30.11.04
incêndio na colméia
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))) Os Davids Wesley e West se unem a
outros infelizes para salvar os Hornets
Cada time tem suas crises, isso todo mundo sabe, mas cá entre nós, não deve ser fácil torcer pelo New Orleans Hornets. Em toda a NBA, não há nenhuma equipe que atravesse crise maior, pautada pela diferença entre o que é e o que poderia ter sido.
Entenderam?
Se não fossem as esquinas da vida, essa franquia poderia ter se transformado em uma das potências do Leste, escorada num trio de ferro formado pelos All-Stars Baron Davis, Jamal Mashburn e Jamal Magloire. Time azeitado, elenco entrosado, está aí a receita previsível para ganhar respeito numa conferência frágil, que continua frágil mesmo com Shaquille O'Neal trombando nos garrafões.
O problema é que o mundo girou e embaralhou o meio de campo. Para começo de conversa, a NBA redesenhou suas fileiras e jogou o New Orleans para o Oeste. Pura maldade. O presente de grego se completou quando a equipe soube que cairia na divisão Sudoeste, a mais forte da liga, com San Antonio, Dallas, Houston e Memphis.
Aí não teve jeito: inferno astral na certa.
Confirmaram-se as previsões mais sombrias sobre a contusão de Mashburn, que está fora do campeonato. Baron Davis se juntou ao amigo em meados de novembro, e agora é a vez de Magloire, que deslocou um dedo e ficará três meses de molho.
Sem os principais atletas, o time tem entrado em quadra com o seguinte quinteto titular: PJ Brown, Lee Nailon, David West, David Wesley e Darrell Armstrong. Dá para engolir? O resultado só podia ser um, este que está aí, a lanterna do Oeste, onde os Hornets parecem lutar por uma vaga cativa.
Poderia não ter sido nada disso. Mas foi.
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Para o nosso azar, as contusões não perturbam só os medalhões e pegam também o brasileiro Alex. Sempre às voltas com a enfermaria, o ala-armador não consegue cavar espaço nem mesmo neste elenco cheio de buracos. Uma pena.
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fotos . nbae
29.11.04
alerta vermelho
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))) Com Yao no garrafão, McGrady não
pode mais viver apenas de pose e fama
Receber a bola no ataque e ver Andrew DeClerq se mexendo embaixo da cesta é uma coisa. Levantar os olhos e esbarrar com Yao Ming de mãos erguidas é outra completamente diferente. Qualquer cérebro razoável julgaria a segunda alternativa como a melhor situação de jogo, certo?
Bem, nem todos os cérebros razoáveis.
Envolvido até o pescoço num estilo individualista, Tracy McGrady devia se sentir aliviado ao avistar DeClerq e outros ex-comparsas do Orlando Magic. Assim, sentia-se à vontade para tentar a infiltração, chutar de longe, errar a torto e a direito. Era ele o astro do time, não existia plano B no ataque. Agora existe.
Dividir os holofotes com Yao Ming não tem sido um bom negócio para T-Mac. Basta comparar sua performance à dos outros astros que mudaram de time nesta temporada. Todos, à exceção do ala-armador do Houston Rockets, evoluíram e passaram a exercer funções primordiais em suas equipes.
Steve Francis, que trocou de uniforme com McGrady, renovou os ânimos do Orlando Magic e fez de Grant Hill um parceiro de mão cheia. Outro Steve, o Nash, mal aportou no Phoenix Suns e já está distribuindo mais de 11 assistências por partida. Shaquille O'Neal vem fazendo do Miami Heat um candidato ao título do Leste, e até Antawn Jamison mexeu com as estruturas do Washington Wizards.
T-Mac, na contramão, está caindo no limbo dos jogadores normais. Limita-se a 20.5 pontos por noite (número ridículo para quem já beirou os 30), reduziu as médias de assistências, rebotes e roubadas e até o aproveitamento de arremessos ficou mais baixo. Esperava-se que ele escolhesse melhor os chutes, que mudasse seu estilo, que jogasse para o time.
O tempo vai passando e, até agora, Tracy ainda está devendo uma prova de que essa transformação é possível. O craque que abra o olho, ou a elite da liga pode fechar-lhe as portas em pouco tempo.
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fotos . nbae
27.11.04
recados do novo iverson
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))) O armador tem motivos para festa
Faltavam menos de 20 segundos para Allen Iverson interromper uma série de 30 jogos com pelo menos uma roubada de bola. Contra o Washington, já estávamos na prorrogação, placar empatado, e ele não havia feito jus à fama de ladrão. Àquela altura, dava preferência a outros ofícios: o de artilheiro, com 26 pontos, e o de garçom, com 13 assistências. Tudo isso sem um desperdício sequer.
Pobre do desatento Jarvis Hayes, que tentava colocar a bola em jogo para o último ataque dos Wizards. Antes que Gilbert Arenas recebesse o passe, Iverson surgiu do nada para roubar, infiltrar, bandejar e decidir a partida, no segundo final. Está aí uma tarefa que o pequeno e controverso armador tem desempenhado com maestria neste início de temporada. Decide jogos com a confiança de um MVP.
Os companheiros têm colaborado e, por isso, o Philadelphia 76ers vai cumprindo papel razoável na tabela. É o líder da divisão do Atlântico, com seis vitórias e seis derrotas. Sabemos que, no Leste, rondar os 50% de aproveitamento significa grandes chances de emplacar uma vaga nos playoffs. O time da Pensilvânia tem talento para ultrapassar essa média, desde que o craque da companhia continue crescendo neste ritmo.
Até agora, tudo corre em céu de brigadeiro. Iverson é o terceiro cestinha do campeonato, com 26.5 pontos por noite. De quebra, é o sétimo da liga em assistências e o nono em roubadas. Já decidiu duas partidas com arremessos no último segundo, e era justamente isso que faltava. O baixinho nunca foi de embolsar os jogos, de acertar chutes nos momentos decisivos. Talvez por isso (e pelo comportamento um tanto egoísta em quadra) não seja valorizado como outros atletas de nível semelhante.
Com a saída de Eric Snow, que foi escorar LeBron James em Cleveland, Iverson ganhou novas funções. Viu-se forçado a crescer como jogador. Tem correspondido com folgas. Ponto para o técnico Jim O'Brien, ponto para os Sixers, ponto para o basquete.
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Começamos o ano protestando contra o fato de a TV brasileira não dar muita bola para a NBA. É verdade, mas não podemos reclamar da sorte. Pelo menos às sextas-feiras, temos visto partidas eletrizantes. Na semana passada, estava lá, ao vivo, na nossa televisão, a pancadaria desenfreada entre Detroit e Indiana. Ontem, vimos um belo jogo entre Pistons e Heat, com direito a um desfecho fantástico pelas mãos de Rip Hamilton. Que continue assim.
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foto . nbae
26.11.04
basquete às avessas
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))) Conhece? É Harrison, calouro do Indiana,
que passou a ser protagonista em quadra
Alguma coisa está fora da ordem. Bem, na verdade é para estar mesmo. Tradicionalmente, acontece de tudo em início de temporada, período em que as equipes ainda penam para azeitar os elencos. A zebra passeia pela liga sem ser incomodada. A situação fica ainda mais esquizofrênica quando uma franquia estreante começa a vencer e uma pancadaria em quadra balança dois candidatos ao título do Leste.
O resultado está aí para todo mundo ver.
Sem Ron Artest, Jermaine O'Neal, Stephen Jackson e mais um punhado de coadjuvantes, o Indiana Pacers simplesmente resolveu que não está disposto a entregar os pontos. Contratou dois alas meia-boca (Tremaine Fowlkes e Britton Johnsen), deu uma injeção de ânimo na garotada e, bingo, atropelou Celtics e Wolves, sendo o último compromisso dentro de Minneapolis.
O Detroit Pistons só perdeu Ben Wallace (por apenas seis rodadas), mas já deu sinais de fraqueza. No meio da semana, perdeu para o fraco Charlotte Bobcats, que apesar da fama de saco de pancadas, já incluiu no currículo uma vitória sobre os atuais campeões. Na partida anterior, contra o mesmo Charlotte, o Detroit precisou de duas prorrogações para arrancar uma vitória. E na seguinte, em Cleveland, perdeu de novo, uma enfiada de 92-76, com direito a 43 pontos do surpreendente LeBron James.
Por falar em perder, o que deu no Utah Jazz? Time-sensação da temporada, o jovem grupo comandado por Jerry Sloan parece contaminado pelo feriado de Ação de Graças. Num intervalo de dois dias, perdeu para as duas únicas equipes que ainda não haviam vencido. Bulls e Hornets agradecem a gentileza.
Enquanto a zebra dá as cartas, a tabela fica do avesso. Se a temporada regular terminasse hoje, teríamos nos playoffs sete equipes que viram o mata-mata do ano passado pela TV. Só o tempo cura esse tipo de coisa. Vamos esperar para ver.
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A saída de Hubie Brown cai como uma bomba no Memphis Grizzlies. Alegando problemas de saúde, o técnico deixa órfão um grupo de jovens promissores em busca de orientação. É como se metade do time fosse embora. Vai ser difícil se recuperar do impacto.
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foto . cnn/sports illustrated
23.11.04
a vida no fundo do poço
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))) Hinrich e os Bulls não saem da lama
Mais um ano começou, quase um mês se passou, tem até franquia nova estreando com elenco de quinta categoria, e adivinhem quem é o lanterna do campeonato? Adivinhem qual é o único time que ainda não sentiu o sabor da vitória?
O bom e velho Chicago Bulls, claro.
