22.11.04



sem perdão
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))) Stern fez bem ao se livrar de Ron Artest


De forma louvável, a NBA agiu rápido. Enfurecido, o manda-chuva David Stern enfiou o pé na porta e varreu Ron Artest da temporada. O pacote de punições foi divulgado de forma ágil, incisiva e sem rodeios. Ficou claro que a liga não está disposta a tolerar indisciplina. Mesmo assim, ainda cabem algumas observações sobre as penalidades. Vamos a elas.

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))) Punição aos Pistons

Como já foi dito na caixa de comentários, os ginásios da NBA confiam cegamente na educação dos torcedores. Da poltrona onde eu sentei na Continental Airlines Arena, por exemplo, não seria difícil acertar minha garrafinha d'água na testa de Shaquille O'Neal. As cadeiras à beira da quadra tornam ainda mais promíscua essa relação, que deveria ser mais bem cuidada para evitar percalços. Na saída para os vestiários, é completamente impossível frear o ímpeto dos fãs, que só precisam se debruçar no alambrado para dar uns cascudos nos atletas.

Até aí, tudo bem.

O problema é que, na pancadaria de sexta-feira, havia uma situação específica. Assim que foi agredido por Ben Wallace, Ron Artest se deitou sobre a mesa ao lado da quadra e ficou ali, numa clara atitude de provocação. Era óbvio o risco de conflito com a torcida adversária, e não havia por perto seguranças ou policiais capazes de evitar a confusão que se anunciava.

Em determinado momento, já com o circo armado, Artest esmurrou a cara de um torcedor no meio da quadra. Os dois estavam ali, soltos, sem ninguém por perto, à vontade para brigar. Não havia uma alma para apartar ou impedir as vias de fato. Isso é falha grave de organização, tanto do ginásio quanto da franquia. Merece punição severa.

Este é um dos lados da moeda. O outro diz respeito à educação. Se a questão, como foi dito, é o comportamento do torcedor, torna-se indispensável educá-lo, certo? E ninguém vai educar marmanjo distribuindo panfletos ou promovendo campanhas de conscientização na TV. Para isso, só há duas saídas.

1) A saída policial - Com câmeras de sobra, é preciso identificar e prender os agressores. Simples.

2) A saída emocional - Ao punir o time, tirando-lhe o mando de quadra ou forçando a perda de pontos, a NBA atinge em cheio a torcida, que não quer amargar derrotas. Por causa desse tipo de punição, aqui mesmo no Campeonato Brasileiro de futebol, o sujeito que atira um simples copo plástico no campo é censurado pelos próprios colegas de arquibancada. Quando todos sabem que o time pode ser prejudicado, cria-se um mecanismo defensivo na torcida, que fica com medo de ver seus ídolos prejudicados e passa a promover um sistema de autocontrole.

Portanto é necessário, sim, punir o Detroit Pistons, mesmo que engravatados e atletas (a maioria, pelo menos) não tenham culpa direta pelas agressões. Infelizmente, o cérebro do baderneiro responde melhor à repressão do que à prevenção.

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))) Suspensão dos atletas


))) Para Jackson, ficou barato


1) Ben Wallace - Bater em torcedor é falta mais grave (e menos recorrente) que brigar com adversários. No caso do Big Ben, contaram também os bons antecedentes. Por isso, é natural que a pena seja menor que as demais. Em todo caso, acho que a NBA deveria ter dado mais peso ao efeito causado pelo destempero do pivô do Detroit. O empurrão violento em Artest desencadeou um dos maiores tumultos da história da liga. Foi o estopim de uma pancadaria quase sem precedentes. No plano geral, a geladeira de seis rodadas soa como refresco.

2) Ron Artest e Jermaine O'Neal - Ambas corretíssimas. Pelo retrospecto de encrencas, caiu bem para Artest a suspensão por um ano. Para ele, no fim das contas, vai ser até bom. Terá tempo de sobra para divulgar o CD de rap e pensar na anunciada aposentadoria. O'Neal também mereceu o gancho de 25 partidas. Foi violento com os torcedores, o que é imperdoável em qualquer circunstância. A NBA mostrou pulso firme e agiu muito bem nesse aspecto.

3) Stephen Jackson - Pela selvageria que mostrou em quadra, os 30 jogos ficaram baratos. O armador foi o mais exaltado de todos, distribuiu socos e pontapés em todas as direções. Parecia possuído e, definitivamente, merecia gancho maior.

4) Reggie Miller - Fim de carreira é isso aí. De terno, o veterano tentou conter Artest enquanto o ala estava deitado na mesa. Acabou pegando um jogo de suspensão por abandonar o banco de reservas.

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fotos . cnn/si e nbae

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