31.1.03
GENEROSO OU INGRATO?
McGrady, o mais votado do Leste, quer ceder
sua vaga na equipe titular para o ídolo Jordan
O All-Star Game de 2003 está se mostrando uma autêntica caixinha-de-surpresas. Portanto, sinto muito, não há como parar de falar dele. A bomba da quinta-feira veio de Tracy McGrady, cestinha do campeonato e principal atração na seleção da conferência Leste. O armador do Orlando Magic se ofereceu, publicamente, para começar o jogo das estrelas na reserva e elevar Michael Jordan à condição de titular.
A declaração foi publicada ontem no Orlando Sentinel, um dos grandes jornais da Flórida. “Pensei no assunto durante algum tempo. Sou capaz de qualquer coisa para retribuir o que Jordan fez pelo basquete. É seu último All-Star. Vou entrar em contato com a diretoria da liga para ver se é possível”, declarou o atleta.
Em princípio, a atitude é bastante elogiável. Sinceramente, duvido que haja nela alguma carga de demagogia. Muito menos creio num ato de falsa piedade com intenção de humilhar o mestre esquecido pelos torcedores. McGrady não é disso. Ao contrário, conhece bem a história do esporte que pratica. A NBA ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas um alto executivo não identificado declarou ao jornal que a troca é plenamente possível.
Em meio a tanta generosidade, só faltou levar em conta um pequeno detalhe: foram 1.316.297 os fãs que elegeram McGrady como titular. Não dá para ignorar essa multidão de admiradores no mundo inteiro. Se os dirigentes valorizam tanto a participação popular, não podem, de repente, rasgar mais de um milhão de votos virtuais.
Tal posição pode parecer incoerente para quem, há três dias, defendeu homenagens a todo custo para Jordan. O tributo, no entanto, já está mais que garantido. Mesmo vindo do banco, o craque terá minutos de sobra para fazer suas graças. Não precisa, para isso, alterar o rumo democrático das coisas.
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Para terminar, a nota triste. Uma contusão no tornozelo tirou Chris Webber da festa. Nos comentários de ontem, sobraram palpites (inclusive meus) a respeito de prováveis substitutos. Os favoritos eram Malone, Finley, Brand e Jamison. Deu Peja Stojakovic. Solução caseira. E injusta.
(Foto – Fernando Medina/NBAE)
30.1.03
PEIXES NOVOS FORA D’ÁGUA
O argentino Ginobili é um dos novatos
que ainda não deslancharam na NBA
Os votos que fizeram de Yao Ming o pivô número 1 do Oeste no All-Star Game saíram da Ásia, mas acabaram respingando na América do Sul. Com o gigante chinês escalado para o evento principal (previsto para 9 de fevereiro), abriu-se espaço na seleção dos calouros, que se apresenta um dia antes. Dois sortudos lucraram com isso: o brasileiro Nenê Hilario, que pulou para o time titular, e o argentino Emanuel Ginobili, convocado ontem como peça de reposição. Nenê certamente merece o presente que lhe caiu no colo. Nosso hermano, nem tanto.
Ginobili é um dos poucos novatos que ainda estão devendo na NBA. Selecionado pelo San Antonio Spurs no draft de 1999, o armador passou os últimos anos na Itália e só agora se juntou aos americanos. Foi ofuscado por uma boa safra, penou com as contusões e hoje amarga a reserva de Stephen Jackson. A boa performance no último Mundial de Basquete (quando liderou a forte equipe argentina) encheu de esperança a torcida no Texas. Mas a temporada já está chegando à metade e, apesar das freqüentes e oportunas roubadas de bola, as médias de pontos (5.1) e assistências (1.4) ainda não decolaram.
Situação ainda mais dramática é a de Mike Dunleavy Jr, terceira escolha no draft deste ano. O Golden State Warriors depositava nele boa parte de seu futuro, mas só recebeu em troca fartas doses de decepção. Mesmo com números piores que os de Ginobili, o ala se mantinha como favorito para ocupar a vaga de Ming no All-Star. Não deu. Vai ver o jogo pela TV.
Mais desiludido que o Golden, só mesmo o Los Angeles Clippers, que tinha duas escolhas entre as 12 primeiras e deu azar em ambas. Os grandalhões Chris Wilcox (8ª) e Melvin Ely (12ª), juntos, não somam sequer cinco pontos e três rebotes por partida.
Ao contrário do que se pensa, os grandes também pecam. Com o campeonato em andamento, o Dallas Mavericks foi buscar na Europa o francês Atoine Rigaudeau, que até ontem acumulava o impressionante total de dois pontos em quatro partidas.
Por outro lado, times como Denver, Milwaukee, Cleveland, Chicago e Miami deram sorte com a garotada. Na segunda rodada da seleção universitária, pescaram, respectivamente, Vincent Yarbrough (33ª escolha), Dan Gadzuric (34ª), Carlos Boozer (35ª), Lonny Baxter (44ª) e Rasual Butler (53ª). O festival de incoerências prova que o draft, muitas vezes, não passa de loteria.
(Foto – Brian Bahr/NBAE)
29.1.03
UM ESTRANHO NO NINHO
Brad Miller destoa na seleção do Leste
A tarde já ia pela metade quando foram anunciados os reservas do All-Star Game. O sentimento imediato foi um certo alívio, ao constatar que minhas previsões de ontem não passaram tão longe da realidade. Em seguida, veio a alegria por notar que os técnicos fizeram justiça quando tinham de fazer (convocando Shawn Marion, um dos melhores atletas da liga) e foram injustos quando deveriam ser (preterindo Jerry Stackhouse para homenagear Michael Jordan). Tudo corria às mil maravilhas.
Foi então que vi o nome de Brad Miller.
Se ao menos tivesse sido escolhido no lugar de Zydrunas Ilgauskas (que não é nenhum gênio do garrafão), o razoável pivô do Indiana Pacers até seria bem vindo. No entanto, foram escalados ambos, quando uma dessas vagas poderia ser preenchida por alguém que realmente tivesse algo para mostrar à torcida. Um All-Star Game até pode ter Ilgauskas e Miller juntos em quadra. Mas não quando ficam de fora Ron Artest, Ray Allen, Jerry Stackhouse, Jalen Rose, Glenn Robinson, Shareef Abdur-Rahim, Latrell Sprewell, Keith Van Horn, Ricky Davis, Richard Hamilton, e por aí vai.
Por que, então, foi este o caminho seguido? Simplesmente porque o Leste se borra de medo dos grandalhões do Oeste. Escolher dois pivôs para a reserva de Ben Wallace foi uma estratégia desesperada para conter Ming, Shaq, Duncan, Garnett, Webber e Nowitzki. Ou seja, justamente no jogo das estrelas, onde se espera que a arte sem compromisso esteja em primeiro plano, imperou uma espécie de basquete de resultados. Triste.
Mesmo raciocinando dentro dessa filosofia, seria mais inteligente adicionar ao elenco um astro com poder de decisão (sobravam opções) em vez de investir num segmento da equipe que já nasce derrotado. Ou alguém acha que, reforçada por Miller, a tropa de gigantes do Leste se torna capaz de superar a do adversário?
Bem, agora não adianta chorar o leite derramado. Exceto por alguma contusão, os quadros para o dia 9 de fevereiro estão fechados. Anotem aí:
LESTE
Ben Wallace (Detroit)
Jermaine O'Neal (Indiana)
Vince Carter (Toronto)
Tracy McGrady (Orlando)
Allen Iverson (Philadelphia)
...
Zydrunas Ilgauskas (Cleveland)
Brad Miller (Indiana)
Antoine Walker (Boston)
Paul Pierce (Boston)
Jason Kidd (New Jersey)
Michael Jordan (Washington)
Jamal Mashburn (New Orleans)
OESTE
Yao Ming (Houston)
Tim Duncan (San Antonio)
Kevin Garnett (Minnesota)
Kobe Bryant (L.A. Lakers)
Steve Francis (Houston)
...
Shaquille O’Neal (L.A. Lakers)
Chris Webber (Sacramento)
Dirk Nowitzki (Dallas)
Stephon Marbury (Phoenix)
Gary Payton (Seattle)
Shawn Marion (Phoenix)
Steve Nash (Dallas)
Minha bola de cristal havia indicado Ron Artest, Jalen Rose e Antawn Jamison. Pena que eles não tenham entrado. Mashburn e Nash, entretanto, darão conta do recado tranqüilamente. O que não dá para engolir é o desajeitado Miller no banco, com um sorriso largo, sentado entre Jordan e Kidd.
(Foto – Mitchell Layton/NBAE)
28.1.03
PREVISÕES PARA O FUTURO IMEDIATO
Será que Jordan estará ao lado de Vince no All-Star?
Chega de ansiedade. Hoje à tarde, a NBA divulga os sete reservas de cada conferência para o All-Star Game do dia 9 de fevereiro. Diante de tantos atletas talentosos e inúmeras combinações possíveis, não poderia haver momento mais perigoso para tirar a bola de cristal da gaveta. Afinal, qualquer previsão pode ir por água abaixo dentro de poucas horas. Bem, às favas com a prudência. Aqui vai minha lista. Na crônica de amanhã, presto contas com vocês e assumo cada erro.
Os palpites começam pelo Leste, onde Ben Wallace, Jermaine O’Neal, Vince Carter, Tracy McGrady e Allen Iverson já foram eleitos pela torcida como titulares.