O playground onde Michael Jordan se criou tem tudo para fincar sua bandeira definitivamente no rol das equipes pequenas. Chega a ser constrangedora a seqüência de trapalhadas da diretoria, dos técnicos, dos jogadores. Todos parecem irredutíveis na tarefa de manter a tradição no fundo do poço.
Tudo bem que a tabela deste ano não ajudou muito. Até agora, os Bulls só atuaram em casa três vezes, contra Nets, Suns e Clippers. Perderam as três, óbvio, assim como todas as outras fora de casa. O time se encontra hoje no meio de uma turnê indigesta pelo Oeste. Já visitou Kings, Warriors, Nuggets, Lakers e Suns (de novo). Acumulou derrotas humilhantes, como já é de costume.
Na quarta-feira, a pedreira continua em Salt Lake City, contra o Utah Jazz, que acaba de conceder ao New Orleans Hornets sua primeira vitória na temporada. Outro presente de Jerry Sloan? Duvido muito.
O problema é que, com um elenco desses, não dá mesmo para sonhar alto. Resta brigar com Bobcats, Hawks e Nets pela rabeira do Leste. Vejam só, estou falando do Leste, conferência cheia de fraquezas, onde o Chicago reinava soberano até pouco tempo atrás.
Com as fileiras repletas de jovens promissores que se arrastam sem corresponder às expectativas, fica difícil fazer frente até aos adversários mais fracos. A esta altura, Tyson Chandler e Eddy Curry já deveriam ter estourado, não? A julgar por uma pesquisa na página oficial, a torcida perdeu a paciência, pedindo a troca de Curry por um atleta de impacto.
As negociações, contudo, não são o ponto forte dos cartolas dos Bulls. Nos últimos anos, a quantidade de burradas é quase inacreditável. Basta passear pela liga e pescar os atletas que saíram de lá. Daria para formar uma seleção pra lá de razoável:
C - Brad Miller
PF - Elton Brand
SF - Ron Artest
SG - Jalen Rose
PG - Jamal Crawford
No banco, gente boa como Brent Barry, Fred Hoiberg, Donyell Marshall e Ron Mercer.
Ter se livrado desses jogadores nem é o pior. Triste é a turma que veio em troca. Em todas as negociações, absolutamente todas, o Chicago saiu perdendo. Ficou sempre a promessa de liberar a folha de pagamento e apostar em jovens talentos. Pura balela. Depois de tantas mexidas, Kirk Hinrich é o único que parece ter capacidade real de evoluir.
Enquanto os dirigentes patinam e os garotos ficam esperando futuro chegar, o nome da franquia segue manchado. Pobre da torcida, que se acostumou a ver Jordan e Pippen levantando canecos, e hoje respira aliviada por não haver rebaixamento na NBA.
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foto . nbae
22.11.04
sem perdão
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))) Stern fez bem ao se livrar de Ron Artest
De forma louvável, a NBA agiu rápido. Enfurecido, o manda-chuva David Stern enfiou o pé na porta e varreu Ron Artest da temporada. O pacote de punições foi divulgado de forma ágil, incisiva e sem rodeios. Ficou claro que a liga não está disposta a tolerar indisciplina. Mesmo assim, ainda cabem algumas observações sobre as penalidades. Vamos a elas.
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))) Punição aos Pistons
Como já foi dito na caixa de comentários, os ginásios da NBA confiam cegamente na educação dos torcedores. Da poltrona onde eu sentei na Continental Airlines Arena, por exemplo, não seria difícil acertar minha garrafinha d'água na testa de Shaquille O'Neal. As cadeiras à beira da quadra tornam ainda mais promíscua essa relação, que deveria ser mais bem cuidada para evitar percalços. Na saída para os vestiários, é completamente impossível frear o ímpeto dos fãs, que só precisam se debruçar no alambrado para dar uns cascudos nos atletas.
Até aí, tudo bem.
O problema é que, na pancadaria de sexta-feira, havia uma situação específica. Assim que foi agredido por Ben Wallace, Ron Artest se deitou sobre a mesa ao lado da quadra e ficou ali, numa clara atitude de provocação. Era óbvio o risco de conflito com a torcida adversária, e não havia por perto seguranças ou policiais capazes de evitar a confusão que se anunciava.
Em determinado momento, já com o circo armado, Artest esmurrou a cara de um torcedor no meio da quadra. Os dois estavam ali, soltos, sem ninguém por perto, à vontade para brigar. Não havia uma alma para apartar ou impedir as vias de fato. Isso é falha grave de organização, tanto do ginásio quanto da franquia. Merece punição severa.
Este é um dos lados da moeda. O outro diz respeito à educação. Se a questão, como foi dito, é o comportamento do torcedor, torna-se indispensável educá-lo, certo? E ninguém vai educar marmanjo distribuindo panfletos ou promovendo campanhas de conscientização na TV. Para isso, só há duas saídas.
1) A saída policial - Com câmeras de sobra, é preciso identificar e prender os agressores. Simples.
2) A saída emocional - Ao punir o time, tirando-lhe o mando de quadra ou forçando a perda de pontos, a NBA atinge em cheio a torcida, que não quer amargar derrotas. Por causa desse tipo de punição, aqui mesmo no Campeonato Brasileiro de futebol, o sujeito que atira um simples copo plástico no campo é censurado pelos próprios colegas de arquibancada. Quando todos sabem que o time pode ser prejudicado, cria-se um mecanismo defensivo na torcida, que fica com medo de ver seus ídolos prejudicados e passa a promover um sistema de autocontrole.
Portanto é necessário, sim, punir o Detroit Pistons, mesmo que engravatados e atletas (a maioria, pelo menos) não tenham culpa direta pelas agressões. Infelizmente, o cérebro do baderneiro responde melhor à repressão do que à prevenção.
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))) Suspensão dos atletas
))) Para Jackson, ficou barato
1) Ben Wallace - Bater em torcedor é falta mais grave (e menos recorrente) que brigar com adversários. No caso do Big Ben, contaram também os bons antecedentes. Por isso, é natural que a pena seja menor que as demais. Em todo caso, acho que a NBA deveria ter dado mais peso ao efeito causado pelo destempero do pivô do Detroit. O empurrão violento em Artest desencadeou um dos maiores tumultos da história da liga. Foi o estopim de uma pancadaria quase sem precedentes. No plano geral, a geladeira de seis rodadas soa como refresco.
2) Ron Artest e Jermaine O'Neal - Ambas corretíssimas. Pelo retrospecto de encrencas, caiu bem para Artest a suspensão por um ano. Para ele, no fim das contas, vai ser até bom. Terá tempo de sobra para divulgar o CD de rap e pensar na anunciada aposentadoria. O'Neal também mereceu o gancho de 25 partidas. Foi violento com os torcedores, o que é imperdoável em qualquer circunstância. A NBA mostrou pulso firme e agiu muito bem nesse aspecto.
3) Stephen Jackson - Pela selvageria que mostrou em quadra, os 30 jogos ficaram baratos. O armador foi o mais exaltado de todos, distribuiu socos e pontapés em todas as direções. Parecia possuído e, definitivamente, merecia gancho maior.
4) Reggie Miller - Fim de carreira é isso aí. De terno, o veterano tentou conter Artest enquanto o ala estava deitado na mesa. Acabou pegando um jogo de suspensão por abandonar o banco de reservas.
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fotos . cnn/si e nbae
20.11.04
o ringue da vergonha
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))) Wallace, Artest e pancadaria generalizada
Torcedor do Detroit Pistons, Mike Ryan pagou caro por um bom assento na partida de sexta-feira contra o Indiana Pacers. Quase à beira da quadra, ele foi a primeira pessoa interpelada por um furioso Ron Artest que, todo molhado, tentava descobrir quem acabara de lhe atirar na venta um copo cheio de cerveja.
"Foi você?", gritou o jogador, armando o murro.
"Não, cara, não!", respondeu Ryan, que dali em diante viu, de camarote, um dos espetáculos mais tristes na história da NBA.
Como o jogo foi transmitido ao vivo para o Brasil (que sorte, hein) e as imagens ganharam espaço até no Jornal Nacional, não cabe aqui reproduzir o passo-a-passo da pancadaria no Palace de Auburn Hills. Cabe apenas lamentar que alguns atletas tenham o equilíbrio tão frágil a ponto de deixarem aflorar os animais que se escondem sob os músculos.
Na batalha de ontem, havia vilões de sobra. O maior deles, por incrível que pareça, não era Ron Artest, e sim Ben Wallace, que iniciou o tumulto ao revidar uma falta dura com uma agressão inclassificável. Sabemos que o ala dos Pacers é um provocador barato. Sabemos também que o pivô dos Pistons enterrou o irmão de 61 anos na semana passada, o que perturba qualquer cabeça. Mas ao sentar as duas mãos no rosto do adversário, Wallace acordou os trogloditas.
Artest, que é marginal mas não é bobo, sabe que seria quebrado ao meio se partisse para o mano-a-mano com Big Ben e seu black-power. Esquivou-se rápido e, rei dos debochados, deitou-se na mesa como se nada estivesse acontecendo. Enquanto a turma do deixa-disso agia, ficou ali, parado durante alguns segundos, alvo perfeito para os vândalos que ocupavam poltronas ali perto.
Não demorou para o copo cheio estourar no peito do bad-boy, que partiu espumando fileiras acima. Passou pelo tal Mike Ryan e saiu encestando quem via pela frente. Àquela altura, Jermaine O’Neal, com cara de bom moço, também distribuía cruzados a quem quisesse. Stephen Jackson, então, parecia um lutador de vale-tudo: bateu sem escolher alvos.
