30.12.04
2005 vem aí
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A partir de hoje, o Rebote embarca em sua tradicional folga de fim de ano. O descanso se estende até terça-feira, dia 4 de janeiro, e até lá a caixa de comentários continua aberta a todos, na esperança de manter a página pulsando.
Apesar das dificuldades, 2004 foi mais um ano de prazer intenso neste papo diário com cada um de vocês. Obrigado pela paciência.
Um ótimo Ano Novo, até a volta.
Abraços,
Rodrigo Alves
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28.12.04
um jogo para perder
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))) Stoudemire e os Suns visitam o
San Antonio de Duncan hoje à noite
Sentado no topo da NBA, o Phoenix Suns não perde há 11 partidas. A última derrota foi há 25 dias, em casa, contra o Minnesota Timberwolves, numa rara demonstração de empenho de Latrell Sprewell. Antes disso, vieram outros nove triunfos, o que deixa a equipe de Mike D'Antoni com o impressionante recorde de 19 noites felizes nas últimas 21 rodadas.
Como a derrota virou artigo raro no Arizona, os especialistas se apressaram em tirar a bola de cristal da gaveta. No site oficial da NBA, a enquete da semana pergunta ao leitor como será a campanha dos Suns ao fim da temporada. Por enquanto, o povo crê em algo entre 60 e 64 vitórias (39% dos votantes). Outros 28% vão além e acham que o time quebra a barreira das 65.
De uma forma ou de outra, criou-se um otimismo pleno em relação a Nash, Marion, Stoudemire, Richardson & Cia. Na viagem aos Estados Unidos, em novembro, pude ver o primeiro compromisso do time fora da casa, na Filadélfia. O rolo compressor que esmagou os Sixers me deixou impressionado. Foi bonito de assistir, mas naquela época eu imaginava que tinha sido apenas sorte de principiante.
Hoje não acho mais.
Com a ajuda valiosa de Nash, o Phoenix enfim adquiriu a consistência que perseguia há muito tempo. Aliou um basquete extremamente ofensivo a uma garra incomum para brigar dentro do garrafão. Se não houver nenhum percalço no caminho (contusões, por exemplo), esse grupo vai longe.
Vai longe, mas também vai tropeçar. Como não dá para fazer campanha invicta, a seqüência de 11 vitórias será interrompida qualquer dia desses.
Aliás, por que não hoje?
A visita a San Antonio, logo mais, é a chance perfeita para perder um jogo, tirar o peso das costas e seguir na caminhada. Tombar no Texas não é vergonha nenhuma (se o embate for disputado, fica até bonito no currículo).
Nós não veremos nada na TV, claro. Uma pena. A imprensa americana já está vendendo a partida como o confronto definitivo entre ciência e criatividade.
Não sei se é bem isso.
Até concordo com a parte da criatividade e sei que os Spurs executam seu esquema à beira da perfeição. Só temo que a comparação reforce a tese de que Tim Duncan e seus colegas jogam feio. Não é verdade. O time é veloz, domina os fundamentos e assina belos contra-ataques. Ou alguém aí acha que Manu Ginobili é um brucutu?
Em todo caso, feio ou bonito, o San Antonio será uma pedreira no caminho dos Suns. Se o Phoenix perder, pode até se sentir aliviado. Agora, se ganhar, quem é que vai segurar essa gente?
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Definitivamente, os tempos são outros para o Chicago Bulls. A Folha de S.Paulo conta hoje, numa nota do Painel FC, o deslize de Chester Brewer, que nos últimos oito anos encarnou o mascote da equipe e divertiu a torcida nos intervalos das partidas. Na tentativa de arrumar uma renda extra, ele foi preso vendendo maconha nos arredores do United Center.
Estava sem a fantasia de touro.
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Outra história saborosa da Folha está na coluna do Melchiades Filho, envolvendo Mike Dunleavy e Magic Johnson. Para quem não conseguir ver o jornal hoje, o texto estará no site amanhã.
