31.5.04
fora da ordem
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))) Hamilton deu fôlego ofensivo à série
Dizem por aí que, na final do Leste, é proibido atacar. Com o sangue retranqueiro correndo nas veias, Detroit Pistons e Indiana Pacers devem ter assinado uma espécie de contrato defensivo, que limita o esforço das equipes à missão de não deixar o adversário fazer pontos. Arremessos, bandejas e enterradas ficam fora do cardápio, o que dá ao confronto um equilíbrio escorado na marcação. Até ontem, a receita seguia intacta e a série avançava empatada em 2-2.
Foi aí que o homem da máscara quebrou o pacto.
Como um peixe fora d’água, Richard Hamilton teve a petulância de marcar 33 pontos no Conseco Fieldhouse. Deve ter pensado, por um instante, que estava no Oeste. Fez o que bem quis em quadra e mostrou serviço nos momentos cruciais de uma vitória surpreendente em território inimigo. Os 83-65 sobre os Pacers foram uma resposta rápida e providencial para o tropeço de sexta-feira, em Detroit.
A vitória deixa os Pistons a um passo de voltar às finais da NBA, terreno que a equipe não visita há 14 anos. Fechar a tampa da série não é fava contada, mas pode até ser uma tarefa razoavelmente fácil.
E não estou falando sobre mando de quadra.
Se o Indiana levar para o jogo 6 o Jermaine O’Neal capenga de ontem, meio caminho estará andado para o Detroit ser campeão do Leste. A complicada lesão no joelho esquerdo limitou o craque dos Pacers a apenas 11 pontos e seis rebotes na noite de domingo. Horas antes da partida, ele se viu forçado a fazer uma drenagem de emergência para a retirada de líquidos. Não podia mesmo fazer frente a uma dupla de Wallaces vendendo saúde no garrafão.
Com a mobilidade nitidamente comprometida, O’Neal foi um dos responsáveis pelo buraco que se abriu na defesa. Sem a calibragem ideal no tempo de bola, desandou a fazer faltas e logo ficou pendurado. Para completar o quadro desolador, não viu a superação que esperava de seus companheiros.
Jamaal Tinsley está igualmente baleado na perna esquerda, com lesões no joelho e no tornozelo. Ron Artest e Reggie Miller estiveram abaixo da crítica, assim como os reservas Al Harrington e Jonathan Bender. Herói do jogo 4, o coringa Austin Croshere foi um fiasco: errou seus sete arremessos.
Para evitar a eliminação e forçar o retorno da série para Indianápolis, não basta ao técnico Rick Carlisle fazer rabiscos geniais na prancheta. É preciso rezar pela saúde do seu elenco.
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Por falar em contusões, Sam Cassell está fora do jogo de logo mais entre Wolves e Lakers. Flip Saunders já anunciou que vai de Fred Hoiberg na posição 1. A esta altura, não importa. Seja quem for o substituto, só uma catástrofe tira do Los Angeles o passaporte para a grande final.
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foto . nbae
30.5.04
sem descanso
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))) Kevin Garnett mal sentou no banco
Foi o tempo de passar a toalha no rosto e beber um gole de energético. Ontem, dois minutos de descanso foram suficientes para Kevin Garnett, que se tornou um rato de quadra na final da conferência Oeste. Sem refresco, o técnico Flip Saunders não hesitou em explorar seu MVP, que fez de tudo para bater o Los Angeles e evitar a eliminação do Minnesota: marcou 30 pontos, apanhou 19 rebotes, deu quatro assistências, enterrou de costas, atuou em todas as posições e ainda segurou Shaquille O’Neal na defesa.
É pouco?
Contra os Lakers, é.
Todo o esforço teria sido em vão se não fosse a performance explosiva de Latrell Sprewell, que finalmente acordou e contribuiu com 28 pontos, cinco passes, quatro rebotes e duas roubadas. Igualmente fundamentais foram os reservas Wally Szczerbiak e Fred Hoiberg, que somaram 25 pontos, e o titular Trenton Hassell, que conseguiu fazer algum estrago nas pretensões ofensivas de Kobe Bryant.
Após tanto suor derramado, a impressão que fica é clara: derrotar Kobe, Shaq & Cia é sempre uma missão heróica. Mesmo que o melhor jogador da temporada tenha uma atuação monstruosa, os Wolves precisam do segundo escalão na ponta dos cascos. Principalmente agora que a dor nas costas tem baleado o bravo Sam Cassell. Sem o armador, bater um rival desse quilate só é possível com a superação ampla e irrestrita do elenco. Foi o que faltou nos jogos 3 e 4. E sobrou ontem.
“Perdemos porque eles conseguiram jogar um basquete quase perfeito”, avaliou o técnico Phil Jackson, cheio de autoridade para traçar o diagnóstico.
Esse “quase” fica por conta de um tropeço do colega Flip Saunders, que errou feio ao incluir Michael Olowokandi no time titular. É impressionante como esse rapaz consegue produzir jogadas bisonhas. Quando o time mais precisa, ele dá um passe na mão do adversário, permite uma roubada boba ou erra uma enterrada livre de marcação.
Lá está o Minnesota pagando caro por não ter um pivô decente numa série em que o garrafão oposto é protegido por Shaquille O’Neal. Sei que Ervin Johnson não é nenhuma Brastemp e Oliver Miller está algumas toneladas acima do peso, mas apostar em Olowokandi chega a ser constrangedor.
Não me digam, por favor, que ele foi o responsável por manter O’Neal com apenas 17 pontos. O que aconteceu, na verdade, foi uma previsível falta de ânimo, não apenas de Shaq, mas de todos os seus companheiros. No segundo tempo, não se viu sombra da energia mostrada nos últimos jogos.
Ainda assim, o Los Angeles engrossou a partida em determinados momentos. Derek Fisher até voltou a fazer cestas espíritas (incluindo a última, que cortou a vantagem para dois pontos), mas isso não foi o bastante para garantir a vitória. Em todo o caso, me parece que a turma de Phil Jackson ainda tem o fator emocional sob controle. A derrota de ontem foi um percalço natural. Amanhã, na Califórnia, a adrenalina volta a correr no sangue em ritmo acelerado.
Será um grande jogo 6, mordido a cada lance. Kobe e Shaq vão pisar em quadra com a faca entre os dentes, determinados a carimbar o passaporte para mais uma final de NBA. Do outro lado, não dá para prever se Cassell vai reaparecer, ou se Sprewell repetirá a atuação de ontem. Só sei de uma coisa: o lugar de Kevin Garnett no banco de reservas continuará vazio do início ao fim.
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Na sexta-feira, Austin Croshere foi o bônus ofensivo que os Pacers tanto procuravam na série contra o Detroit. Ponto para o jovem técnico Rick Carlisle. Logo mais, em Indianápolis, saberemos se a raposa Larry Brown preparou alguma armadilha para o arremessador-surpresa. A cada dia, a final do Leste se parece mais com um jogo de xadrez, decidido na frieza das pranchetas.
