9.6.03
O REFORÇO QUE INCOMODA
Com a regularidade mostrada nas finais, Tony Parker
está embaralhando a mente dos cartolas dos Spurs
Em algum escritório luxuoso do Texas, deve haver um engravatado com a pulga atrás da orelha. A cada jogo das finais, o colarinho aperta mais o pescoço, a cadeira fica desconfortável, o ar-condicionado parece não gelar direito. O fato é que um jovem francês está arrumando uma baita dor de cabeça para a diretoria do San Antonio Spurs.
Até as finais de conferência, tudo ia muito bem. Afinal, a equipe seguia vencendo e Tony Parker mantinha atuações irregulares, sumindo do jogo em momentos cruciais. Era a justificativa perfeita para um avanço feroz em cima de Jason Kidd na pós-temporada. Com o dinheiro transbordando pelos bolsos, a cartolagem tinha na inconstância de Parker o álibi dos sonhos para investir no rival All-Star.
O confronto direto na série final tinha tudo para confirmar o abismo entre um e outro, abrindo caminho para as negociações no futuro imediato. Mas não é isso que vem acontecendo. Com média superior a 21 pontos por partida, Parker tem se saído muitíssimo bem contra Kidd. Acertando arremessos a torto e a direito, o francês parece ter finalmente encontrado seu ritmo.
Sei que as mudanças repentinas são regra básica deste mata-mata. Mas imaginem que, ao menos nesta disputa particular, o quadro se mantenha inalterado. No fim das contas, San Antonio campeão com Parker comendo a bola. Fica difícil imaginar o que os dirigentes vão dizer ao pequeno armador. "Sabe aquele sujeito que você anulou nas finais? Pois é, te prepara que ele está vindo para tomar teu lugar."
Mesmo que não tenha a obrigação de dar satisfações aos atletas dispensados, a cartolagem sabe que, ao se livrar da prata da casa, faz crescer a pressão pelo sucesso do novo time. E, neste caso, com Kidd e Duncan vestindo mesmo uniforme, sucesso significa dinastia. Se não der certo, a torcida vai cobrar cada dólar investido no astro do New Jersey.
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Na partida de domingo, não foi só Parker que ajudou Tim Duncan a roubar uma vitória importante no Leste. Malik Rose e Manu Ginobili foram grandiosos no quarto período. O pivô reserva enterrou duas bolas decisivas para a reação dos Spurs, enquanto o argentino fez de tudo um pouco nos minutos finais: cestas, roubadas, tocos, pérolas de um repertório variado.
Reside justamente no banco a principal diferença entre as duas equipes. Malik e Manu, por exemplo, não têm correspondentes no elenco dos Nets.
Com base no retrospecto recente, o San Antonio reunia credenciais de sobra para evitar três derrotas consecutivas na estrada. Já no primeiro encontro em East Rutherford, o New Jersey sentiu na pele o vigor do adversário. Quando funciona o circo ao redor de Tim Duncan, ninguém segura os Spurs.
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(Foto – CBS Sportsline)
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