29.6.03



SHOWTIME ÀS AVESSAS



Não faz muito tempo e Jerry West era considerado um modelo de dirigente vitorioso. A fama se justificava pela construção de um time que encantou o mundo e deu ao Los Angeles Lakers o merecido rótulo de showtime. Sabe-se, no entanto, que os sonhos não duram para sempre. O tempo passou, o mundo girou e West foi parar em Memphis. Na maior cidade do Tennessee, uma carreira repleta de glórias vai se esvaindo pelo ralo, em meio a decisões bizarras e inexplicáveis.

O festival de bobagens começou pouco depois do último All-Star Game, quando West embarcou dois valiosos novatos num avião rumo à Flórida. Carregando previsões animadoras na bagagem, Drew Gooden e Gordan Giricek foram bem acolhidos pelo Orlando Magic de Tracy McGrady. Em troca, os Grizzlies receberam Mike Miller, que não passa de um bom chutador. Sua mira calibrada não compensa a perda de dois jovens talentos.

Apesar da má sorte de ter perdido Darko Milicic para o Detroit Pistons, West tinha uma boa chance de se recuperar no draft de quinta-feira, com duas escolhas na primeira rodada. A noite parecia agradável com a seleção do habilidoso armador Marcus Banks e da promessa colegial Kendrick Perkins. Pouca gente entendeu quando os dois foram trocados por Troy Bell e Dahntay Jones (ambos razoáveis, pescados pelo Boston). Sem motivo aparente, o Memphis perdeu um talento imediato (Banks) e um jovem ainda em formação, mas cheio de gás (Perkins).

Não satisfeito, West completou a trapalhada no dia seguinte, quando moveu mundos e fundos para renovar os contratos de três jogadores medíocres: Robert Archibald, Chris Owens e Mike Batiste. “São atletas valiosos que podem contribuir para o sucesso da equipe no futuro”, justificou a velha raposa. Difícil de engolir. Como calouro, Batiste manteve a inexpressiva média de 6 pontos por jogo. Archibald disputou apenas 12 partidas na última temporada e Owen só pisou em quadra uma vez! Se este é o futuro dos Grizzlies, West bem que podia pular do barco antes que sua imagem se arranhe por completo.

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NOVA FORÇA - O Detroit, por sua vez, saiu como grande vencedor do draft. Além de Milicic ter caído do céu (fruto de uma negociação antiga com o Vancouver), Joe Dumars foi cirúrgico na segunda escolha. Carlos Delfino tem boas chances de seguir as pegadas do conterrâneo Manu Ginobili. Na teoria, o sérvio e o argentino formam a melhor dupla desta safra (assim como Gooden e Giricek no ano passado). Sob a batuta de Larry Brown, vem aí um grupo capaz de levantar o nível da conferência Leste. Sem contar que Ben Wallace e Milicic podem formar, simplesmente, o melhor garrafão de toda a liga.

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INJUSTIÇA - Knicks e Clippers foram criticados por muita gente na noite de quinta-feira. Não acho que os torpedos são válidos. Os detratores alegam, por exemplo, que não faz sentido ficar com Mike Sweetney porque sobram alas de força em Nova York. Ora, de que adianta escalar Clarence Weatherspoon, Othela Harrington, Lee Nailon e Kurt Thomas se nenhum deles consegue resolver a doença crônica da equipe embaixo da cesta? Sweetney pode, sim, aparecer como solução para o problema, especialmente se tiver a ajuda de um Antonio McDyess saudável. Como se não bastasse, o técnico Don Chaney ainda recebeu um presente de última hora: o polonês Maciej Lampe, que escorregou até o segundo round. No Los Angeles, a estratégia foi se precaver para a possível debandada de Michael Olowokandi e Elton Brand. Tudo bem que o natural seria escolher TJ Ford, de olho na saída de Andre Miller. Mas se a idéia era reforçar o garrafão, Chris Kaman e Sofoklis Schortsanitis podem dar conta do recado.

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EX-TRIO - Com a ida de Sam Cassell para Minnesota, o Milwaukee elimina o último vestígio de um trio que já levou a equipe às finais do Leste. Ao lado de Glenn Robinson e Ray Allen, Cassell liderava um elenco coeso, capaz de brigar pelas primeiras posições da tabela. Agora sua missão é outra: ajudar o astro Kevin Garnett e o esforçado Wally Szczerbiak no ataque. Se o negócio parece excelente para os Wolves, não chega a ser de todo ruim para os Bucks. A folga na folha de pagamento significa alguns sacos de dinheiro a mais na tarefa de segurar Gary Payton. Caso o veterano fique, terá ao seu redor um grupo jovem (Tim Thomas, Michael Redd, Desmond Mason e TJ Ford) e ansioso por orientações. Cabe ressaltar que a reconstrução é um trabalho a longo prazo, e não se sabe por quanto tempo Payton ainda agüenta o tranco da NBA. Por favor não esperem que os novos contratados Joe Smith e Anthony Peeler resolvam alguma coisa de imediato.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Como o Golden State apostou no francês Mickael Pietrus, é bem provável que a diretoria esteja tramando a saída do acrobático Jason Richardson. A estratégia serviria para abrir espaço no caixa e facilitar a permanência de Gilbert Arenas.

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Ao despachar Xue Yuyang para Denver, o Dallas Mavericks se livrou de uma baita dor de cabeça. Representantes da Confederação Chinesa de Basquete se apressaram em dizer que o jovem pivô ainda não está pronto para a NBA e não será autorizado a jogar nos Estados Unidos.

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Na calada da noite, o Seattle ofereceu ao Washington o bom arremessador Vladimir Radmanovic, além das escolhas 12 e 14 no draft, para ter Kwame Brown. O técnico Eddie Jordan, que acaba de assumir o comando dos Wizards, recusou educadamente. Ele acha que ainda é cedo para se livrar do jovem ala-pivô.

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Se o basquete ficará mais vistoso com Carmelo Anthony, só o tempo vai dizer. Mas, desde já, o Denver Nuggets passa a ter o uniforme mais feio de toda a NBA.



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(Fotos – CBS Sportsline)

27.6.03



NOITE DE GALA



Como o servidor não suportou um post muito extenso, fui obrigado a dividir a primeira rodada do draft em duas partes. As 14 primeiras escolhas, publicadas em tempo real na noite de quinta-feira, estão na mensagem abaixo desta. O restante (incluindo Leandrinho) foi transferido para cá. Peço desculpas pelos eventuais transtornos, mas acho que ainda assim valeu a experiência. Agradeço a todos os que participaram na caixa de comentários.

Abraços,
Rodrigo Alves




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15. MAGIC

Reece Gaines (PG/SG, 1.98m, Louisville)

Apesar do tamanho, Gaines costuma se sair bem na posição 1, o que lhe dá a vantagem da estatura contra a maioria dos oponentes. Atenção também ao controle de bola e aos passes precisos. Como o Orlando tem T-Mac na posição 2, ele deve disputar a vaga com Darrell Armstrong e Jacque Vaugh na posição 1.

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16. CELTICS

Troy Bell (PG, 1.85m, Boston College)

E o Boston, que também podia escolher Leandrinho, optou por uma solução caseira. Além de estar acostumado com a cidade, Bell tem a velocidade como trunfo e arremessa bem de vários pontos da quadra.

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17. SUNS

Zarko Cabarkapa (C/PF, 2.10m, Buducnost - Sérvia)

Apesar de ser um grandalhão trombador, o sérvio sabe como tratar a bola laranja. Os fundamentos estão bem decorados, portanto o Phoenix pode esperar, no mínimo, um atleta correto.

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18. HORNETS

David West (PF, 2.05m, Xavier)

Excelente reboteiro, deve ajudar o New Orleans caso se concretize a saída de PJ Brown.

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19. JAZZ

Aleksandar Pavlovic (SF, 2.00m, Buducnost - Sérvia)

É uma versão econômica de Milicic. Os estilos são parecidos, mas o tamanho e o nível de jogo são bem diferentes. Pavlovic tem tudo para se tornar um bom nome na NBA, mas dificilmente vai arrumar uma vaguinha na elite. Seu impacto no Utah é uma incógnita. Tudo depende da saída ou não de Karl Malone.

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20. CELTICS

Dahntay Jones (SG/SF, 1.98, Duke)

Mais uma vez o Boston deixa passar Leandrinho para selecionar um jogador mediano.

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21. HAWKS

Boris Diaw-Riffiod (SG/SF, 2.03, Pau Orthez - França)

O ligeiro francês será mais um na luta para resolver os conflitos de um time que não consegue se acertar. Ao lado de jogadores experientes como Glenn Robinson e Shareef Abdur-Rahim, terá chances de desenvolver seu basquete.

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22. NETS

Zoran Planinic (PG/SG/SF, 2.00m, Cibona Zagreb - Croácia)

Prudentes, os campeões do Leste optaram por um atleta que arrisca pouco e, por isso, erra pouco. Nascido na Bósnia, Planicic joga em três posições diferentes e esbanja preparo físico (perfeito para o estilo veloz do New Jersey).