A tarefa de esquentar o banco para Wallace precisa ficar com um pivô genuíno. Apesar das pressões por Brad Miller, Zydrunas Ilgauskas é o nome. Os alas reservas devem ser Antoine Walker, já recuperado da contusão, e Ron Artest, que evoluiu assustadoramente este ano. Para a armação, Jason Kidd dispensa comentários e Paul Pierce forma com ele um bom par. Sobram, portanto duas vagas. Uma delas eu dou a Jalen Rose, contrariando os prognósticos. O líder do Chicago Bulls vem atuando de forma impecável, conferindo nova alma ao time. Se valesse apenas a razão, o último espaço seria preenchido por Jerry Stackhouse, Jamal Mashburn, Ray Allen ou Richard Hamilton. Mas, nesse caso, abro uma exceção para o critério emocional e rabisco lá o nome de Michael Jordan (mesmo que depois ele decida não jogar). Espero que os técnicos tenham seguido esse mesmo impulso na hora da convocação.
No Oeste, previamente escalado com Yao Ming, Tim Duncan, Kevin Garnett, Kobe Bryant e Steve Francis, as coisas começam fáceis e terminam quase impossíveis.
Shaquille O’Neal, Chris Webber, Dirk Nowitzki, Stephon Marbury e Gary Payton formam o quinteto principal do banco. Não há motivos para duvidar disso. Os cinco estão jogando o fino e não fariam feio nem mesmo como titulares. As duas escolhas finais, no entanto, são uma pedreira. Steve Nash e Karl Malone largam como favoritos. O primeiro seria mais um representante do forte Dallas Mavericks. O segundo, além de estar em forma, tem a favor uma provável aposentadoria ao fim do campeonato. Mas aqui prefiro chutar a emoção para escanteio. Cabendo a mim a decisão, passo os prêmios ao versátil Shawn Marion, que atravessa uma temporada estupenda em Phoenix, e ao guerreiro Antawn Jamison, principal responsável pela surpreendente consistência do Golden State.
Pronto, está dito e registrado. Agora é só recapitular:
LESTE
Zydrunas Ilgauskas (Cleveland)
Antoine Walker (Boston)
Ron Artest (Indiana)
Paul Pierce (Boston)
Jason Kidd (New Jersey)
Michael Jordan (Washington)
Jalen Rose (Chicago)
OESTE
Shaquille O’Neal (L.A. Lakers)
Chris Webber (Sacramento)
Dirk Nowitzki (Dallas)
Stephon Marbury (Phoenix)
Gary Payton (Seattle)
Shawn Marion (Phoenix)
Antawn Jamison (Golden State)
Tomem nota e, se possível, me cobrem. Haja o que houver, prometo não fugir amanhã. Estarei aqui de novo, nem que seja para me assumir como um vidente de meia tigela.
(Foto – Ron Turenne/NBAE)
27.1.03
OUTRA VEZ NO PÁREO
Kukoc e os Bucks já pedem passagem
O fantasma de Glenn Robinson finalmente se foi. Em Milwaukee, não há mais razões para chorar a saída do ala, trocado na pré-temporada pelo irregular Toni Kukoc. No sábado, a equipe bateu o Denver Nuggets e, pela primeira vez, igualou o número de vitórias e derrotas. O equilíbrio adquirido gerou frutos imediatos, jogando os Bucks na zona de classificação para os playoffs. É duro admitir, mas Kukoc tem lá seus méritos nesta evolução.
Recuperado de uma contusão e mostrando um basquete consistente, o croata vem sendo muito elogiado pelo técnico George Karl, que vê nele a pedra fundamental na subida do time. A média de 11 pontos por jogo não é das melhores, mas os números, em geral, são bem superiores aos do ano passado, quando o atleta atuava em Atlanta.
Cestinha e líder do grupo, Ray Allen mantém a regularidade de sempre. A vontade de ajudar é tanta que ele quase deu um ataque na semana passada, na derrota em casa para os Celtics, quando foi mal aproveitado por Karl. “Aquilo me irritou. Não quero ficar no banco acumulando poeira e não gostei do que aconteceu”, protestou Allen, que passou boa parte do último período na reserva e anotou apenas 13 pontos. Na partida seguinte, contra o mesmo adversário, ele se vingou marcando 34 e dando a vitória ao Milwaukee.
O veterano Sam Cassell, que vive seu melhor momento em dez anos de carreira, também dá sua cota de sacrifício. Ofuscado por ter surgido em meio a uma geração de armadores fora-de-série como John Stockton e Gary Payton, Cassell freqüentemente é relegado a segundo plano. Pura injustiça. Trata-se de um dos mestres da posição na NBA, capaz de resolver jogos sozinho e converter facilmente os arremessos mais improváveis.
A química entre Kukoc, Allen e Cassell já seria o bastante para dar aos Bucks uma certa tranqüilidade. Mas o que leva o time a acreditar numa boa passagem aos playoffs é a ajuda extra dos coadjuvantes. Tim Thomas e Anthony Mason garantem a briga pelos rebotes no garrafão. Michael Redd é um reserva de ouro, que marca quase 15 pontos por noite. Até o mediano Kevin Ollie resolveu aprontar: tornou-se o líder da liga em precisão nos passes, com a excelente média de um erro a cada 4.43 assistências.
O desafio de hoje é em New Orleans. Nada muito assustador. Baron Davis, contundido, não joga pelos Hornets. Jamal Mashburn também é dúvida. Ainda assim, um tropeço não causará muita dor de cabeça, já que, a partir de amanhã, o Milwaukee aproveita uma rara seqüência de oito jogos em casa. Os quatro primeiros visitantes são os instáveis Sixers, Wizards, Knicks e Raptors. Impossível não ser otimista.
26.1.03
QUEIMA TOTAL DE ESTOQUE
Para não perder o costume, Sprewell
figura na lista de negociáveis da NBA
Vinte e cinco dias cravados. É o que resta no calendário até a data-limite para trocas na NBA. Enquanto alguns dirigentes correm contra o tempo a fim de reforçar seus times, outros movem montanhas para se livrar certos jogadores. A prateleira da liquidação está cheia, e vale a pena consultá-la. Tem gente de qualidade sendo oferecida na base do desespero.
Entre os produtos que enfeitam o balcão, o mais chamativo é Latrell Sprewell. Não vai aí nenhuma novidade, há séculos se comenta que ele está deixando Nova York. Até hoje, tudo ficou no terreno das conversas amigáveis entre a cartolagem. Se dependesse da vontade dos Knicks, o ala já estaria bem longe. Mas quem quer Spree? Com fama de encrenqueiro, salário anual de US$ 12.4 milhões e alguns anos ainda restando no contrato, ele se especializou na arte de espantar compradores.
Há outro bad-boy de talento, com salário idêntico ao de Latrell, dando sopa por aí. Damon Stoudamire precisa sair de Portland. Para o bem dele e do próprio time, que não o suporta mais. Gostar de confusão, aliás, é pré-requisito para se tornar um Trailblazer. Rasheed Wallace, como bom líder, sempre dá o exemplo: pegou na semana passada um gancho de sete jogos por ameaçar um árbitro na saída do ginásio.
O Chicago Bulls também tem sua oferta imperdível. Jamal Crawford, coitado, só falta pendurar no pescoço uma plaquinha de “Vende-se”. Papo antigo. Mas a imprensa garante que de agora não passa. Em breve, o calouro Jay Williams terá um novo reserva. A louvável intenção é trazer alguém mais experiente para ensinar os truques da NBA ao garoto, que segue desmentindo boatos sobre sua possível saída da cidade.
O veterano Tyrone Hill vem sendo anunciado de forma insistente pelo Cleveland. Está aí uma boa pedida para quem enxerga os playoffs no horizonte e quer reforçar a ala, mesmo que seja para o banco. Especula-se ainda que Darius Miles e Ricky Davis dificilmente continuarão vestindo o mesmo uniforme. Quem sai? Davis é um dos poucos que se salvam nos Cavs, mas negociar Miles seria admitir o fracasso da troca envolvendo Andre Miller e o Los Angeles Clippers.
Hill não é o único velhinho disponível. A diretoria do Philadelphia 76ers não poupa esforços para se desfazer de Derrick Coleman, que não correspondeu às expectativas do técnico Larry Brown. O mesmo vale para Kenny Anderson em Seattle. O reserva de Gary Payton está descontente e pode dar lugar a um armador iniciante.
Em Miami, a movimentação é mais complexa. A tática do técnico-presidente Pat Riley é soltar no mercado Eddie Jones (para o Chicago?) ou Brian Grant (para o Dallas?) e pegar um atleta que esteja no último ano de seu contrato. Ao fim da temporada, com folga na folha de pagamento, seria mais fácil fazer uma oferta de peso por Jason Kidd ou Tim Duncan, que terão passe livre. Que tal?
Aos dirigentes mais desesperados, resta dar plantão ao lado do telefone e esperar o que o futuro próximo lhes reserva. Até 20 de fevereiro, todo dia é dia de feira.
(Foto – Nathaniel S. Butler/NBAE)
25.1.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Hakeem não vai dar aulas particulares a Ming
TUTOR DE LUXO - Hakeem Olajuwon recusou educadamente o convite do técnico Rudy Tomjanovich para visitar os treinos dos Rockets e dar breves aulas a Yao Ming, que foi confirmado como pivô titular do Oeste no All-Star Game. Não se trata de má vontade, e sim de uma providencial dose de cautela para evitar um incômodo ético. Apesar de estar aposentado na prática, o pivô nigeriano, bicampeão pelo Houston, ainda mantém seu contrato em vigor com o Toronto Raptors, o que poderia causar um ligeiro conflito diplomático.
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DESPEDIDA FRUSTRADA - O limitado Marcus Fizer teve ontem sua noite de estraga-prazer. O ala marcou 17 de seus 18 pontos no último período e garantiu a vitória dos Bulls contra o Washington Wizards de Michael Jordan, que jogou pela última vez em Chicago. Para o ídolo, o canto do cisne no United Center teve muita emoção e pouco rendimento. Antes da partida, ele segurou o choro ao receber da torcida quatro minutos seguidos de aplausos entusiasmados. Em quadra, como se quisesse retribuir a homenagem, marcou apenas 11 pontos e errou 10 de 14 arremessos tentados.
