11.6.04
o gigante frágil
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))) O Detroit de Billups encontrou espaço
Em nenhum momento houve silêncio nas belas arquibancadas do Palace de Auburn Hills. Mais de 22 mil fanáticos lotaram as poltronas e fizeram barulho do início ao fim, sem trégua. Quando terminou a partida, a euforia ganhou ares inéditos na grande final da NBA. Pela primeira vez podemos cogitar, sem tirar os pés no chão, uma possibilidade até então descartada: o troféu deste ano pode, sim, repousar numa galeria do Leste.
Os 20 pontos que separaram Pistons e Lakers na noite de quinta-feira deixaram claro que o gigante Golias anda seriamente ameaçado pelo pequeno David. A defesa incansável que limitou Kobe Bryant a míseros 11 pontos subiu um degrau no olimpo do basquete e provou ser capaz de operar milagres.
Já é possível vislumbrar, ainda que num horizonte nebuloso, a turma de Detroit erguendo a taça.
Apresso-me em explicar que ainda considero o Los Angeles favorito. De leve, mas considero. O que me inibe a mudar de lado é a fórmula da final. O sistema 2-3-2 dá imensa vantagem a quem tem mando de quadra. Vejam só este caso. Mesmo perdendo uma das duas primeiras partidas em casa, os Lakers só precisam vencer uma das três seguintes para garantir a decisão em seus domínios.
Parece-me óbvio que o time comandado por Phil Jackson não vai tombar triplamente em Michigan. Basta arrancar uma vitória no domingo, por exemplo, para reaver a tranqüilidade na série. Ou alguém duvida que o Staples Center pegaria fogo em hipotéticos jogos 6 e 7? No frigir dos ovos, continuo vendo os Pistons diante de um desafio indigesto.
A novidade é que já não duvido deles.
A sova de ontem rasgou o manto que envolvia o Oeste numa proteção quase sagrada. Apostar num primo pobre como o Detroit era motivo para lançar o palpiteiro no rol dos ignorantes. Era praticamente um sacrilégio. Agora não é mais.
A guerra está aberta e qualquer prognóstico corre o risco de parecer débil antes do embate crucial de domingo. Até lá, Payton tem três dias para despertar do sono profundo; Malone pode descansar o joelho doente; Jackson vai queimar um bocado de neurônios para driblar as armadilhas do rival; Billups e Hamilton estudarão um jeito de repetir a performance ofensiva; Larry Brown vai continuar polindo os tijolos de sua muralha intransponível.
Do nosso canto, vamos esperar com paciência budista. Tenho certeza de que valerá a pena.
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Numa série como esta, Kobe Bryant só tem direito a uma folga. Foi ontem. Daqui para frente, precisa voltar a ser o gênio que conhecemos, sob pena de ver o gigante tombar diante do anão.
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foto . cnn/sports illustrated
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