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foto . nbae
27.12.04
luz verde para as acrobacias
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))) Carter e Jefferson jogarão juntos hoje
Foram 10 longos dias de fisioterapia e livros. Aparentemente curado da lesão no tendão de Aquiles, Vince Carter aproveitou cada minuto das duas últimas semanas para cuidar do corpo e da cabeça. Nas folgas do departamento médico, mergulhou nos manuais de tática para pescar alguma coisa do esquema ofensivo do New Jersey Nets.
Faz sentido. Não deve ser fácil descobrir onde o imprevisível Jason Kidd vai jogar a bola.
Com o pé saudável e a estratégia do técnico Lawrence Frank razoavelmente decorada, Carter estréia hoje à noite pelo novo time. De cara, pega a temida defesa dos Pistons, em Detroit, mas aposta na má fase do rival para começar com sorte. O craque acrobático não deve ficar muito tempo em quadra. Até recuperar o ritmo de jogo, sabe que Frank deve lançá-lo aos poucos.
Talvez seja melhor assim.
O esforço para se adaptar à nova equipe deixa claro que Carter está disposto a iniciar uma nova era em sua carreira. No Natal, enquanto a família se preparava para a ceia, o atleta ficou grudado na televisão, devorando gravações de jogos recentes. Tudo isso para entender qual vai ser o seu lugar na rotação do ataque.
Mesmo que demore a achar as respostas, não há motivo para pânico. Enquanto as piruetas não chegam, Richard Jefferson vai dando conta do recado. Nas últimas três partidas, o ala vem mantendo uma média superior a 30 pontos. Na quarta-feira, contra o Cleveland, anotou 42.
Com Carter ao seu lado, Jefferson também terá de se adaptar. Se o esquema não estiver bem azeitado, haverá o risco de um trombar com o outro a cada contra-ataque. Para a sorte deles, existe um maestro para evitar que o bolo desande. Com Jason Kidd na direção, basta dar tempo ao tempo.
Que venha a nova era.
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Quem entra no site oficial dos Nets é logo bombardeado por uma janela com a fotografia de Carter e um anúncio de venda de ingressos. É o desespero de uma franquia sem torcida. Mesmo que não acreditem num futuro promissor, os fãs pelo menos têm agora a garantia de basquete acrobático. Já vale a pena ir ao ginásio.
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Na foto que ilustra este texto, careca, de faixa na cabeça e com a camisa do New Jersey, Carter não está a cara do Kenyon Martin?
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fotos . nbae
26.12.04
amargo flashback
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))) Kobe Bryant bateu Shaquille O'Neal nos
pontos, mas não conseguiu evitar a derrota
Papai Noel chegou a Los Angeles vestindo o vermelho tradicional, com um 32 estampado na camisa e um pensamento obsessivo: matar as saudades de um garrafão que foi dele durante muito tempo. Quando o bom velhinho em questão se chama Shaquille O’Neal, matar saudades de um garrafão significa impedir que qualquer intruso faça gracinhas embaixo da cesta.
No melhor da filosofia-Diesel, às favas com o espírito natalino. No retorno a Los Angeles, agora com o uniforme do Miami Heat, Shaq estava decidido a não deixar o adversário se criar. Por bem ou por mal.
O ímpeto defensivo explica as seis faltas que lhe custaram a angústia de assistir à prorrogação do banco de reservas. Ao fim da partida, vitória selada num terreno adversário e familiar, o pivô tinha na ponta da língua o motivo de ter sido eliminado.
“Sem bandejas, sem enterradas no meu garrafão”.
Os repórteres, claro, não perderam a chance de perguntar se aquele veto a qualquer custo valia igualmente para todos os jogadores dos Lakers, ou se havia algum recado especial.
“Basicamente para todos, especialmente para ele”.
“Ele”, no caso, é o desafeto Kobe Bryant, que saiu de quadra feliz pelos 42 pontos e triste por não ter evitado a derrota de sua equipe. Mesmo com a pontuação elevada, Kobe teve de engolir o bom momento do ex-companheiro de time.
Foi o 11º triunfo consecutivo do Miami, que já lidera o Leste com grande folga. E se O’Neal saiu com seis faltas, não tem problema. Dwyane Wade e Eddie Jones combinaram 8 pontos na prorrogação e garantiram o placar de 104-102.
