17.1.03



ENFIM, A BATALHA




Yao Ming terá Shaquille O'Neal pela frente



Esta noite, quando a bola subir para o embate entre Lakers e Rockets, a NBA provavelmente vai testemunhar o nascimento de um novo clássico. Não pelos times, carentes de rivalidade para isso, mas pelo clima de guerra instalado entre dois jogadores. Que ninguém se atreva a apartar Shaquille O’Neal e Yao Ming.

Há uma dezena de outros atrativos na rodada, incluindo um Dallas x Phoenix, mas é como se não houvesse mais nada. Todos os olhos estarão voltados para o Compaq Center, em Houston. Mais precisamente para a área pintada embaixo da cesta. O garrafão será pequeno para os dois pivôs, que carregam motivos de sobra para incendiar a batalha individual mais aguardada dos últimos tempos.

Tudo começou em Los Angeles, no dia 17 de novembro de 2002. Vestindo trajes de passeio, um O’Neal contundido viu do banco a primeira grande atuação do pivô chinês na liga americana. Foram 20 pontos fundamentais para a vitória dos Rockets por 93-89.

Quando Shaq voltou à ativa, o estrago já estava feito. Os Lakers se afogavam em crise e Ming se aprimorava rapidamente, conquistando a simpatia popular. Com a ajuda valiosa dos conterrâneos fanáticos, que votaram em peso, o calouro tomou do veterano o posto de titular no All-Star Game. Se não houver um milagre de última hora, o maior astro da NBA na era pós-Jordan vai amargar a inédita reserva na seleção do Oeste.

Obviamente, O’Neal não ficou nada satisfeito quando a imprensa começou a questioná-lo sobre o assunto. Na semana passada, diante da evidente qualidade alheia, caprichou no falso mandarim e exercitou sua veia debochada contra o rival do Oriente: “Digam a Ming que hing-chong-yang-wah-ah-soh.” A declaração repercutiu mal na China, que acusou de racismo o craque do Los Angeles. Shaq cuidou da própria defesa e jurou que só estava brincando. O próprio Yao lançou panos quentes na polêmica, dizendo que não se sentia ofendido.

Mas não adiantou. O tumulto já estava criado. E os jornais americanos, que não são bobos, passaram a vender a partida de hoje como o maior acontecimento da temporada até agora. Ninguém mais se lembra que, há menos de 48 horas, o Sacramento massacrou o Dallas no confronto entre os dois melhores times do ano. Tudo agora é passado. De uma ponta à outra do planeta, ninguém quer perder o desafio nos garrafões do Texas.

Aqui deste canto, sei que o armário da Califórnia é muito mais jogador. Mas confesso que, apenas hoje, minha pele estará levemente amarelada e meus olhos, um tanto puxados.

(Fotos - NBA.com)

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