Tão vilã quanto os atletas, a torcida de Detroit merece punição exemplar. O banho de cerveja, refrigerante e pipoca que os jogadores do Indiana levaram a caminho do vestiário é motivo suficiente para qualquer tribunal tomar uma atitude. Até a frágil justiça esportiva brasileira, vejam só, anda tirando mandos de campo quando um simples copo cai no gramado. Imaginem com o circo de ontem. Os proprietários do Detroit se apressaram em dar as caras na TV e culpar Artest pelo imbróglio. Coisa feia. Artest certamente está no alto da lista de culpados, mas não é o único.
Se David Stern quer manter o pulso firme da liga, convém preparar uma retaliação de peso. Os atletas já foram suspensos por tempo indeterminado, mas os fãs, a organização do ginásio e a direção do Detroit Pistons também merecem uma resposta à altura. Além de esportivo, o caso agora é policial. Tem gente ali que precisa ir para a cadeia.
Resta esperar para ver.
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Agora sim, o rapper Ron Artest terá tempo de sobra para divulgar seu CD. Se quiser investir pesado, dá até para fazer uma turnê mundial.
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Na noite de Natal, a rodada dupla da NBA se encerra com o aguardado embate entre o Miami de Shaquille O’Neal e o Los Angeles de Kobe Bryant. É o jogo da noite, certo? Até agora era, mas vale registrar que a preliminar terá Pistons e Pacers, no primeiro encontro após a barbárie de ontem.
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))) FRASES
"Foi a coisa mais feia que já vi em toda a minha carreira como técnico e jogador. Estou constrangido pela liga" – Larry Brown, treinador do Detroit.
"Com a confusão, a impressão era de que eu estava brigando pela minha vida na quadra" – Rick Carlisle, treinador do Indiana.
"Não há espaço neste esporte para o que aconteceu na sexta-feira. Foi simplesmente uma cena feia" – Joe Dumars, presidente dos Pistons.
"Culpem os fãs. Estivessem alegres, altos ou bêbados, não há desculpa para um comportamento tão reprovável" – Mike Khan, comentarista da CBS.
"A direção do Detroit Pistons precisa admitir que seus torcedores agiram como hooligans" – Marty Burns, comentarista da Sports Illustrated
"Ron Artest deveria ser expulso da liga. Quantas chances vamos dar a um sujeito que claramente não pensa nas conseqüências? Ele nem quer continuar no basquete. Jogue-o fora" – Chris Mannix, comentarista da Sports Illustrated.
"O jogador deve estar preparado para qualquer eventualidade. Sim, a tentação está sempre ali, mas a disciplina exigida para se tornar um atleta da NBA proíbe que qualquer um passe do limite" – Bill Walton, ex-jogador e comentarista da ESPN.
"Os acontecimentos de ontem à noite foram chocantes, repulsivos e indesculpáveis, uma humilhação para qualquer pessoa ligada à NBA. Ficou claro que nossos jogadores não podem entrar na área da torcida, independentemente da provocação ou do mau comportamento de pessoas que vão assistir às partidas. A investigação dos fatos está em curso e eu espero que esteja concluída até domingo à noite" – David Stern, comissário da NBA.
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fotos . cnn, espn e cbs
19.11.04
eleição precoce
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))) K-Mart anuncia a prematura votação do All-Star
Da mesma forma que parece imprudente apontar favoritos e azarões com menos de um mês de campeonato, chega a ser uma piada a NBA abrir as cédulas de votação para o All-Star Game em meados de novembro. A temporada ainda engatinha e nenhum atleta pisou em quadra mais de nove vezes, ou seja, é impossível prever agora quem merece estar no Colorado em fevereiro.
Assim que a liga abre a votação, recebe logo uma enxurrada de votos do mundo inteiro. O torcedor, claro, adora participar, e se apressa em escolher seus favoritos. Esse montante precoce faz uma diferença razoável na contagem geral. Na maioria das vezes, as distorções se corrigem a tempo, mas não vejo motivo para tanta antecedência.
Se o jogo das estrelas fosse hoje, meus votos provavelmente seriam os seguintes:
OESTE
Yao Ming
Amare Stoudemire
Kevin Garnett
Ray Allen
Steve Nash
LESTE
Shaquille O'Neal
Jermaine O'Neal
Grant Hill
LeBron James
Steve Francis
Muita gente nova, não? Daqui a quatro meses, mais da metade dessa turma pode não merecer a vaga, mas muitos deles terão votos computados desde já. Não falta por aí gente boa que ainda está dormindo e pode acordar a qualquer momento. Da mesma forma, recomenda-se cautela com alguns atletas que começaram o ano arrebentando, mas podem descer a ladeira daqui a pouco.
Então mantenhamos a calma e, por favor, vamos evitar essas campanhas deliberadas pelos brasileiros. O ano é de aprendizado, não de brilho, é preciso se conformar. Votar mecanicamente em Nenê, Leandrinho ou outro qualquer, por puro patriotismo, não terá o menor efeito. Deixem essa tarefa constrangedora para os chineses.
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foto . nbae
18.11.04
oeste sem lei
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))) Na gangorra da NBA, o Seattle
surpreende e o Denver decepciona
Às vezes fica difícil entender o que se passa no terreno acidentado do Oeste americano. Como todos estão cansados de saber, a costa do Pacífico reúne as melhores equipes de basquete do país. Ano após ano, a corrida aos playoffs ganha ares de faroeste e, no fim das contas, vale a lei do mais forte. O problema é que a temporada 2004-2005 começou turva, sem permitir que se saiba quem são os mais fortes.
Ou algum sabichão esperava, por exemplo, que o Seattle Sonics pulasse na frente com oito vitórias na seqüência? Nem a mãe do Ray Allen.
Paixões de torcedor à parte, sabemos que cada campeonato tem seu fogo de palha. Na NBA, que se arrasta por oito meses, isso fica ainda mais evidente. Não são poucos os coelhos, se vocês me permitem tomar emprestado o termo usado para identificar os corredores que disparam na frente e deixam o pelotão passar no meio do caminho.
Difícil, no basquete americano, é saber quem é coelho e quem é zebra de verdade. No Oeste, até agora, quatro times surpreenderam e outros quatro decepcionaram. Vamos a eles.
))) Os azarões
Além do Seattle, que vem atropelando quem passa pela frente, merecem destaque as campanhas de Phoenix (6-2), Utah (6-2) e até o pobre L.A. Clippers (5-4). Destes quatro, só dois me inspiram confiança para uma arrancada de fôlego, capaz de garantir uma boa colocação nos playoffs. E, me desculpem, os Sonics de Allen não estão no pacote.
A médio prazo, a tabela não chega a reservar grandes pedreiras para a turma comandada por Nate McMillan, que vem gastando basquete como há muito não fazia. Ninguém duvida da capacidade de Ray Allen, um dos jogadores mais injustiçados da liga em termos de reconhecimento na mídia. Duvidamos, sim, do resto do elenco, que é fraco e dificilmente suportará a longa estrada de 82 partidas. Tirando Rashard Lewis, que mantém o bom nível, sobram apenas atletas medianos e, com boa vontade, alguns jovens promissores. Posso queimar a língua, mas acho bom a torcida do Seattle aproveitar o momento. A festa não deve durar muito tempo.
O mesmo vale para os Clippers, que definitivamente não são o melhor time de Los Angeles. Com um elenco frágil, a equipe carrega o mérito de ter sido a única a bater os Sonics. Venceu aqui e acolá, mas só conseguiu convencer de fato na atípica ensacada que aplicou no Indiana Pacers, vocês lembram, no meio daquela crise entre Ron Artest e Rick Carlisle.
Com Suns e Jazz, a banda toca em ritmo diferente. Ali, sim, é possível encontrar qualidade para enfrentar a maratona. São times jovens, bem treinados e com talento pra lá de razoável. Não digo que vão brigar pelo título, mas têm condições de segurar o rojão quando os medalhões começarem a subir.
))) As tartarugas
Nas apostas do Oeste, ninguém esperava que Sacramento (4-4), Houston (4-5), Denver (3-5) e Memphis (3-5) estariam até agora brigando para ultrapassar o aproveitamento de 50%. A diferença é que, ao contrário dos azarões, é possível identificar nestes quatro um talento capaz de mudar o panorama e impulsionar uma boa corrida ao mata-mata.
Os Kings precisam enfrentar um desafio que passa por mudança de filosofia: o grupo que sempre se orgulhou de ter a rotação mais qualificada da NBA não pode mais lançar mão deste argumento. Rick Adelman precisa fazer os astros jogarem. Se não for pelas mãos calejadas de Stojakovic, Webber e Bibby, vai ficar difícil.
No Memphis, parece que só o tempo resolve a questão. Hubie Brown precisa azeitar a máquina, e isso ele sabe fazer como poucos técnicos na liga. A franquia começou sonolenta, com quatro derrotas seguidas, e precisa acordar rápido para voltar à disputa.
Os Nuggets perderam três seguidas na semana passada (duas para o Utah e uma para o Seattle). Foi o que desequilibrou a equipe. De resto, conseguiu boas vitórias, mas precisa melhorar o rendimento fora de casa. O mesmo vale para os Rockets, que começaram com dois fracassos e, quando iam se arrumando, pegaram Wolves e Lakers pela frente. No caso do Houston, só para constar, não custa nada arrumar um armador de verdade para o lugar de Charlie Ward.
