11.5.04
o valor do craque
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))) No fim, Kevin Garnett falou mais alto
Se ainda havia alguma dúvida, ela virou pó ali pelas três da madrugada. Por mais que reine a ditadura das pranchetas, por mais que a tática se imponha à técnica, por mais que o coletivo supere o individualismo, um jogo de basquete ainda pode (e deve) ser decidido pelas mãos do craque.
Ainda bem.
Quem esticou a noite de segunda-feira à frente da TV foi dormir com a recompensa de ter visto um partidaço entre Wolves e Kings. O controle das ações mudou de lado algumas vezes de forma dramática, sempre pelas mãos de quem decide.
Foi assim que, saindo de três períodos letárgicos, Peja Stojakovic decidiu explodir no último quarto. Seu Sacramento perdia por 15 pontos e ele desandou a cravar bolas de três. A última, a dez segundos do fim, empatou o placar e pôs um ponto de exclamação na reação heróica.
A reviravolta calcada nos tiros de Peja prova que o esforço individual pode, muitas vezes, destruir um esquema bem azeitado. Carregando o carimbo do fracasso nós playoffs, o sérvio podia simplesmente ter desistido de tentar os arremessos. Em vez disso, forçou a mão, ciente de que o caminho para a elite da NBA costuma esbarrar em portas fechadas.
Dá para dizer que Stojakovic é um craque? Talvez seja uma conclusão precipitada. Não custa nada esperar mais um ou dois anos para que ele adicione ao currículo outras performances como a de ontem.
Por enquanto, deixemos o rótulo de craque com Kevin Garnett, que esperou a prorrogação para subverter a lógica a favor do Minnesota.
Quem acompanha a NBA há algum tempo já deve ter reparado numa tendência curiosa: geralmente, o time que força o período extra acaba se desencontrando e perdendo o jogo. Há vários anos tenho prestado atenção neste fato, mas até hoje nunca vi uma pesquisa estatística que comprove a tese. A explicação mais razoável é o excesso de euforia por ter empatado a partida.
Foi este o mal que se abateu ontem sobre os Kings. Sempre concentrado, Garnett aproveitou o destempero do adversário e escancarou suas credenciais de MVP. O chute a 11 segundos do fim foi estupendo. O tempo de arremesso escorria no relógio e a marcação dupla parecia implacável. Parecia. O craque jogou o corpo para trás e, da cabeça do garrafão, selou a vitória dos Wolves.
Em plena Arco Arena, os Wolves consertaram o rumo da série e retomaram o mando de quadra. Para a nossa sorte, ainda teremos, no mínimo, mais dois embates. Contamos com a ESPN, mesmo que seja preciso varar a madrugada outras vezes.
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Não deu para entender a bobeada de Sam Cassell, que fez quatro faltas em menos de dois minutos e acabou eliminado num ponto crucial da partida. Para um atleta experiente como ele, a falta de controle poderia ter custado caro.
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Se o veterano Cassell parecia um calouro, o novato Dwyane Wade jogou como gente grande. Marcou 14 de seus 25 pontos no quarto período, ajudando o Miami Heat a bater o fortíssimo Indiana Pacers. Para quem ainda não notou, foi a 17ª vitória seguida do time na American Airlines Arena.
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foto . cnn/sports illustrated
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