13.4.04
euforia em denver
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))) Nem a enxaqueca de Melo freou a festa
O relógio ainda fazia escorrer os últimos segundos, mas Jon Barry, meus caros, é um sujeito de 34 anos e não tem muito tempo a perder. À beira da quadra, o veterano armador não esperou a campainha: passou a mão numa toalha e começou a dançar sem culpa, com um sorriso rasgado no rosto.
Foi a senha para a histeria coletiva.
Jeff Bzdelik mandou às favas a imagem de técnico comportado e, punhos cerrados, virou-se para as arquibancadas gritando de forma frenética. O Pepsi Center pegou fogo. Atletas, comissão técnica e torcedores só queriam saber de uma coisa: celebrar.
Avisem aos navegantes que a década perdida ficou na poeira do passado. Após nove anos, o Denver Nuggets está de volta aos playoffs. Leve. Embalado. E com um brasileiro a tiracolo.
Na noite de ontem, Nenê anotou 12 pontos e 11 rebotes. Foi uma espécie de resumo de sua segunda temporada. Nada de números superlativos. Quase sempre beirando os dígitos duplos, quase sempre de uma eficiência invejável. Nenê está longe, muito longe, de ser um craque do basquete. Não importa. O segundo escalão da NBA não é vergonha para ninguém. Vergonha, aliás, é tudo o que o brasileiro não pode sentir neste momento.
Nenê e seus 118 quilos estão no mata-mata. Aqui deste canto, sabemos da pedreira que vem por aí, mas seguimos torcendo por ele.
A classificação do Denver foi heróica. Caso você ainda não saiba, a vitória de ontem se deu sobre o Sacramento Kings, que na última rodada havia atropelado o Los Angeles Lakers. Com uma tabela ingrata na reta final, os Nuggets conseguiram tirar leite de pedra. Superaram adversários de peso, como Blazers, Rockets, Wolves e Kings. A recompensa foi merecida, em tom de alívio. Para a turma do Colorado, o jogo de amanhã, em San Antonio, não vale absolutamente nada.
Bem, talvez até valha, se o objetivo for escolher o adversário do primeiro round. Caso vença os Spurs, o Denver garante ao Minnesota Timberwolves o primeiro lugar do Oeste, definindo o confronto direto. Se perder, pode dar ao San Antonio a chance de atingir o topo da conferência.
De qualquer forma, o desafio será indigesto. Mas perguntem a Marcus Camby, por exemplo, se ele não acredita na zebra. No início do campeonato, o pivô era motivo de chacota. Sempre envolvido em contusões, não tinha crédito algum junto à torcida e à imprensa. Mais de 80 jogos e depois, derramado muito suor, ele completa a volta por cima.
Ontem, Camby foi um monstro. Mesmo com a missão de conter Webber, Divac e Miller no garrafão, o pivô saiu de quadra com 12 pontos, 21 rebotes, sete assistências, cinco tocos e duas roubadas.
Com uma forte enxaqueca, Carmelo Anthony não foi tão brilhante contra o Sacramento, mas merece como ninguém os louros da classificação. Aconteça o que aconteça nos playoffs, o garoto de 19 anos já abraçou a glória em sua temporada de estréia. Deu, inclusive, um grande passo para conquistar o prêmio de calouro do ano. Cá entre nós, meio contra a corrente, continuo preferindo a clarividência de LeBron James. Sei, no entanto, que o fenômeno colegial falhou na missão de levar o Cleveland à segunda fase, e isso pode, sim, pesar na decisão.
Aproveitando que esta deve ser a última oportunidade para louvar os Nuggets, ficam aqui os parabéns para o resto do grupo, alguns em especial: Earl Boykins, o guerreiro; Jon Barry, o vovô; Andre Miller, o teimoso; Chris Andersen, o raçudo; Voshon Lenard, o gatilho; Kiki Vandeweghe, o grande responsável por trás do sonho; e, claro, Nenê, a ponta de orgulho do Brasil.
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É certo que o adversário do Denver na rodada inicial sairá do forte Meio-Oeste. Se o San Antonio bater os Nuggets e o Minnesota vencer em Memphis (resultados nada improváveis), os atuais campeões ficarão com o primeiro lugar, no critério de desempate. A briga pela segunda vaga também promete. O Sacramento precisa derrotar o Golden State amanhã ou torcer por um tropeço dos Lakers contra os eliminados Golden State e Portland.
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A rodada hoje tem apenas três partidas, e uma delas é de arrepiar. Às 21h30, com milagrosa transmissão da ESPN, Dallas e Memphis brigam no penúltimo round da disputa pela quinta vaga do Oeste. Prenúncio de um duelo eletrizante.
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No circuito alternativo dos playoffs, tem gente fazendo bonito. Bob Sura, do Atlanta Hawks, conseguiu a façanha de registrar três triple-doubles seguidos. As vítimas foram Bulls, Celtics e Nets. O fato não acontecia desde 1997, com Grant Hill.
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foto . cnn/sports illustrated
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