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Além do recado preciso que solta toda terça na Folha de S. Paulo, Melchiades Filho agora reproduz suas colunas no endereço melk.blog.uol.com.br. Ótima pedida para os que não acessam o jornal ou para quem quiser consultar textos antigos.
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foto . nbae
17.11.04
visita de cortesia
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))) Nash fez Nelson sentir saudades ontem
Quando o relógio zerou e a sirene tocou no American Airlines Center, Steve Nash correu para o vestiário. Dos visitantes. A sensação de ser um intruso na casa onde passou os últimos seis anos tinha também uma face de alívio. No aguardado retorno ao Texas, o armador saiu vitorioso. Comandou o Phoenix Suns com 17 pontos e espantosas 18 assistências, mostrando aos ex-patrões que vai fazer falta durante a temporada.
A vida de Nash mudou em julho. Com o passe livre, ele manifestou o interesse de permancer em Dallas, mas não resistiu aos US$ 60 milhões oferecidos pelo Phoenix. Era a chance de voltar à sua porta de entrada na NBA e, de quebra, embolsar um fortuna.
No mundo do esporte, o natural era que, no mínimo, fosse chamado de mercenário pela torcida dos Mavs, que ainda penam para escolher um substituto à altura na posição 1. Nada disso. Pelo jeito, o que se viu nas arquibancadas foi uma manifestação unânime de apoio e saudade. Faixas de agradecimento se espalhavam pelo ginásio, mostrando que as relações entre fã e ídolo muitas vezes se pautam no terreno do respeito.
Dentro da quadra, o canadense continua endiabrado. Por causa dele, o Phoenix evoluiu aos tubos em relação à temporada passada. O jovem Amare Stoudemire, que ontem carimbou 34 pontos, sabe que um armador de qualidade contribui para que todo o elenco cresça. Era só disso que os Suns precisavam: alguém capaz de fazer a turma render.
"Ainda tenho muito a aprender, por isso fico feliz de ter Steve aqui para me ensinar. Ele é um dos melhores do mundo quando se trata de entregar a bola no lugar certo", elogiou o ala-pivô.
De fato, talvez só Jason Kidd consiga superar Nash nesse aspecto. Desde já, caiu nas costas dele a missão de manter o elenco na ponta dos cascos. Hoje o time ocupa o terceiro lugar do Oeste mas sabe que, daqui a pouco, os cachorros grandes começam a subir. Para conter o ímpeto das equipes que vêm atrás, será preciso estar sempre próximo dos 100%. Missão complicada para quem acabou de abraçar um grupo novo.
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Na onda de azar que assola os brasileiros na NBA, Leandrinho machucou o tornozelo e não tem previsão de volta. De fato, será um ano difícil.
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foto . cnn/sports illustrated
16.11.04
quero ser grande
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))) Está difícil conter o ímpeto de LeBron
Tudo bem, o Cleveland Cavaliers começou a temporada perdendo três jogos seguidos. A primeira derrota custou uma dupla prorrogação contra o Indiana, e as outras duas foram fora de casa, contra Miami e Milwaukee. A partir daí, o time acordou. Bateu Hawks, Suns, Wizards e Warriors, escalando a tabela e chegando rápido ao grupo que se classifica para os playoffs.
Por trás da mudança de atitude, claro, está um adolescente de 19 anos, que completa 20 daqui a um mês. Correndo por fora, LeBron James já é o cestinha do campeonato, com 28.6 pontos por noite. Sem cerimônia, deixou para trás medalhões como Bryant, Nowitzki e Iverson. Mais que isso, devolveu à pauta uma discussão que começou no ano passado.
O garoto vai ou não vai se tornar um astro?
Quando escrevo astro, refiro-me aos astros de verdade, gente do quilate de Michael Jordan, Magic Johnson e do próprio Kobe. Não vamos cair na besteira de discutir se esse é melhor que aquele, mas há um clube seleto na história da NBA reservado aos grandes craques, os homens que de fato gastaram basquete e chegaram longe.
No ano passado, quando estreou na liga, LeBron carregava nas costas a responsabilidade de esmurrar a porta deste grupo. Tinha ao seu lado a sombra de Carmelo Anthony, calouro um pouco mais experiente com a manha da universidade no currículo. Uma viagem curta ao mata-mata fez muita gente prever que Melo teria um futuro mais brilhante.
Deste canto, continuo mantendo a fé no armador dos Cavs. Para este ano, ele ainda a vantagem de ter sido cercado por um pouco mais de talento, o que facilita as coisas. Dentro da nova configuração do elenco, sem tanta responsabilidade nos ombros, chegou o momento de explodir.
E LeBron está explodindo.
A capacidade técnica, a força atlética e a idade precoce fazem dele um fortíssimo candidato a fincar bandeira no topo do basquete americano muito em breve. Nada de novo Jordan, novo Magic, sequer novo Kobe. Cada um na sua, sem comparações. Mas não tenham dúvidas de que o fenômeno colegial está de mangas arregaçadas, pronto para a briga.
Tenham boa vontade com ele.
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Para quem almeja ser grande, só pontos não bastam. Vale lembrar que LeBron James passou a pegar muito mais rebotes (8.6 por jogo), virou um senhor ladrão de bolas (2.43) e um bloqueador razoável (1.57), além de elevar o aproveitamento de arremessos para quase 50%. É desse jeito, dedicando atenção em todos os fundamentos, que se constrói uma carreira vitoriosa.
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foto . cnn/sports illustrated
13.11.04
mvp em evolução
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))) Garnett manda avisar que
está no páreo, e muito vivo
Steve Francis, Dwyane Wade, Grant Hill, Manu Ginobili, Kobe Bryant... todos eles merecem o calor dos holofotes que andam circulando pela NBA neste início de temporada. É justo que se fale de quem tem comido a bola por aí, mas não há como não sentir falta de um nome na mídia:
O monstruoso Kevin Garnett.
Não sei se alguém já reparou, mas o MVP do ano passado começou este campeonato cumprindo uma missão que parecia impossível: melhorar seus números em todos os fundamentos. Se ele já era genial em 2003-2004, o que dizer da versão turbinada que estamos vendo em 2004-2005?
Apesar das previsões otimistas, o Minnesota Timberwolves caminha em meio a trancos e barrancos, com três vitórias e duas derrotas. Nas cinco partidas, KG foi o maior pontuador e reboteiro do time. Por onde passou, não deixou pedra sobre pedra e mandou o recado: vai ser difícil tirar dele o cinturão de melhor atleta do basquete americano.
A tábua de estatísticas revela que Garnett tem médias de 24.8 pontos, 15.4 rebotes e 7.1 assistências a cada noite, além de 50% no aproveitamento de arremessos. Assustadores, todos esses números são os melhores de sua carreira, provando que o ala de 28 anos ainda tem estrada para evoluir.
A vítima mais recente foi um Houston Rockets sem Tracy McGrady. Em pleno Texas, Garnett carimbou 20 pontos, 17 rebotes, nove assistências e três roubadas. Para a equipe engrenar e tentar repetir a performance do torneio passado, basta que os companheiros acompanhem o ritmo. Por enquanto, Sam Cassell e Latrell Sprewell estão devendo um pouco. Quando se acertarem e a reativarem a química, vai ser duro frear o comboio.
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Sem grandes estrelas e com um elenco extremamente bem arrumado, o Utah Jazz parece ter aprendido a lição do Detroit Pistons: não é preciso encher os uniformes com celebridades para levantar canecos. De quebra, Jerry Sloan ainda emplacou um diferencial em relação aos atuais campeões, o ataque bem executado. Por via das dúvidas, criador e criatura se enfrentam hoje à noite, quando a turma de Andrei Kirilenko recebe em Salt Lake City um Detroit desfalcado de Ben Wallace. Será um grande jogo, que o descaso das TVs nos impedirá de acompanhar ao vivo.
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foto . nbae
12.11.04
entrevista . anderson varejão
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))) "Não posso viver do prestígio de LeBron"
O Phoenix Suns poderia ser hoje o único time invicto da NBA, mas foi justamente contra os jovens do Arizona que o veterano Zydrunas Ilgauskas resolveu acertar o melhor arremesso de sua carreira. Foi uma raríssima bola de três (a quarta convertida em sete anos de NBA) que levou o Cleveland Cavaliers para a prorrogação e impulsionou a equipe de LeBron James rumo à vitória. Num jogo cheio de atrações, Anderson Varejão nem chegou a entrar em quadra.
Não importa.
Com um elenco ainda em formação, o calouro brasileiro terá chances de sobra para mostrar serviço. O técnico Paul Silas já deixou claro: “Ele me impressionou na pré-temporada e nas partidas em que teve oportunidade de jogar. Definitivamente ganhará mais minutos”.
Após começar o campeonato com três derrotas, o Cleveland já venceu duas e agora engrena numa boa seqüência: Wizards e Warriors em casa, seguidos de dois confrontos com os Bobcats. Quase uma mamata, boa chance para Anderson aparecer. Enquanto os minutos prometidos não vêm, o ala dos Cavs conversou com o escritório da NBA para a América Latina sobre a vida nova nos Estados Unidos.
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Como vai a rotina em Cleveland?
Até o momento, minha nova vida vai muito bem. Tudo está muito tranqüilo. A verdade é que Cleveland é uma cidade onde você não tem muito que fazer, mas ainda assim tenho me adaptado muito bem. Conheci brasileiros que me ajudam em algumas coisas e, mesmo estando sozinho, não posso me queixar.
Você costuma sair muito para se divertir?
Não saio muito. Gosto de ir a uma churrascaria onde conheci muitos brasileiros, e lá encontro alguns amigos, só isso.
