi Devean George, com míseros cinco pontos. Os outros foram igualmente inúteis: Malone (4), Payton (3), Fisher (2), Medvedenko (2), além dos zerados Fox e Rush. Uma vergonha.
Para se ter uma idéia, Ben Wallace anotou nove pontos e foi apenas o quinto maior pontuador do Detroit. Billups contou com a ajuda preciosa de Rasheed (14), Rip (12) e Prince (11). Pensando bem, nem dá para dizer que os 12 pontos de Richard Hamilton foram preciosos. O craque dos Pistons falhou quando mais se esperava dele.
E nem assim o Los Angeles conseguiu vencer.
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Para quem não prestou atenção, a última Pesquisa Rebote confirmou o que se esperava: a relação dos Lakers com a torcida é pautada quase exclusivamente no amor e no ódio. Entre os 230 votantes (recorde absoluto por aqui), 90 disseram que amam a franquia e outros 90 afirmaram que a odeiam. Apenas 15 se declararam indiferentes.
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foto . cnn/sports illustrated
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