Está aí o grande problema de Kobe Bryant. Quando ele não funciona, a franquia afunda. Ontem, mesmo sem o rival em quadra para perturbar, não marcou nenhum ponto no período extra. Teve o jogo nas mãos no último segundo, mas errou o chute de três.
Kobe é craque, não é deus. Sem ajuda do resto do elenco, vai virar uma espécie de Allen Iverson da Califórnia. Foi ele quem brigou para ser o dono do time. Agora está sofrendo as conseqüências.
Antes da partida de sábado, o telão do Staples Center mostrou um vídeo com lances de Shaq. A torcida aplaudiu por quase um minuto e o próprio Kobe bateu palmas. O pivô nem olhou para cima: “Não quis entrar nessa de flashback”, despistou. Três horas, 24 pontos e 11 rebotes depois, deixou o ginásio com o sabor da vitória emblemática.
Azar de Bryant. Tem que aturar.
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foto . cnn/sports illustrated
25.12.04
presente de grego
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Papai Noel às vezes pode ser um velhinho traiçoeiro. Na última crônica, fiz a ele 30 pedidos em nome dos times da NBA. Antes de atendê-los, o barbudo me mandou um presente indesejado: uma acusação de plágio. Vamos a ela. E à resposta.
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De: Fábio Balassiano
Para: reboteblog@bol.com.br
Data: 25/12/2004 02:18
Assunto: Olá
Olá, Rodrigo, aqui quem escreve é Fábio Balassiano.
Antes de qualquer coisa, Feliz Natal e um excelente 2005 para você e sua família.
Creio que você leia as minhas colunas tanto quanto eu leio as suas. Isso é muito bom, pois cresce o nível de ambas.
Só que não posso deixar de prestar meu descontentamento com você com relação aos pedidos de natal, não mesmo. Minha coluna saiu no dia 21 e 22 de dezembro no Databasket, você conhece, não?, e a "sua" no 24, ou seja, dois dias depois. Será apenas coincidência, até mesmo na distribuição de presentes?
Recebi e-mails de amigos falando a respeito disso, dizendo que eu tinha sido vítima de plágio e coisas do gênero.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado e frustrado com o que vi. Não é problema escrever sobre o mesmo tema, afinal, se estiver na final da NBA os dois necessariamente deverão anotar sobre isso. Porém, quando acontece o que ocorreu, o mínimo que posso pensar, mínimo, é um descuido de sua parte.
Prefiro pensar que aconteceu sem querer, mesmo não acreditando, mas sigo levando.
Só gostaria que quando a mesma idéia fosse citada, frases idênticas aparecerem em seu texto, por favor, cite a fonte, tá ok?
Abraços, espero respostas mesmo acreditando que não venha,
Fábio Balassiano
ps: se quiser, posso enviar as frases coincidentes para lembrar a você...
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Caro Fábio,
Não precisa me enviar as frases coincidentes. Assim que abri seu e-mail, corri no Databasket e percebi que sua reclamação faz todo o sentido. O formato da coluna é idêntico, e alguns “presentes” (Sixers, Wizards, Wolves, Suns) são assustadoramente parecidos. Por isso entendo sua desconfiança, suas acusações e até suas ironias, tanto no texto que me enviou como na coluna seguinte, que faz menção ao fato.
Entender, eu entendo.
Só não posso aceitar e ficar calado.
Em primeiro lugar, eu não havia lido nenhuma coluna sua até receber o e-mail, o que é uma pena, porque seu texto é bom e seu conhecimento de basquete é evidente. Veja bem, aqui não vai um pingo sequer de ironia. Se não me engano, você chegou a me mandar um aviso sobre os textos no início do ano, mas infelizmente o trabalho como jornalista me toma um tempo valioso, que poderia ser dedicado a ler mais coisas interessantes.