Do que sente saudades dos tempos de Barcelona?
De tudo. Barcelona é uma cidade única, com muitas opções de lazer: praia, restaurantes e muitos lugares para conhecer.
Mantém contato com os ex-companheiros do Barcelona e com os jogadores de futebol, como Ronaldinho Gaúcho?
Quando os horários coincidem, sim. Normalmente pela internet ou por telefone. Sempre tratamos de estar em contato.
Em relação aos Cavaliers, como é sua relação com o técnico Paul Silas?
Muito boa. Não nos falamos muito porque ele é reservado, mas nos entendemos e sei que espera muito de mim.
E com os companheiros de time?
Esta é uma equipe jovem e isso facilita as coisas. Pouco a pouco, aprendo mais o inglês. Acredito que com o passar dos meses tudo será mais fácil e, ao fim da temporada, estarei falando o idioma perfeitamente.
O que significa jogar ao lado de LeBron James?
É importante. Aonde quer que vamos, sua presença chama atenção. Somos seus companheiros e devo aproveitar as oportunidades ao máximo. Ao mesmo tempo, não posso viver do prestígio de LeBron. Quero fazer o meu nome na equipe e na liga.
Tem falado com os brasileiros “veteranos” da NBA?
Sim, claro. Falo muito com o Nenê, com o Leandrinho, com o Alex e, claro, com o Rafael Araújo, o outro calouro, que está em Toronto. Temos uma ótima relação.
Você pensa em aproveitar a experiência da NBA na seleção brasileira?
Claro que sim. Nossa seleção tem muito futuro. É um grupo jovem e tem demonstrado boas possibilidades. Não chegamos à Olimpíada, mas todos sabem que temos muito talento. Acho que estaremos na China em 2008. A Argentina é um bom exemplo. Mostrou que é possível vencer. Eles passaram muito tempo jogando juntos, os atletas se conhecem. É algo que pode funcionar no Brasil.
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Por falar em entrevistas, o site da ESPN publicou ontem uma bem interessante com o encrenqueiro do momento. Marc Stein ouviu todas as explicações de Ron Artest, que declarou amor ao Indiana Pacers, descartou a aposentadoria precoce e não desmentiu os problemas de relacionamento com Jermaine O’Neal. No fim das contas, os argumentos são vagos e confusos, como convém a um atleta polêmico que está aí para complicar. Para quem encara leitura na língua nativa do homem, vale uma visita ao link.
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foto . nbae
11.11.04
o inacreditável artest
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))) A agenda de rapper cansou o atleta
Então vejam se eu entendi bem ou se as nove horas de vôo destruíram meus neurônios. Apontado pela mídia como um dos favoritos na conferência Leste, o Indiana Pacers começa a temporada confirmando as previsões e atropela adversários em seqüência. Eis que, num surto de insanidade, Ron Artest chama o técnico Rick Carlisle num canto e pede um mês de folga.
O motivo?
Recuperar-se do estafante calendário de divulgação de seu primeiro CD de rap, a ser lançado no fim deste mês. Por favor, leiam as palavras do próprio e não pensem que estou inventando: “Tenho me dedicado muito à música, preciso de descanso. Meu álbum chega às lojas no dia 23 de novembro e, depois disso, vou tratar de dedicar todo o meu tempo à missão de ganhar o título da NBA.”
Só pode ser brincadeira.
Miniférias para encarar eventos musicais em pleno decorrer do campeonato? Definitivamente, Artest não é um sujeito sério. Um gozador como ele merece punição muito maior que o castigo de dois jogos imposto por Carlisle.
Contra o Minnesota, na terça-feira, o Indiana teve garra para arrancar uma vitória apertada, graças a Jermaine O’Neal. Contra os Clippers, ontem, o que se viu foi uma enfiada histórica, de 102-68. Os 34 pontos de diferença representaram a pior derrota da equipe em todos os tempos jogando em Indianápolis.
Enquanto o torcedor é punido com o fracasso, o falastrão Artest continua recebendo seus salários de forma integral e, bem ou mal, acaba lucrando com parte da folga que reivindicou. Afinal, já são duas partidas sem cansar seu físico. A próxima é amanhã, na Filadélfia, e o treinador ainda não confirmou se o atleta volta ao quinteto titular. Se voltar, a instituição se desmoraliza. Se não voltar, cresce o risco de outro tropeço, já que O’Neal machucou o tornozelo contra o Los Angeles.
O fato é que, por mais marginal que seja, um jogador do calibre de Ron Artest não pode, em hipótese alguma, dar essa demonstração de total desinteresse pelo uniforme que defende. Ou não foi isso que ele fez? Se prefere se dedicar ao rap e precisa sacrificar o basquete para empunhar microfones, que abandone logo as quadras e abrace de vez os palcos. Com um pouco de sorte, vai vender um bocado de discos e embolsar dólares a balde.
Inconcebível é protagonizar um papelão desses, justamente quando os Pacers conseguem equilibrar o elenco e reunir um grupo capaz de brigar pelo caneco de campeão.
Entre um e outro verso de protesto, o sonho do título pode escorrer entre os dedos.
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Por falar em papelão, vejam esta história. O indivíduo finalmente se convence a ir ao ginásio para assistir a uma partida dos Bobcats, candidatos firmes a saco de pancadas na temporada. Afinal, o basquete está de volta a Charlotte, há um projeto sério, uma arena nova e, mesmo sem grandes craques, talvez valha a pena ver a turma suando a camisa em quadra. O pobre torcedor, então, passa a mão num catálogo e encontra o telefone fornecido pelo time para compra de ingressos.
Tecla o número e, do outro lado da linha, surpresa: uma mocinha atende com voz sensual, sussurrando palavras obscenas e oferecendo os mais variados prazeres da carne.
Franquia nova tem dessas coisas. Por um equívoco que até agora ninguém conseguiu explicar, o número de compra de ingressos do Charlotte cai direto numa central de tele-sexo.
A gafe foi consertada, as desculpas foram pedidas, mas o vexame está feito. Assim fica difícil ganhar credibilidade.
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O pleito foi apertado. Com 52 votos, vocês decidiram manter este visual do Rebote. Em segundo lugar, ficou a versão verde, com 42 menções, enquanto o azul (13) e o cinza (8) foram menos cotados. Seguindo a voz do povo, tudo fica como está.
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foto . nbae
7.11.04
vaias na despedida
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))) Pierce humilhou os Knicks
* De Nova York
Cá entre nós, que ninguém nos ouça. Parece que eu não dou muita sorte para os times da casa. Após sete dias na terra de George Bush, o Rebote fecha sua miniturnê com três partidas, três ginásios diferentes e três sovas a favor dos visitantes. Heat, Sixers e Knicks que me perdoem. E fiquem tranqüilos, que eu já estou de saída.
A noite de sábado ferveu em Nova York. A estréia do time local no Madison Square Garden mexeu com a cidade e, a dez quadras do ginásio, os cambistas já gritavam pelas esquinas. Até no Radio City Music Hall, que tinha show programado para o mesmo horário, o assunto era basquete. “Knicks tickets, Knicks tickets”, era o que mais se ouvia nas cercanias da famosa casa de shows.
Depois do perrengue em Nova Jersey e na Filadélfia, o departamento de imprensa funcionou direitinho desta vez. Quando cheguei à entrada dos jornalistas, minha credencial era a primeira da pilha. Elevador até o sexto andar, portão 64, fila C, meu nome na mesa, tudo muito fácil. Em vez dos japoneses que me acompanharam no jogo dos Sixers, no Madison fiquei cercado de pesos pesados: ESPN, grandes estações de rádio e até o correspondente do L’Equipe, da França, que sentou ao meu lado.
Na apresentação do Boston Celtics, deu para sentir pela primeira vez a fúria dos nova-iorquinos: Paul Pierce e Gary Payton levaram uma vaia ensurdecedora. Mais tarde, os uivos da torcida se voltariam para a prata da casa, mas àquela altura os fãs só queriam saber de festa. Quando o locutor apresentou o quinteto titular do New York, o edifício tremeu. Coube ao jovem Jamal Crawford, uma das poucas caras novas do time, fazer a saudação para as arquibancadas.
O povo gostou e aplaudiu de pé.
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))) O jogo
))) Sweetney tentou, mas pouco conseguiu
Estava tudo perfeito e assim continuaria se não fosse um pequeno detalhe: havia ali um jogo de basquete a ser disputado, e o Boston não estava a fim de festa. Pierce começou em ritmo acelerado, marcando seis pontos logo de cara. Payton parecia um garoto na armação, trocando bons passes e chutando com precisão. O primeiro quarto terminou com oito pontos de diferença para os visitantes, e o buraco só aumentou dali para frente.
Preocupado, o técnico Lenny Wilkens voltou para o segundo período com o calouro Trevor Ariza em quadra. Muito aplaudido, o rapaz correspondeu às expectativas e mostrou que pode ser uma peça importante na rotação do New York. Michael Sweetnei também entrou com vontade, marcando 18 pontos, mas ontem não era o dia. O time cometia erros bizarros, não ganhava um rebote sequer e abria verdadeiras avenidas na defesa. Os Celtics foram se aproveitando e, no intervalo, já venciam por 55-36.
Foi aí que as vaias mudaram de lado.
Impaciente, a torcida começou a bufar a cada tropeço. Logo no início do terceiro quarto, completou-se o desastre. A diferença chegou a três dezenas de pontos e qualquer chance de reação foi por água abaixo. No período final, o que se viu foi um jogo sem graça. Doc Rivers manteve seus titulares em quadra, mas Wilkens foi lançando os reservas.