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23. TRAIL BLAZERS

Travis Outlaw (PF, 2.05m, Starkville)

Sinceramente, eu não esperava que Outlaw ficasse tão para trás. Melhor para o Portland, que está disposto a se desfazer de Rasheed Wallace.

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24. LAKERS

Brian Cook (PF, 2.08m, Illinois)

Como era de se esperar o Los Angeles selecionou um ala de força. Robert Horry deve mesmo sair, o que enfraquecerá ainda mais a posição. Além de ser uma boa ferramenta ofensiva, Cook é ótimo nos lances-livres.

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25. PISTONS

Carlos Delfino (SG/SF, 1.98m, Skipper Bologna - Itália)

No conjunto, o Detroit é o time que mais sai ganhando nesse primeiro round. Além de Milicic, que caiu do céu, Delfino chega como uma boa promessa para fortalecer o banco de reservas. O argentino não tem medo do contato físico e mostra garra semelhante à do compatriota Manu Ginobili.

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26. WOLVES

Ndudu Ebi (PF, 2.05m, Westbury Christian High School)

Foi aqui que Leandrinho perdeu sua grande chance. O Minnesota seria o time perfeito para ele. Mas a diretoria preferiu apostar num talento colegial. Ebi vai imediatamente para a reserva de Kevin Garnett.

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27. GRIZZLIES

Kendrick Perkins (C, 2.08m, Clifton Ozen High School)

Mais um colegial. Este é outro que poderia ter sido escolhido antes, mas acabou escorregando até aqui. Sorte do Memphis.

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28. SPURS

Leandrinho Barbosa (PG, 1.90m, Bauru Tilibra - Brasil)

Enfim, o nosso garoto! A princípio, ser escolhido pelo atual campeão é uma bela porta de entrada na NBA. Mas uma rápida olhada no elenco do San Antonio mostra que Leandrinho não teria a menor chance com Parker, Claxton e Kerr à sua frente. Poucos minutos depois da seleção, o brasileiro foi negociado (repetindo a trajetória de Nenê no ano passado). Em Phoenix, ele terá um destino mais generoso. A vaga de titular é impossível, mas não é vergonha para ninguém ser reserva de Stephon Marbury. O craque veterano tem muito a ensinar ao nosso calouro. De quebra, os Suns têm grandes chances de chegar ao playoff (vale lembrar que Amare Stoudemire estará mais amadurecido). Boa sorte, Barbosa!

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29. MAVS

Josh Howard (SF, 1.98m, Wake Forest)

Veterano na universidade, Howard chega ao Dallas para somar. Particularmente, eu achava que Mark Cuban buscaria um pivô.

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QUEM SOBROU

Assim terminou a primeira rodada. A grande decepção foi o ala polonês Maciej Lampe, que chegou a ser cotado para a quinta escolha (Miami), mas acabou desprezado e abriu o segundo round com o New York Knicks. Sofoklis Schortsanitis também merecia sorte melhor. O Baby Shaq ficou com os Clippers, na 34ª posição. Foi uma decisão inteligente do Los Angeles, que pode perder Elton Brand e Michael Olowokandi.

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Abaixo, seguem as negociações da noite do draft (atualizadas até 1h da sexta-feira):



::::: O San Antonio mandou Leandrinho Barbosa para Phoenix em troca de uma escolha de primeira rodada no ano que vem.

::::: O Boston mandou Troy Bell e Dahntay Jones para o Memphis e recebeu Marcus Banks e Kendrick Perkins (bom negócio para os Celtics).

::::: O Milwaukee cedeu os direitos de Keith Bogans para o Orlando.

::::: O Seattle mandou Willie Green para o Philadelphia, em troca de Paccelis Morlende.

::::: Os Sixers receberam Kyle Korver do New Jersey.

::::: O Chicago mandou Matt Boner para o Toronto e recebeu uma escolha futura de segunda rodada.

26.6.03



DRAFT AO VIVO



Boa noite a todos.

A partir de agora, o Rebote acompanha as emoções do draft 2003, numa noite que não deixa de ser histórica para o basquete brasileiro. Ansioso para saber qual time vai pescar o nosso Leandrinho? Curioso para conhecer o destino da nata universitária americana e da novíssima turma de estrangeiros? Atualize a página constantemente para receber, em tempo real, informação e análise de cada escolha da primeira rodada, além das negociações que surgirem pelo caminho. A caixa de comentários está aberta às opiniões dos leitores.

Vamos à largada.


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1. CAVALIERS

LeBron James (PG/SG/SF, 2.03m, St. Vincent/St. Mary)

E aí, estão surpresos? Com LeBron no elenco, o Cleveland começa a tirar o pé da lama. Além das habilidades atléticas, o fenômeno colegial esbanja versatilidade e tem se mostrado um excelente passador. Resta saber quanto tempo vai levar a adaptação ao mundo adulto. Não podemos esquecer que Kobe Bryant, Tracy McGrady, Jermaine O’Neal também pularam a universidade e só estouraram no terceiro ano de NBA. O menino-prodígio vai fazer sua parte, mas para o time chegar aos playoffs é preciso mexer naquele deserto de talento (exceção feita a Ricky Davis e, vá lá, Zydrunas Ilgauskas). Se a diretoria não agir nas próximas semanas, contratando uma ou duas peças consistentes, o mata-mata deve continuar sendo apenas um sonho distante.

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2. PISTONS

Darko Milicic (C/PF, 2.13m, Hemofarm Vrsac – Sérvia)

Boa altura, força no garrafão, agilidade fora dele, arremesso preciso (inclusive de três pontos). O que mais se pode esperar de um calouro? Larry Brown, que preferia Carmelo Anthony, não conseguiu convencer Joe Dumars. Aí está a nova sensação da Europa. Agora o técnico tem um agradável problema para resolver: quem vai jogar de pivô, Wallace ou Milicic?

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3. NUGGETS

Carmelo Anthony (SF, 2.03m, Syracuse)

Em todo o draft, é provavelmente o atleta mais apto a causar impacto instantâneo na NBA. Mais maduro que LeBron, Carmelo vai dar ao Denver o toque de qualidade que falta naquele mar de juventude e inexperiência. Playoffs? Talvez ainda seja cedo, a não ser que a cartolagem trabalhe duro e consiga bons reforços no mercado (Gilbert Arenas e Michael Olowokandi, quem sabe). Nenê Hilário deve estar torcendo de dedos cruzados.

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Apertem os cintos: o que era previsível já passou. A partir de agora, está aberta a caixinha de surpresas.

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4. RAPTORS

Chris Bosh (PF, 2.08m, Georgia Tech)

Será a versão 2003 de Kevin Garnett? Os braços longos e a extrema facilidade com que se move pela quadra renderam ao jovem Bosh uma comparação de peso. O ala canhoto tem um ótimo arremesso para alguém do seu tamanho. Tudo o que ele precisa é um pouco mais de preparo físico. Com esta escolha, o Toronto começa a definir os rumos do draft. Tudo o que virá em seguida dependia desta seleção, ou seja, a noite está só começando. Aliás, a primeira negociação do draft pode surgir a qualquer momento. Estamos de olho.

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5. HEAT

Dwyane Wade (SG, 1.93m, Marquette)

Escolha surpreendente. Mais um daqueles jogadores que aliam bom físico e basquete versátil. A maturidade e o estilo agressivo impressionaram deixaram os olheiros de boca aberta. Há quem aposte em Wade como um dos nomes mais futurosos do draft. O problema é o possível conflito de posições com Eddie Jones ou Caron Butler. Ou seja, vem troca por aí.

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6. CLIPPERS

Chris Kaman (C, 2.13m, Central Michigan)

É um pivô clássico, competente embaixo da cesta e mestre em cavar faltas que o levem à linha de lances-livres. A ajuda se estende à defesa, com bons números em rebotes e tocos. Boa opção para o lugar de Michael Olowokandi, que pode deixar o time.

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7. BULLS

Kirk Hinrich (PG/SG, 1.90, Kansas)

Difícil entender como TJ Ford passou daqui. Em todo caso, com Hinrich na armação, a qualidade distribuição de jogo do Chicago fica garantida, agora que Jay Williams deve ficar fora por bastante tempo. Além disso, trata-se de um daqueles jogadores que não acreditam em bola perdida. A mistura de raça e talento faz dele uma boa opção para um time que precisa crescer urgentemente.

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8. BUCKS

TJ Ford (PG, 1.78m, Texas)

Gary Payton já pode ir embora. O baixinho mais valioso da safra está em Milwaukee. Sua visão de jogo remete a lendas como Magic Johson e Larry Bird (com as devidas proporções, claro). Assistência é com ele mesmo. Muito estranho que Ford só tenha sido escolhido agora.

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9. KNICKS

Mike Sweetney (PF, 2.03m, Georgetown)

No melhor estilo Elton Brand, Sweetney funciona como um tanque dentro do garrafão, daqueles que preferem carregar a bola até a cesta em vez de arremessá-la de longe. Vai dar um gás ao New York, que carece de grandalhões (tem gente em quantidade, mas não em qualidade). A decisão mostra ainda que a diretoria não confia muito na recuperação de Antonio McDyess.

