26.12.03



afinal, por onde anda harold miner?
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))) Ascensão e queda de um falso Michael Jordan


Há coisas que só o Natal é capaz de proporcionar. Por exemplo, uma missão inglória no infindável baú de informações da internet, em busca de dados capazes de lançar uma luz sobre os confins da carreira de um fracassado.

Foi Suzuki quem pediu na caixa de comentários. E o Rebote, tal qual o Bom Velhinho, desenterrou este presente dedicado especificamente a um leitor, cruzando distâncias virtuais que fazem a Lapônia parecer um endereço ali na esquina.

Pois Suzuki, meu caro, seja lá você quem for,
a crônica de hoje é sua.

Para início de conversa, saiba que Harold Miner vive uma rotina tranqüila, com uma conta bancária razoável, fruto não apenas do dinheiro que guardou enquanto estava na NBA, mas também de alguns negócios bem-sucedidos na região metropolitana de Las Vegas. É lá, na cidade dos cassinos, que mora nosso herói esquecido.

Herói, sim, porque sustentar o peso do apelido “Baby Jordan” é coisa para quem tem superpoderes. Foi ele que protagonizou um dos maiores casos de expectativa frustrada na história da liga. A chegada de LeBron James levou seu nome timidamente de volta ao noticiário. Não tem jeito. Daqui em diante, qualquer atleta comparado a Michael será ameaçado com a possibilidade de se tornar um Harold Miner.

Selecionado pelo Miami Heat na 12ª posição do draft de 1992, Miner era careca e vestia a camisa 23 (mais tarde trocada para 32, e depois para 4). Mais baixo que o original, virou uma espécie de Jordan em miniatura, fama reforçada pelo contrato assinado com a Nike e pelos títulos nos campeonatos de enterrada em 1993 e 1995. Ficou nisso. O sucesso na NBA nunca se concretizou.

A gritante habilidade técnica seduziu a multinacional fabricante de tênis, que redigiu um contrato no melhor estilo “venda sua alma ao diabo”. Com os olhos brilhando em cifras, Miner nem enxergou a cláusula nefasta: a que impedia sua transferência para qualquer outro time fora da NBA.

Na temporada 1994-1995, o mundo começou a cair. O Miami Heat, que àquela altura era uma equipe competitiva, selecionou o calouro Khalid Reeves (que depois se tornaria outro fiasco) e contratou os veteranos Kevin Gamble e Billy Owens. Na época, comentava-se que Pat Riley queria se cercar de talento por não confiar no “Baby Jordan”.

Por conta disso, Miner foi parar no Cleveland Cavaliers, e afundou no esquema extremamente defensivo de Mike Fratello. A média de pontos caiu para 3.2, selando o fim de uma carreira promissora.

Sem espaço na NBA, o garoto começou a receber propostas de clubes europeus, mas a Nike não abriu mão do contrato. Sem ter onde jogar, aposentou-se precocemente, aos 25 anos.

O sumiço de Miner criou uma série de boatos sobre seu paradeiro. Muitos garantem que ele chegou a morar na rua, viciado em crack. A informação mais segura, no entanto, dá conta de que as mágoas com o basquete foram amenizadas com o relativo sucesso das empreitadas comerciais em Las Vegas.

Sabe-se lá se a Nike ainda lhe dá algum dinheiro, ou pelo menos um par de tênis por mês para garantir a pelada do fim de semana.

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foto . umitonline

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