4.6.03
HORA DE APERTAR OS CINTOS
Hoje à noite, Duncan e Kidd começam o grande duelo
Quando o avião se aproximava do aeroporto em San Antonio, veio a tempestade. Entre raios e trovões, a turbulência era tão violenta que a primeira tentativa de aterrissagem foi abortada. Afundados em suas poltronas, os passageiros se olhavam em silêncio. No momento de solavancos extremos, um deles, percebendo que o piloto tentaria pousar a todo custo, gritou para a cabine: “Ei, não tente ser um herói!”
Foi nesse clima de aventura que a delegação do New Jersey Nets chegou ao Texas para a final da NBA. No vôo de segunda-feira, a angústia fez muita gente temer pelo pior. No fim das contas, todos pisaram em terra firme sãos e salvos. O tal passageiro assustado era o armador reserva Lucious Harris, que mais tarde se recuperou do trauma e desabafou com a imprensa: “Foi um vôo difícil, mas estamos aqui. E temos um trabalho a fazer.”
Harris sabe que a missão dos Nets nos próximos dias é mais difícil do que driblar nuvens carregadas. Bater os Spurs de Tim Duncan é coisa para gente grande. Logo mais, quando o show começar no SBC Center, estará em jogo o prêmio máximo do basquete mundial.
Entre todos os ingredientes que compõem o grandioso embate, um vai atrair os olhos da torcida e da crítica: a briga de foice na armação. Tony Parker, que bobeou diversas vezes durante os playoffs, terá a última chance de confundir a cabeça da diretoria e provar que o San Antonio não precisa gastar rios de dinheiro para contratar Jason Kidd na próxima temporada. Para isso, terá de vencer um duelo especial contra seu possível substituto. Ou seja, derrote-o para que ele não tome seu emprego. Está aí uma tarefa espinhosa.
Obviamente a equação não é tão simples assim. Muitos fatores entrarão em jogo durante as férias, inclusive o desejo manifestado por Kidd de permanecer nas redondezas de East Rutherford. Mas o chamado que vem do Texas tem cheiro de dinastia, e nenhum atleta costuma desprezar uma oportunidade tão promissora. Portanto, Parker que se cuide e trate de não sumir nos momentos decisivos, como fez em várias ocasiões contra Phoenix, Los Angeles e Dallas.
Outra batalha que cruza os limites da quadra envolve Stephen Jackson e Byron Scott. O armador dos Spurs alimenta uma certa sede de vingança contra o técnico que o dispensou num episódio até hoje mal explicado. As divergências serão resolvidas com a bola quicando. Do banco, Scott deve secar cada arremesso de Jackson, que precisa manter a mão calibrada.
Esses são apenas alguns aspectos curiosos de uma final que promete emoção de sobra. O New Jersey quer resgatar o orgulho ferido do Leste, tentando esquecer a varrida humilhante do ano passado. O San Antonio defende a supremacia do Oeste, carregando no currículo a mancha de ter sido campeão justamente numa temporada mais curta e repleta de confusões.
Que vença o melhor.
(Foto – AP)
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