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10. WIZARDS

Jarvis Hayes (SG/SF, 2.01m, Georgia)

Esse negócio de infiltração não está com nada. Hayes gosta mesmo é de pegar a bola e arremessar. Sorte dele que a mira é privilegiada, o que lhe rendeu comparações com Allan Houston. No fraco elenco do Washington, uma colaboração como esta não pode ser desprezada. Pode dar certo a tabelinha com Jerry Stackhouse, que hoje estendeu seu contrato por mais dois anos.

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11. WARRIORS

Mickael Pietrus (SG/SF, 1.99m, Pau Orthez - França)

Com uma velocidade acima da média, Pietrus é um dos melhores estrangeiros da turma. Um de seus trunfos é a capacidade de apanhar rebotes ofensivos. Difícil vai ser arrumar um lugar para ele na equipe, que já tem Antawn Jamison e Jason Richardson.

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12. SONICS

Nick Collison (SF/PF, 2.05m, Kansas)

Veterano da Universidade de Kansas, Collison é uma das bolas de segurança do draft. Pode não se tornar uma estrela, mas certamente vai contribuir de imediato com os Sonics. O repertório variado de movimentos no garrafão e a briga incessante pelos rebotes fazem dele um tiro prudente da cartolagem de Seattle.

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13. GRIZZLIES

Marcus Banks (PG, 1.88m, Nevada-Las Vegas)

É um armador claramente defensivo, com mãos velozes e capazes de roubar bolas sem que o adversário se dê conta. As infiltrações também são um ponto forte, mas o Memphis certamente não pensou num calouro para atacar, e sim numa peça para compor a retranca. Pode ser um bom reserva para Jason Williams.

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14. SONICS

Luke Ridnour (PG, 1.88, Oregon)

Esperava-se que o Seattle escolhesse Leandrinho no primeiro round, porque a equipe de fato precisa de um armador. Mas o brasileiro não foi o preferido da diretoria. Tanto no contra-ataque como nas jogadas trabalhadas, Ridnour tem mostrado criatividade suficiente para escapar das sinucas mais difíceis, à la John Stockton. Seu ponto forte, no entanto, é a mestria nos lances-livres.

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Continua no post acima

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22.6.03



DRAMAS, DÚVIDAS E ESPERANÇAS




O acidente de Jay Williams foi
a nota mais triste da semana




Era noite de quinta-feira. Após uma jornada estressante de trabalho, Alysha Grenier, uma jovem de 26 anos, voltava para sua casa na Zona Norte de Chicago, quando ouviu o grito carregado de angústia: “Não consigo sentir minhas pernas!” Incapaz de estancar a dor, Jay Williams implorava por socorro. A alguns metros dali, repousava no asfalto o algoz de uma carreira promissora: a motocicleta Yamaha, comprada uma semana antes e destruída após a colisão com o poste.

A decepção na primeira temporada não faz de Williams um atleta fadado ao fracasso. Com a experiência que só o tempo fornece, o armador dos Bulls tinha tudo para evoluir e se tornar um bom nome da posição. Agora, além do progresso técnico e tático, vai precisar também do médico. É quase certo que fique pelo menos um ano longe das quadras, se recuperando das cirurgias no joelho esquerdo e na região pélvica.

O drama seria evitado se os ouvidos da jovem promessa tivessem armazenado os conselhos de um colega um pouco mais experiente.

A expressão invocada e as tatuagens espalhadas pelo corpo dariam ao ala Marcus Fizer credenciais para ingressar num clube de Hell’s Angels (só faltaria a vasta cabeleira). No entanto, sabemos que estereótipos servem apenas para reforçar preconceitos. Com todo esse jeito bad boy, Fizer se esforçou para convencer Williams a não comprar a moto. Encostado na enfermaria há vários meses, ele conhece o gosto amargo de uma lesão grave, seja ela fruto de um lance casual no treino ou conseqüência de um acidente automobilístico. Pena que a tentativa tenha sido em vão.

Dos males, o menor. Ao que parece, o armador não corre risco de vida, e é isso que importa. Difícil é ver que sua trajetória sofreu um impacto negativo dessa ordem por um motivo tão estúpido.

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SEM PREVISÃO - Williams terá boa companhia no estaleiro. Olhando o passado com arrependimento e o futuro com tristeza, o Orlando Magic informou que Grant Hill não deve jogar em 2003-2004. Após quatro cirurgias, o All-Star segue arrastando seu tornozelo esquerdo em via-crúcis.

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SUSPENSE - Faltam quatro dias para o draft. Será uma quinta-feira previsível nas três primeiras escolhas e repleta de surpresas dali em diante. As dúvidas se acumulam desde já. Quem o Toronto vai pescar na quarta posição? Que uniforme Leandrinho vai vestir? Pelo que corre nos bastidores, a noite há de ser movimentada em termos de negociações. O que não falta é cartola disposto a embrulhar seu calouro para presente em troca de um ou dois veteranos.

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VIDA NOVA - LeBron James viveu uma semana cheia de novidades. Primeiro, teve um encontro com Magic Johnson e saiu todo prosa: “Ele me chamou de irmão mais novo! É um dos caras mais legais que eu já conheci.” Na sexta-feira, em Cleveland, o menino-prodígio foi apresentado ao novo técnico dos Cavs, Paul Silas, durante um treino de 45 minutos. Silas aproveitou cada segundo do bate-bola. Deu dicas de arremessos, ensaiou posições táticas e ficou impressionado com a humildade do rapaz.

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DO CONTRA - O Detroit Pistons já pode preparar o departamento jurídico. Do outro lado do oceano, o Hemofarm Vrsac, clube de Darko Milicic, promete ir aos tribunais para impedir o ingresso de seu craque na NBA. O sérvio tem contrato até 2009, e o time não parece nem um pouco disposto a liberá-lo (não sem um vantajoso acordo financeiro). Ainda assim, o presidente do Detroit, Joe Dumars, voltou a afirmar que não abre mão do gigante europeu, desmentindo o rumor de que o técnico Larry Brown estaria mais interessado em Carmelo Anthony.

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CAUTELA - Se até lá não surgir nenhum fenômeno, o draft de 2004 já tem dono. Aliás, dois donos: Charlie Villanueva e Pavel Podkolzine. A dupla mostrou um bocado de inteligência ao saltar do bonde na última hora. Com todos os holofotes voltados para iluminar LeBron, a mídia reserva apenas duas lanterninhas para Carmelo e Milicic. O resto da turma terá de cortar um dobrado para sair da escuridão. Por essas e outras, Villanueva optou por ganhar mais um ano de experiência no basquete universitário e Podkolzine decidiu voltar para o campeonato italiano.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

O presidente dos Sixers, Billy King, tentou convencer a imprensa de que a contratação do técnico Randy Ayers (ex-assistente de Larry Brown) foi uma solução consciente, e não um tapa-buracos. Tá bom.

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O Philadelphia não foi a única equipe a se dar mal na dança das cadeiras. No fim das contas, o Toronto trocou Lenny Wilkens por Kevin O’Neill, enquanto o Washington demitiu Doug Collins e deu abrigo a Eddie Jordan. Resta agora um par de times (Clippers e Hawks) para um par de treinadores (Mike Dunleavy e Rick Carlisle).

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Se depender apenas da montanha de dólares, Jason Kidd vai mesmo para o Texas. O dinheiro oferecido não é tão superior ao que ele recebe hoje, mas a mordida do imposto em San Antonio é bem menor do que em New Jersey.

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Gary Payton precisa descer do salto e decidir logo sua vida. Após declarar seu amor pelo Milwaukee, já flertou com Los Angeles e Portland. Agora, anda espalhando que cogita vestir a camisa do Golden State.

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(Foto – NBAE)

17.6.03



O NOVO REI DO GARRAFÃO



Se tudo correr como planejado, amanhã San Antonio vai parar. Na alegre cidade texana, quarta-feira será dia de matar aula, faltar ao trabalho e cancelar qualquer espécie de compromisso. Do início da manhã ao fim da noite, todas as atenções estarão voltadas para os Spurs, heróis locais que acabam de conquistar o segundo título da NBA.

Artistas, políticos, ex-atletas e uma massa ensandecida de 300 mil pessoas prometem cobrir de honras os jogadores e a comissão técnica da equipe campeã. Entre todos os homenageados, alguns merecem uma dose extra de palmas. Os velhinhos David Robinson, Steve Kerr e Kevin Willis; os guerreiros Manu Ginobili e Malik Rose; o técnico do ano, Gregg Popovich. Entre todos eles, no entanto, ninguém é mais merecedor dessa festa do que o impressionante Tim Duncan.