Resultado: um humilhante 107-73. O que era para ser uma estréia festiva virou uma derrota vergonhosa por 34 pontos. E a torcida vaiou, vaiou, vaiou...
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))) O pós-jogo
Em busca de uma explicação, os jornalistas foram direto ao vestiário dos Knicks, que ainda estava fechado. De lá saiu Lenny Wilkens, para uma rápida entrevista na sala de imprensa. Diante de uma dúzia de repórteres, o treinador não poupou os atletas:
“O que aconteceu hoje foi devastador. Precisamos entender que, no basquete, tudo começa na defesa. Não fizemos nosso dever de casa e caímos num buraco. É claro que não gostamos quando a torcida vaia, afinal esta é a nossa casa e nós precisamos de apoio. Mas, por outro lado, não podemos deixar alguém entrar na nossa casa e fazer o que eles fizeram hoje conosco”.
Dei uma passada rápida no vestiário do Boston, onde Gary Payton, já de terno marrom, colhia os louros da vitória. Paul Pierce tinha ido embora e haviam sobrado poucos jogadores. Para não perder tempo, fui direto caçar explicações dos jogadores do New York.
O clima na sala era de velório. Assim que entrei, literalmente trombei com Walt Frazier. Sem saber o que fazer diante de uma lenda do basquete, pedi desculpas e ouvi dele um comentário rápido sobre o jogo: “Esses caras não mostraram a menor energia hoje”. Valeu a noite.
Stephon Marbury, que esteve muito mal na partida, confirmou o diagnóstico de Frazier. Com um paletó meio estranho, que definitivamente não combinava com nenhuma outra peça de roupa, o armador falava quase para dentro, envergonhado com o que acabara de apresentar à torcida.
“Quando o tempo vai passando, você sempre acha que pode reagir, que pode fazer algo diferente. Hoje não deu. Em todos os aspectos do jogo, fomos muito mal. Não importa se perdemos por um ponto ou por 50, sempre ficarmos chateados com uma derrota”, explicou.
Quando o repórter da rádio ESPN perguntou sobre as fortes vaias que vieram das arquibancadas, Marbury foi ainda mais incisivo que Lenny Wilkens: “Se eu fosse torcedor, também vaiaria. Eles têm toda razão. É inconcebível jogarmos desse jeito em Nova York. Não dá para acreditar”.
Shandon Anderson, Tim Thomas, Jamal Crawford, todos foram saindo devagar, cabisbaixos e claramente abatidos. O último a deixar o vestiário foi o pivô titular Nazr Mohammed, que até começou bem a partida, mas depois afundou com o resto do time. “Eu gostaria muito de ter uma resposta sobre o que aconteceu hoje, mas infelizmente não tenho”, resumiu o grandalhão, colocando o ponto final numa noite de vergonha para o New York Knicks e, principalmente, para sua apaixonada torcida.
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Apesar dos percalços, a viagem valeu a pena. No geral, deu para ter uma visão diferente do esporte, conhecendo jogadores e técnicos de perto. Volto ao Brasil hoje à noite, levando na bagagem muitas fotos, algumas compras e inúmeras recordações legais. Obrigado a vocês, guerreiros, que aturaram esses textos gigantes sem reclamar. Não liguem para as baixarias nos comentários, depois isso se resolve. Durante a semana, o Rebote retoma seu ritmo normal.
Um forte abraço a todos.
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foto. nbae
6.11.04
sixers, suns e os japoneses
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))) Amare Stoudemire fez a festa ontem à noite
* Da Filadélfia
Enfim, o sol deu as caras na Pensilvânia. O frio continua devastador, mas pelo menos dá para circular pelas ruas. O hotel fica grudado no Museu Rodin, mas um pouco longe do Wachovia Center, onde os Sixers receberam o Phoenix Suns na noite de ontem. No caminho para o ginásio, o taxista gente fina deu várias dicas sobre a cidade, mas o tempo é curto e o turismo vai ficar para a próxima.
A NBA sempre foi símbolo de organização, certo? Bem, comigo não. Ou eles têm alguma pinimba com brasileiros ou andam meio enrolados com as credenciais. Após gastar um bocado de sapato até achar o obscuro departamento de imprensa, fui informado por uma mocinha de que não havia credenciais para mim, e tampouco meu nome estava na lista dos jornalistas internacionais escalados para sexta-feira. Em cima da hora, vejam só, fui salvo por Yuta Tabuse.
Explico: depois de várias ligações, a funcionária da NBA resolveu me colocar numa parte do ginásio que nunca foi aberta para a imprensa, mas estava disponível ontem para acomodar a horda de repórteres japoneses que acompanha o calouro do Phoenix. Lá fui eu para o topo da arena, mas a distância da quadra não chegou a atrapalhar. O assento permitia que eu visse bem os jogadores e ainda dava uma noção ampla da partida. Ao meu lado, dezenas de japas sisudos e uma polonesa simpática, bem mais velha, incumbida de seguir o compatriota Maciej Lampe onde quer que ele esteja.
Devidamente acomodado, abri o laptop cheio de esperanças, mas... nada de conexão. Paciência. Fechei a engenhoca, saquei a câmera fotográfica e fiquei, lá de cima, disparando flashes e fazendo anotações num bloquinho do Minnesota Timberwolves.
De cara, nota-se uma diferença gritante entre a torcida da Filadélfia e a de Nova Jersey. Os fãs dos Sixers se manifestam desde o aquecimento, incentivando os atletas da casa e vaiando os adversários. Quando Allen Iverson passou a mão no microfone para fazer a tradicional saudação do início da temporada, o prédio quase veio abaixo.
Chegou a arrepiar.
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))) O jogo
))) Marion anotou 24 pontos
Com a bola em movimento, a arquibancada parece viva. É uma gritaria a cada rebote, a cada cesta, a cada toco. O problema é que a animação não contagiou os jogadores. Bem armado por Mike D’Antoni, o Phoenix logo sufocou o Philadelphia e abriu vantagem no placar. O técnico optou por começar com o pivô Jackson Vroman, mas logo se tocou da besteira que estava fazendo e lançou o ala-armador Quentin Richardson em seu lugar. Formou-se, então, o tal quinteto atlético e veloz com Rich, Nash, Johnson, Marion e Stoudemire.
Não sei se foi sorte minha, mas os Suns jogaram muito ontem. A equipe consegue combinar uma boa briga dentro do garrafão (os atletas se matam por cada posse de bola) e uma velocidade mortal nos contra-ataques. Com um elenco frágil, os Sixers foram facilmente envolvidos.
Iverson carregava todas as bolas para o ataque e tentava conduzir a movimentação, mas parecia desconfortável na nova função. Jim O`Brien começou com Aaron McKie ao lado do craque, mas teve de mudar de opção várias vezes, alternando com Willie Green e até com Kyle Korver. Kenny Thomas e o novato Andre Iguodala tiveram atuações consistentes, mas o cestinha foi mesmo Iverson (25 pontos), que voltou a ser o velho chutador desesperado no quarto período. Errou muito e não conseguiu cortar a vantagem do oponente, que venceu por 108-98.
Leandrinho entrou sempre no fim de cada período. Movimentou-se bem e pareceu desenvolto no ataque, apesar de um pouco inseguro na defesa. Em dois ataques quase seguidos, levou dribles desconcertantes de Iverson, no estilo crossover. Nos últimos segundos do primeiro quarto, o craque dos 76ers chamou o brasileiro para um 1x1. A torcida se levantou, mas viu seu ídolo perder a bola, que acabou nas mãos de Joe Johnson para uma cesta espetacular do meio da quadra, enquanto soava a campainha.
É impressionante como Iverson tentou, algumas vezes, aplicar o mesmo crossover em Steve Nash, que permanecia firme na marcação. É esse tipo de coisa que Leandrinho precisa aprender com o titular. O resto é experiência, que só o tempo traz.
Nos minutos finais, placar praticamente definido, os técnicos começaram a lançar os reservas menos cotados. Para decepção dos jornalisras ao meu lado, Tabuse e Lampe continuaram sentadinhos no banco e nem chegaram a tirar o agasalho. Azar o deles, sorte minha. Foi bom presenciar uma vitória maiúscula do time de Leandrinho. O brasileiro só marcou dois pontos (numa infiltração arrojada), mas atuou durante 11 minutos e fez um trabalho honesto na defesa contra Iverson. Os donos da noite foram Stoudemire (29 pontos) e Marion (24).
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))) O pós-jogo
))) Tabuse não saiu do banco
Ao contrário da partida em Nova Jersey, na qual entrei com ingresso de torcedor, ontem a credencial me dava a acesso aos vestiários. Assim que a sirene tocou, jogo encerrado, peguei o elevador. Como estava no último andar, demorei um pouco a achar o lugar certo e, quando cheguei, vi dezenas de jornalistas cercando um jogador no corredor. Iverson? Stoudemire? Que nada. Eram os japas entrevistando Tabuse. O tímido oriental ainda estava de uniforme. Provavelmente, nem tomou banho depois do jogo, já que ficou o tempo inteiro comportadamente sentado no banco.
Como eu não entendia uma palavra do que estava sendo dito ali, passei batido e cheguei à porta do vestiário do Phoenix. Do lado de fora, o técnico Mike D’Antoni, extremamente simpático, conversava com meia dúzia de jornalistas. Explicava a estratégia adotada para conter o ímpeto de Iverson: “Nosso objetivo era que ele ficasse na média de um ponto para cada arremesso. No fim, ele teve 25 pontos em 20 arremessos. Chegamos muito perto da perfeição e conseguimos vencer”.