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1 x 5 - Também na rodada de ontem, Paul Pierce quase conseguiu a proeza de marcar mais pontos que todo o time do Denver Nuggets. Foram 45 do jogador, 13 abaixo do placar construído pelo adversário. Sem a ajuda do lesionado Antoine Walker, o líder do Boston Celtics esteve impecável na vitória por 77-58. Apesar da irregularidade, a equipe se mantém firme na quarta colocação do Leste, o que lhe garante mando de quadra no primeiro round dos playoffs.
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CADÊ? - O francês Antoine Rigaudeau ainda está devendo. E muito. Após quatro jogos pelo Dallas Mavericks, o armador marcou um total de... dois pontos. Ontem, contra os Knicks, atuou nove minutos e sequer chegou a tentar uma cesta. Apontado como a peça que faltava na engrenagem calibrada do Dallas, o europeu já virou motivo de chacota entre os colegas. Após o embate com o Phoenix Suns, o armador Cuttino Mobley não economizou veneno: “Um lixo. Ele não tem mobilidade. O que conseguiu mostrar até agora? Que é capaz de errar um monte de arremessos? Para isso, era melhor pegar um americano mesmo.”
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MARRA - O garoto Lebron James não está disposto a gastar seu basquete prodígio no lanterninha Cleveland Cavaliers, caso seja escolhido pelo clube no próximo draft. Esta semana, o jornal Plain Dealer revelou que ele pode não assinar contrato com a equipe em protesto pela recente demissão do técnico John Lucas, de quem é amigo pessoal. Se realmente tomar essa decisão, James pode voltar no draft da temporada seguinte. E lá se vai mais um ano de expectativa.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
É triste ver David Robinson com a pífia média de 9 pontos por partida, maltratado por dores crônicas nas costas. Em sua última temporada, lá está ele novamente na lista de contundidos do San Antonio Spurs.
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Parece que agora vai. Se não houver outro revertério, Vince Carter retorna às quadras amanhã, quando o Toronto Raptors recebe o Sacramento Kings.
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No mês passado, Shaquille O’Neal se casou. Esta semana, Kobe Bryant virou papai. Mas nem o clima-família tem ajudado a turma de Los Angeles, que perdeu três das últimas quatro e agora enfrenta, fora de casa, Phoenix e Sacramento.
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Aliás, sabe aquela falta flagrante de Shaq em Steve Francis, que rendeu polêmica na semana passada? Pois a direção da NBA admitiu (com um bocado de atraso) que houve um certo “exagero” dos juízes. E aí, como fica?
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(Foto - Bill Baptist/NBAE)
24.1.03
NAS MÃOS DO PROFESSOR
Hubie Brown (à esquerda) mostra resultados
à frente do Memphis, dirigido por Jerry West
Durante o desastroso início de campeonato, com 13 derrotas seguidas, o Memphis Grizzlies cultivava uma certa alegria enrustida. Afinal, cabe ao lanterna da NBA a maior chance de ficar com a primeira escolha do próximo draft, o que significaria incluir em suas fileiras o fenômeno adolescente Lebron James, apontado como gênio precoce do basquete americano. O presidente Jerry West, que até então vivia em lua-de-mel com o fracasso, resolveu estragar tudo com apenas um telefonema.
Em novembro, após demitir o técnico Sidney Lowe, ele ligou para Hubie Brown e o contratou para o posto de salvador da pátria. A tática chegou a ser vista como um movimento suicida pró-Lebron. Apesar de vitorioso no passado, Brown não comandava uma equipe desde 1986. Era uma incógnita e acabou dando certo. Beirando os 70 anos, o professor ranzinza de cabelos brancos começou a salpicar triunfos em meio às seqüências de derrotas.
Chegar aos playoffs não passa de utopia, claro. Mas o Memphis já abandonou o rodapé da tabela há muito tempo. No caminho, bateu adversários de peso como Phoenix, Houston e San Antonio. Ontem à noite, vendeu caro o placar de 104-98 para o líder Sacramento.
Em 2003-2004, o técnico terá em mãos um material de alto nível para exercitar seus dotes de estrategista. Mesmo que não seja o primeiro do draft, West provavelmente vai pescar entre os universitários outra peça valiosa para o elenco, que apesar de jovem reúne talento suficiente para pintar um futuro otimista.
Jason Williams voltou a jogar bem e Pau Gasol se firmou como líder da equipe. Gordan Giricek e Drew Gooden são pérolas da atual safra de calouros. Shane Battier, Lorenzen Wright e Stromile Swift cumprem papel razoável no garrafão, enquanto Wesley Person segue afiado nos arremessos de longa distância. Só falta o habilidoso Michael Dickerson se recuperar da contusão. A partir daí, basta embrulhar todo mundo em jornal velho e esperar amadurecer, como se faz com as frutas. Brown, então, terá motivos de sobra para voltar a ser um vitorioso.
(Foto - NBA.com/Grizzlies)
23.1.03
A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO
Samake e Oyedeji são expoentes da nova
geração de africanos no basquete da NBA
A invasão dos iugoslavos na NBA é tão feroz que Vlade Divac já pensa em jogar para o alto sua aposentadoria pela seleção, de olho nas Olimpíadas de 2004. O pivô do Sacramento Kings tem nove compatriotas na liga, incluindo seu companheiro de time Peja Stojakovic e os promissores Pedrag Drobnjak, Vladimir Radmanovic, Marko Jaric e Zeljko Rebraca. Países como Canadá, Espanha, Alemanha e China também se orgulham de seus representantes.
À margem da galeria de astros internacionais, existe um grupo discreto, que ainda engatinha, mas agradece a oportunidade de aprender mais um pouco a cada noite. Sem pressa, a África segue firme na missão de conquistar seu espaço no basquete americano.
É impossível falar do continente negro sem louvar craques como Hakeem Olajuwon (da Nigéria) e Dikembe Mutombo (do Congo, ex-Zaire). Mesmo que a análise recaia sobre as estrelas emergentes, lá está Michael Olowokandi, nigeriano criado na Inglaterra. Abaixo de todos eles, há uma nova geração de africanos trilhando um caminho cheio de pedras. São garotos conscientes de que não chegarão longe, mas obstinados em limpar o terreno para os próximos que cruzarem o oceano.
Pouca gente sabe, mas a NBA abriga outro atleta da Nigéria, além de dois do Senegal, um de Camarões e um da República de Mali. Nem todos vieram direto da África para a liga americana, mas a simples presença da turma já é o bastante para celebrarmos a globalização do esporte.
Destes cinco atletas (todos pivôs), o que teve maior exposição até agora foi Soumalia Samake, de Mali, que jogou em New Jersey no ano passado e vinha dando expediente como reserva de Shaquille O’Neal. Pena que sua média de pontos tenha ficado em 1.4, o que lhe rendeu recentemente a dispensa do Los Angeles Lakers.
O mais bem sucedido é o senegalês Mamadou N’diaye, há três anos no Toronto Raptors. Jogando 17 minutos e marcando 5.5 pontos por jogo, ele faz o que pode para ajudar a combalida equipe treinada por Lenny Wilkens. Seu conterrâneo DeSagana Diop, mais azarado ainda, atua pelo lanterna Cleveland Cavaliers e não chega a anotar 2 pontos por noite. Sofrem da mesma carência ofensiva o nigeriano Olumide Oyedeji (transferido este ano de Seattle para Orlando) e o camaronês Ruben Boumtje-Boumtje, calouro no Portland Traiblazers.
A performance, no entanto, é o que menos importa. Mesmo sem fazer bonito, os novos africanos acumulam experiência e mantêm vivo o nome do continente em quadras americanas. Parecem ter aprendido bem a lição de Olajuwon e Mutombo.
(Fotos - NBA.com)
22.1.03
UM PIVÔ ISOLADO
Sozinho no fraco garrafão dos Knicks,
Thomas se esforça sem recompensa
Sujeito azarado, esse Kurt Thomas. Depois de sete anos, quando finalmente resolveu jogar basquete, levou uma rasteira do próprio time. Seus 14 pontos e 9 rebotes por partida escoam pelo ralo noite após noite, porque simplesmente não há sombra de talento ao seu lado. No garrafão do New York Knicks, ele trabalha sozinho. Nem adianta procurar companhia, a não ser lá perto da linha de três, onde passeiam Latrell Sprewell e Allan Houston. Embaixo da cesta, Thomas não enxerga nada que preste, por mais que force seus olhos esbugalhados.
A solidão deve se agravar logo mais, quando o pivô recebe a visita do Denver Nuggets. Pela primeira vez, a torcida que freqüenta o Madison Square Garden vai conferir de perto o que perdeu ao vaiar Nenê Hilario na noite do draft. De uma só tacada, foram para Denver o calouro brasileiro e o titular Marcus Camby (que não joga hoje). Em troca, o New York recebeu Antonio McDyess, que até seria um excelente parceiro para Thomas, se não estivesse de molho há quatro meses por conta de uma cirurgia no joelho.
Entre mortos e feridos, quem acabou ganhando a vaga foi o burocrático Othella Harrington, autor de apenas 6 pontos por jogo. Se nem ele consegue superar a média de Nenê (9.4), muito menos os reservas Clarence Weatherspoon, Travis Knight e Michael Doleac. Os frutos da incompetência não param de surgir. O mais recente veio na segunda-feira, quando o time derrotou o Miami Heat. A partida igualou o triste recorde histórico do menor número de pontos marcados no primeiro tempo (57). A caminho do vestiário, Sprewell resumiu a ópera: “Queime a fita com esta gravação, ninguém vai querer ver isso de novo.”