Aos 27 anos, com dois troféus e dois prêmios de MVP, ele parece ainda não ter assimilado o status de estrela. Ainda não capitalizou financeiramente o potencial dos grandes astros da liga. Talvez este dia nunca chegue, e não há mal algum nessa ausência de ganância. Quem procura garoto-propaganda é dono de multinacional. Os amantes do basquete querem vê-lo executando sua arte embaixo da cesta, e não vendendo tênis ou refrigerante. Não importa que o mundo dos grandes negócios continue negando ao craque do San Antonio as cifras milionárias que entopem os cofres de Kobe, T-Mac e Iverson. Sendo assim, ele poderá se dedicar exclusivamente a pontos, tocos, rebotes e assistências.

“Tim Duncan é um chato”, disse outro dia um analista de marketing esportivo. Não tenho dúvidas de que, na quadra, os oponentes têm a mesma opinião. Como é enjoado aquele indivíduo com cara de sono, que vez por outra arregala os olhos numa expressão meio psicótica, e dentro do garrafão se comporta como uma legítima mala sem alça.

Em certas noites, Duncan só é percebido ao fim da partida, quando voltamos a atenção para a frieza dos números. Sempre se esquivando dos holofotes, ele aprendeu a cultivar uma discrição letal. Age invariavelmente escorado em cautela, causando um estrago silencioso que corrói o adversário por dentro.

Quem é capaz de entender esse estilo ao mesmo tempo sereno e agressivo? Talvez o próprio jogador, formado em psicologia pela Universidade de Wake Forest. Até nos hábitos pessoais, bem longe dos ginásios, é possível notar este tênue equilíbrio. As sombras introspectivas do filme favorito, O Corvo, contrastam com a imponência da vasta coleção de facas que mantém em casa, dedicando especial cuidado a uma imensa (e caríssima) espada de samurai.

Como uma criança sem receio de expor as fraquezas, Duncan admite que tem medo de altura. Seus adversários também têm. Medo da sua altura. Dos braços longos e cortantes, do poder infalível no ataque e na defesa. Do olhar estranho que congela o marcador. Da extrema habilidade que lhe concedeu a coroa de rei do garrafão. Até o próximo ano, MVP.

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Enquanto Duncan e outras centenas de atletas curtem o merecido descanso, o Rebote também pisa no freio. A partir de hoje, o site passa a ter periodicidade semanal, com textos aos domingos. Episódios especiais, como o draft, exigirão um número maior de textos, por isso não se espantem quando eu quebrar o protocolo e voltar a escrever com mais freqüência. Se tudo correr bem, ficaremos nesse ritmo até o início da pré-temporada, em setembro.

Agradeço aos amigos que passaram por aqui neste ano de estréia, desde aquele que deu uma rápida olhada nos textos até os guerreiros que mantiveram o sangue da página pulsando nas caixas de comentários. Sem vocês, nada disso faria sentido. Espero que continuem todos por aqui.

Até domingo.

Um grande abraço,


Rodrigo Alves

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(Foto – CBS Sportsline)

16.6.03



O CAMPEÃO ABSOLUTO



Uma temporada que começou de forma tão emblemática, com uma vitória sobre o Los Angeles Lakers em pleno Staples Center, só poderia terminar com uma noite especial. Foi um domingo memorável, perfeito para coroar a brilhante trajetória de um time vencedor. Não foram poucos os percalços: a desconfiança de quem apostava em oponentes mais badalados, a tabela ingrata que reservou para o último mês uma longa turnê na estrada, os tradicionais colapsos no quarto período. Tudo isso foi superado. E ninguém há de negar que o troféu cai como uma luva numa equipe que reúne o MVP, o técnico do ano, reservas que jogam como titulares e um calouro que joga como veterano.

Salve o San Antonio Spurs, campeão com sobras de justiça, batendo seus adversários nos playoffs, um após o outro, sempre com vitórias fora de casa, sempre com o placar de 4-2. Pois o destino reservou um belo ponto de exclamação para a platéia do SBC Center. O jogo de ontem não nenhuma maravilha estética, mas a disposição de ambos os lados fez valer cada minuto em frente à TV. A virada sensacional no último quarto, com uma corrida de 19-0, criou um mosaico de belas imagens que ficarão na história.

Foi emocionante a explosão de David Robinson, que se despediu da NBA de maneira gloriosa, contente por ter feito da última noite da sua carreira a melhor noite da sua carreira. Coberto de glórias, o almirante deixa o comando do navio e parte rumo à merecida aposentadoria.

Foram fantásticas as roubadas de Manu Ginobili, sempre em momentos cruciais, mostrando uma raça que encontra raríssimos paralelos em toda a NBA. Mergulhada em crise, a Argentina se enche de orgulho pelo filho ilustre.

Foi curioso notar no baixinho Speedy Claxton a fisionomia sóbria de quem tem a consciência do seu lugar. O rosto fechado escondia a felicidade por ter conquistado, nos últimos minutos da temporada, a cobiçada vaga de titular na equipe.

Foi um alívio ver Stephen Jackson sem medo do erro, cravando os tiros de três pontos na hora certa e fazendo vibrar uma torcida apaixonada.

Foi elogiável, mais uma vez, a ousadia de Malik Rose, uma espécie de pivô-anão, catando rebotes ofensivos no meio dos gigantes e transformando a angústia de um arremesso perdido na esperança de uma nova tentativa.

Foi muito justo o tributo de Gregg Popovich a Kevin Willis, Steve Smith e Danny Ferry, lançando-os à quadra nos momentos finais para que eles pudessem sentir melhor o gosto do primeiro título.

Foi exemplar a postura de um time que manteve a seriedade até os últimos segundos, quando a taça já reluzia e as arquibancadas já comemoravam.

Foi tímido o beijo de Tony Parker no troféu, estampando no rosto um sorriso constrangedor marcado pelo fracasso na final, mas carregado de promessas para o futuro.

E o que dizer de Tim Duncan? O que dizer de um sujeito que, na última partida do campeonato, fica a dois tocos de um quadruple-double? 21 pontos, 20 rebotes, 10 assistências e 8 bloqueios. Diante desses números, não resta nada a dizer.

Desta vez, os arquivos da NBA não vão registrar nenhum asterisco como aquele de 1999, revelando que a temporada foi mais curta. Em 2003, o San Antonio é o campeão completo. Incontestável. Absoluto. Que venham os próximos anos.

15.6.03



O HERÓI IMPROVÁVEL



Se o basquete fosse um jogo previsível, Steve Kerr seria hoje um mero figurante no San Antonio Spurs. Aos 37 anos, longe de ser um gênio do esporte, o armador se contentaria em deixar o banco, com atuações esparsas, seguindo o objetivo único de dar aos mais jovens alguns minutos de descanso. Acontece que o basquete não é um jogo previsível.

Como se desse uma rasteira no tempo, Kerr resolveu saltar do bonde quando os trilhos apontavam para o fim de sua carreira. Saltou na hora certa. E caiu justamente num terreno que lhe parece familiar: a final da NBA. Com a audácia de um ator veterano que rouba a cena destinada aos astros emergentes, o baixinho não teve medo de usar um evento grandioso para testar a validade do seu gatilho. Para o azar do adversário, a mira continua calibrada. Abrem-se as cortinas e temos um novo herói.

“Meu emprego é o melhor do mundo. Entro, jogo uns seis minutos, faço alguns arremessos e saio para dar entrevistas na sala de imprensa”, brincou Kerr após a vitória do San Antonio na quinta partida da série contra o New Jersey. Bem humorado, o armador sabe que não tem a agilidade de Tony Parker e a velocidade de Speedy Claxton. Mas sabe também que a santa mão continua em forma. Graças a ela, roubou dos companheiros o privilégio de estar em quadra no clímax do espetáculo.

Ao sair da condição de segundo reserva para assumir um curioso papel de protagonista-relâmpago, Kerr mostra que conquistou a confiança do técnico Gregg Popovich. Tudo isso tem muito a ver com os quatro anéis de campeão e as sardas que começam a se transformar em rugas, dando-lhe uma aparência ainda mais respeitosa.

Mesmo longe dos ginásios, o armador não esquece que o longo caminho percorrido em 15 anos de NBA é tão importante quanto os arremessos cirúrgicos da linha de três pontos. Antes do jogo de sexta-feira, no hotel em New Jersey, ele chamou para uma conversa os titulares Tony Parker e Stephen Jackson, que haviam fracassado redondamente dois dias antes. “Disse a eles que isso já tinha acontecido comigo. Já atuei muito mal em finais. Em 1996, com o Chicago, acertei apenas 30% dos meus chutes. Eu estava nervoso, por isso entendo o que aconteceu com eles. É duro sofrer toda essa pressão e depois enfrentar milhares de pessoas te perguntando porque você falhou.”

Diante desta aula particular, chega a ser engraçado ler, nos dados biográficos de Kerr, que ele teria optado pela carreira de professor se não fosse jogador de basquete. Daria certo. Mas ainda bem que a bola laranja foi mais convincente que o giz e o quadro negro. Pergunte a Tim Duncan. Ninguém melhor que o MVP para explicar o alívio que sente quando olha para o lado e vê aquele senhor de cabelos claros vestindo o uniforme 25.

