22.1.03



UM PIVÔ ISOLADO




Sozinho no fraco garrafão dos Knicks,
Thomas se esforça sem recompensa




Sujeito azarado, esse Kurt Thomas. Depois de sete anos, quando finalmente resolveu jogar basquete, levou uma rasteira do próprio time. Seus 14 pontos e 9 rebotes por partida escoam pelo ralo noite após noite, porque simplesmente não há sombra de talento ao seu lado. No garrafão do New York Knicks, ele trabalha sozinho. Nem adianta procurar companhia, a não ser lá perto da linha de três, onde passeiam Latrell Sprewell e Allan Houston. Embaixo da cesta, Thomas não enxerga nada que preste, por mais que force seus olhos esbugalhados.

A solidão deve se agravar logo mais, quando o pivô recebe a visita do Denver Nuggets. Pela primeira vez, a torcida que freqüenta o Madison Square Garden vai conferir de perto o que perdeu ao vaiar Nenê Hilario na noite do draft. De uma só tacada, foram para Denver o calouro brasileiro e o titular Marcus Camby (que não joga hoje). Em troca, o New York recebeu Antonio McDyess, que até seria um excelente parceiro para Thomas, se não estivesse de molho há quatro meses por conta de uma cirurgia no joelho.

Entre mortos e feridos, quem acabou ganhando a vaga foi o burocrático Othella Harrington, autor de apenas 6 pontos por jogo. Se nem ele consegue superar a média de Nenê (9.4), muito menos os reservas Clarence Weatherspoon, Travis Knight e Michael Doleac. Os frutos da incompetência não param de surgir. O mais recente veio na segunda-feira, quando o time derrotou o Miami Heat. A partida igualou o triste recorde histórico do menor número de pontos marcados no primeiro tempo (57). A caminho do vestiário, Sprewell resumiu a ópera: “Queime a fita com esta gravação, ninguém vai querer ver isso de novo.”

O desespero dos Knicks é tanto que a equipe briga agora para contratar o veterano Stanley Roberts, reintegrado este mês à NBA após quatro anos de suspensão por uso de drogas. Velho, com problemas de peso e dono de um longo retrospecto de lesões, Roberts só pode ser solução na ótica de uma diretoria derrotada, que não quis peitar a torcida e mandou embora uma jovem promessa. Azar o deles.

(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)

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