A repórter polonesa perguntou por que Maciej Lampe não tem sido usado. “Porque ele só tem 19 anos”, respondeu D’Antoni, abrindo um sorriso. “Vai ser um grande jogador, mas ainda é muito jovem. Já conversei com ele sobre isso”.
Aproveitei o gancho e indaguei sobre o aproveitamento de Leandrinho. O técnico parecia ainda mais bem-humorado: “Ele está muito bem. Tem trabalhado duro, mas sabe que ocupa um lugar à sombra de um grande jogador (Nash). Tenho certeza de que Leandro ainda vai evoluir muito”. Elogio feito, agradeci a atenção e cruzei a porta do vestiário.
Cinco ou seis atletas, já de banho tomado, conversavam com a imprensa enquanto se vestiam. Leandrinho, pelo visto, ainda estava lá dentro, no chuveiro, então me aproximei para bater um papo com Steve Nash. O assunto, claro, era a presença do brasileiro no time.
“I love Leandro”, sorriu o armador do Phoenix quando eu pedi que avaliasse o companheiro. Com a voz baixa, toalhinha quase indecente amarrada na cintura, Nash engrenou nos elogios: “Ele é absurdamente veloz, arremessa muito bem da linha de três e tem garra de sobra. Essa é uma combinação excelente para um jogador de basquete. Por isso não tenho a menor dúvida: Barbosa vai ser um grande nome na NBA.”
Peguei toda essa seda rasgada e levei para o próprio Leandrinho, que àquela altura já estava de calça jeans e camiseta branca. Quando me apresentei, ele pareceu feliz ao ver que poderia falar português. Destacou a energia do time e a presença em quadra mais forte que no ano passado.
“O conjunto é muito bom e a equipe é muito rápida. Estou confiante. Este ano, nada vai impedir que a gente chegue ao playoff, mesmo sabendo que é difícil brigar no Oeste”, previu o armador, que acabara de travar um confronto direto com um dos melhores jogadores do planeta. “Eu já tinha marcado Iverson antes, tanto na seleção como na NBA. É muito difícil, mas não impossível. Tento fazer o melhor.”
Parte dos frutos pode ser creditada ao aprendizado recente com Nash. Os ensinamentos de Stephon Marbury, que estava no Phoenix até metade da temporada passada, parecem não ter sido tão importantes assim. Quando sugeri a comparação, o brasileiro não ficou em cima do muro e soltou o verbo:
“São duas experiências totalmente diferentes. O Marbury não gosta de armar jogadas para o time. Prefere marcar pontos, gosta de aparecer. O Nash cria situações para os companheiros. Nossa, ele me ensina muito!”, explicou Leandrinho, que já aponta o canadense como um grande amigo fora das quadras. “É a pessoa com quem mais me dou bem no time. Ele tem uma namorada paraguaia e quer muito aprender a falar espanhol. Então eu ajudo com meu português. Nash está sempre na minha casa, ou eu na casa dele”.
Conquistar a simpatia de um dos armadores mais criativos da liga significa um grande passo para qualquer jovem atleta. Bom sinal para o nosso Barbosa, que segue asfaltando sua estrada no meio dos cachorros grandes.
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Sábado é dia de Madison Square Garden. Os Knicks do fominha Marbury fazem sua primeira exibição em casa diante dos Celtics do igualmente fominha Paul Pierce. Não sei se o laptop vai pegar no ginásio. Se possível, dou notícias antes.
Mais uma vez, o texto ficou enorme, espero que não se importem. Até.
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fotos. nbae e cbs sportsline
5.11.04
deu o óbvio
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))) O limitado Charlotte estreou ontem com derrota
* Da Filadélfia
Passava um pouco das sete da noite e o esloveno Primoz Brezec subiu para disputar o tapinha inicial com Michael Ruffin. Quando os dois voltaram ao chão, o Charlotte Bobcats era, oficialmente, um time da NBA. A trigésima franquia da liga estreou ontem diante de sua torcida e fez bonito durante três períodos, mantendo uma vantagem de um ponto sobre o Washington Wizards. O quarto decisivo, no entanto, recolocou o basquete nos trilhos e selou a vitória dos rapazes da capital.
A exemplo do que havia feito em Memphis na quarta-feira, Antawn Jamison tomou conta da partida. O novo contratado do Washington caminha firme como candidato a melhor jogador da primeira semana de temporada. Até agora, não decepcionou os cartolas que apostaram nele como ponto-chave para reerguer a equipe.
As estripulias de Jamison, na verdade, não importam tanto aqui. O assunto da noite foi a expectativa em torno dos Bobcats, que iniciaram a jornada imersos em total descrédito. A imprensa eletrônica americana passou boa parte do dia avaliando se o Charlotte vai ou não vai quebrar o recorde de pior campanha da história da NBA.
Por enquanto, o título pertence ao Philadelphia 76ers, que venceu apenas nove vezes em 1973. Acredita-se que o elenco dos Cats, entulhado de jovens sem a menos experiência, tem tudo para fazer história pelo avesso. De fato, o risco é assustador.
O que se viu na noite de quinta-feira foi um time com ataque solidário, mas pouco operante. Todo mundo participou da rotação e os pontos foram quase igualmente divididos. O cestinha, com 19 pontos, foi o calouro Emeka Okafor, o único sopro de esperança no meio de todos aqueles atletas medianos. Brezec, Steve Smith, Gerald Wallace e Jason Kapono também se empenharam, mas falta brilho a essa gente. A impressão é que, bem armado, qualquer quinteto de pelada consegue bater o caçula do basquete profissional americano.
É o preço da estratégia do dublê de técnico e cartola Bernie Bickerstaff, que optou por gastar pouco no começo da escada e colher os frutos lá no alto. O problema é que, antes de pisar no segundo degrau, a franquia pode ganhar, ainda este ano, o carimbo do fracasso.
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))) Nash e os Suns visitam os Sixers esta noite
Chove, chove e chove na Filadélfia. Ainda não deu para botar o nariz fora do hotel. Espero que o tempo melhore, porque logo mais tem Sixers x Suns no Wachovia Center. As duas equipes vêm embaladas por vitórias na primeira rodada e devem promover um grande embate.
Jogando de uniforme laranja, o Phoenix bateu o Atlanta Hawks na America West Arena graças aos 23 pontos de Amare Stoudemire, que jogou de pivô. Gostei da estratégia do técnico Mike D’Antoni, optando por um quinteto titular mais leve, sem Jake Voshkuhl ou Maciej Lampe. Shawn Marion e Quentin Richardson formaram a ala enquanto Steve Nash dividiu a armação com o promissor Joe Johnson. É difícil reunir no mesmo elenco jogadores tão versáteis como Marion, Richardson e Johnson. Por isso D’Antoni não pode se dar ao luxo de escalar um grandalhão desengonçado embaixo da cesta enquanto gente habilidosa esquenta o banco.
Leandrinho foi o reserva que mais jogou. Marcou 9 pontos, deu três assistências e acabou pendurado com cinco faltas. Com o tempo, o brasileiro pode se tornar peça fundamental na rotação ofensiva dos Suns.
O Philadelphia fez ainda mais bonito. Foi a Boston e arrancou uma vitória dramática em pleno Fleet Center. Allen Iverson anotou 30 pontos e ainda distribuiu seis passes, cumprindo a cartilha que agora lhe cabe: pontuar e criar jogadas para os companheiros. Se conseguir manter esse ritmo, deve levar seu time aos playoffs sem sustos. Na quarta-feira, ele contou com a ajuda valiosa do jovem Kyle Korver. Juntos, os dois promoveram uma bela reação no quarto período. O triunfo teve sabor especial para o técnico Jim O’Brien, que treinou os Celtics nos últimos quatro anos e saiu de lá por causa de divergências com o cartola Danny Ainge. Logo na estréia à frente dos Sixers, teve a oportunidade de se vingar do ex-time.
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Por mais um desses fenômenos inexplicáveis da informática, meu laptop-poltergeist resolveu ganhar vida e, sozinho, se conectou à internet. Sem cabos, sem Kinko’s, sem Starbucks ou o que o valha. Estou no quarto do hotel, navegando tranqüilamente, sem pagar um tostão. Deve ser o tal wireless que o Texano citou outro dia.
O fato é que, se a conexão fantasma se estender ao ginásio, vou atualizar o site logo mais ao vivo, durante o jogo, de olho na quadra e com a maquininha no colo. A partida começa às 19h daqui, 22h daí, mas pretendo mandar algumas linhas bem antes disso. E conto com a presença de vocês, claro, para não ficar falando sozinho. Caso o poltergeist me abandone, escrevo na manhã de sábado. Até.
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fotos. nbae
4.11.04
à beira da quadra
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))) Alonzo e Shaq estavam ali, a dez metros
* De Nova Jersey
A quarta-feira começou com um “sinto muito”. Era a assessora da NBA, simpática no e-mail, me avisando que estava tudo ok para as partidas de sexta e sábado, mas para a estréia de Shaquille O’Neal... bem, “sinto muito”. Por uma falha de comunicação entre os departamentos, fiquei sem credencial ou ingresso para o embate entre Heat e Nets.
Àquela altura, eu tinha duas opções: esquecer East Rutherford (e passar a noite circulando em Nova York) ou tentar a sorte na mão de um cambista. Pois lá estava eu, duas horas antes do tapinha inicial, brigando com a máquina de venda de passagens no terminal de Port Authority. Fila chata, gente apressada, e até que a viagem foi rápida. Em 20 minutos, o ônibus chegou à Continental Airlines Arena, que não é tão isolada assim como dizem.