“Eu adoro vê-lo em quadra”, reconhece o ala. “Toda vez que lhe passo a bola, torço para que ele arremesse, porque realmente acredito que ele sempre vai acertar. É um atleta muito inteligente, que não tenta forçar na primeira chance. Na verdade isso chega a me incomodar, porque eu quero que ele chute toda hora. Mas ele gasta o tempo, se aquece, e quando chega o momento certo, converte os grandes lances.”

Duncan só esqueceu de dizer que, enquanto Kerr está circulando na linha de três, o adversário raramente o deixa sozinho para fazer a marcação dupla dentro do garrafão. Ou seja, até a vida embaixo da cesta fica mais fácil.

Não se sabe quanto tempo o novo herói dos Spurs ficará em quadra hoje à noite. Mas Popovich não hesitará em mandá-lo despir o agasalho. Que assim seja. Se vencer logo mais, Steve Kerr vai poder dormir tranqüilo, sentindo-se responsável por um pedaço do troféu de campeão. Por mais que a idade avance, o papel de figurante ainda não lhe atrai.

14.6.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Gripado, Martin fracassou com
os Nets na noite de sexta-feira




CORDA NO PESCOÇO - Ao que parece, os uniformes antigos não inspiraram o New Jersey Nets. A diretoria da NBA concedeu uma permissão especial para a equipe atuar com as camisas que usava nos tempos de ABA. Não adiantou nada. Com a derrota de sexta-feira, diante da própria torcida, Jason Kidd e seus companheiros passaram a se equilibrar na beira do precipício. Uma brisa leve é o bastante para a queda final. Para a recuperação, será preciso um esforço heróico. Vencer duas partidas consecutivas no Texas e conquistar o título seria uma tarefa digna de livro dos recordes.

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REMÉDIO URGENTE - Justamente quando Richard Jefferson resolveu aparecer, seu companheiro de ala sumiu devido aos efeitos de uma forte gripe. Lutando contra o próprio organismo, Kenyon Martin terminou com quatro pontos, cinco faltas e oito desperdícios de bola. Vitamina C nele, Byron Scott.

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ADEUS? - Mais uma vez, o símbolo da resistência foi Kidd, que marcou 29 pontos e se saiu com uma frase sintomática a caminho do vestiário: “Acho que atuei muito bem, caso este tenha sido meu último jogo aqui em New Jersey. Dei tudo o que tinha.” É impressão minha ou há um clima de despedida no ar?

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NA HORA CERTA - O San Antonio foi perfeito quando precisou ser: ao fim de cada quarto. O time subia de produção sempre que o relógio entrava nos minutos finais dos períodos. Como sempre, o banco de reservas foi fundamental nos momentos decisivos, tanto no ataque como na defesa. Por falar em defesa, os Spurs acumularam, nestes cinco primeiros confrontos, a marca de 46 tocos. E olha que Dikembe Mutombo está do outro lado.

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PRECIPITAÇÃO - Tudo bem que o pivô Pavel Podkolzine tem feito bonito nos treinamentos pré-draft em Chicago. Mas me parece loucura escolher o gigante russo e dispensar Carmelo Anthony, como vem cogitando o gerente do Denver Nuggets, Kiki Vandeweghe. Seria uma aposta arriscada, no escuro, em detrimento de um jovem que está pronto para causar impacto na NBA. A cartolagem do Toronto Raptors deve estar de dedos cruzados, torcendo para que o craque universitário lhe caia no colo.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

O telefone toca insistentemente nos escritórios de vários times da NBA. No outro lado da linha, o Minnesota Timberwolves tenta empurrar a todo custo o armador Terrell Brandon, ainda envolvido com graves lesões.

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Além de demitir Rick Carlisle, o Detroit Pistons perdeu também seu assistente, Kevin O’Neill, que vai assumir nos próximos dias como técnico do Toronto Raptors.

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Em tempos de plantão médico, Kobe Bryant, Allan Houston e Chris Webber decidiram entrar na faca. Enquanto o primeiro se submete a uma cirurgia no ombro, os dois últimos operam o joelho.

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Se Gary Payton realmente fizer as malas e cruzar a porta da rua, o Milwaukee Bucks vai optar por um armador na oitava escolha do draft. Adivinhem quem é o primeiro da lista de preferência? Ele mesmo, Leandrinho Barbosa.

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(Foto – CBS Sportsline)

13.6.03



MAIS UMA CHANCE




Kidd pode se despedir de New
Jersey na partida desta noite




Spurs e Nets têm, hoje à noite, mais uma oportunidade de jogar um molho nesta final sem graça. Se, de fato, é o excesso de responsabilidade que vem fazendo desta série algo tão empolgante como um torneio regional de xadrez para a terceira idade, então as previsões não são nada animadoras. Afinal, pressão é o que não falta para o compromisso desta sexta-feira 13.

Para o San Antonio, perder o jogo 5 significa mergulhar em fartas doses de preocupação. Para o New Jersey, é bem mais que isso. Uma derrota levará a equipe ao desespero, com a obrigação de bater o adversário duas vezes em território inimigo. Quem vencer fica a um passo da glória máxima do basquete mundial. Portanto, meninos, esqueçam a retranca e joguem para frente.

Para quem acompanha pela TV, não custa sonhar com um placar alto e um aproveitamento de arremessos melhor que os 35% dos Nets e os 28% dos Spurs, apresentados na quarta-feira. Como se sabe, o problema não é escassez de talento. O que falta é um binômio fundamental para quem almeja ser campeão: tranqüilidade e ousadia. Até agora, nenhuma das equipes mostrou essa combinação, por isso o confronto segue empatado. Hoje alguém vai pular na frente. Que seja o mais corajoso.

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Vale lembrar que estará no ar um clima de despedida entre Jason Kidd e a torcida do New Jersey. Caso o armador realmente procure outra vizinhança ao fim da temporada, esta será a última vez que ele vestirá a camisa branca dos Nets.

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Outro ponto interessante para prestar atenção logo mais: será que Tony Parker absorveu bem a singela bronca que levou de David Robinson? Calculando bem as palavras, o almirante disse que seu companheiro francês precisa ter mais cuidado na hora de tomar decisões em quadra. Traduzindo: se o ritmo não é bom, menos arremessos e mais passes, por favor.

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(Foto – CBS Sportsline)

12.6.03



ATENTADO À ESTÉTICA




Muita luta e pouco basquete:
assim caminha a final da liga




É público e notório que os nervos se afloram quando a NBA atinge seu clímax anual. Na batalha decisiva em melhor de sete partidas, os dois times mais fortes da temporada sabem que qualquer tropeço pode ser um golpe fatal. Daí o excesso de cautela, pontuado pelo clima tenso que se instala em quadra. Sob pressão, o atleta precisa redobrar o esforço e o controle psicológico para atingir seu ritmo natural. Por isso, a gente até releva os trancos e os barrancos no início do confronto.

Mas o fato é que a série entre Nets e Spurs já avança rumo à curva derradeira e, até agora, não se viu sequer um vestígio do brilho que se espera de uma final. Voltando os olhos para a decadente seqüência dos placares desde o primeiro jogo (101-89, 87-85, 84-79, 77-76), a constatação é inevitável:

Estamos diante de um embate truncado, amarrado e, acima de tudo, feio. Muito feio.

Na contramão de todas as previsões, o New Jersey esqueceu aquele estilo vistoso de transições velozes, enquanto o San Antonio jogou para o alto seu basquete-total. Ambos se entregaram a uma tática de retranca, no pior sentido da palavra. Em vez de belos lances, temos visto dezenas e dezenas de faltas, que se arrastam pelos quatro períodos, mandam jogadores para o banco mais cedo e fazem a partida se decidir em lances-livres. Pode haver algo mais chato e enfadonho?

Ontem à noite, entre um e outro beijinho de Jason Kidd para o aro, me surpreendi lamentando o fato de a final não reunir, por exemplo, times como Philadelphia e Dallas, Boston e Sacramento, Orlando e Los Angeles. Foi apenas um instante de delírio, claro. Logo depois recobrei a razão e percebi que esta seria uma solução absolutamente injusta. Ainda assim, talvez fosse mais agradável para quem gasta seu valioso tempo diante de um aparelho de TV, pedindo um espetáculo eletrizante e recebendo apenas doses homeopáticas de tédio em estado bruto.

Que Spurs e Nets sabem jogar, ninguém duvida. Os dois lados têm talento individual de sobra para mudar o rumo destas finais. Restam ao menos duas chances, uma na sexta-feira e outra no domingo. Até a configuração atual, em 2-2, contribui para elevar o nível de adrenalina. Cabe aos artistas a simples tarefa de fazer arte.

Se não fizerem, correm o risco de carimbar nesta final um inesperado selo negativo. O tempo é curto. Mãos à obra e bola pra frente.

(Foto – CBS Sportsline)

11.6.03



O DIA DA ESPERANÇA




Kidd sabe que não pode perder hoje



Quando os Nets roubaram o jogo 2 em San Antonio, os mais afoitos cogitaram a possibilidade de ver a série encerrada ainda em New Jersey. Após a partida de domingo, a dúvida continuou de pé, mas passou para o outro lado. É possível que os Spurs conquistem o troféu com três vitórias seguidas na casa do adversário? Teremos um bom indício dessa resposta logo mais.