O desespero dos Knicks é tanto que a equipe briga agora para contratar o veterano Stanley Roberts, reintegrado este mês à NBA após quatro anos de suspensão por uso de drogas. Velho, com problemas de peso e dono de um longo retrospecto de lesões, Roberts só pode ser solução na ótica de uma diretoria derrotada, que não quis peitar a torcida e mandou embora uma jovem promessa. Azar o deles.
(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)
21.1.03
ENTERRADAS PARA BOI DORMIR
Richardson vai defender o título num
torneio desde já fadado à monotonia
Spud Webb saltando como se tivesse um foguete preso às costas? Michael Jordan voando rumo à cesta? Vince Carter desfilando um incrível repertório de malabarismos? Nada disso. No dia 8 de fevereiro, durante o torneio de enterradas que antecede o All-Star Game, o público de Atlanta vai ter de se contentar com Jason Richardson, Desmond Mason, Richard Jefferson e Amare Stoudemire. A escalação, divulgada ontem, traduz a falta de prestígio de um evento que antigamente era aguardado com ansiedade pelos fãs do basquete.
Os quatro são ótimos jogadores, mas (salvo algum trunfo de Stoudemire) a edição de 2003 tem tudo para ser tão enfadonha como a de 2002. O que se viu no ano passado foi uma seqüência patética de tentativas frustradas, erros bisonhos e movimentos pobres de inspiração. Na última hora, Richardson reeditou uma cravada clássica de Dominique Wilkins e ficou com o título, derrotando Gerald Wallace, Steve Francis e Desmond Mason (que agora tenta a revanche).
Mason, por sinal, virou figurinha fácil na disputa. Foi campeão em 2001, dando início a uma fase de poucos atrativos e concorrentes sem expressão. Já se vão três anos desde o último momento de glória, quando Vince Carter só não fez chover no ginásio dos Warriors, time que abriga Richardson hoje em dia. A época de ouro repousa no passado há quase duas décadas.
Com menos de 1m70, Spud Webb embolsou a taça de 1986 após se lançar a alturas inacreditáveis diante dos torcedores de Dallas. Em 1988, foi a vez de o melhor jogador da história também desafiar a física. Diante de quase 20 mil pessoas no antigo Chicago Stadium, Jordan se projetou da linha do lance-livre até o aro. A enterrada lendária, à la Julius Erving, selou a vitória no memorável duelo contra Wilkins.
Sem querer abusar do saudosismo, não encontro na versão 2003 (assim como nas duas anteriores) nenhum resquício desse festival de talentos. Deposito então minhas parcas esperanças no jovem Stoudemire, torcendo para ele tirar da cartola algo capaz de nos transportar de volta aos tempos em que reinava o espetáculo.
(Foto - Chris Covatta/NBAE)
20.1.03
UM DÉCIMO DE POLÊMICA
Reggie Miller abraça Jermaine O’Neal,
autor da cesta da discórdia no sábado
Quando a bola saiu das mãos de Jermaine O’Neal, restava menos de um segundo para o fim do jogo entre Indiana Pacers e Detroit Pistons. Pelo menos era isso que o relógio marcava. Na prática, entretanto, faltavam longos 17 minutos. Foi esse o tempo que o trio de arbitragem gastou analisando o replay do lance antes de confirmar a validade da cesta. Com os dois pontos creditados, o Indiana venceu o duelo entre os melhores times da divisão Central. Quem perdeu, na verdade, foi a própria NBA.
O episódio serviu como prova de fogo para a nova resolução da liga, que liberou o uso do replay nos instantes finais das partidas (assim como já acontecia no hockey e no futebol americano). A experiência de sábado não poderia ser mais desastrada. O’Neal não sabia se comemorava ou não com a torcida. Reggie Miller se ajoelhou em frente ao aparelho de TV que exibia o lance na beira da quadra. Diante da indecisão dos juízes, o armador se levantou e começou a se aquecer para uma possível prorrogação.
O mais grave é que a regra prevê um limite de apenas dois minutos para a arbitragem tomar sua decisão. Mas Joe DeRosa, Jess Kersey e Courtney Kirkland não chegavam a um consenso de jeito nenhum. Quando o Indiana pôs a bola em jogo, faltavam 24.1 segundos. O Detroit reclamou que o arremesso teria saído antes da sirene final, mas depois de zerado o shot clock. Ou seja, uma delicada diferença de um décimo.
Por mais difícil que seja o veredicto, é inconcebível que os juízes retardem o destino de um jogo por 17 minutos (tempo de sobra, inclusive, para se disputar um período extra). O vice-presidente da NBA, Stu Jackson, não gostou do que viu e prometeu uma advertência ao trio. Tudo deve terminar com um bom papo. Por enquanto, está descartado qualquer tipo de punição aos homens de cinza. Em todo caso, convém a eles treinar o olho para futuros embates com monitores de TV.
(Foto - Ron Hoskins/NBAE)
19.1.03
OS REIS EM BUSCA DA COROA
Por maiores que sejam os oponentes,
Webber e os Kings perseguem o título
Na noite de sábado, o Sacramento Kings saiu da rotina. Em Los Angeles, contra os Clippers, a equipe experimentou o raríssimo sabor da derrota. Até que se prove o contrário, foi apenas um acidente. O adversário de amanhã é o Golden State Warriors, prato cheio para recolocar a turma de Chris Webber nos trilhos que levam ao título da NBA. Diante da campanha quase perfeita do Dallas Mavericks, carimbar no uniforme dos Kings o rótulo de favorito pode soar precipitado. Ainda assim, vale assumir o risco. Até agora, o segundo melhor time da liga foi o que mais mostrou veia de campeão.
Nas últimas três temporadas, o sonho esbarrou em Shaquille O’Neal e Kobe Bryant, mestres em eliminar o Sacramento nos playoffs. Mas a péssima fase que os Lakers atravessam este ano parece ter ligado o alarme: é agora ou nunca, e que não venha o Dallas estragar a festa.
Os problemas vão sendo superados, um a um. Contusões vieram aos montes, mas não tiveram efeito na tabela de classificação. Em menos de três meses, o técnico Rick Adelman usou uma dezena de escalações diferentes. Não importa. As vitórias continuam saindo como se nada tivesse acontecido. O armador Mike Bibby, com o pé quebrado, viu do banco as primeiras 27 partidas. E o time venceu 21 delas.
O joelho de Webber e o tornozelo de Peja Stojakovic também causaram desfalques. Para completar, os dois melhores reservas se encontram hoje no estaleiro. Bobby Jackson fraturou a mão e vai ficar um mês fora. Scot Pollard, com uma lesão nas costas, está ausente há mais de 30 jogos e não sabe quando volta.
Dessa trajetória cheia de percalços, podemos pescar três momentos que justificam o otimismo em relação ao futuro. O primeiro foi em Los Angeles, no Natal. O triunfo sobre os Lakers reforçou a confiança para um possível embate nos playoffs e ainda calou o falastrão O’Neal, que havia se referido ao adversário-freguês como Sacramento Queens. No último dia 9, a escala foi em New Jersey. Os Nets de Jason Kidd, líderes da conferência Leste, foram atropelados em seu ginásio, perdendo por quase 40 pontos de diferença. A trilogia se completou esta semana, no aguardado confronto contra os Mavericks. Jogando em casa, Webber, Bibby e Stojakovic não deixaram pedra sobre pedra. Foram brilhantes na vitória arrasadora por 123-94.
Com essas três performances no currículo, o Sacramento reúne credenciais de sobra para conquistar a coroa da NBA. Nome de rei o time já tem. Resta agora tomar posse do trono.
(Foto - Bill Baptiste/NBAE)
18.1.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Steve Francis dominou as ações em Houston
BAIXINHO INTRUSO - No duelo entre Shaquille O’Neal e Yao Ming, deu Steve Francis. Enquanto os gigantes trombavam embaixo do aro, o fantástico armador tomou conta do jogo e comandou o Houston Rockets na vitória por 108-104. Francis anotou 44 pontos (melhor marca de sua carreira) e 11 assistências. Fez a cesta de três que mandou a batalha para a prorrogação e encerrou a noite com uma finta em Kobe Bryant e um passe incrível que Ming completou com uma enterrada. Nos segundos restantes, a partida agonizou em faltas e lances-livres de lado a lado. O pivô chinês começou inspirado, dando três tocos em Shaq nos primeiros três minutos. Terminou com 10 pontos, 10 rebotes e 6 bloqueios. O’Neal marcou 31 pontos e pegou 13 rebotes, mas voltou para casa derrotado.
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AZAR - Após vários meses parado por conta de uma cirurgia no quadril, Marcus Camby fez ontem sua estréia pelo Denver Nuggets. Ao que parece, as nuvens negras ainda não foram embora. Em seu primeiro lance, 17 segundos após o tapinha inicial, ele pisou no pé de Zydrunas Ilgauskas e torceu o tornozelo direito. Foi para o banco e voltou à quadra no segundo quarto. Jogou apenas sete minutos, marcou cinco pontos e pegou três rebotes. Pelo menos a partida foi contra o lanterna Cleveland Cavaliers, o que facilitou a vitória do Denver por 97-80. Camby jogou como ala, o que garantiu a Nenê Hilario a posição de pivô titular. O brasileiro, no entanto, decepcionou. Com apenas seis pontos, não deu seqüência à boa fase que vinha atravessando.
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CARONA - A grandiosa votação de Vince Carter para o All-Star Game vem gerando seguidos protestos da crítica, já que o ala do Toronto Raptors, contundido, jogou apenas 10 partidas nesta temporada. Mas há uma explicação que vai além da simpatia de americanos e canadenses. Durante as férias, o atleta fez uma viagem à China e ganhou reconhecimento por lá. Ou seja, boa parte da massa oriental que votou em Yao Ming para pivô do Oeste marcou o nome de Carter como ala do Leste. Assim ficou fácil.
