29.6.03
SHOWTIME ÀS AVESSAS
Não faz muito tempo e Jerry West era considerado um modelo de dirigente vitorioso. A fama se justificava pela construção de um time que encantou o mundo e deu ao Los Angeles Lakers o merecido rótulo de showtime. Sabe-se, no entanto, que os sonhos não duram para sempre. O tempo passou, o mundo girou e West foi parar em Memphis. Na maior cidade do Tennessee, uma carreira repleta de glórias vai se esvaindo pelo ralo, em meio a decisões bizarras e inexplicáveis.
O festival de bobagens começou pouco depois do último All-Star Game, quando West embarcou dois valiosos novatos num avião rumo à Flórida. Carregando previsões animadoras na bagagem, Drew Gooden e Gordan Giricek foram bem acolhidos pelo Orlando Magic de Tracy McGrady. Em troca, os Grizzlies receberam Mike Miller, que não passa de um bom chutador. Sua mira calibrada não compensa a perda de dois jovens talentos.
Apesar da má sorte de ter perdido Darko Milicic para o Detroit Pistons, West tinha uma boa chance de se recuperar no draft de quinta-feira, com duas escolhas na primeira rodada. A noite parecia agradável com a seleção do habilidoso armador Marcus Banks e da promessa colegial Kendrick Perkins. Pouca gente entendeu quando os dois foram trocados por Troy Bell e Dahntay Jones (ambos razoáveis, pescados pelo Boston). Sem motivo aparente, o Memphis perdeu um talento imediato (Banks) e um jovem ainda em formação, mas cheio de gás (Perkins).
Não satisfeito, West completou a trapalhada no dia seguinte, quando moveu mundos e fundos para renovar os contratos de três jogadores medíocres: Robert Archibald, Chris Owens e Mike Batiste. “São atletas valiosos que podem contribuir para o sucesso da equipe no futuro”, justificou a velha raposa. Difícil de engolir. Como calouro, Batiste manteve a inexpressiva média de 6 pontos por jogo. Archibald disputou apenas 12 partidas na última temporada e Owen só pisou em quadra uma vez! Se este é o futuro dos Grizzlies, West bem que podia pular do barco antes que sua imagem se arranhe por completo.
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NOVA FORÇA - O Detroit, por sua vez, saiu como grande vencedor do draft. Além de Milicic ter caído do céu (fruto de uma negociação antiga com o Vancouver), Joe Dumars foi cirúrgico na segunda escolha. Carlos Delfino tem boas chances de seguir as pegadas do conterrâneo Manu Ginobili. Na teoria, o sérvio e o argentino formam a melhor dupla desta safra (assim como Gooden e Giricek no ano passado). Sob a batuta de Larry Brown, vem aí um grupo capaz de levantar o nível da conferência Leste. Sem contar que Ben Wallace e Milicic podem formar, simplesmente, o melhor garrafão de toda a liga.
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INJUSTIÇA - Knicks e Clippers foram criticados por muita gente na noite de quinta-feira. Não acho que os torpedos são válidos. Os detratores alegam, por exemplo, que não faz sentido ficar com Mike Sweetney porque sobram alas de força em Nova York. Ora, de que adianta escalar Clarence Weatherspoon, Othela Harrington, Lee Nailon e Kurt Thomas se nenhum deles consegue resolver a doença crônica da equipe embaixo da cesta? Sweetney pode, sim, aparecer como solução para o problema, especialmente se tiver a ajuda de um Antonio McDyess saudável. Como se não bastasse, o técnico Don Chaney ainda recebeu um presente de última hora: o polonês Maciej Lampe, que escorregou até o segundo round. No Los Angeles, a estratégia foi se precaver para a possível debandada de Michael Olowokandi e Elton Brand. Tudo bem que o natural seria escolher TJ Ford, de olho na saída de Andre Miller. Mas se a idéia era reforçar o garrafão, Chris Kaman e Sofoklis Schortsanitis podem dar conta do recado.
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EX-TRIO - Com a ida de Sam Cassell para Minnesota, o Milwaukee elimina o último vestígio de um trio que já levou a equipe às finais do Leste. Ao lado de Glenn Robinson e Ray Allen, Cassell liderava um elenco coeso, capaz de brigar pelas primeiras posições da tabela. Agora sua missão é outra: ajudar o astro Kevin Garnett e o esforçado Wally Szczerbiak no ataque. Se o negócio parece excelente para os Wolves, não chega a ser de todo ruim para os Bucks. A folga na folha de pagamento significa alguns sacos de dinheiro a mais na tarefa de segurar Gary Payton. Caso o veterano fique, terá ao seu redor um grupo jovem (Tim Thomas, Michael Redd, Desmond Mason e TJ Ford) e ansioso por orientações. Cabe ressaltar que a reconstrução é um trabalho a longo prazo, e não se sabe por quanto tempo Payton ainda agüenta o tranco da NBA. Por favor não esperem que os novos contratados Joe Smith e Anthony Peeler resolvam alguma coisa de imediato.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Como o Golden State apostou no francês Mickael Pietrus, é bem provável que a diretoria esteja tramando a saída do acrobático Jason Richardson. A estratégia serviria para abrir espaço no caixa e facilitar a permanência de Gilbert Arenas.
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Ao despachar Xue Yuyang para Denver, o Dallas Mavericks se livrou de uma baita dor de cabeça. Representantes da Confederação Chinesa de Basquete se apressaram em dizer que o jovem pivô ainda não está pronto para a NBA e não será autorizado a jogar nos Estados Unidos.
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Na calada da noite, o Seattle ofereceu ao Washington o bom arremessador Vladimir Radmanovic, além das escolhas 12 e 14 no draft, para ter Kwame Brown. O técnico Eddie Jordan, que acaba de assumir o comando dos Wizards, recusou educadamente. Ele acha que ainda é cedo para se livrar do jovem ala-pivô.
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Se o basquete ficará mais vistoso com Carmelo Anthony, só o tempo vai dizer. Mas, desde já, o Denver Nuggets passa a ter o uniforme mais feio de toda a NBA.
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(Fotos – CBS Sportsline)
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