Já cheguei procurando os “vendedores alternativos” mas, por via das dúvidas, resolvi passar na bilheteria e tive uma surpresa: mesmo sendo o primeiro compromisso da temporada e coincidindo com a estréia de Shaq no Miami, ainda havia um monte de ingressos à venda, em todos os cantos do ginásio e com quase todos os preços disponíveis. De fato, a torcida dos Nets não gosta muito de basquete.
Uma vez lá dentro, impressiona a imensa praça de alimentação que cerca as arquibancadas. Tem de tudo para comer e beber. E como o americano come! Tudo muito organizado, centenas de jovens envergando os uniformes mais variados, da 21 de Brian Scalabrine à camisa que Kevin Garnett usava no segundo grau. Fui chegando devagar e logo estava na minha poltrona, bem perto da quadra.
Os atletas entraram para o aquecimento e eu me vi ali, a 10 metros de Shaq, Dwyane Wade, Eddie Jones, Richard Jefferson, Alonzo Mourning...
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))) O jogo
Com a bola quicando, ficou evidente a falta que Jason Kidd faz ao New Jersey. Com Jacque Vaughn comandando a armação, o time da casa parecia perdido no ataque. Todo mundo se apressava em passar a bola para Jefferson que, bem marcado, não conseguia produzir. Resultado: Miami 13-2 antes do primeiro pedido de tempo.
Quando faltavam cinco minutos para o fim do período inicial, o técnico Lawrence Frank lançou Mourning no lugar de Eric Williams. Tive a honra de levantar e bater palma (eu e todo o ginásio) para o retorno de um grande pivô. A torcida reconheceu a importância daquele momento e, a cada lance de Zo, derramava-se em aplausos. Contra Shaq, Michael Doleac ou Malik Allen, Alonzo mostrou que ainda pode ser muito útil ao basquete. Brigou pelos rebotes com disposição de garoto e encarou a marcação sem medo.
Com o veterano em quadra, Jason Collins passa a jogar na posição 4, numa formação que me agrada muito. Jefferson completa a ala e a armação fica a cargo de Vaughn e Ron Mercer. O primeiro decepcionou (a rotação funcionou melhor com Travis Best), mas o segundo levantou a arquibancada em vários momentos. Não foi o bastante para impedir que o Heat abrisse 20 pontos de vantagem.
Fica a impressão de que Jason Kidd vai fazer esses sujeitos evoluírem. Com a volta do armador, Mercer, Williams, Planinic e Buford devem crescer e o New Jersey pode até brigar por um lugar ao sol. Sem seu principal atleta, no entanto, o que se vê é um bando em quadra. Na poltrona ao lado da minha, um menino pedia, a cada ataque, que a bola chegasse a Jefferson. “Não passa, Rich, arremessa!”, gritava, ilustrando a limitação do time.
Do outro lado da quadra, os visitantes nem precisaram da força de Shaq para vencer. O gigante deu apenas uma amostra grátis do que pode fazer, marcando 16 pontos. Dwyane Wade comandou o show armando praticamente todas as jogadas e distribuindo dribles desconcertantes a torto e a direito. Até a torcida dos Nets se rendeu à habilidade do jovem de 22 anos. Ficou claro que, com o devido entrosamento (e sem contusões), o Miami pode se tornar uma das potências da liga. Rasual Butler se movimentou bem e Damon Jones surpreendeu com uma boa atuação. Se O’Neal se mantiver saudável, vai ser difícil segurar essa gente.
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))) O pós-jogo
Assim que terminou a partida, 100-77, o rapper Jay-Z se levantou da primeira fileira para ir embora. Pronto: todo mundo esqueceu o basquete. A garotada voou para cima dele, todos com seus celulares equipados com câmeras, implorando por uma foto com o ídolo. Eu bem que tentei prestar atenção na entrevista que Shaq dava a poucos metros de mim, mas o tumulto foi tamanho que não deu pra ouvir nada.
No ônibus de volta para Nova York, ninguém falava sobre Nets ou Heat. “Adivinha o que aconteceu! Acabei de ver o Jay-Z!”, a menina no banco da frente contava a novidade para alguém do outro lado da linha. Na parte de trás, a turma cantava uma música do rapper.
E eu, flutuando no banco, voltava para o hotel completamente realizado, após ter assistido meu primeiro jogo da NBA ao vivo.
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Amanhã tem mais. Se a assessoria da NBA não furar de novo (toc, toc, toc), estarei no Wachovia Center para ver os Sixers de Allen Iverson contra os Suns de Leandrinho. Vou tentar escrever algumas linhas ainda hoje, de algum lugar da Filadélfia. À noite, tem Nets x Bulls na TV, boa chance de conferir a molecada de Chicago.
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Texano, valeu pelas dicas. Por enquanto, o que me salva é o Kinko’s, com acesso baratinho para laptops. Por isso o texto tão grande. Desculpem se ficou cansativo, mas achei que valia a pena contar a aventura em detalhes. Repararam que os acentos estão de volta? Espero que continue assim. Até
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foto. cnn/sports illustrated
3.11.04
a volta da muralha
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* De Nova York
Pelo jeito, a briga com o teclado vai continuar feia. Impossibilitado de usar o laptop por uma desses artigos obscuros da Lei de Murphy, ao menos consegui acionar a iternet do quarto do hotel. Estou aqui escolhendo cuidadosamente cada palavra para evitar os acentos. Os mais atentos devem ter notado: nesta pequena engenhoca, nada de til, cedilha, circunflexos e agudos. Mas tudo bem, se fosse mole nao seria divertido. Perdoem as falhas na ortografia e vamos em frente.
A temporada deu sua largada hoje com o triunfo do Dallas sobre o Sacramento. Este eu nao vi. Fiquei na TNT com a primeira partida do campeao Detroit Pistons, que recebeu o Houston Rockets de Tracy McGrady e, num jogo feio, venceu por 87-79.
O que se viu foi um T-Mac menos agressivo que no ano passado (talvez seja o efeito da primeira semana, depois deve melhorar). Quando chegou o quarto derradeiro, o craque desandou a partir para dentro e arremessar de longe, lembrando os velhos tempos de Orlando Magic, quando queria resolver a parada sozinho. Agora ficou diferente. Em Houston, McGrady tem um time para compartilhar as jogadas. Se adotar o desespero como estrategia, vai afundar agarrado aos colegas. Ontem, deixou a quadra com parcos 18 pontos.
Diante da forte defesa dos Pistons, o gigante Yao Ming foi outro que sumiu. Errou um bocado e esbarrou na muralha dos Wallaces. Foram eles, por sinal, os donos da noite.
Primeiro, receberam os aneis do campeonato passado. Depois, mostraram em quadra por que mereceram levantar o caneco. Rasheed se esbaldou com 24 pontos (sendo 11 no quarto periodo), seis rebotes e dois tocos. Levantou a torcida nos momentos decisivos da partida e comandou um grupo que, com mais um ano de entrosamento, certamente vai brigar pelo bi. Ben Wallace registrou 15 pontos e 20 rebotes. O habilidoso Rip Hamilton manteve o nivel dos companheiros, com 15 pontos e oito passes.
Foi apenas o primeiro passo, mas duas coisas ficaram claras:
1) Para fazer do Houston uma franquia vencedora, McGrady precisa moldar seu jogo para um estilo dierente, mais coletivo.
2) Outra vez, preparem-se para Larry Brown: Vai ser duro furar essa defesa do Detroit.
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No Brasil, passa das 3h da madrugada. Aqui, 0h20. Lakers e Nuggets em quadra. Nene saiu do banco e, 10 segundos depois, ja tinha feito sua primeira falta. Estou aqui torcendo por ele na dobradinha da TNT.
Volto mais tarde.
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fotos . nbae
2.11.04
mais de nova york
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* De Nova York
Compras feitas, estou eu aqui de novo. O dia hoje foi fraco, mais centrado em Bush e Kerry do que no basquete. De noite tem jogo na TV. Temporada iniciando, muita gente comentando.
Durante a tarde, o treinador do New Jersey, Lawrence Frank, deu uma longa entrevista para um programa de TV. Papo mole, disse estar certo de que os Nets podem surpreender mesmo sem Kenyon Martin, Kerry Kittles e, por enquanto, o contundido Jason Kidd. Ruim de acreditar, nem mesmo os apresentadores caem na conversa.
Na quarta as coisas esquentam, estarei em New Jersey para conferir o bla-bla-bla de Frank ao vivo. Se der, mando noticias de la. Caso contrario, tentarei escrever cedo na quinta.
Abs a todos
1.11.04
ao vivo do front
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* De Nova York
Salve, salve. O vento gela, o Burger King continua excelente e a TV anuncia sem parar que Shaquille O`Neal pode ficar fora do jogo de quarta-feira. Pelo visto, Jason Kidd corre risco parecido. Tudo bem, ainda assim verei tudo de perto.
No primeiro dia de Rebote Nova York, a viagem cansativa roubou muita energia, mas tive de dar uma passada na famosa loja da NBA na Quinta Avenida. Aquele lugar deveria ter visita guiada de dois dias! E nem assim daria para ver tudo! Os mais diversos uniformes, camisas de treino para todos os gostos, artigos de todo tipo e, pasmem, uma miniquadra de basquete no andar de baixo. Fiquei de voltar depois para as compras.
Por hoje, encerra-se o expediente. O sono me chama. Volto agora para o hotel, que por sinal fica exatamente em frente ao Madison Square Garden. Basta atravessar a rua para cair dentro da casa dos Knicks.
Abs