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foto . cnn/sports illustrated
27.5.04
a prova de fogo do MVP
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))) KG tem hoje o jogo mais importante da carreira
Entre idas e vindas nos últimos anos, o Minnesota Timberwolves nunca precisou tanto de um MVP como nesta crucial noite de quinta-feira. A dor nas costas de Sam Cassell, a inconstância de Latrell Sprewell e incômoda desvantagem de 2-1 na final do Oeste fazem da partida de hoje, em território inimigo, a mais importante da carreira de Kevin Garnett.
Se perder no Staples Center, o ala voltará para casa com a sensação de que sua temporada mais produtiva está chegando ao fim. Diante de um quarteto formado por Kobe, Shaq, Payton e Malone, não chegaria a ser um desastre. Mas seria uma decepção. Afinal, a melhor campanha da conferência serviu, entre outras coisas, para dar aos Wolves o valioso mando de quadra contra o Los Angeles Lakers. O privilégio foi por água abaixo logo na primeira partida, criando a obrigação de reverter o quadro na casa dos rivais.
Se não for hoje, provavelmente não será mais. E logo agora, quando mais precisa, Garnett é assombrado por um fantasma que parecia adormecido nesta edição dos playoffs: a falta de ajuda.
Com o escudeiro Cassell capengando, duplica a responsabilidade do MVP, que desde já reza por uma boa atuação de Spree. No jogo 3, Wally Szczerbiak estava endiabrado, mas não foi o bastante. Do outro lado, O’Neal voltou a ser um monstro no garrafão, Payton acordou de um sono irritante, Malone mostrou que continua invocado e Kobe... bem, Kobe tem uma audiência marcada no Colorado, o que tem sido sinal de bons ventos na Califórnia.
Se vencer hoje, o Los Angeles confirma, diante da sua torcida, o favoritismo absoluto para erguer o troféu, já que perder três vezes seguidas não é uma possibilidade factível para essa turma. Para se manter respirando, o Minnesota tem de aprontar uma armadilha logo mais. Missão inglória para um Garnett que, de uma hora para outra, voltou a sentir o gosto azedo da solidão.
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A terceira partida da série teve uma prova clara da falta que Cassell faz à equipe nos momentos decisivos. Os Lakers venciam por 95-88 e os Wolves pressionavam na reta final. Szczerbiak interceptou um passe de Bryant e se mandou para o contra-ataque. Encontrou um companheiro sozinho na linha de três, com a chance cristalina de cortar a vantagem do adversário para apenas quatro pontos. Era o reserva Darrick Martin, que errou o chute e jogou um balde de água fria na reação.
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O Detroit Pistons fez o dever de casa, mas quase bobeou diante do Indiana Pacers, deixando escorrer entre os dedos uma vantagem de 12 pontos no quarto período. Sorte que Ben Wallace estava lá para resolver a parada a 31 segundos do fim. Méritos também para o outro Wallace, o guerreiro Rasheed: poucos atletas da NBA entendem tão bem o que é o espírito de um playoff.
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Ao José Rodrigo, força nesta hora difícil.
Segue a vida.
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foto . nbae
25.5.04
a defesa-arte
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))) Prince e o toco do ano
Para quem está no sofá, é uma tortura. Quando o trilho dos playoffs une duas equipes de essência defensiva, as partidas costumam se arrastar a cada posse de bola. Antes de um simples arremesso, é preciso desatar meia dúzia de nós, numa interminável troca de passes, até que alguém se arrisque a furar o bloqueio, geralmente no limite do relógio.
Quando Pistons e Pacers se trombam, a tônica não pode ser diferente: para marcar pontos, os times têm de matar um leão por ataque. O jogo fica feio, truncado, repleto de chutes tortos e faltas a granel. O espetáculo passa longe da tela e a gente começa a torcer para chegar o dia seguinte, quando o Oeste entra em cena.
Até que um certo Tayshaun Prince aparece e joga toda essa teoria pelo ralo.
Em resumo, o que o ala do Detroit fez ontem foi provar que a defesa também pode se revestir de caráter artístico e fazer o pobre telespectador vibrar na poltrona. Apostando cegamente no clichê de que não há bola perdida, ele zarpou do meio da quadra e alcançou um inatingível Reggie Miller, que subia para igualar o placar com uma bandeja fácil. Fácil?
Em fração de segundo, o garoto se agigantou para cima do veterano e protagonizou um dos tocos mais fantásticos de todos os tempos.
A cesta de Miller seria o empate que o Indiana perseguia sem trégua. Faltavam 14.6 segundos e a torcida já estava de pé, com o grito atravessando a garganta. Prince tinha outra idéia: voou e deu um lindo tapa na bola. Arte pura.
O impulso foi tamanho que o jogador só conseguiu aterrissar lá pela quinta fila de cadeiras à beira da quadra. Afundado entre fotógrafos e torcedores, levou quase um minuto para se levantar, a tempo de ver Richard Hamilton, frio dentro daquela máscara, convertendo dois lances-livres que abriram os fatais quatro pontos de vantagem.
O bravo Rip, por sinal, foi o segundo herói da noite. Quem atentou para a movimentação fora da bola percebeu que ele não desgrudou de Miller um instante sequer no quarto período. Não havia corta-luz que desse jeito. Quando o veterano surgia para receber o passe na linha de três, lá estava Hamilton se debruçando em cima dele. Defensivamente brilhante, como manda o figurino da séria.
No ataque, ele marcou 13 dos últimos 15 pontos dos Pistons. Saiu de quadra como cestinha, com 23, peça fundamental na vitória que igualou o confronto.
Ao fim do jogo, o Detroit desceu para o vestiário com incríveis 19 tocos. Sem espaço, os Pacers acertaram apenas 27% dos chutes, e ainda tiveram 10 bolas roubadas no calor opressivo do adversário. O jeito foi forçar os arremessos de três, mas o aproveitamento continuou pífio: 3-20.
Com o mando de quadra devidamente roubado, Prince, Rip e os Wallaces voltam para Auburn Hill com uma novidade na bagagem: a defesa que encanta.
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foto . cbs/sportsline
24.5.04
nervos expostos
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))) Malone perdeu o controle e o jogo para Garnett
Com dor nas costas, Sam Cassell entrou em quadra e só agüentou 40 segundos. Trenton Hassell e Fred Hoiberg, que deveriam ter redobrado a qualidade da performance para suprir a ausência do colega, terminaram a partida zerados em pontos. Kevin Garnett e Latrell Sprewell não chegaram a ser brilhantes. Do outro lado, Kobe Bryant explodiu com 14 pontos só no primeiro quarto e Shaquille O’Neal, faminto, foi acumulando rebotes sem tomar conhecimento dos adversários.
O resultado?
Wolves 89-71, série empatada.
Às vezes fica difícil explicar o que acontece nos playoffs da NBA. Quando o destino parecia apontar para um 2-0 a favor do Los Angeles Lakers, a lógica mais uma vez foi subvertida com um passeio do Minnesota Timberwolves. A chave da vitória foi o equilíbrio coletivo: Darrick Martin e Wally Szczerbiak deram as caras e somaram 31 pontos, mantendo a equipe viva no confronto.
Mesmo com o 1-1, a vantagem continua nas mãos de Kobe, Shaq & Cia, que roubaram o mando de quadra e contam agora com o privilégio de jogar duas vezes no Staples Center.