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PROCURA-SE - Um Andrew DeClercq incomoda muita gente. Um Shawn Kemp gordo incomoda muito mais. Ciente de que seu garrafão anda mal freqüentado, o Orlando Magic saiu à caça de um pivô. O alvo preferido é Kwame Brown, do Washington, que também interessa a Chicago e Atlanta. Se não der certo com ele, serve seu companheiro de time Brendan Haywood. Como terceira opção, a diretoria sonda Nazr Mohammed, dos Hawks. Pensando bem, até que DeClercq e Kemp quebram um galho...
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O Dallas Mavericks finalmente assinou com o francês Antoine Rigaudeau. O armador estréia amanhã, contra os Sonics, em Seattle.
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Velho amigo das lesões, Grant Hill pode ser poupado até o início dos playoffs. A idéia do descanso prolongado é do técnico do Orlando, Doc Rivers.
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Ao contrário do que diz a central de boatos, o calouro Jay Williams jura que não quer deixar o Chicago Bulls.
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Do jeito que a coisa vai, Michael Jordan ainda acaba entrando na lista dos candidatos a MVP.
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(Foto - Bill Baptist/NBAE)
17.1.03
ENFIM, A BATALHA
Yao Ming terá Shaquille O'Neal pela frente
Esta noite, quando a bola subir para o embate entre Lakers e Rockets, a NBA provavelmente vai testemunhar o nascimento de um novo clássico. Não pelos times, carentes de rivalidade para isso, mas pelo clima de guerra instalado entre dois jogadores. Que ninguém se atreva a apartar Shaquille O’Neal e Yao Ming.
Há uma dezena de outros atrativos na rodada, incluindo um Dallas x Phoenix, mas é como se não houvesse mais nada. Todos os olhos estarão voltados para o Compaq Center, em Houston. Mais precisamente para a área pintada embaixo da cesta. O garrafão será pequeno para os dois pivôs, que carregam motivos de sobra para incendiar a batalha individual mais aguardada dos últimos tempos.
Tudo começou em Los Angeles, no dia 17 de novembro de 2002. Vestindo trajes de passeio, um O’Neal contundido viu do banco a primeira grande atuação do pivô chinês na liga americana. Foram 20 pontos fundamentais para a vitória dos Rockets por 93-89.
Quando Shaq voltou à ativa, o estrago já estava feito. Os Lakers se afogavam em crise e Ming se aprimorava rapidamente, conquistando a simpatia popular. Com a ajuda valiosa dos conterrâneos fanáticos, que votaram em peso, o calouro tomou do veterano o posto de titular no All-Star Game. Se não houver um milagre de última hora, o maior astro da NBA na era pós-Jordan vai amargar a inédita reserva na seleção do Oeste.
Obviamente, O’Neal não ficou nada satisfeito quando a imprensa começou a questioná-lo sobre o assunto. Na semana passada, diante da evidente qualidade alheia, caprichou no falso mandarim e exercitou sua veia debochada contra o rival do Oriente: “Digam a Ming que hing-chong-yang-wah-ah-soh.” A declaração repercutiu mal na China, que acusou de racismo o craque do Los Angeles. Shaq cuidou da própria defesa e jurou que só estava brincando. O próprio Yao lançou panos quentes na polêmica, dizendo que não se sentia ofendido.
Mas não adiantou. O tumulto já estava criado. E os jornais americanos, que não são bobos, passaram a vender a partida de hoje como o maior acontecimento da temporada até agora. Ninguém mais se lembra que, há menos de 48 horas, o Sacramento massacrou o Dallas no confronto entre os dois melhores times do ano. Tudo agora é passado. De uma ponta à outra do planeta, ninguém quer perder o desafio nos garrafões do Texas.
Aqui deste canto, sei que o armário da Califórnia é muito mais jogador. Mas confesso que, apenas hoje, minha pele estará levemente amarelada e meus olhos, um tanto puxados.
(Fotos - NBA.com)
16.1.03
MUDANÇA À VISTA NO ALTO CLERO
Em Indiana, todo mundo quer Payton,
exceto Tinsley, que iria para Seattle
A cartolagem segue inquieta. Até 20 de fevereiro, está liberado o troca-troca entre equipes da NBA. Até agora, pouco se especulou sobre transações de peso, daquelas que mudam os rumos da liga. Mas os boatos da semana que passou deixaram claro: tem gente da elite disponível na praça.
Mais cedo do que se pensa, Gary Payton pode encerrar um ciclo de 12 anos em Seattle. O armador ganha passe livre ao fim do campeonato, mas deve fazer as malas antes. O presidente dos Sonics, Wally Walker, se dispôs a ouvir (apenas ouvir, por enquanto) cada um dos clubes interessados. O mais ansioso deles é o Indiana Pacers, que ensaiou a primeira abordagem ainda em meados de 2002. Na época, a proposta envolvia o ala Austin Croshere.
Hoje a moeda oferecida seria o jovem promissor Jamaal Tinsley. Rebaixado à reserva na semana passada, ele entrou na lista de negociáveis do técnico Isiah Thomas. Mas já voltou à posição de titular, recuperou o prestígio e dificultou novamente a transação.
Payton está no último de seus sete anos de contrato. Se mudar de cidade ao fim da temporada, o jogador abre um vazio de US$ 12 milhões na folha salarial do Seattle, mas não garante um nome de peso para ocupar a vaga de líder da equipe. É esse clima de insegurança que aumenta as chances de uma troca até a data limite.
Se o destino for mesmo Indianapolis, a mudança será da água para o vinho. Enquanto a turma de Tinsley vem numa série de cinco vitórias e corre para chegar à final do Leste, os Sonics não vencem há cinco jogos e ocupam a incômoda décima colocação do Oeste. Só conseguem ficar à frente do quarteto Warriors-Clippers-Grizzlies-Nuggets, que nunca abandona o rodapé da conferência.
(Foto - Jeff Reinking/NBAE)
15.1.03
A GÊNESE DO CRAQUE
Shawn Marion: pronto para estourar
Diante de atuações cada vez mais impressionantes, torna-se irresistível a tentação de louvar as habilidades do calouro Amare Stoudemire. Então aqui está: vindo direto do high school, o garoto marca pontos e pega rebotes como se fosse um veterano. Vai disputar o torneio de enterradas no All-Star Weekend e desde já merece ser eleito novato do ano. Pronto. Está falado. Feita a homenagem, vamos agora ao verdadeiro responsável pela escalada avassaladora do Phoenix Suns.
Aos 24 anos, Shawn Marion resolveu mostrar o fino de seu basquete. Uma vez tomada esta decisão, ninguém mais consegue segurá-lo.
Bom ele já era há algum tempo, mas agora parece ter atingido a maturidade que lhe credencia a circular pelo salão nobre da NBA. Neste clube fechado, ainda é visto com certa desconfiança. Marion é um dos melhores e mais injustiçados jogadores da liga. Tanto que os festejos da imprensa e da torcida só recaem sobre ele quando se esgotam os (merecidíssimos) elogios a Stoudemire e Stephon Marbury.
Que me desculpem o calouro-prodígio e o invocado armador, mas a locomotiva do Phoenix é o rapaz de barba rala que veste a camisa 31. Desde a estréia, em 1999, Marion só viu crescer sua pontuação. Os 10.2 pontos por jogo do primeiro ano saltaram para os 21 que hoje lhe conferem o cargo de cestinha do time. Para completar, o ala está entre os dez melhores da temporada tanto em rebotes (9.2) como em roubadas de bola (2.1).
Quer mais? Então anote. Dono de um físico respeitável, ágil e imprevisível quando tem a quadra aberta pela frente, Marion se destaca ainda como um dos pilares da defesa dos Suns. Está se tornando um atleta completo. Pelo conjunto da obra, torna-se quase urgente sua primeira aparição num All-Star Game. Don Nelson, que deve treinar a seleção do Oeste em fevereiro, tem em mãos a chance de fazer justiça.
(Foto - Barry Gossage/NBAE)
14.1.03
TRISTE FIM
Vin Baker caiu no ostracismo
Em 1997, quando Ray Allen ainda despontava como calouro em Milwaukee, Vin Baker envergava o uniforme dos Bucks e mantinha a respeitável média de 21 pontos e 10 rebotes por partida. Naquela época, era um dos melhores alas da NBA e freqüentava o All-Star Game ano após ano. De lá para cá, muita coisa mudou. Para pior.
Na última sexta-feira, Baker viu do banco a derrota do seu Boston Celtics para o Dallas Mavericks. Sequer chegou a tirar o agasalho. Foi o único jogador não utilizado pelo técnico Jim O’Brien, fato que quase o levou às lágrimas. No papo com a imprensa após o jogo, os olhos cheios d’água evidenciavam a tristeza. “Nosso treinador optou pela escalação que julgava ser capaz de vencer”, resignou-se. “Foi decepcionante, já que eu não tive a chance de ajudar.”
Ainda na pré-temporada, o Boston mandou o armador Kenny Anderson para o Seattle Sonics e recebeu Baker em troca. Não deu certo. O ala não correspondeu, passou para a reserva e hoje amarga, em média, 5.6 pontos e 4.1 rebotes. Por outro lado, Anderson levou seus 11 anos de experiência para outra vizinhança e o vazio não foi devidamente preenchido por atletas medianos como Tony Delk e Shammond Williams.
Resultado: o piano nas costas de Paul Pierce e Antoine Walker ficou bem mais pesado. Apesar de se manter como o quarto melhor do Leste, o time não consegue esconder o declínio de qualidade. Nas últimas semanas, perdeu muito mais do que venceu. Só não escorregou na tabela porque os concorrentes diretos, Philadelphia e New Orleans, atravessam fase ainda pior. Em todo caso, convém abrir o olho.