Se a turma de Tim Duncan repetir hoje o que fez há três dias, terá dado um passo decisivo para assegurar o título antes mesmo de voltar ao Texas. Para os Nets, vencer deixou de ser apenas uma obrigação e passou a significar a sobrevivência na série. Basta imaginar o clima de desânimo que se instalaria na Continental Airlines Arena para o jogo 5, caso o placar àquela altura seja um 3-1.

E do que o New Jersey precisa para empatar o confronto? Em primeiro lugar, precisa fazer valer a fama de sua defesa, tida como uma das melhores do campeonato. Para isso, é necessário não apenas desacelerar o ritmo de Duncan, mas também atacar os vários tentáculos do oponente, de Tony Parker a David Robinson, de Manu Ginobili a Malik Rose. Haja braço para segurar toda essa gente.

Uma vez cumprida a singela missão defensiva, é hora de partir para o ataque. E aí não basta que Jason Kidd volte ao pique normal. De que adianta uma armação genial se os "matadores" não comparecem? Kenyon Martin ainda está devendo uma atuação de gala, e Richard Jefferson está devendo uma simples atuação. A impressão é que, até agora, o ala sequer entrou em quadra. De Kerry Kittles não se pode mesmo esperar um papel heróico, mas um punhado de tiros certeiros não é pedir muito.

Resta ao técnico Byron Scott apostar no fenômeno gangorra, que faz os times jogarem bem dia sim, dia não. Esta quarta-feira, para os Nets, é dia sim.

(Foto – CBS Sportsline)

10.6.03



MOVIMENTOS ESTRANHOS




George Shinn, dono dos Hornets, aposta em
Tim Floyd para assumir o cargo de técnico




Hoje é dia de folga nas finais da NBA. Enquanto Duncan e Kidd descansam, vamos aproveitar para falar de outros assuntos relevantes.

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Aos poucos, a dança dos técnicos vai chegando ao fim. E o New Orleans Hornets conseguiu superar o Detroit Pistons no festival de trapalhadas. Os Pistons demitiram o futuroso Rick Carlisle, mas ao menos contrataram Larry Brown. Os Hornets, por sua vez, se livraram de Paul Silas e assinaram com Tim Floyd, aquele que bateu todos os recordes de derrotas com o Chicago Bulls. Tudo bem que o elenco pós-Jordan era uma tristeza, mas Floyd não conseguiu dar à equipe o mínimo padrão tático. Na época, foi criticado abertamente por jogadores como o veterano Charles Oakley. Agora, terá de mostrar qualidade para convencer uma trupe de alto nível, liderada por Jamal Mashburn e Baron Davis.

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No caminho inverso, o Houston Rockets pescou o queridinho da vez. Mais cedo do que se esperava, o time fechou um acordo verbal com Jeff Van Gundy. O contrato, que pode se estender a cinco anos, será assinado nos próximos dias. Após sua controversa (e vitoriosa) passagem pelo New York Knicks, Van Gundy tem pela frente desafios bem maiores: motivar Steve Francis e Cuttino Mobley, lapidar o talento de Yao Ming, levar o Houston aos playoffs e superar a rivalidade local no Texas, contra Dallas e San Antonio.

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Enquanto isso, Sixers, Raptors e Wizards continuam acéfalos. Perderam técnicos de ponta e dificilmente conseguirão substitutos do mesmo nível. Hawks e Clippers mantêm seus interinos (Terry Stots e Dennis Johnson), mas estão de olho em outros nomes.

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O novo time da NBA para 2004-2005 já tem nome: Charlotte Bobcats. O anúncio oficial está previsto para amanhã, numa cerimônia que contará com a presença do poderoso-chefão David Stern. Também serão revelados o logotipo e o uniforme, com tom laranja predominante. O nome faz alusão a Bob Johnson, o sujeito que gastou US$ 300 milhões para se tornar proprietário da franquia. A escolha foi do próprio Johnson, após uma extensa pesquisa de opinião que apontou Bobcats, Dragons e Flight como finalistas.

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(Foto – CBS Sportsline)

9.6.03



O REFORÇO QUE INCOMODA




Com a regularidade mostrada nas finais, Tony Parker
está embaralhando a mente dos cartolas dos Spurs




Em algum escritório luxuoso do Texas, deve haver um engravatado com a pulga atrás da orelha. A cada jogo das finais, o colarinho aperta mais o pescoço, a cadeira fica desconfortável, o ar-condicionado parece não gelar direito. O fato é que um jovem francês está arrumando uma baita dor de cabeça para a diretoria do San Antonio Spurs.

Até as finais de conferência, tudo ia muito bem. Afinal, a equipe seguia vencendo e Tony Parker mantinha atuações irregulares, sumindo do jogo em momentos cruciais. Era a justificativa perfeita para um avanço feroz em cima de Jason Kidd na pós-temporada. Com o dinheiro transbordando pelos bolsos, a cartolagem tinha na inconstância de Parker o álibi dos sonhos para investir no rival All-Star.

O confronto direto na série final tinha tudo para confirmar o abismo entre um e outro, abrindo caminho para as negociações no futuro imediato. Mas não é isso que vem acontecendo. Com média superior a 21 pontos por partida, Parker tem se saído muitíssimo bem contra Kidd. Acertando arremessos a torto e a direito, o francês parece ter finalmente encontrado seu ritmo.

Sei que as mudanças repentinas são regra básica deste mata-mata. Mas imaginem que, ao menos nesta disputa particular, o quadro se mantenha inalterado. No fim das contas, San Antonio campeão com Parker comendo a bola. Fica difícil imaginar o que os dirigentes vão dizer ao pequeno armador. "Sabe aquele sujeito que você anulou nas finais? Pois é, te prepara que ele está vindo para tomar teu lugar."

Mesmo que não tenha a obrigação de dar satisfações aos atletas dispensados, a cartolagem sabe que, ao se livrar da prata da casa, faz crescer a pressão pelo sucesso do novo time. E, neste caso, com Kidd e Duncan vestindo mesmo uniforme, sucesso significa dinastia. Se não der certo, a torcida vai cobrar cada dólar investido no astro do New Jersey.

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Na partida de domingo, não foi só Parker que ajudou Tim Duncan a roubar uma vitória importante no Leste. Malik Rose e Manu Ginobili foram grandiosos no quarto período. O pivô reserva enterrou duas bolas decisivas para a reação dos Spurs, enquanto o argentino fez de tudo um pouco nos minutos finais: cestas, roubadas, tocos, pérolas de um repertório variado.

Reside justamente no banco a principal diferença entre as duas equipes. Malik e Manu, por exemplo, não têm correspondentes no elenco dos Nets.

Com base no retrospecto recente, o San Antonio reunia credenciais de sobra para evitar três derrotas consecutivas na estrada. Já no primeiro encontro em East Rutherford, o New Jersey sentiu na pele o vigor do adversário. Quando funciona o circo ao redor de Tim Duncan, ninguém segura os Spurs.

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(Foto – CBS Sportsline)

8.6.03



A GANGORRA DOS PLAYOFFS




Momento crítico para Duncan:
a mão treme nos lances-livres




Grandes diferenças de pontos surgem e somem num piscar de olhos. Belas atuações no primeiro tempo se transformam em fiasco no segundo. Passes perfeitos numa partida dão lugar a erros bisonhos na noite seguinte. Atuações apagadas são logo compensadas com performances espetaculares. Este curioso efeito-gangorra tem sido a tônica desde o início dos playoffs. Nenhuma equipe conseguiu atravessar este caminho esburacado sem escapar dos altos e baixos. As finais ilustram claramente essa tendência. Quando a bola sobe, não há meio termo. Oito ou oitenta.

Tudo o que o New Jersey fez de errado no jogo 1 se transferiu, como num passe de mágica, para o San Antonio no jogo 2. A imprensa, de certa forma, cumpre seu papel e embarca na radiografia do momento. Primeiro desanca os Nets e, em seguida, faz o mesmo com os Spurs. O pobre leitor fica sem saber quem é bom e quem é ruim. A verdade é uma só: os dois times são ótimos, mas ambos têm uma enorme dificuldade para esconder suas falhas durante uma seqüência de partidas. E assim a gangorra sobe, desce, sobe, desce...

Já está mais que na hora de vermos um grande embate, com os dois lados jogando bem do início ao fim, criando um resultado calcado na força de quem ganha e não na incompetência de quem perde.

A cartilha é simples. Ao San Antonio, cabe caprichar mais nos passes e nos lances-livres. Ao New Jersey, cabe encontrar um jeito de marcar Tim Duncan e criar opções ofensivas para concluir os lances iniciados por Jason Kidd. Quando tudo isso acontecer ao mesmo tempo, vai valer a pena gastar três horas afundado num sofá diante da TV.