Ao contrário do que havia ocorrido na primeira partida, Karl Malone teve um domingo esquecível. Foi anulado por Garnett e ainda perdeu a cabeça ao agredir Martin de forma covarde. Acabou expulso, deve ser multado e pode até pegar uma suspensão. No quarto período, por sinal, o clima ferveu. Com atletas à beira de um ataque de nervos, os árbitros apitaram sete faltas técnicas.
Não é esse tipo de basquete que uma final de conferência exige. Daqui em diante, tudo pode acontecer e a série promete esquentar. Ótimo, desde que seja na bola, sem violência e provocações desnecessárias.
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Revelar meu time? Nada disso. Se já me acusam, vez por outra, de "gostar" ou "não gostar" desta ou daquela franquia, imaginem revelando preferências pessoais. Na verdade, como disse antes, não torço por ninguém, apenas tenho admiração maior por uma das equipes. (O outro) Rodrigo sabe para onde aponta minha simpatia, mas confio em sua discrição oriental. Aliás, o amigo sortudo poderia dizer se gostou da camisa do Nenê?
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foto . nbae
23.5.04
amor e ódio
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))) Essas peças mexem até com nervos brasileiros
Com autoridade de campeão, o Los Angeles Lakers arrancou a primeira vitória em Minneapolis. Mais que roubar o mando de quadra do adversário, ampliou uma carga moral que vem se multiplicando de forma assustadora desde aquele milagroso arremesso de Derek Fisher no jogo 5 contra o San Antonio Spurs. Mordida pela descrença de alguns, a torcida angelina reagiu em fúria.
E não estamos falando da Califórnia.
Neste modesto espaço virtual, a discussão incendiou a caixa de comentários. Os argumentos inflamados carregam uma compreensível dose de ódio. Culpa, em certa escala, da previsão estampada aqui na sexta-feira. Quem mandou o cronista abusado apostar num 4-2 para os Wolves?
Em todo caso, o episódio me abre oportunidade para tecer considerações sobre um assunto que me chama a atenção há muito tempo: o fanatismo de brasileiros pela NBA. Para mim, chega a ser um enigma. Peço licença, portanto, para desviar o Rebote do tom original e, só por hoje, embarcar numa discussão de caráter quase confessional.
Com o site no ar há um ano e oito meses, aprendi um bocado sobre a paixão que o basquete americano desperta por aqui. Fiquei surpreso ao perceber que o nível de afeto às vezes se equipara ao que vemos no futebol. Não acho isso ruim, muito ao contrário, mas me impressiona a capacidade do ser humano de se atrelar sentimentalmente a uma equipe que atua em outro país, a ponto de alimentar discussões acaloradas como se estivéssemos numa mesa de bar avaliando um Fla x Flu ou um Corinthians x Palmeiras.
Tal constatação é a prova de que o esporte é mágico, imprevisível, inexplicável e um punhado de outros clichês desses que ouvimos por aí. Sei que tudo isso passa pelo fato de não termos um basquete de primeira linha no Brasil, o que facilita a identificação imediata com os melhores do planeta. Se o nosso futebol não fosse a nata mundial, talvez nos víssemos tremulando, daqui, bandeiras do Milan ou do Real Madri.
Ainda assim, confesso que o basquete gringo não consegue fazer no meu cérebro o estrago que o futebol nativo sempre fez. Quase toda semana posso ser visto aos berros no Maracanã, incentivando e xingando meu time até perder a voz. Com a NBA, minha relação é outra. Até nutro forte simpatia por uma das franquias, mas nunca me peguei exaltado na frente da TV, deprimido após uma derrota ou ofendido com algum comentário rival.
O que me hipnotiza é o jogo bem executado, o lance genial, a enterrada plástica, o toco furioso. E no mundo inteiro, ninguém faz isso melhor que os americanos, claro. Neste curto tempo de vida do Rebote, percebi que sou quase um estranho no ninho. Foi uma ótima surpresa, até porque a paixão (em níveis razoáveis) sempre alimenta o debate.
No caso específico dos Lakers, é espantoso verificar que existe até a turma do arco-íris, famosa por se unir contra equipes de massa. Aqui no Rio, há uma devastadora corrente anti-Flamengo. Em São Paulo, creio que aconteça o mesmo com o Corinthians. Trata-se de um hábito saudável, que garante o oxigênio das torcidas: a provocação bem humorada.
Há algum tempo aprendi que uma frase torta sobre a turma de Los Angeles é o bastante para reações enfurecidas. É natural que seja assim. À exceção do ano passado, Shaq e Kobe vêm atropelando a liga inteira desde a virada do século. O orgulho está tinindo. Por isso alertei para as pedradas que viriam após a previsão de 4-2 para o Minnesota.
Devo mudar o palpite? Ainda não, afinal a série está só começando. Vale lembrar que, contra o Sacramento, os Wolves também perderam o jogo 1 em casa. Os fanáticos logo dirão que os Lakers não são os Queens. Calma. Não estou torcendo contra ou pondo em dúvida a qualidade do time.
É só uma questão de cautela.
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Chega de escrever em primeira pessoa. Agora que falei tanto de mim, quero saber o que vocês pensam sobre o assunto. A caixa de comentários e a pesquisa aqui ao lado estão abertas. Soltem a voz.
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Confissões à parte, vamos às quadras.
O MVP Kevin Garnett tem uma missão urgente esta noite: superar Karl Malone. Na primeira partida, o veterano fez o que bem quis. Para mudar o rumo do confronto, a providência básica do Minnesota é fazer seu maior craque render mais que o marcador. Assim como os Lakers não podem permitir que Shaq e Kobe percam seus duelos contra Olowokandi e Hassell, os Wolves precisam se garantir em Garnett e Sprewell. Caso contrário, serão atropelados.
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Na série entre Indiana e Detroit, o quarto período chegou a ser angustiante. Especialistas em defesa, os times não sabiam o que fazer com a bola no ataque. Até que o velhinho Reggie Miller chamou a responsabilidade e interrompeu uma série de seis arremessos errados com um fantástico tiro de três, que selou a vitória dos Pacers.
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foto . nbae
21.5.04
chutes contra o vento
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))) Ben Wallace, o trivial: imbatível na defesa
))) Ben Wallace, o anormal: abusado no ataque
Já que a crônica de hoje começa diferente, com duas fotos, talvez não seja má idéia curtir um pouco mais de imagem antes de entrar no texto. Com o funil dos playoffs reduzindo a disputa a quatro equipes, muita água rolou desde o fim da temporada regular. Em um mês, os fotógrafos da NBA registraram uma profusão de belas cenas. Chega a ser uma injustiça não apreciá-las. Antes das incautas previsões sobre as finais de conferência, divirtam-se com alguns dos flashes mais espetaculares do mata-mata.
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O desespero de Webber
A patolada de Martin
O olhar firme de Kidd
A luta de KG e Christie
A visão de Fisher
O surfe de Butler
Finley redentor
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Agora, vamos ao que interessa: os chutes. Antes de mais nada, adianto que estou absolutamente disposto a jogar na latrina qualquer resquício de reputação. Sei que vou de encontro à correnteza, com o risco de ser arrastado rio abaixo. É grande a chance de a bola de cristal me apontar previsões furadas, que sempre geram reações debochadas. Seria mais prudente seguir os votos de algum medalhão da imprensa americana, ou até das sábias sugestões caseiras, aqui nas caixas de comentários. Paciência. Talvez eu tenha acordado com o espírito do contra. Vamos aos palpites, antes que eu me arrependa.