(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)
13.1.03
A PIOR DAS DÚVIDAS
Brandon não sabe se volta às quadras
Há dez meses, Terrell Brandon mal encosta o pé no chão. Uma complicada cirurgia no joelho direito jogou no estaleiro o habilidoso armador do Minnesota Timberwolves e tornou nebuloso seu futuro na NBA. Aos 32 anos, ele não faz idéia de quando voltará às quadras. Se é que um dia voltará. Na semana passada, emergiu do mar de especulações uma declaração preocupante, apesar de aparentemente bem intencionada.
“Do ponto de vista da vida pessoal, estamos felizes por ele e esperançosos por uma recuperação rápida que o permita andar. Do ponto de vista do basquete, ele nos deu a entender que está tudo encerrado. Nós apoiamos sua decisão.”
O autor da frase, estampada no jornal St. Paul Pioneer Press, é o companheiro de time Kevin Garnett. As palavras do capitão dos Wolves mereceram resposta imediata. O próprio Brandon veio a público, desta vez no Star Tribune, de Minneapolis, e garantiu que ainda não tomou nenhuma decisão quanto à possível aposentadoria.
“Garnett está dando sua opinião e eu a respeito. Mas até que eu e [o dirigente] Kevin McHale digamos alguma coisa, tudo continua como sempre. Não quero as pessoas especulando sobre mim só porque meu capitão fez um comentário”, disse o armador, que prometeu só voltar quando (e se) atingir 100% de suas condições físicas.
A reabilitação do joelho seguia bem, mas uma recaída em agosto devolveu o processo à estaca zero. Afora o drama pessoal, é inegável que o Minnesota ficou em maus lençóis com a ausência do jogador, conhecido por errar pouco em quadra. Até agora, a equipe não conseguiu repor tamanha eficiência. Troy Hudson, Rod Strickland e Igor Rakocevic vêm se revezando na posição, mas nenhum deles chega aos pés de Brandon. Vale torcer para o tempo não dar razão a Garnett.
(Foto - David Serman/NBAE)
12.1.03
DE OLHO NO ALL-STAR GAME
Kobe é titular no Oeste. Shaq deve ficar no banco
Falta pouco mais de uma semana para a NBA anunciar os titulares das duas conferências para o All-Star Game, que será disputado no dia 9 de fevereiro, em Atlanta. A escolha é feita pelo público do mundo inteiro via internet, terreno em que a paixão manda mais que a ciência. A parcial divulgada esta semana mostra que o pleito está quase decidido. Se a disputa terminasse hoje, as escalações seriam as seguintes:
OESTE
Yao Ming (pivô/Rockets)
Tim Duncan (ala/Spurs)
Kevin Garnett (ala/Timberwolves)
Kobe Bryant (armador/Lakers)
Steve Francis (armador/Rockets)
LESTE
Ben Wallace (pivô/Pistons)
Jermaine O’Neal (ala/Pacers)
Vince Carter (ala/Raptors)
Tracy McGrady (armador/Magic)
Allen Iverson (armador/76ers)
Sentiu falta de alguém? Então dê uma olhada numa fictícia seleção de ausentes: Shaquille O’Neal, Chris Webber, Dirk Nowitzki, Michael Jordan e Jason Kidd. Que tal? É claro que, se não entrarem como titulares, eles certamente estarão no banco. Só isso já comprova a tese de que é impossível criar qualquer lista sem uma boa dose de polêmica. Numa hora dessas, não dá para ficar em cima do muro.
Para começo de conversa, Ming no lugar de Shaq é uma espécie de aberração técnica. Nem mesmo a crise em Los Angeles encurta o abismo que há entre os dois. A injustiça, no entanto, carrega um delicioso sabor de “bem feito, dr. O’Neal”. Depois de achincalhar publicamente os companheiros de time e desprezar a seleção americana de forma arrogante e mal-educada, o pivô dos Lakers estará humildemente sentadinho ao início da partida.
A briga dos alas no Oeste envolve quatro cachorros grandes. Garnett vem tendo uma temporada fantástica e merece lugar na equipe. Duncan também está fazendo bonito, mas bem que poderia ceder sua vaga para Nowitzki, líder do melhor time da liga, o Dallas Mavericks. Correndo por fora na votação apertada está o igualmente ótimo Chris Webber.
Na armação, Kobe é incontestável. E Francis está no auge de sua carreira. Os dois pairam muito acima de concorrentes como Steve Nash e Mike Bibby.
Passemos então ao Leste, onde bom pivô é artigo raro. Por isso Wallace reina absoluto, não há o que discutir. Vince Carter é o segundo mais votado de toda a liga (só perde para Bryant), mas uma complicada contusão faz de sua presença uma incógnita. Ao seu lado na ala está Jermaine O’Neal, por quem confesso nutrir uma certa antipatia desde o vexame dos Estados Unidos no Mundial de Basquete. Prefiro Grant Hill (se estiver saudável) ou Antoine Walker.
A briga dos armadores promete. McGrady está garantido, ao contrário de Iverson, que tem uma dupla invocada em seu calcanhar. Jordan e Kidd são excelentes (principalmente o segundo), mas torço para que o astro do Philadelphia resista à pressão. Está jogando o fino e carrega um time inteiro nas costas.
Além dos reservas já citados, outros disputam um lugar no banco, preenchido de acordo com a vontade dos técnicos. No Oeste, que deve ser comandado por Don Nelson, estão no páreo jogadores como Gary Payton, Michael Finley, Shawn Marion, Antawn Jamison, Elton Brand, Karl Malone, Peja Stojakovic e Pau Gasol. No Leste, Byron Scott, Isaiah Thomas e Rick Carlisle disputam o cargo de treinador. Quem vencer poderá escolher Paul Pierce, Jamal Mashburn, Jerry Stackhouse, Ray Allen, Zydrunas Ilgauskas, Kenyon Martin, Ron Artest e Jalen Rose. Resta aguardar para ver o quão furadas são estas previsões.
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A festa das estrelas não se resume ao All-Star Game do dia 9. Na véspera, um sábado, os melhores calouros da primeira metade da temporada enfrentam a seleção de jogadores que estão no segundo ano de NBA. Com Yao Ming escalado para o evento principal, abre-se no time titular dos novatos uma vaga de pivô. É de Nenê Hilario e ninguém tasca. Uma boa atuação nesta partida pode dar mais visibilidade ao brasileiro, que segue em evolução notável e já chama a atenção da imprensa americana. O quadro deve ficar assim:
CALOUROS
Nenê Hilario (pivô/Nuggets)
Amare Stoudemire (ala/Suns)
Caron Butler (ala/Heat)
Dajuan Wagner (armador/Cavaliers)
Jay Williams (armador/Bulls)
Entre os reservas: Gordan Giricek (armador/Grizzlies), Marko Jaric (armador/Clippers), Drew Gooden (ala/Grizzlies), Carlos Boozer (ala/Cavaliers), Mike Dunleavy (ala/Warriors)
SEGUNDO ANO
Kwame Brown (ala-pivô/Wizards)
Pau Gasol (ala/Grizzlies)
Andrei Kirilenko (ala/Jazz)
Richard Jefferson (armador/Nets)
Tony Parker (armador/Spurs)
Entre os reservas: Jason Richardson (armador/Warriors), Gilbert Arenas (armador/Warriors), Tyson Chandler (ala/Bulls), Eddie Griffin (ala/Rockets), Shane Battier (ala/Grizzlies)
Stoudemire tem a faca e o queijo na mão para ser eleito o calouro do ano. Joga como gente grande e tem sido comparado a Alonzo Mourning. Giricek, melhor a cada partida, pode surpreender e tomar a vaga de Wagner ou Butler. A turma que já tem um ano de experiência conta com nomes de peso, como Gasol e Jefferson, mas a batalha deve ser equilibrada. Com Nenê tinindo, de preferência.
11.1.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Lembra-se dele? Foi preso de novo
O AMIGO DA LEI - No último domingo, o Rebote evocou o encrenqueiro Dennis Rodman no comentário sobre o rompante de Ron Artest, que destruiu um monitor de TV após uma derrota do Indiana Pacers. Pois o próprio Rodman, aos 41 anos, voltou ontem ao noticiário. Pela porta dos fundos, claro. O ex-jogador, tão vitorioso quanto polêmico em suas passagens por Detroit Pistons e Chicago Bulls, foi preso em Newport Beach, na Califórnia. Acusado de ter agredido uma mulher, o bad-boy nem chegou a esquentar lugar no xadrez. Pagou uma fiança de US$ 25 mil e voltou às ruas.
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FESTA DE NENÊ - A rodada de ontem foi agitada, com 28 times jogando e só o San Antonio Spurs de folga. Quatro partidas foram para a prorrogação e algumas zebras deram as caras. Uma delas, felizmente, foi o Denver Nuggets, que derrotou o Portland Trailblazers em noite de Nenê Hilario. Pela primeira vez na carreira, o brasileiro foi o cestinha do jogo. Em 40 minutos de atuação, anotou 20 pontos, 11 rebotes, quatro roubadas, três assistências e apenas uma falta. Para completar a festa, definiu o placar com uma enterrada a 37 segundos do fim. Levando em conta o retrospecto recente, podemos nos inflar de otimismo. Ao que tudo indica, Nenê finalmente engrenou.