Num exercício da autocrítica, Duncan assumiu a culpa pela derrota no jogo 2. Fez muito bem. Afinal, o MVP cobrou dez lances-livres e converteu apenas três, errando bolas importantes em momentos decisivos. Kidd já havia tomado a mesma atitude no jogo 1, também com razão, porque afundou os Nets com uma atuação apagada. Cabe a nós torcer por uma noite em que os dois craques mostrem a plenitude do seu basquete. Logo mais, quem sabe.

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Carmelo Anthony, que será o terceiro escolhido no draft de 26 de junho, saiu-se com esta pérola no sábado: “Acho que eu deveria ser o primeiro, mas essas coisas acontecem”. Menos, garoto, menos.

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(Foto – CBS Sportsline)

7.6.03



:::: BLOCO DE NOTAS ::::

Todo sábado, um passeio rápido pela liga




Jason Kidd voltou à carga, e o New Jersey também



SR. DEFESA - Para o bem do basquete, aquele toco fantástico no jogo 1 foi apenas um aperitivo. A esta altura do campeonato, quando ninguém esperava, as finais da NBA tiraram da sombra um velho herói. Dikembe Mutombo está de volta. Os 4 pontos, 4 rebotes e três bloqueios registrados na tábua fria dos números não dizem muita coisa. Mas a simples presença do veterano pivô no garrafão incomodou um bocado o MVP Tim Duncan e deu novo gás ao New Jersey Nets, que empatou a série em 1-1. “É impossível parar Duncan, mas se encontrarmos um meio de diminuir seu ritmo, teremos sucesso na série. Foi o que aconteceu hoje. Nós o fizemos pensar duas, três vezes antes de qualquer movimento”, celebrou Mutombo, que voltou a ilustrar seus tocos com o folclórico gesto negativo do dedo indicador.

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SR. ATAQUE - Enquanto o gigante africano garantia a força defensiva, Jason Kidd aproveitou para estrear nas finais. Marcou 30 pontos, incluindo os últimos sete de seu time na partida. No quarto período, inibiu a reação do San Antonio e acertou uma seqüência de lances livres para selar o triunfo. Seu rival francês também não fez feio. Tony Parker anotou 21 pontos, 5 rebotes e 5 assistências. Stephen Jackson, que havia convertido quatro de seis bolas da linha de três pontos, errou a última por muito pouco. Poderia ter conseguido a vitória para sua equipe, mas deu azar. Acontece.

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DESPERTADOR - De agora em diante, é bom que a torcida do New Jersey grite bem alto. Se Kenyon Martin e Richard Jefferson não acordarem logo, o time pode se enroscar em maus lençóis. Vale ressaltar que o empate arrancado no SBC Center não torna o time de Byron Scott favorito ao título. Como já foi dito aqui, derrotar um adversário de alto nível três vezes seguidas é uma missão quase impossível. Além do mais, não custa lembrar que os Spurs perderam em casa para Phoenix e Dallas, e nem por isso deixaram de avançar. Ou seja, o caminho está aberto para ambos os lados.

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DANÇA DAS PRANCHETAS - Jeff Van Gundy está cada vez mais próximo do Texas. Desde quinta-feira, o ex-técnico do New York Knicks negocia com a diretoria dos Rockets, que o elegeu como substituto ideal para Rudy Tomjanovich. Enquanto Van Gundy analisa a proposta de um contrato a longo prazo, sua esposa, Kim, já roda a cidade de Houston procurando um lar para a família e uma escola para os filhos. Rick Carlisle, demitido injustamente do Detroit, anda conversando com Clippers e Wizards. Destino lamentável para um sujeito que acumula dois títulos da divisão Central.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

Segue a novela Gary Payton. Nos últimos dias, o armador teria manifestado interesse em se mudar de mala e cuia para Portland. A decisão ainda depende de quem vai ocupar o posto de gerente dos Trail Blazers.

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Karl Malone, por sua vez, falou abertamente que seria um prazer jogar em Dallas no próximo ano. Um a um, os reforços do Los Angeles vão tomando rumos diversos.

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E por falar nos Lakers, uma cirurgia no ombro direito deve tirar Kobe Bryant do Pré-Olímpico de Porto Rico, em agosto. O craque disse ter atuado sob fortes dores desde o início da série contra os Wolves até a eliminação frente aos Spurs.

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Logo mais, John Stockton se despede oficialmente do basquete com uma cerimônia no Delta Center, em Salt Lake City. Discreto por natureza, o armador relutou para aceitar a festa-homenagem. Acabou cedendo, para felicidade geral dos fãs de Utah.

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(Foto – CBS Sportsline)

6.6.03



MISSÃO A CUMPRIR




Richard Jefferson e os Nets precisam vencer
logo mais para manter suas chances na final




O New Jersey Nets vive hoje uma espécie de dia D. Para os soldados de Byron Scott, a partida de logo mais, no SBC Center, é a mais importante da temporada até agora. O trabalho de um ano inteiro chega a uma encruzilhada fatal. Exagero? Para se ter uma idéia do valor deste jogo 2, convém fazer um breve exercício de futurologia.

A partir de domingo, o calendário prevê uma trinca de compromissos seguidos no Leste. O que pode parecer um ótimo negócio acaba se transformando numa grande armadilha. Durante as finais, o esquema dos playoffs muda de 2-2-1-1-1 para 2-3-2, criando uma emboscada cruel para o time que não tem a vantagem do mando de quadra.

Espremido entre dois pares de jogos fora de casa, o New Jersey sabe que é praticamente impossível bater o San Antonio três vezes seguidas, mesmo nos domínios de East Rutherford. É muito provável que os Spurs surpreendam o adversário pelo menos uma vez. Ou seja, aos Nets restaria a obrigação de vencer dois jogos no Texas para chegar ao título.

Seguindo esse raciocínio, voltamos ao presente. Caso roube uma vitória hoje, Byron Scott garante uma certa tranqüilidade para a sua equipe, que poderia manter a liderança da série mesmo tropeçando diante de sua torcida. Se deixar o oponente abrir 2-0, será necessário um esforço sobre-humano, tanto em casa como nos dois últimos confrontos em San Antonio. Diante disso, não faltam defeitos para corrigir na partida de logo mais.

A começar pelo colapso dos Jasons.

Kidd e Collins decepcionaram justamente quando o grupo mais precisava deles. O primeiro não conseguiu criar os lances ofensivos. Seus lances geniais pareciam travados, talvez por culpa dos dez dias de férias forçadas. O segundo revelou-se uma peça apagada embaixo da cesta, abrindo uma avenida muito bem aproveitada pelos Spurs.

Os quatro homens de garrafão dos Nets (Collins, Martin, Williams e Mutombo) somaram 27 rebotes no jogo 1. Tim Duncan, sozinho, pegou 20, e ainda contou com a ajuda providencial de Robinson, Rose e Ginobili. Para compensar a diferença gritante, é provável que Mutombo permaneça em quadra por mais tempo, mesmo sem totais condições físicas.

Espera-se também que Jefferson, Kittles e Martin voltem ao ritmo normal. Este último, aliás, deve tomar cuidado com as faltas. Gregg Popovich certamente vai pedir a seus comandados que forcem as infiltrações no início do jogo.

Acima de tudo, em meio a dezenas de fatores, o New Jersey precisa atuar com o coração na ponta do tênis, se esforçando ao máximo para que, neste dia D, o D não seja de Derrota.

(Foto - Andrew D. Bernestein/NBAE)

5.6.03



TORRES EM FORMA




Ninguém conseguiu alcançar
Duncan no jogo 1 das finais




Em setembro de 2001, quando o velho Osama aprontou das suas em Nova York, Tim Duncan e David Robinson resolveram aposentar o apelido "Torres Gêmeas", em respeito aos mortos na tragédia do World Trade Center. Quase dois anos depois, foi impossível não recordar a expressão. Na primeira partida da final da NBA, as duas torres de San Antonio voltaram a jogar como nos bons tempos, e atropelaram um New Jersey confuso, desordenado e sem ritmo.

Com a vitória por 101-89, os Spurs mostraram aos Nets que no Oeste o buraco é mais embaixo. O ótimo basquete apresentado pela turma de Jason Kidd nas duas varridas consecutivas não deu as caras no primeiro confronto com campeão da conferência rival.

32 pontos, 20 rebotes, 7 tocos, 6 assistências e 3 roubadas. Os números de Tim Duncan são tão majestosos que mal cabem na tábua de estatísticas. O que vimos foi uma atuação avassaladora, digna de quem está faminto pelo título. A força mostrada no ataque se repetiu na defesa, onde o ala infernizou os adversários e cometeu apenas uma falta.

O vovô David Robinson, por sua vez, provou que não é um peso morto para seu time. Com 14 pontos, 6 rebotes e 4 tocos, o Almirante teve importância fundamental no triunfo de ontem.

De quebra, Tony Parker venceu com sobras a disputa particular com Jason Kidd. O francês anotou 16 pontos, a maioria deles no terceiro quarto, quando o San Antonio praticamente definiu o jogo. Kidd ficou bem abaixo do esperado, sendo apenas o quinto melhor pontuador de sua equipe.