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))) POR QUE OS PISTONS BATEM OS PACERS?
Aquela coisa estranha chamada defesa deve dar a tônica desta série. Os dois melhores defensores da liga (Ben Wallace e Ron Artest) estarão em quadra, mas no conjunto o Detroit leva vantagem quando o assunto é trancar o garrafão e dificultar o arremesso alheio. Prova disso foi a performance de ontem, que manteve Jason Kidd virgem em pontos.
Na verdade, ambos os times tropeçaram um bocado nas semifinais de conferência. Alternaram altos e baixos, mas saíram com o nível de energia reforçado.
O Indiana sofreu além da conta para despachar o Miami, revelando-se uma equipe mais vulnerável do que se pensava. Jermaine O’Neal está às voltas com compressas no olho esquerdo. Não treinou ontem e pode ser obrigado a jogar com uma proteção no rosto. Jonathan Bender, Fred Jones e Jeff Foster andam passeando pela enfermaria e preocupam o técnico Rick Carlisle.
O Detroit mostrou que pode contar com seus defensores também no ataque. Ontem, Wallace anotou 18 pontos e nem parecia aquele troglodita que costuma maltratar a bola laranja. Se continuar assim, tem grandes chances de surpreender o rival e promover um retorno triunfal às finais da NBA.
Vá lá: Pistons 4-2.
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))) POR QUE OS WOLVES BATEM OS LAKERS?
Não sei, mas tenho um palpite. Com a sensação do dever cumprido e livre de qualquer pressão, o Minnesota entra na série como franco atirador. Ao que tudo indica, vai jogar relaxado. Só assim pode superar o Los Angeles, que atravessa grande fase pelas mãos de Kobe Bryant. Todo mundo vai apostar no quarteto fantástico da Califórnia e, de fato, são eles os favoritos. Vejamos os confrontos.
Kobe terá pela frente o enjoado Trenton Hassell, mas isso não parece ser um grande entrave para quem acaba de atropelar Bruce Bowen sem muito esforço. Shaquille O’Neal deve se esbaldar em cima de Ervin Johnson ou Michael Olowokandi.
Latrell Sprewell ganha papel fundamental na série, com a missão de explorar Devean George (ou Rick Fox), ponto mais fraco do time titular adversário. Embalado, Kevin Garnett vai chamar Karl Malone para dançar, dentro e fora do garrafão. É provável que dê uma canseira no veterano e tenha mais liberdade do que teve contra Chris Webber.
O fiel da balança, portanto, pode estar no equilibrado duelo entre Gary Payton e Sam Cassell. Os dois tiveram bons e maus momentos nos playoffs. Agora, não há mais espaço para erros.
Se houver jogo 7, ninguém segura os Lakers. Aposto num 4-2 Wolves. E aguardo as pedradas, claro.
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fotos . nbae
20.5.04
dia de parabéns
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))) Garnett completou 28 anos e venceu
De certa forma, foi um jeito de homologar o título de MVP. Com toda a pressão do mundo nas costas, Kevin Garnett espantou a desconfiança dos críticos com uma atuação de gala no dia do seu vigésimo oitavo aniversário. Diante de sua torcida, tirou da cartola um presente em grande estilo: 32 pontos, 21 rebotes, cinco tocos e um fantasma enxotado.
De uma só tacada, o melhor jogador do ano quebrou de vez a maldição do Minnesota Timberwolves nos playoffs e chutou para escanteio o descrédito que sempre se abatia sobre ele em partidas decisivas. A de ontem foi a mais importante em quase uma década de carreira. Como um grande craque, KG compareceu de forma estupenda.
A eliminação do Sacramento Kings custou sete batalhas, mas os Wolves saíram por cima, com moral para enfrentar o Los Angeles Lakers. Prefiro deixar para amanhã os prognósticos sobre a final do Oeste. Por enquanto, fiquemos no jogo 7 de ontem.
Ao lado de Garnett, mais uma vez estava o escudeiro Sam Cassell, com 23 pontos e sete assistências fundamentais para um triunfo apertado. Lá estava também o invocado Latrell Sprewell, um tanto mais modesto, com 14 pontos, mas igualmente guerreiro, peça-chave na temporada vitoriosa dos Wolves.
No lado oposto da quadra, ficou um gosto amargo para Chris Webber, que errou por pouco o arremesso de três no último segundo. Com capricho, a bola entrou e saiu. Poderia ser a passagem para a prorrogação e, quem sabe, a virada.
Não foi.
Pelo terceiro ano seguido, o Sacramento é eliminado dos playoffs num jogo 7. Parece que situação-limite não é mesmo com essa turma.
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Digna de rasgados elogios é a campanha do Miami Heat, que abriu o campeonato com sete derrotas seguidas e encerrou os trabalhos com a sensação do dever cumprido. Bater o Indiana Pacers seria voar alto demais. Fica, no entanto, o mérito de ter tornado competitiva uma série que parecia barbada. Para 2004-2005, com um reforço aqui, outro ali, o Leste pode ganhar uma nova força.
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foto . cnn/sports illustrated
16.5.04
a dois passos do paraíso
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))) Com a bênção de Duncan, Bryant parte
para conquistar seu quarto título da NBA
Foi exatamente num 15 de maio, no mesmo Staples Center. Em 2003, o San Antonio Spurs fez história ao interromper a dinastia do Los Angeles Lakers com um triunfo maiúsculo por 110-82, que eliminou o rival e abriu caminho para o título. Um ano redondo se passou e muita água correu embaixo da ponte. Ontem, a turma da Califórnia se esbaldou com o banquete frio da vingança.
Kobe, Shaq, Payton e Malone estão nas finais do Oeste. Alguém se candidata a freá-los?
É bem verdade que o caminho tem sido tortuoso. O otimismo dourado que impregnou o mundo do basquete na pré-temporada foi se desbotando aos poucos no curso do campeonato. Mesmo com a classificação ao mata-mata e a passagem pelo Houston Rockets, os desconfiados de plantão ainda sacavam da manga argumentos respeitáveis, principalmente após as duas derrotas no Texas: o time não tem banco, os titulares estão velhos, o craque da companhia está enrolado com a Justiça.
Tudo isso parecia fazer sentido. Agora não faz mais. Quem acompanha o basquete há algum tempo já deve ter aprendido: a simples união dos nomes Lakers e playoffs cria uma química capaz de ocultar os defeitos mais bizarros num passe de mágica. Com o peso da camisa e o valor de quem a enverga, surgem episódios épicos como o chute espírita de Derek Fisher no jogo 5. Mais que no duelo final de ontem, foi no milagre de quinta-feira que se rascunhou a eliminação dos atuais campeões.
Depois daquilo, qualquer caminho diferente de um 4-2 seria, no mínimo, injustiça histórica.
