1.6.03



A QUATRO PASSOS DO PARAÍSO




Apesar das dificuldades que enfrentarão, Tim Duncan
e Stephen Jackson reúnem bons motivos para sorrir




Na noite de quarta-feira, a bola sobe para a grande final da NBA. Das 29 equipes, sobraram apenas duas. Com absoluta justiça, teremos na decisão o melhor representante de cada conferência. Dois grandes times. Dois grandes craques que mal devem se cruzar em quadra. Um joga embaixo da cesta; o outro costuma ficar longe dela. Um é discreto; o outro é explosivo. No embate entre a eficiência de Tim Duncan e a criatividade de Jason Kidd, convém não desgrudar os olhos da TV. Deste canto, sai a última previsão da temporada.



POR QUE OS SPURS VÃO BATER OS NETS?

Suns, Lakers e Mavs já fazem parte do passado. No caminho para o título, o San Antonio tem pela frente o último intruso. Não há de ser fácil, mas a taça deve ficar mesmo no Oeste, confirmando todos os prognósticos. O New Jersey dificilmente vai repetir a humilhação do ano passado, quando foi varrido por Kobe e Shaq. Afinal, o elenco está melhor e mais maduro. Na hora da pesagem, entretanto, a balança não mente. O favoritismo aponta para o Texas.



Vamos começar pelo que pesa a favor dos Nets:

1) Um gênio na armação - Jason Kidd é o melhor organizador de jogadas do planeta. Sua arte não encontra sequer um pálido reflexo em nenhum rival texano. Para diminuir um pouco os efeitos de tanto talento, a única saída para os Spurs é o que os americanos chamam de halfcourt trap, ou seja, marcar Kidd desde a metade da quadra, para reduzir os espaços de criação e forçá-lo a soltar a bola mais rápido. Tal estratégia requer um bocado de fôlego e qualidade defensiva, predicados que parecem dispersos em Tony Parker e Speedy Claxton.

2) A vantagem na posição 3 – Richard Jefferson é muito mais habilidoso que Bruce Bowen. Concordo que Bowen é um excelente defensor, mas Jefferson está no auge de sua carreira. Se souber aproveitar as infiltrações e os arremessos de média distância, pode se tornar uma importante ferramenta ofensiva.

3) Os corpos descansados – Os Nets passaram os últimos dez dias entre sombra e água fresca, enquanto o rival se engalfinhava com o Dallas. Para roubar o título, o time do Leste provavelmente terá de esticar a série até seis ou sete partidas. Daí a utilidade de uma boa sobra de energia.

4) A confiança – A equipe deste ano é muito superior à de 2002, e o adversário não impõe tanto medo. Cada atleta sabe que as chances agora são mais palpáveis, especialmente após a seqüência de colapsos da turma de Gregg Popovich.



A partir daí, a balança começa a tombar para o lado dos Spurs:

1) O MVP – Ok, Kenyon Martin tem arrancado merecidos aplausos nos playoffs, e seria a válvula de escape para Kidd se tivesse pela frente um adversário mediano. Mas seu par em quadra será ninguém menos que Tim Duncan. Este é o confronto que pode decidir a final. Se Martin conseguir segurar a onda na defesa e contribuir no ataque, como fez diante do Boston e do Detroit, a sorte pode virar para os Nets. Mas Duncan não deve deixar que isso aconteça. O MVP provou seu valor no mata-mata, e agora estará mais confiante do que nunca.

2) O garrafão – A vantagem do San Antoni se estende aos pivôs e aos alas que atuam como pivôs. David Robinson e Malik Rose são bem melhores que Jason Collins e Aaron Williams. Embaixo da cesta, a disputa será desigual.

3) Os reservas – Os principais nomes da rotação do New Jersey são Williams, Harris e Rogers. Os três são eficientes. Mas, do outro lado da quadra, Rose, Willis, Ginobili, Claxton e Kerr formam um banco versátil, que pega rebotes, arma o ataque, arremessa muito bem e pode mudar a feição de um jogo.

4) A experiência – Tudo bem que o grupo comandado por Byron Scott disputou o título no ano passado, mas não podemos esquecer que Duncan, Robinson e Rose foram campeões em 1999. Kerr tem quatro troféus em casa, enquanto Ginobili e Parker enfrentaram com sucesso a tensão das finais européias.

(Foto – Stephen Dunn/NBAE)

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