18.11.04



oeste sem lei
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))) Na gangorra da NBA, o Seattle
surpreende e o Denver decepciona



Às vezes fica difícil entender o que se passa no terreno acidentado do Oeste americano. Como todos estão cansados de saber, a costa do Pacífico reúne as melhores equipes de basquete do país. Ano após ano, a corrida aos playoffs ganha ares de faroeste e, no fim das contas, vale a lei do mais forte. O problema é que a temporada 2004-2005 começou turva, sem permitir que se saiba quem são os mais fortes.

Ou algum sabichão esperava, por exemplo, que o Seattle Sonics pulasse na frente com oito vitórias na seqüência? Nem a mãe do Ray Allen.

Paixões de torcedor à parte, sabemos que cada campeonato tem seu fogo de palha. Na NBA, que se arrasta por oito meses, isso fica ainda mais evidente. Não são poucos os coelhos, se vocês me permitem tomar emprestado o termo usado para identificar os corredores que disparam na frente e deixam o pelotão passar no meio do caminho.

Difícil, no basquete americano, é saber quem é coelho e quem é zebra de verdade. No Oeste, até agora, quatro times surpreenderam e outros quatro decepcionaram. Vamos a eles.


))) Os azarões

Além do Seattle, que vem atropelando quem passa pela frente, merecem destaque as campanhas de Phoenix (6-2), Utah (6-2) e até o pobre L.A. Clippers (5-4). Destes quatro, só dois me inspiram confiança para uma arrancada de fôlego, capaz de garantir uma boa colocação nos playoffs. E, me desculpem, os Sonics de Allen não estão no pacote.

A médio prazo, a tabela não chega a reservar grandes pedreiras para a turma comandada por Nate McMillan, que vem gastando basquete como há muito não fazia. Ninguém duvida da capacidade de Ray Allen, um dos jogadores mais injustiçados da liga em termos de reconhecimento na mídia. Duvidamos, sim, do resto do elenco, que é fraco e dificilmente suportará a longa estrada de 82 partidas. Tirando Rashard Lewis, que mantém o bom nível, sobram apenas atletas medianos e, com boa vontade, alguns jovens promissores. Posso queimar a língua, mas acho bom a torcida do Seattle aproveitar o momento. A festa não deve durar muito tempo.

O mesmo vale para os Clippers, que definitivamente não são o melhor time de Los Angeles. Com um elenco frágil, a equipe carrega o mérito de ter sido a única a bater os Sonics. Venceu aqui e acolá, mas só conseguiu convencer de fato na atípica ensacada que aplicou no Indiana Pacers, vocês lembram, no meio daquela crise entre Ron Artest e Rick Carlisle.

Com Suns e Jazz, a banda toca em ritmo diferente. Ali, sim, é possível encontrar qualidade para enfrentar a maratona. São times jovens, bem treinados e com talento pra lá de razoável. Não digo que vão brigar pelo título, mas têm condições de segurar o rojão quando os medalhões começarem a subir.


))) As tartarugas

Nas apostas do Oeste, ninguém esperava que Sacramento (4-4), Houston (4-5), Denver (3-5) e Memphis (3-5) estariam até agora brigando para ultrapassar o aproveitamento de 50%. A diferença é que, ao contrário dos azarões, é possível identificar nestes quatro um talento capaz de mudar o panorama e impulsionar uma boa corrida ao mata-mata.

Os Kings precisam enfrentar um desafio que passa por mudança de filosofia: o grupo que sempre se orgulhou de ter a rotação mais qualificada da NBA não pode mais lançar mão deste argumento. Rick Adelman precisa fazer os astros jogarem. Se não for pelas mãos calejadas de Stojakovic, Webber e Bibby, vai ficar difícil.

No Memphis, parece que só o tempo resolve a questão. Hubie Brown precisa azeitar a máquina, e isso ele sabe fazer como poucos técnicos na liga. A franquia começou sonolenta, com quatro derrotas seguidas, e precisa acordar rápido para voltar à disputa.

Os Nuggets perderam três seguidas na semana passada (duas para o Utah e uma para o Seattle). Foi o que desequilibrou a equipe. De resto, conseguiu boas vitórias, mas precisa melhorar o rendimento fora de casa. O mesmo vale para os Rockets, que começaram com dois fracassos e, quando iam se arrumando, pegaram Wolves e Lakers pela frente. No caso do Houston, só para constar, não custa nada arrumar um armador de verdade para o lugar de Charlie Ward.

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Além do recado preciso que solta toda terça na Folha de S. Paulo, Melchiades Filho agora reproduz suas colunas no endereço melk.blog.uol.com.br. Ótima pedida para os que não acessam o jornal ou para quem quiser consultar textos antigos.

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foto . nbae

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