Como sempre, os astros estavam lá para ver. Jack Nicholson à frente, o ginásio recebeu Tom Hanks, Edward Norton, Snoop Dog e um punhado de outras celebridades. A arte verdadeira, contudo, estava lá embaixo, na quadra, delegada à dupla que mudou o rumo desta franquia.
Bryant guardou 12 de seus 26 pontos para o quarto período, com destaque para uma enterrada fenomenal sem tomar conhecimento da defesa adversária. O’Neal, por sua vez, encerrou a noite com 17 pontos, 19 rebotes e cinco tocos. “Estamos numa missão”, anunciou o pivô.
Cá entre nós, ninguém há de duvidar.
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Com Tim Duncan no retrovisor, faltam dois passos para o troféu. É provável que o mais difícil seja o próximo. Não importa quem passará: Wolves e Kings têm talento de sobra para ingressar num duelo cheio de alternativas, digno de uma final do Oeste.
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Não escondo de ninguém: desde o início da segunda fase, eu achava que o San Antonio seria bicampeão. Rendo-me, portanto, à força dos Lakers, mas também às fraquezas dos Spurs. Tony Parker, que brilhou nas duas primeiras partidas, voltou a se apagar, confirmando a fama de vaga-lume. Hedo Turkoglu, o único titular-reserva da NBA, mostrou que não consegue manter o nível numa equipe competitiva. O velho Robert Horry, com a mira absolutamente torta, já pode se aposentar. E Devin Brown, por mais que contribua, não tem cacife para acumular tantos minutos em quadra. Bem, vamos ficar por aqui, senão daqui a pouco vão dizer que Alex Garcia fez falta a esse elenco.
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foto . cnn/sports illustrated
14.5.04
a arte do impossível
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))) Em menos de um segundo, Derek Fisher
conseguiu entrar para a história da NBA
Diante de Shaquille O’Neal, Tim Duncan executou o melhor arremesso de sua carreira. Do meio da rua, cravou a cereja no bolo de numa reação heróica do San Antonio Spurs, que conseguiu apagar os 16 pontos de vantagem do Los Angeles Lakers para tomar a liderança no emblemático jogo 5 de ontem. Em êxtase, o SBC Center lotado explodiu em euforia.
Quando o cronômetro voltou a girar, bastaram quatro décimos de segundo para o atarracado Derek Fisher transformar tudo em silêncio. As arquibancadas emudeceram, incrédulas. Uns poucos homens de púrpura saltavam enlouquecidos enquanto outros milhares mal conseguiam esboçar reação.
Foi o desfecho de uma quinta-feira épica no Texas.
Não importa se o Los Angeles tinha em quadra cinco futuros integrantes do Hall da Fama. Se, por acaso, Kobe, Shaq, Malone e Payton levantarem um troféu daqui a um mês, terão o dever de olhar para trás e registrar, neste histórico 13 de maio, o devido crédito ao coadjuvante. O que Fisher fez ontem entrou direto para a galeria dos melhores momentos dos playoffs em todos os tempos.
Caso você esteja distraído e ainda não saiba o que aconteceu, tome nota. Duncan cravou um chute fantástico e virou o jogo para os Spurs quando faltavam quatro décimos de segundo para o fim da partida. A torcida, claro, se pôs a celebrar, com toda razão. Nem o maior entusiasta do basquete acreditava no que viria a seguir.
Com este tempo pífio no relógio, Payton viu Shaq e Kobe bem marcados e não teve outra saída a não ser entregar a bola na mão do seu próprio reserva. Ironia do destino é isso: o medalhão estava na linha lateral, à procura de uma alma bem colocada. O primo pobre corria de um lado para o outro da quadra, em busca de um bom posicionamento.
Quando o passe chegou, Fisher só teve tempo de girar o corpo e arremessar, com Manu Ginobili crescendo à sua frente. Se ele jogasse no Memphis, no Denver, no Orlando, no Atlanta, o chute talvez nem chegasse perto do aro.
Mas o homem enverga um uniforme do Los Angeles Lakers, fazer o quê?
Se você não acredita nessas coisas de mística, por favor me dê uma explicação racional para o que eu vi na televisão ontem à noite. Aqui deste canto, continuo tentando entender...
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Enquanto não surge um diagnóstico científico, nos resta a arte da contemplação. Um lance como este vai ser reprisado em vídeo até enjoar, mas seria injusto não valorizar uma boa seqüência de fotos.
A visão ampla do instante crucial.
Foco centrado em Fisher e Ginobili.
Fora da tela, a bola está a caminho.
O início da celebração.
Festa em terreno inimigo.
Para o time da casa, um quadro desolador.
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O resultado de ontem significa que o San Antonio é incapaz de buscar um novo empate em Los Angeles? Claro que não. Nesta série, tudo pode acontecer. Agora, cá entre nós, que este jogo 5 teve um certo cheiro de título, ah isso teve.
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foto de abertura. cnn/sports illustrated
13.5.04
fenômeno
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))) O Heat de Odom faz estragos no playoff
Faltava pouco menos de um minuto para o fim da partida quando Lamar Odom passou a bola para Caron Butler, que acertou o arremesso e fez história. Pela primeira vez em 38 jogos de mata-mata, o Miami Heat conseguiu atingir a casa dos 100 pontos. Na verdade, o tabu quebrado passou quase em branco. Da mesma forma, a 18ª vitória seguida do time em casa virou uma questão menor. Relevante mesmo foi o fato lembrado por Odom, poucos minutos depois, quando surgiu na sala apinhada de repórteres. Antes de qualquer pergunta, o ala fez a sua:
“Quantos de vocês achavam que esta série estaria hoje empatada em 2-2? Levantem a mão, por favor”.
Entre risos constrangidos, nenhum jornalista ergueu o braço. Mais que quebrar escritas, o grande feito do Miami na noite de ontem foi surpreender meio mundo ao igualar a série contra o poderoso Indiana Pacers, time de melhor campanha na temporada regular da NBA. Desde já, o Heat merece o carimbo de sensação dos playoffs. Quando menos se esperava, a equipe conseguiu equilibrar a única série que parecia desigual. Parecia, não. É desigual, de fato. Só que ninguém contava com Odom, Butler & Cia para subverter a lógica.
O prêmio cai como uma luva para a torcida da Flórida, que mais uma vez lotou a American Airlines Arena e fez tremer o chão onde pisavam os forasteiros Jermaine O’Neal e Ron Artest. Os dois astros do Indiana não pipocaram, somando 65 pontos, mas o restante do elenco parece ter entrado em colapso.
O veterano Reggie Miller, por exemplo, conseguiu errar os cinco chutes que arriscou durante a partida. Os titulares Jamaal Tinsley e Jeff Foster, juntos, contribuíram com míseros cinco pontos, enquanto os badalados reservas Al Harrington e Jonathan Bender somaram apenas quatro.
Azar o deles que o comboio adversário chegou atropelando. Odom, Butler e o calouro Dwyane Wade superaram a marca dos 20 pontos, e outros três atletas (Eddie Jones, Brian Grant e Rafer Alston) pontuaram em dígitos duplos.