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BALCÃO - A mais de um mês da data-limite para as trocas entre equipes, o New York Knicks não consegue conter a ansiedade. O gerente Scott Layden é o campeão dos rumores que circulam na imprensa. Se Latrell Sprewell vai mesmo sair, ninguém sabe. Ao que parece, a diretoria prefere esperar até 2004 para ver como ele se comporta ao lado de Antonio McDyess. Mas a lista de possíveis reforços é vasta. Para a armação, o maior sonho é Damon Stoudamire. O próprio jogador declarou que adoraria se transferir para Nova York, mas o salário anual de US$ 12 milhões que ele recebe em Portland pode azedar o negócio. Dois pivôs também estão na mira: Todd MacCulloch está sendo oferecido pelo Philadelphia e Raef LaFrentz, do Dallas, pode ser trocado por Kurt Thomas.
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FRANCÊS A CAMINHO - O francês Antoine Rigaudeau já deixou o Virtus Bologna, da liga italiana de basquete, e pode se apresentar ao Dallas Mavericks na segunda-feira. A negociação, anunciada no meio da semana, dependia de uma complicada quebra de contrato. Mas a rescisão já teria sido assinada por dirigentes dos dois times. Se tudo der certo, o armador estréia com um batismo de fogo, na quarta-feira, diante do Sacramento Kings.
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MOTORIZADO - Nome mais do que certo para primeira escolha do próximo draft, o colegial-prodígio Lebron James parece ter tomado umas lições com atletas emergentes do futebol brasileiro. O garoto, apontado por dez entre dez especialistas como futuro astro da NBA, anda circulando pelas ruas de Cleveland a bordo de um Hummer H2. Avaliado em US$ 116 mil, o carro tem três aparelhos de TV e um computador com joguinhos eletrônicos. Se instalar um banheiro, dá até para morar lá dentro. Segundo a imprensa local, os profissionais estão morrendo de inveja: no elenco dos Cavaliers, ninguém tem cacife para pilotar uma máquina dessas.
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JUSTO TRIBUTO - O veterano John Stockton, do Utah Jazz, anunciou esta semana que gostaria de disputar as Olimpíadas de Atenas pela seleção americana. A comissão técnica estuda com carinho sua inclusão na esquadra, que deve conquistar a medalha de ouro com um pé nas costas. Mais que uma prova de merecimento técnico, a convocação de Stockton (hoje com 40 anos) seria uma bela homenagem a um dos maiores armadores que a NBA já conheceu.
10.1.03
AFOGADO EM VAIAS
Ricky Davis sobe e Darius Miles se afunda
Na lanterna do campeonato, o Cleveland Cavaliers não pode reclamar dos protestos da torcida. Mas as vaias, que chegam a fazer eco no ginásio quase vazio, estão perturbando a cabeça do melhor jogador do time. Darius Miles está mal. Tanto na parte técnica como na psicológica.
No dia 27 de dezembro, o ala-armador foi vaiado ostensivamente por ter marcado apenas seis pontos na derrota para o Indiana Pacers. Trocado pelo promissor Andre Miller ainda na pré-temporada, Miles não engrenou com a camisa 21 dos Cavs. E já caiu na desgraça dos torcedores. No desespero, chegou a pedir para ser negociado, durante uma discussão com o técnico John Lucas.
Segundo a central de boatos da NBA, a diretoria já está tratando de atender o desejo do atleta. Miles pode ter como destino o Chicago Bulls, que continua ávido para se livrar de Jamal Crawford e Marcus Fizer (a troca envolveria apenas o primeiro, além de uma escolha futura no draft universitário). Como sempre, o assunto é tratado em sigilo absoluto.
Enquanto nada se resolve, resta lamentar a queda de rendimento do jogador justo agora que alguns companheiros começam a dar sinal de vida. Ricky Davis assumiu a liderança da equipe e se mantém firme com 23 pontos por partida (até o ano passado, a média de sua carreira era inferior a 10). Os garotos também vêm mostrando serviço: Dajuan Wagner é um dos melhores da safra de novatos e Carlos Boozer ocupa um lugar de destaque no elenco. Falta apenas alguém para comandar o jardim de infância. Com a má fase de Miles, o posto está vazio. Até segunda ordem.
(Foto - NBA.com)
9.1.03
MARTÍRIO CANADENSE
Nem Davis confia no Toronto Raptors
“Eu não respeitaria uma equipe como esta”. A frase foi usada pelo ala-pivô Antonio Davis para ilustrar a péssima fase do time que ele defende, o Toronto Raptors. Envergonhados atrás de 8 vitórias e 27 derrotas, Davis e seus colegas perderam os últimos 11 jogos e seguem despencando na tabela. A crise é tão grave que colocou em risco o cargo de Lenny Wilkens, o técnico mais vitorioso na história da NBA.
O astro Vince Carter, machucado desde o início de dezembro, deve voltar à ativa na sexta-feira, contra o New Jersey Nets. Mas não convém esperar dele a salvação da pátria. Nas dez partidas que disputou nesta temporada, o jogador esteve apenas razoável, com média de 19.2 pontos. “Sei que não estou 100%, mas posso contribuir”, disse ontem à imprensa. Os Raptors agradecem a boa vontade, mas não deve ser o suficiente para sair do buraco.
Há quem pense que, em vez de ajudar, Carter pode complicar ainda mais as coisas. O ala Keon Clark, que já esteve em Toronto e hoje defende o Sacramento Kings, não economizou o verbo e insinuou que o ex-companheiro costuma fazer corpo mole. “Ele quer reconhecimento, mas não luta por isso”, acusou.
O fato é que o elenco é ruim de doer. A equipe, que já teve Carter e Tracy McGrady juntos, hoje só tem o primeiro, enquanto o segundo tornou-se o melhor da liga em sua posição. Com a aposentadoria de Hakeem Olajuwon, a cozinha ficou entregue às baratas. Não se pode cobrar muito de Jerome Williams, Jelani McCoy, Eric Montross, Alvin Williams e Voshon Lenard. É uma turma de fazer Lenny Wilkens arrancar os últimos fios de cabelo.
(Foto - Allen Einstein/NBAE)
8.1.03
A CEREJA DO BOLO
O francês Rigaudeau deve reforçar o Dallas
Com 28 vitórias e 5 derrotas, o Dallas Mavericks reina absoluto na NBA. Em quadra, o time nunca esteve tão bem. O alemão Dirk Nowitzki mantém um double-double de média (22.2 pontos e 10.4 rebotes por jogo), fato inédito em sua carreira. Os números de Steve Nash e Michael Finley também evoluíram em relação aos últimos anos. Adrian Griffin se firmou entre os titulares e o veterano Nick Van Exel briga para ser eleito o melhor reserva do ano. Tudo perfeito? Quase.
Preocupada com a pouca experiência em playoffs (que sobra em rivais como Lakers, Blazers, Spurs e Jazz), a diretoria já tem a receita para atravessar a próxima fase com tranqüilidade: manter o elenco no limite da perfeição. Para atingir tal nível, ainda falta uma peça. E ela está no outro lado do oceano.
O alvo dos cartolas é o francês Antoine Rigaudeau, um dos maiores jogadores da Europa, acostumado a executar arremessos cirúrgicos com a facilidade de quem bebe um copo d’água. O armador de 31 anos, que levou seu país à medalha de prata nas Olimpíadas de 2000, tem contrato até o fim de 2004 com o Virtus Bologna, time da liga italiana. Mas a rescisão é questão de tempo. Pouquíssimo tempo.
A notícia foi divulgada ontem pelo jornal Dallas Morning News e ganhou repercussão em boa parte da imprensa esportiva americana. A chefia dos Mavericks ainda evita se aprofundar no assunto. “Não podemos falar nada agora, portanto, au revoir”, disse o presidente Donnie Nelson, despedindo-se em francês e dando a entender que há fogo por trás de toda essa fumaça.
(Foto - ESPN)
7.1.03
INFERNO ASTRAL EM ATLANTA
Os dirigentes negam a saída de Terry
No festival de profecias que antecedeu esta temporada, o Atlanta Hawks foi içado à elite da conferência Leste. E o otimismo fazia sentido. O time, que já contava com Shareef Abdur-Rahim, Theo Ratliff e Jason Terry, conseguiu, numa só cajadada, se livrar de Toni Kukoc e contratar Glenn Robinson. Tinha tudo para dar certo. Mas a realidade resolveu desmentir as bolas de cristal.
Em dois meses, nada funcionou. Com 12 vitórias e 21 derrotas, os Hawks sequer enxergam os playoffs no horizonte. Abdur-Rahim nunca teve uma média de pontos (20.2) tão baixa – descontando-se 1996, quando era calouro. Robinson registra sua terceira pior marca (20.6) em 10 anos de NBA. Ratliff também vai mal ofensivamente (7.9, seu desempenho mais fraco desde 1997), mas pelo menos ainda garante uma quantidade razoável de rebotes por jogo. O torcedor ainda é obrigado a testemunhar proezas como a do reserva Alan Henderson, que no sábado conseguiu ser eliminado com seis faltas mesmo tendo jogado apenas nove minutos na derrota para o Detroit Pistons.
Esta semana, o New York Post anunciou que a equipe tenta negociar Jason Terry com o Miami Heat ou com o Portland Trailblazers. A cartolagem se apressou em desmentir a notícia. “Queremos adquirir talento, e não dispensar”, respondeu o gerente Peter Babcock, no Atlanta Journal Constitution, admitindo, no entanto, que já trabalha nos bastidores em busca de reforços. “Sinto que todos vão esperar uma maior aproximação da data-limite (20 de fevereiro) para efetuar as trocas.”
Terry, que ganha passe livre ao fim do campeonato, fez a cesta da vitória no último segundo contra o San Antonio Spurs, dois dias após o Natal, na estréia do técnico Terry Stotts. De lá para cá, foram cinco derrotas. Com a química desandando, qualquer mudança será bem vinda, mesmo que para isso um dos astros tenha de fazer as malas. Se Babcock ainda pensa em playoffs, que trate de abrir o olho. Do jeito que as coisas vão, fevereiro pode ser tarde demais.
