22.6.03



DRAMAS, DÚVIDAS E ESPERANÇAS




O acidente de Jay Williams foi
a nota mais triste da semana




Era noite de quinta-feira. Após uma jornada estressante de trabalho, Alysha Grenier, uma jovem de 26 anos, voltava para sua casa na Zona Norte de Chicago, quando ouviu o grito carregado de angústia: “Não consigo sentir minhas pernas!” Incapaz de estancar a dor, Jay Williams implorava por socorro. A alguns metros dali, repousava no asfalto o algoz de uma carreira promissora: a motocicleta Yamaha, comprada uma semana antes e destruída após a colisão com o poste.

A decepção na primeira temporada não faz de Williams um atleta fadado ao fracasso. Com a experiência que só o tempo fornece, o armador dos Bulls tinha tudo para evoluir e se tornar um bom nome da posição. Agora, além do progresso técnico e tático, vai precisar também do médico. É quase certo que fique pelo menos um ano longe das quadras, se recuperando das cirurgias no joelho esquerdo e na região pélvica.

O drama seria evitado se os ouvidos da jovem promessa tivessem armazenado os conselhos de um colega um pouco mais experiente.

A expressão invocada e as tatuagens espalhadas pelo corpo dariam ao ala Marcus Fizer credenciais para ingressar num clube de Hell’s Angels (só faltaria a vasta cabeleira). No entanto, sabemos que estereótipos servem apenas para reforçar preconceitos. Com todo esse jeito bad boy, Fizer se esforçou para convencer Williams a não comprar a moto. Encostado na enfermaria há vários meses, ele conhece o gosto amargo de uma lesão grave, seja ela fruto de um lance casual no treino ou conseqüência de um acidente automobilístico. Pena que a tentativa tenha sido em vão.

Dos males, o menor. Ao que parece, o armador não corre risco de vida, e é isso que importa. Difícil é ver que sua trajetória sofreu um impacto negativo dessa ordem por um motivo tão estúpido.

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SEM PREVISÃO - Williams terá boa companhia no estaleiro. Olhando o passado com arrependimento e o futuro com tristeza, o Orlando Magic informou que Grant Hill não deve jogar em 2003-2004. Após quatro cirurgias, o All-Star segue arrastando seu tornozelo esquerdo em via-crúcis.

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SUSPENSE - Faltam quatro dias para o draft. Será uma quinta-feira previsível nas três primeiras escolhas e repleta de surpresas dali em diante. As dúvidas se acumulam desde já. Quem o Toronto vai pescar na quarta posição? Que uniforme Leandrinho vai vestir? Pelo que corre nos bastidores, a noite há de ser movimentada em termos de negociações. O que não falta é cartola disposto a embrulhar seu calouro para presente em troca de um ou dois veteranos.

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VIDA NOVA - LeBron James viveu uma semana cheia de novidades. Primeiro, teve um encontro com Magic Johnson e saiu todo prosa: “Ele me chamou de irmão mais novo! É um dos caras mais legais que eu já conheci.” Na sexta-feira, em Cleveland, o menino-prodígio foi apresentado ao novo técnico dos Cavs, Paul Silas, durante um treino de 45 minutos. Silas aproveitou cada segundo do bate-bola. Deu dicas de arremessos, ensaiou posições táticas e ficou impressionado com a humildade do rapaz.

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DO CONTRA - O Detroit Pistons já pode preparar o departamento jurídico. Do outro lado do oceano, o Hemofarm Vrsac, clube de Darko Milicic, promete ir aos tribunais para impedir o ingresso de seu craque na NBA. O sérvio tem contrato até 2009, e o time não parece nem um pouco disposto a liberá-lo (não sem um vantajoso acordo financeiro). Ainda assim, o presidente do Detroit, Joe Dumars, voltou a afirmar que não abre mão do gigante europeu, desmentindo o rumor de que o técnico Larry Brown estaria mais interessado em Carmelo Anthony.

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CAUTELA - Se até lá não surgir nenhum fenômeno, o draft de 2004 já tem dono. Aliás, dois donos: Charlie Villanueva e Pavel Podkolzine. A dupla mostrou um bocado de inteligência ao saltar do bonde na última hora. Com todos os holofotes voltados para iluminar LeBron, a mídia reserva apenas duas lanterninhas para Carmelo e Milicic. O resto da turma terá de cortar um dobrado para sair da escuridão. Por essas e outras, Villanueva optou por ganhar mais um ano de experiência no basquete universitário e Podkolzine decidiu voltar para o campeonato italiano.


:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::

O presidente dos Sixers, Billy King, tentou convencer a imprensa de que a contratação do técnico Randy Ayers (ex-assistente de Larry Brown) foi uma solução consciente, e não um tapa-buracos. Tá bom.

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O Philadelphia não foi a única equipe a se dar mal na dança das cadeiras. No fim das contas, o Toronto trocou Lenny Wilkens por Kevin O’Neill, enquanto o Washington demitiu Doug Collins e deu abrigo a Eddie Jordan. Resta agora um par de times (Clippers e Hawks) para um par de treinadores (Mike Dunleavy e Rick Carlisle).

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Se depender apenas da montanha de dólares, Jason Kidd vai mesmo para o Texas. O dinheiro oferecido não é tão superior ao que ele recebe hoje, mas a mordida do imposto em San Antonio é bem menor do que em New Jersey.

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Gary Payton precisa descer do salto e decidir logo sua vida. Após declarar seu amor pelo Milwaukee, já flertou com Los Angeles e Portland. Agora, anda espalhando que cogita vestir a camisa do Golden State.

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(Foto – NBAE)

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