O problema é que, para passar à próxima fase, o Miami terá de vencer fora de casa ao menos uma vez. E isso continua sendo um fato inédito neste mata-mata. Longe do lar, tudo parece difícil. Aos descrentes, no entanto, Caron Butler tem a reposta na ponta da língua: “Muita gente acha que somos incapazes de vencer na estrada. Mas muita gente também achava que éramos incapazes de levar esta série ao 2-2”.
A esta altura, convém não apostar contra essa gente. Resta esperar o sábado, em Indianápolis.
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Se até a série entre Heat e Pacers ficou parelha, imaginem as outras. Ontem o Sacramento voltou aos trilhos e empatou o confronto contra o Minnesota. O mesmo vale para Lakers-Spurs e Nets-Pistons. Quando terminou o primeiro round, escrevi aqui que havia chegado a hora do equilíbrio.
Profecia cumprida: no reino das semifinais de conferência, está tudo empatado.
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foto . cnn/sports illustrated
11.5.04
o valor do craque
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))) No fim, Kevin Garnett falou mais alto
Se ainda havia alguma dúvida, ela virou pó ali pelas três da madrugada. Por mais que reine a ditadura das pranchetas, por mais que a tática se imponha à técnica, por mais que o coletivo supere o individualismo, um jogo de basquete ainda pode (e deve) ser decidido pelas mãos do craque.
Ainda bem.
Quem esticou a noite de segunda-feira à frente da TV foi dormir com a recompensa de ter visto um partidaço entre Wolves e Kings. O controle das ações mudou de lado algumas vezes de forma dramática, sempre pelas mãos de quem decide.
Foi assim que, saindo de três períodos letárgicos, Peja Stojakovic decidiu explodir no último quarto. Seu Sacramento perdia por 15 pontos e ele desandou a cravar bolas de três. A última, a dez segundos do fim, empatou o placar e pôs um ponto de exclamação na reação heróica.
A reviravolta calcada nos tiros de Peja prova que o esforço individual pode, muitas vezes, destruir um esquema bem azeitado. Carregando o carimbo do fracasso nós playoffs, o sérvio podia simplesmente ter desistido de tentar os arremessos. Em vez disso, forçou a mão, ciente de que o caminho para a elite da NBA costuma esbarrar em portas fechadas.
Dá para dizer que Stojakovic é um craque? Talvez seja uma conclusão precipitada. Não custa nada esperar mais um ou dois anos para que ele adicione ao currículo outras performances como a de ontem.
Por enquanto, deixemos o rótulo de craque com Kevin Garnett, que esperou a prorrogação para subverter a lógica a favor do Minnesota.
Quem acompanha a NBA há algum tempo já deve ter reparado numa tendência curiosa: geralmente, o time que força o período extra acaba se desencontrando e perdendo o jogo. Há vários anos tenho prestado atenção neste fato, mas até hoje nunca vi uma pesquisa estatística que comprove a tese. A explicação mais razoável é o excesso de euforia por ter empatado a partida.
Foi este o mal que se abateu ontem sobre os Kings. Sempre concentrado, Garnett aproveitou o destempero do adversário e escancarou suas credenciais de MVP. O chute a 11 segundos do fim foi estupendo. O tempo de arremesso escorria no relógio e a marcação dupla parecia implacável. Parecia. O craque jogou o corpo para trás e, da cabeça do garrafão, selou a vitória dos Wolves.
Em plena Arco Arena, os Wolves consertaram o rumo da série e retomaram o mando de quadra. Para a nossa sorte, ainda teremos, no mínimo, mais dois embates. Contamos com a ESPN, mesmo que seja preciso varar a madrugada outras vezes.
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Não deu para entender a bobeada de Sam Cassell, que fez quatro faltas em menos de dois minutos e acabou eliminado num ponto crucial da partida. Para um atleta experiente como ele, a falta de controle poderia ter custado caro.
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Se o veterano Cassell parecia um calouro, o novato Dwyane Wade jogou como gente grande. Marcou 14 de seus 25 pontos no quarto período, ajudando o Miami Heat a bater o fortíssimo Indiana Pacers. Para quem ainda não notou, foi a 17ª vitória seguida do time na American Airlines Arena.
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foto . cnn/sports illustrated
10.5.04
oxigênio renovado
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))) Payton, enfim, conseguiu parar Tony Parker
O domingo foi uma mãe para Nets e Lakers. Diante de suas torcidas e com dois jogos de desvantagem nas respectivas séries, os times colocaram a cabeça fora d’água e tomaram o fôlego vital para a sobrevivência no mata-mata. O oxigênio, mais uma vez, foi extraído com a tática mais segura para momentos de desespero: defesa.
Quando o medo da eliminação começa a circular nas veias, manda-se às favas o basquetebol arte. Impedir o sucesso do outro torna-se o caminho mais curto para buscar o próprio. Ah, o jogo fica feio? Paciência.
Em Nova Jersey, o técnico Lawrence Frank tratou de azucrinar a vida do adversário. Resultado: os Pistons cravaram apenas 29% de seus arremessos e saíram de quadra com 64 pontos, a pior marca da história da franquia em playoffs. Para se ter uma idéia, o cestinha da equipe, Richard Hamilton, foi limitado a 15 pontos, e outros três bons artilheiros (Chauncey Billups, Tayshaun Prince e Rasheed Wallace) somaram míseros 16.
Com a barreira erguida na retaguarda, os Nets liberaram Richard Jefferson para o ataque. O ala explodiu com 30 pontos, oito rebotes e cinco assistências. Seus 11 pontos no primeiro período abriram caminho para uma vitória fácil, que recuperou os brios do grupo e capinou o terreno para um emocionante jogo 4, amanhã, novamente na Continental Airlines Arena.
Bem longe dali, no Staples Center, o Los Angeles guardou o uniforme dourado no vestiário, envergou as camisas brancas e atropelou o San Antonio. A turma de Phil Jackson finalmente encontrou uma maneira de parar Tony Parker e Tim Duncan. Juntos, os dois marcaram 18 pontos, muito pouco para uma partida de mata-mata na casa do rival.
O jovem armador francês foi destaque nos dois primeiros compromissos, mas ontem não teve sossego. “Fizemos um esforço concentrado em cima dele. A cada vez que ele infiltrava, havia alguém para colidir”, explicou o experiente Gary Payton, que reduziu um bocado o aproveitamento de Parker nos chutes (quatro de 12).
A receita havia sido cantada pelo próprio Payton no sábado. Irritado, o armador de 35 anos desabafou com os jornalistas e reclamou que seus colegas não estavam ajudando no esquema defensivo. Declarou-se incapaz de marcar o corta-luz do adversário sem um mínimo de ajuda dos companheiros. Ontem, a ajuda veio. E a vitória também.
Com Duncan, valeu a mesma estratégia de sufoco. O ala marcou apenas dois pontos no primeiro tempo e, quando percebeu, o estrago estava feito. Perdeu feio no garrafão para Karl Malone e Shaquille O’Neal. Embaixo do aro, por sinal, Shaq foi monstruoso, com 28 pontos, 15 rebotes, oito tocos e cinco assistências. De quebra, manteve Rasho Nesterovic zerado no placar e pendurado com cinco faltas.