(Foto - Scott Cunningham/NBAE)
6.1.03
O COADJUVANTE QUE VEIO DO FRIO
Kirilenko: bom papel no Utah
Esquentando o banco do Washington Wizards no início da temporada, Michael Jordan era favorito absoluto para ganhar o título de reserva do ano. Os maus resultados, no entanto, obrigaram o craque a voltar para o time titular. Sem ele no páreo, a escolha do melhor “sexto homem” virou uma incógnita. Esta semana, o site da CNN resolveu perguntar aos internautas em quem eles votariam. O resultado foi surpreendente.
Com 33% das indicações, o líder na preferência popular é o veterano Nick Van Exel, do Dallas Mavericks. Até aí, nada de novo. O armador, mesmo em idade avançada, sempre figura entre os melhores da liga e segue dando seu recado na reserva de Steve Nash. Também foram citados os habilidosos Desmond Mason, do Seattle Sonics, e Michael Redd, do Milwaukee Bucks. A grande surpresa, na verdade, está na segunda colocação.
Mordendo o calcanhar de Van Exel, com 32%, vem o russo Andrei Kirilenko, do Utah Jazz.
Acostumado a substituir Karl Malone, o ala atravessa com sucesso seu segundo ano na NBA. Vem registrando médias de 27 minutos, 13.5 pontos, 5.4 rebotes e 2 tocos por partida. De quebra, é o terceiro melhor da liga no aproveitamento de arremessos (53%), atrás apenas dos afamados Shaquille O’Neal e Yao Ming. O rendimento subiu ainda mais nos últimos três jogos do Utah (que mantém uma seqüência de quatro vitórias). Foram 20 pontos contra o Toronto, 21 contra o Milwaukee e 15 contra o Minnesota.
A vida do jogador tem sido tão interessante dentro da quadra como fora dela. Sua mulher, a cantora Masha Lopatova, é uma estrela da música pop na Rússia e ocupa atualmente o primeiro lugar na parada da MTV do país, com o clip Saharniy. Kirilenko, aliás, paga um mico dançando no vídeo.
(Foto - Kent Horner/NBAE)
5.1.03
BENDITO MONITOR
Jordan contra Strickland: sem
Artest, tudo ficou mais fácil
Na noite de sexta-feira, o Indiana Pacers, líder da divisão Central, foi ao Madison Square Garden e perdeu para o New York Knicks, vice-lanterna do Atlântico. O ala Ron Artest, nascido no Queens, ficou furioso por ter deixado escapar a vitória na terra natal. A caminho do vestiário, descarregou a raiva num pobre monitor de TV, lançando o aparelho ao chão com um destempero de fazer inveja a Dennis Rodman.
A NBA se apressou em multar o nervosinho e suspendê-lo por três partidas. Pior para os Pacers. No sábado, Artest não estava em Washington para marcar Michael Jordan. O camisa 23 dos Wizards aproveitou a moleza e mostrou que ainda tem cacife para justificar o título de melhor jogador de todos os tempos.
Carregando nas costas o time inteiro e o peso de seus 39 anos, Jordan jogou por 52 minutos, marcou 41 pontos e pegou 12 rebotes. Ao fim de duas prorrogações, deixou a quadra revigorado com o triunfo por 107-104. A bela performance encerrou com ponto de exclamação uma semana gloriosa para o astro. Na quinta-feira, ele voltou a Chicago (onde conquistou sua meia dúzia de títulos) e ajudou a derrotar o ex-time. Antes da partida, foi aplaudido durante dois minutos pela torcida dos Bulls, que lotou o United Center. Mais tarde, admitiu que foi difícil conter as lágrimas.
Ontem, quem tinha motivos para chorar, mas de tristeza, era Ron Artest, que também já esteve em Chicago. O ala deveria agradecer aos céus por ter sido negociado para o Indiana. Saiu da lanterna da liga e hoje é titular num time cotado para ir à final. Ainda assim, prefere gastar energia quebrando monitores por aí. Vai entender.
(Foto - Mitchell Layton/NBAE)
4.1.03
TEMPERO BRASILEIRO NA AMÉRICA
Nenê Hilario vai conquistando os americanos
Revigorado pelas festas de fim de ano e pelas mensagens de apoio que recebeu nos últimos dias, o Rebote volta à sua religiosa freqüência diária. Para abrir a temporada 2003, uma crônica especial substitui o Bloco de Notas, que volta no próximo sábado.
Na madrugada de sexta para sábado, a ESPN transmitiu ao vivo a partida entre Denver Nuggets e Seattle Supersonics, dando aos brasileiros a primeira oportunidade de ver Nenê Hilario em ação. Quem ficou acordado até as 4h da manhã teve a insônia recompensada: o pivô teve ótima atuação e ajudou o Denver a interromper uma seqüência de dez derrotas (leia mais sobre o jogo na segunda parte deste texto).
Apesar do otimismo instantâneo, resta aguardar outras transmissões para analisar com mais clareza a evolução de Nenê. Somente quem acompanha suas atuações de perto pode emitir um parecer realmente sólido. Por isso o Rebote foi direto à fonte e pediu a opinião de três nomes de peso da imprensa esportiva americana. Eis o que eles pensam:
MARC STEIN
Jornalista veterano e principal comentarista do site da ESPN International
“Eu amo o Nenê. Tenho grandes expectativas desde que ele foi draftado. Ele só precisa de mais experiência. Tem corpo de adulto e um ótimo faro para a bola. Na noite do draft, eu escrevi que o New York Knicks poderia se arrepender por não segurar este jogador. Agora, nos resta esperar e ver como ele se desenvolve.”
MARC J. SPEARS
Principal colunista de basquete do jornal diário Denver Post
“Agora, Nenê é uma criança. Fico pensando como vai ser quando se tornar um adulto. Ele tem um futuro de super-astro na liga, e quando aprender a falar inglês vai usar sua personalidade para ganhar ainda mais dinheiro fora das quadras. Foi um presente de Deus para o Denver. No futuro, os brasileiros vão se gabar de ter sua própria estrela na NBA. Neste momento, o maior desafio de Nenê é se livrar dos problemas com faltas. Se conseguir, passará a jogar mais de 30 minutos por partida e terá números equivalentes aos dos melhores calouros. A comissão técnica precisa ajudá-lo, mostrando fitas com gravações de suas faltas. Fora isso, ele tem mostrado um bom jogo ofensivo dentro do garrafão e já provou ser forte na defesa, capaz de marcar qualquer jogador, de Tim Duncan a Dirk Nowitzki, devido à sua força física e à sua rapidez. Há uma diferença clara no time quando Nenê está em quadra. O problema é que ele tem de arrumar um jeito de ficar mais tempo por lá.”
AARON LOPEZ
Repórter esportivo do jornal Rocky Mountain News, de Denver, cobre exclusivamente o dia-a-dia dos Nuggets
“Nenê está se ajustando muito rapidamente à vida na NBA. Ainda precisa entender melhor o comportamento dos árbitros e os tipos de falta que eles costumam marcar, mas está certamente entre os cinco ou seis melhores calouros da liga. Além disso, ele é um sujeito muito bacana e aprende as coisas com facilidade. Seu inglês está evoluindo, mas ainda é preciso usar um intérprete para falar com a imprensa. Acho que, pelos próximos dez anos, Nenê estará na elite dos grandalhões do basquete americano.”
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O JOGO
A julgar pela atuação de Nenê na partida transmitida ontem pela ESPN, faz sentido a empolgação dos colegas da imprensa americana. Com apenas três faltas cometidas, o brasileiro conseguiu jogar 39 minutos e se saiu muito bem: marcou 17 pontos, acertou seis de sete arremessos tentados, pegou 13 rebotes, fez cinco assistências, deu um toco, roubou uma bola e errou apenas um passe. Foi fundamental na vitória por 94-82, em Seattle.
No primeiro quarto, Nenê parecia nervoso. Meio atabalhoado, não soube tirar proveito da lentidão de seu marcador, o iugoslavo Predrag Drobnjak. Ganhou confiança ao marcar seus quatro primeiros pontos com uma enterrada e um tapinha. Ao fim do período, os Sonics davam um passeio, vencendo por 28-20, com excelente performance de Desmond Mason.
Dali em diante, as coisas foram mudando. A segunda enterrada de Nenê veio num lance insólito, quando o juiz deixou de marcar uma falta de ataque do brasileiro. Com o adversário esparramado no chão, o caminho para a cesta ficou aberto. Nos últimos minutos do terceiro quarto, o Denver cortou a diferença para apenas três pontos, mas quase pôs tudo a perder. Ridículo como sempre, o ala Mark Bryant (um senhor de 37 anos, envolvido na troca com o talentoso James Posey) errou um passe de forma tão bisonha que o Seattle se animou e retomou as rédeas da partida. Para completar, Gary Payton encerrou o período acertando um impressionante arremesso do meio da rua e abrindo 67-62.
Foi aí que Nenê resolveu reaparecer. No período derradeiro, ele fez de tudo um pouco. A começar por um lance em que mostrou certa malícia, fingindo que subiria para o arremesso e enganando dois adversários, para em seguida fazer a cesta livre de marcação. Pouco tempo depois, deu uma bela assistência para Rodney White (ótimo jogador, por sinal) e ainda teve tempo de ensaiar um bate-boca com Vitaly Potapenko. A três minutos do fim, arrancou um rebote ofensivo na raça, sofreu a falta e marcou os pontos. A esta altura, os Sonics já tinham se rendido. Noite de festa para Nenê e de esperança para os brasileiros que amam o basquete. Que a TV nos brinde com mais jogos.
(Foto - Michael Martin/NBAE)