21.1.03
ENTERRADAS PARA BOI DORMIR
Richardson vai defender o título num
torneio desde já fadado à monotonia
Spud Webb saltando como se tivesse um foguete preso às costas? Michael Jordan voando rumo à cesta? Vince Carter desfilando um incrível repertório de malabarismos? Nada disso. No dia 8 de fevereiro, durante o torneio de enterradas que antecede o All-Star Game, o público de Atlanta vai ter de se contentar com Jason Richardson, Desmond Mason, Richard Jefferson e Amare Stoudemire. A escalação, divulgada ontem, traduz a falta de prestígio de um evento que antigamente era aguardado com ansiedade pelos fãs do basquete.
Os quatro são ótimos jogadores, mas (salvo algum trunfo de Stoudemire) a edição de 2003 tem tudo para ser tão enfadonha como a de 2002. O que se viu no ano passado foi uma seqüência patética de tentativas frustradas, erros bisonhos e movimentos pobres de inspiração. Na última hora, Richardson reeditou uma cravada clássica de Dominique Wilkins e ficou com o título, derrotando Gerald Wallace, Steve Francis e Desmond Mason (que agora tenta a revanche).
Mason, por sinal, virou figurinha fácil na disputa. Foi campeão em 2001, dando início a uma fase de poucos atrativos e concorrentes sem expressão. Já se vão três anos desde o último momento de glória, quando Vince Carter só não fez chover no ginásio dos Warriors, time que abriga Richardson hoje em dia. A época de ouro repousa no passado há quase duas décadas.
Com menos de 1m70, Spud Webb embolsou a taça de 1986 após se lançar a alturas inacreditáveis diante dos torcedores de Dallas. Em 1988, foi a vez de o melhor jogador da história também desafiar a física. Diante de quase 20 mil pessoas no antigo Chicago Stadium, Jordan se projetou da linha do lance-livre até o aro. A enterrada lendária, à la Julius Erving, selou a vitória no memorável duelo contra Wilkins.
Sem querer abusar do saudosismo, não encontro na versão 2003 (assim como nas duas anteriores) nenhum resquício desse festival de talentos. Deposito então minhas parcas esperanças no jovem Stoudemire, torcendo para ele tirar da cartola algo capaz de nos transportar de volta aos tempos em que reinava o espetáculo.
(Foto - Chris Covatta/NBAE)
Um comentário:
Por que nao:)
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