Desta vez, Bruce Bowen não conseguiu impedir a boa atuação de Kobe Bryant, que saiu de quadra com 22 pontos, seis rebotes, seis passes e duas roubadas.
Para o duelo de terça-feira, Kobe terá de correr do tribunal para as quadras. Antes da partida, precisa comparecer a uma audiência sobre a acusação de estupro. Na última vez em que isso aconteceu (no jogo 5 contra o Houston), ele chegou atrasado, mas anotou 31 pontos e 10 assistências. Será que os advogados dão sorte ao craque?
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Com uma vitória roubada na bagagem, os Kings voltam a Sacramento e recebem o Minnesota logo mais. Para afastar a síndrome de Queens, convém bater os Wolves. É preciso saber, no entanto, que provocação é coisa de torcedor. No limite das quatro linhas, tudo pode acontecer nesta série.
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foto . cbs/sportsline
8.5.04
audiência ausente
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))) Latrell precisa mostrar serviço
e a torcida precisa ir ao ginásio
Na sufocante missão de vencer o segundo jogo da série, o Minnesota Timberwolves ao menos conseguiu o básico: preencher as poltronas de seu ginásio. A partida de logo mais será apenas segunda (de cinco no mata-mata) com ingressos esgotados no Target Center. Os especialistas tiram da cartola explicações técnicas: a política dos carnês para a temporada inteira é deficiente e os horários avançados dificultam a vida do trabalhador que precisa acordar cedo no dia seguinte.
Ora, estamos ou não estamos nos playoffs?
Parece-me extremamente curioso que a torcida de Minneapolis não tenha lotado o ginásio para ver seu time, pela primeira vez, com chances reais de disputar um título da NBA. Vá entender essa gente.
O fato é que, com arquibancada cheia ou vazia, os Wolves precisam voltar aos trilhos se não quiserem ver o sonho virar pesadelo. Contra o Sacramento, o técnico Flip Saunders não pode se dar ao luxo de usar apenas uma ou duas armas. Precisa de todos tinindo, e isso inclui Latrell Sprewell.
Ciente de sua importância na rotação ofensiva, Spree, vejam só, virou um rato de academia. Passou o dia de ontem treinando, treinando, treinando e cuidando do corpo para evitar novo fiasco hoje à noite. O trabalho, na verdade, foi mais de relaxamento muscular do que de condicionamento físico. Mas vale o esforço.
Do outro lado, Peja Stojakovic também está devendo. No jogo 1, acertou apenas cinco de 15 arremessos, performance lamentável para um sujeito famoso pela mão certeira. Méritos para o enjoado Trenton Hassell, que já havia feito um excelente trabalho contra Carmelo Anthony. Para a sorte do Sacramento, Mike Bibby cuidou do trabalho sujo, encarou Sam Cassell e venceu o jogo praticamente sozinho.
Quando a série tem estrelas em profusão (nesta, são pelo menos seis), cada partida vira um jogo de xadrez. Importa o somatório que as equipe conseguem obter com a bola quicando, e um fracasso individual pode destruir todo o esquema.
Resta saber quem será a bola da vez.
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foto . nbae
7.5.04
duelo desigual
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))) Grant já notou que O’Neal não é Magloire
A ausência forçada de três dias me intima a deixar aqui um texto um pouco mais robusto. Não só pela dívida em si, mas pelos assuntos acumulados da semana. Bem, vamos tentar. Os playoffs avançam com suspeitas que se confirmam e surpresas que se apresentam. Ao entrar no circo, peço licença para a última das quatro previsões das semifinais de conferência. Tudo bem que a primeira partida já aconteceu, mas alguém aí esperava resultado diferente? Hora da pergunta óbvia.
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))) POR QUE OS PACERS BATEM O HEAT?
Nem preciso responder. Estamos diante da única série desigual desta fase. Além de ter descansado uma semana a mais que o adversário, o Indiana caminha léguas à frente do Miami em termos de qualidade. O jogo de ontem foi uma prova disso. Com enxaqueca, Ron Artest não fez o aquecimento e deveria ficar no banco. Em cima da hora, resolveu entrar em quadra, e o resultado foi o esperado: dor de cabeça para o Heat. Artest não roubou nenhuma bola, mas anotou 25 pontos, seis rebotes e quatro assistências.
O quadro de estatísticas ilustra a eficiência dos Pacers. Jermaine O’Neal, Reggie Miller e Jamaal Tinsley tiveram atuações sólidas e ainda contaram com a ajuda de um punhado de reservas. Do outro lado, o banco só tinha quatro indivíduos. Rafer Alston fez bonito, mas os outros decepcionaram. Com isso, o time de Rick Carlisle chegou a abrir 23 pontos e ditou o rimo da partida.
Creio que será assim até o jogo 4. Ou 5, no máximo.
Indiana 4-1 está de bom tamanho.
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Logo mais, o New Jersey volta a Detroit e tenta apagar a vergonha da primeira partida, quando marcou apenas 56 pontos. Apesar do fiasco, o técnico Lawrence Frank já avisou: não esperem grandes novidades ofensivas. A única mudança será um reforço na confiança dos jogadores. O esquema, segundo ele, é o mesmo que vem sendo usado com sucesso nos últimos três anos. Faz sentido. Só falta combinar com a defesa dos Pistons.
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Eis que temos um novo herói no mata-mata, e ele se chama Mike Bibby. Enquanto Chris Webber e Peja Stojakovic não se entendem sobre quem é o craque do time, o baixinho resolveu tomar as rédeas. Está tinindo. No jogo 1 contra os Wolves, travou um duelo épico com Sam Cassell e levou a melhor, roubando a vitória na casa do rival. O problema do Minnesota é que o Sacramento não é o Denver. Contra os Kings, a equipe não pode se dar ao luxo de ter Latrell Sprewell com apenas cinco pontos numa noite. Num confronto de nível tão alto, cada peça torna-se essencial.
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A missão do Los Angeles Lakers chega a ser cruel: derrotar quatro vezes em cinco partidas um time que venceu as últimas 17. Chega a ser desanimador, mas Phil Jackson deve estar cuidando para que seus atletas não exercitem este raciocínio. O fato é que, como sempre, o clima será de festa no Staples Center. Se conseguir a árdua (mas não impossível) missão de ganhar duas vezes em casa, o quarteto fantástico de LA vai botar fogo na série. Para isso, os quatro astros precisam funcionar. Karl Malone e Gary Payton devem abrir o olho. É justamente em cima deles que jogam as duas peças-chave do San Antonio Spurs (Tim Duncan e Tony Parker). Se não colaborarem, não há Kobe ou Shaq que dê jeito.
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foto . nbae
3.5.04
estilos em conflito
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))) Em grande fase, o trator Wallace avança
Viram como é teimosa essa turma de New Orleans? Não importa se as semifinais de conferência já começaram, se o San Antonio já largou na frente, se Nets e Pistons abrem a série logo mais: ainda tem gente disputando o primeiro round. Entre oito confrontos, sobrou para Hornets e Heat a dose de emoção na fase inicial dos playoffs. Bem que a ESPN poderia abrir uma rodada dupla amanhã, com o jogo 7 em Miami na preliminar e o embate entre Wolves e Kings na atração principal. Enquanto torcemos, vamos em frente, com mais uma previsão.