Ao que tudo indica, as miniférias não fizeram bem ao New Jersey. Os contra-ataques pareciam travados, o ritmo ficou mais lento, e o grupo perdeu sua marca registrada: a velocidade de um extremo ao outro da quadra. Richard Jefferson contribuiu com 15 pontos, mas nem de longe mostrou a explosão habitual.

Kenyon Martin, que entrou no ginásio com a ingrata missão de anular o MVP, acabou saindo com seis faltas, sendo que a maior parte delas foi cometida em cima de outros jogadores que não Duncan. Além de corrigir o posicionamento embaixo da cesta, Martin tem de elevar um pouco a marca de 21 pontos registrada ontem, especialmente se a pontaria de Kidd continuar torta.

Vem aí o jogo 2, e a história pode ser diferente. Kidd, Martin e Jefferson precisam, basicamente, de duas coisas: enfiar o pé no acelerador e torcer para que Duncan, Robinson e Parker pisem no freio.

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Após um mês de inatividade, Dikembe Mutombo atuou apenas seis minutos e não marcou nenhum ponto. Mas deu um toco fantástico em Duncan, lembrando os velhos tempos em que guardava no bolso a chave do garrafão.

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Danny Ferry conseguiu a proeza de jogar menos de meio segundo. Ele entrou em quadra quando faltava 0.4 para terminar o primeiro tempo. Depois do intervalo, não voltou mais.

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Um torcedor gaiato aproveitou a chance para tripudiar sobre o Los Angeles Lakers, erguendo um cartaz provocativo: "Ei, Shaq e Kobe! Precisam de ingressos?"

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(Foto - Jesse D. Garrabrant/NBAE)

4.6.03



HORA DE APERTAR OS CINTOS




Hoje à noite, Duncan e Kidd começam o grande duelo



Quando o avião se aproximava do aeroporto em San Antonio, veio a tempestade. Entre raios e trovões, a turbulência era tão violenta que a primeira tentativa de aterrissagem foi abortada. Afundados em suas poltronas, os passageiros se olhavam em silêncio. No momento de solavancos extremos, um deles, percebendo que o piloto tentaria pousar a todo custo, gritou para a cabine: “Ei, não tente ser um herói!”

Foi nesse clima de aventura que a delegação do New Jersey Nets chegou ao Texas para a final da NBA. No vôo de segunda-feira, a angústia fez muita gente temer pelo pior. No fim das contas, todos pisaram em terra firme sãos e salvos. O tal passageiro assustado era o armador reserva Lucious Harris, que mais tarde se recuperou do trauma e desabafou com a imprensa: “Foi um vôo difícil, mas estamos aqui. E temos um trabalho a fazer.”

Harris sabe que a missão dos Nets nos próximos dias é mais difícil do que driblar nuvens carregadas. Bater os Spurs de Tim Duncan é coisa para gente grande. Logo mais, quando o show começar no SBC Center, estará em jogo o prêmio máximo do basquete mundial.

Entre todos os ingredientes que compõem o grandioso embate, um vai atrair os olhos da torcida e da crítica: a briga de foice na armação. Tony Parker, que bobeou diversas vezes durante os playoffs, terá a última chance de confundir a cabeça da diretoria e provar que o San Antonio não precisa gastar rios de dinheiro para contratar Jason Kidd na próxima temporada. Para isso, terá de vencer um duelo especial contra seu possível substituto. Ou seja, derrote-o para que ele não tome seu emprego. Está aí uma tarefa espinhosa.

Obviamente a equação não é tão simples assim. Muitos fatores entrarão em jogo durante as férias, inclusive o desejo manifestado por Kidd de permanecer nas redondezas de East Rutherford. Mas o chamado que vem do Texas tem cheiro de dinastia, e nenhum atleta costuma desprezar uma oportunidade tão promissora. Portanto, Parker que se cuide e trate de não sumir nos momentos decisivos, como fez em várias ocasiões contra Phoenix, Los Angeles e Dallas.

Outra batalha que cruza os limites da quadra envolve Stephen Jackson e Byron Scott. O armador dos Spurs alimenta uma certa sede de vingança contra o técnico que o dispensou num episódio até hoje mal explicado. As divergências serão resolvidas com a bola quicando. Do banco, Scott deve secar cada arremesso de Jackson, que precisa manter a mão calibrada.

Esses são apenas alguns aspectos curiosos de uma final que promete emoção de sobra. O New Jersey quer resgatar o orgulho ferido do Leste, tentando esquecer a varrida humilhante do ano passado. O San Antonio defende a supremacia do Oeste, carregando no currículo a mancha de ter sido campeão justamente numa temporada mais curta e repleta de confusões.

Que vença o melhor.

(Foto – AP)

1.6.03



A QUATRO PASSOS DO PARAÍSO




Apesar das dificuldades que enfrentarão, Tim Duncan
e Stephen Jackson reúnem bons motivos para sorrir




Na noite de quarta-feira, a bola sobe para a grande final da NBA. Das 29 equipes, sobraram apenas duas. Com absoluta justiça, teremos na decisão o melhor representante de cada conferência. Dois grandes times. Dois grandes craques que mal devem se cruzar em quadra. Um joga embaixo da cesta; o outro costuma ficar longe dela. Um é discreto; o outro é explosivo. No embate entre a eficiência de Tim Duncan e a criatividade de Jason Kidd, convém não desgrudar os olhos da TV. Deste canto, sai a última previsão da temporada.



POR QUE OS SPURS VÃO BATER OS NETS?

Suns, Lakers e Mavs já fazem parte do passado. No caminho para o título, o San Antonio tem pela frente o último intruso. Não há de ser fácil, mas a taça deve ficar mesmo no Oeste, confirmando todos os prognósticos. O New Jersey dificilmente vai repetir a humilhação do ano passado, quando foi varrido por Kobe e Shaq. Afinal, o elenco está melhor e mais maduro. Na hora da pesagem, entretanto, a balança não mente. O favoritismo aponta para o Texas.



Vamos começar pelo que pesa a favor dos Nets:

1) Um gênio na armação - Jason Kidd é o melhor organizador de jogadas do planeta. Sua arte não encontra sequer um pálido reflexo em nenhum rival texano. Para diminuir um pouco os efeitos de tanto talento, a única saída para os Spurs é o que os americanos chamam de halfcourt trap, ou seja, marcar Kidd desde a metade da quadra, para reduzir os espaços de criação e forçá-lo a soltar a bola mais rápido. Tal estratégia requer um bocado de fôlego e qualidade defensiva, predicados que parecem dispersos em Tony Parker e Speedy Claxton.

2) A vantagem na posição 3 – Richard Jefferson é muito mais habilidoso que Bruce Bowen. Concordo que Bowen é um excelente defensor, mas Jefferson está no auge de sua carreira. Se souber aproveitar as infiltrações e os arremessos de média distância, pode se tornar uma importante ferramenta ofensiva.

3) Os corpos descansados – Os Nets passaram os últimos dez dias entre sombra e água fresca, enquanto o rival se engalfinhava com o Dallas. Para roubar o título, o time do Leste provavelmente terá de esticar a série até seis ou sete partidas. Daí a utilidade de uma boa sobra de energia.

4) A confiança – A equipe deste ano é muito superior à de 2002, e o adversário não impõe tanto medo. Cada atleta sabe que as chances agora são mais palpáveis, especialmente após a seqüência de colapsos da turma de Gregg Popovich.



A partir daí, a balança começa a tombar para o lado dos Spurs:

1) O MVP – Ok, Kenyon Martin tem arrancado merecidos aplausos nos playoffs, e seria a válvula de escape para Kidd se tivesse pela frente um adversário mediano. Mas seu par em quadra será ninguém menos que Tim Duncan. Este é o confronto que pode decidir a final. Se Martin conseguir segurar a onda na defesa e contribuir no ataque, como fez diante do Boston e do Detroit, a sorte pode virar para os Nets. Mas Duncan não deve deixar que isso aconteça. O MVP provou seu valor no mata-mata, e agora estará mais confiante do que nunca.

2) O garrafão – A vantagem do San Antoni se estende aos pivôs e aos alas que atuam como pivôs. David Robinson e Malik Rose são bem melhores que Jason Collins e Aaron Williams. Embaixo da cesta, a disputa será desigual.

3) Os reservas – Os principais nomes da rotação do New Jersey são Williams, Harris e Rogers. Os três são eficientes. Mas, do outro lado da quadra, Rose, Willis, Ginobili, Claxton e Kerr formam um banco versátil, que pega rebotes, arma o ataque, arremessa muito bem e pode mudar a feição de um jogo.

4) A experiência – Tudo bem que o grupo comandado por Byron Scott disputou o título no ano passado, mas não podemos esquecer que Duncan, Robinson e Rose foram campeões em 1999. Kerr tem quatro troféus em casa, enquanto Ginobili e Parker enfrentaram com sucesso a tensão das finais européias.

(Foto – Stephen Dunn/NBAE)