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))) POR QUE OS PISTONS BATEM OS NETS?
Basicamente, por dois motivos: defesa e mando de quadra. Num confronto equilibrado como este, abrir e fechar a série em casa vai contar muito a favor do Detroit. O ponto determinante, contudo, há de ser a constante preocupação de sobrepor um estilo ao outro. Para o New Jersey, o contra-ataque será como oxigênio. Furar a muralha dos Pistons é uma tarefa ingrata, então o jeito é garantir rebotes defensivos e rasgar a quadra em velocidade. Neste aspecto, a vantagem é ampla a favor dos Nets.
O problema é que, além dos Wallaces, o Detroit também tem Chauncey Billups, Rip Hamilton e Tayshaun Prince, um trio capaz de acertar arremessos e evitar que o adversário recupere a bola com rapidez. Cresce aí a importância defensiva de Jason Kidd, Richard Jefferson e Kenyon Martin. Além de matar leões no ataque, eles também precisam dificultar a vida dos rivais na retaguarda.
Missão impossível? Claro que não. Com dois títulos de conferência na bagagem, o New Jersey reúne credenciais de sobra para vencer novamente, mas de forma alguma vai encontrar o mamão com açúcar do ano passado, quando varreu o Detroit em quatro partidas na final do Leste.
Para o encrenqueiro Rasheed, é hora de provar à diretoria que merece uma proposta de renovação de contrato ao fim da temporada. Contra a força de Martin (outro que ganha passe livre e quer mostrar serviço), o bad boy terá um desafio indigesto. Uma boa dica é se afastar do garrafão, onde sua habilidade pode falar mais alto. O departamento médico já avisou: Wallace não deve mais treinar nos playoffs, para não agravar uma lesão no pé direito (a mesma que o deixou no banco na reta final da temporada regular). De agora em diante, nada de treino, só jogo. Só o resultado em quadra pode dar a dimensão do efeito da estratégia.
Se tudo correr como prevê a bola de cristal do Rebote, esta vai ser a série mais equilibrada do segundo round: 4-3 Pistons.
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GALERIA DE FOTOS
Flagrantes do domingo
Kobe Bryant avança contra o San Antonio
Tim Duncan nunca desiste da bola
Lakers e Spurs brigam embaixo da cesta
Gregg Popovich conta segredos a Tony Parker
Tim Floyd faz o mesmo com Baron Davis
Stan Van Gundy vai ao desespero
PJ Brown sobe mais que Brian Grant
Udonis Haslem, coitado, embaixo de Traylor
No treino, TJ tenta imitar o pai Jason Kidd
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foto de abertura. cnn/sports illustrated
2.5.04
))) PLANTÃO
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))) Kevin Garnett: MVP da temporada
Quando o Minnesota Timberwolves entrar em quadra na terça-feira para abrir a série contra o Sacramento Kings, os gritos de MVP no Target Center terão, enfim, um tom oficial. O prêmio de melhor jogador da temporada só vai ser anunciado na tarde de segunda-feira, mas já tem dono.
Kevin Garnett, claro.
Fontes da liga confirmaram a informação à agência de notícias Associated Press. Atravessando a melhor fase de sua carreira, o ala tem mantido o discurso modesto na hora de comentar a premiação individual: “Qualquer coisa que vier será excelente, mas o basquete é um jogo coletivo.”
Nisso, ele está certo. Tanto que o sucesso dos Wolves se deve, em muito, às adições de Sam Cassell e Latrell Sprewell. Ainda assim, um time campeão precisa de um craque. O Minnesota já tem o dele. Agora, devidamente reconhecido.
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foto . nbae
a hora do filé mignon
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))) Shaq e Duncan ensaiam o show
Bem, os meninos se foram. Para o restante dos playoffs, sobraram os adultos. No Leste, o panorama segue incompleto até que Heat e Hornets decidam quem avança numa série marcada pelo equilíbrio. Sem pressa, começamos pelo Oeste a análise das semifinais de conferência. É ali que mora o perigo, em dois embates imprevisíveis. Pelo menos na teoria, são as duas melhores séries do mata-mata, incluindo tudo o que vier depois. Lustrada a bola de cristal, vamos ao imprudente exercício de futurologia.
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))) POR QUE OS WOLVES BATEM OS KINGS?
Não sei. Está aí o confronto mais agradável e mais nebuloso dos playoffs. Em primeiro lugar, torcemos para ESPN e Rede TV espalharem as partidas em suas grades. O ideal seria não perder nenhum capítulo. Na temporada regular, estas equipes criaram episódios épicos quando se cruzaram. O estilo de jogo das duas e os craques que se acomodam nos elencos são a garantia de qualidade total em quadra.
No fiel da balança, fico com o Minnesota.
Superado o fantasma da eliminação na rodada inicial, Kevin Garnett avança com alguns quilos a menos nas costas. E a carga que sobrou pode ser dividida com Sam Cassell, Latrell Sprewell e um punhado de outros coadjuvantes. Passar pelo Denver não foi tão fácil como se esperava, mas precisamos considerar o fator psicológico sobre uma franquia que carregava sete anos de fracasso. Méritos para o técnico Flip Saunders, para os atletas, mas principalmente para o cartola Kevin McHale, que encaixou as peças certas na engrenagem.
Do outro lado, o Sacramento vem de uma série convincente contra o Dallas, e deve engrossar para cima dos Wolves. Para chegar aonde está, também precisou abstrair as ironias dos adversários e da crítica. Agora parece menos tenso. Roubar uma vitória em Minneapolis nas duas primeiras partidas parece essencial para os Kings. E, cá entre nós, parece bastante provável que isso aconteça. O confronto deve ter vitórias e derrotas dentro e fora de casa. No frigir dos ovos, 4-2 Wolves.
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))) POR QUE OS SPURS BATEM OS LAKERS?
Pela força dos reservas. É o único fator visível de desequilíbrio. Entre os titulares, as forças se equivalem. Tim Duncan está acima de todos, mas o Los Angeles tem mais jogadores decisivos. No geral, dá empate. A diferença está no banco, de onde o San Antonio tira, entre outros, o encapetado Manu Ginobili, capaz de virar uma partida do avesso num piscar de olhos.
Vai ser lindo ver o duelo entre Kobe Bryant e Bruce Bowen; os encontrões de Duncan e Karl Malone no garrafão; o desafio entre Gary Payton e Tony Parker; o tiros do veterano Robert Horry contra seu ex-time. Afora as brigas individuais, creio que a série pode se decidir pelo fator tempo. Duncan constrói seu domínio desde o primeiro período, e a chave dos Spurs é abrir uma vantagem que garanta um fim de partida sem sustos. Os Lakers, por sua vez, vão fazer tudo para manter o placar apertado até o fim e, então, dar a bola nas mãos de Kobe. Em toda a liga, ninguém tem mais poder de decisão que ele.
As cartas estão na mesa para o grande tira-teima. Em quatro dos últimos cinco anos, estes times se cruzaram nos playoffs. Deu Los Angeles em 2001 e 2002, deu San Antonio em 1999 e 2003. É hora do desempate, quem sabe com um 4-2 Spurs.
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foto . nbae