Por essas e outras, não conhecia sua coluna. Se conhecesse, e se tivesse lido a do Natal, teria evitado o ridículo de repetir o formato. Como estava de plantão na redação do Jornal do Brasil, tive pouco mais de meia hora para escrever o texto, no início da tarde do dia 24. Não deu tempo de fazer pesquisa alguma, muito menos de garimpar idéias alheias para preencher espaço.
Todas essas explicações não são para você, Fábio, mas para as pessoas que passeiam por aqui e pelo Databasket. Quem viu as duas colunas certamente estranhou a semelhança e merece uma satisfação. Creio que os leitores do Rebote nesses dois anos de existência me conhecem o bastante para saber que eu não costumo sair por aí copiando os outros. Você, que também escreve, sabe que uma atitude como essa seria menosprezar a própria competência e desvalorizar o trabalho.
Dito isso, um Feliz Natal, e continue firme em 2005.
Forte abraço,
Rodrigo Alves
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24.12.04
cartinha enviada
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))) Clima natalino em Charlotte: além dos Bobcats,
as outras 29 equipes da NBA fizeram seus pedidos
Alguns se comportaram direitinho, outros nem tanto. Mas o Natal chegou e todos os times da NBA têm suas listas de presentes e desejos para o Ano Novo. Se os pedidos vão se transformar em realidade, ninguém sabe. A decisão fica para o bom velhinho.
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Atlanta Hawks - A tão aguardada explosão do promissor Al Harrington.
Boston Celtics - Um amuleto da sorte para levar nos dois primeiros jogos depois do Natal, fora de casa contra San Antonio e Dallas.
Charlotte Bobcats - Que Emeka Okafor consiga evitar a lanterna.
Chicago Bulls - A proeza de arrastar essa boa fase ao máximo durante 2005.
Cleveland Cavaliers - Uma vaguinha no playoff para confirmar o status de astro de LeBron James.
Dallas Mavericks - Um pouco de consistência na defesa. Só um pouco.
Denver Nuggets - Um uniforme novo, porque aquele azul-bebê não dá.
Detroit Pistons - Urgência na prancheta de Larry Brown para tirar o time do buraco.
Golden State Warriors - Que Adonal Foyle justifique pelo menos 10% de seu salário.
Houston Rockets - O velho Tracy McGrady.
Indiana Pacers - O surgimento de um sujeito capaz de substituir Ron Artest.
Los Angeles Clippers - Uma campanha digna já está de bom tamanho.
Los Angeles Lakers - Uma cavalaria para salvar Kobe Bryant, apesar de ele ter culpa por ter ficado sozinho.
Miami Heat - Shaq e Wade sem contusões. E só.
Memphis Grizzlies - Que Mike Fratello possa herdar a sabedoria de Hubie Brown.
Milwaukee Bucks - Um milagre médico: a recuperação de TJ Ford.
Minnesota Timberwolves - Um pouco mais de boa vontade de Latrell Sprewell.
New Jersey Nets - Um mínimo de química entre Jason Kidd e Vince Carter.
New Orleans Hornets - Que a NBA decida mandar a equipe de volta para o Leste.
New York Knicks - Saúde é o que interessa. Especialmente para Allan Houston.
Orlando Magic - Saúde é o que interessa. Especialmente para Grant Hill.
Philadelphia 76ers - Um assistente de Papai Noel para dividir as tarefas com Allen Iverson.
Phoenix Suns - Sem presentes. Está ótimo assim.
Portland Trail Blazers - Alguma migalha em troca de Shareef Abdur-Rahim.
Sacramento Kings - Uma dose extra de poder de decisão na reta final da temporada.
San Antonio Spurs - Que o tempo mostre quem é o melhor time da liga.
Seattle Supersonics - O prolongamento máximo do conto-de-fadas.
Toronto Raptors - Paciência da torcida, agora que o ídolo foi embora.
Utah Jazz - A recuperação rápida e urgente do ala Andrei Kirilenko.
Washington Wizards - Um pouco mais de basquete vindo de Kwame Brown.
David Stern - Que seus advogados consigam impedir que a Justiça comum invalide a punição de Jermaine O'Neal.
Brasileiros da NBA - Que o ano passe rápido.
Rebote - A volta da caixa de comentários.
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A todos os leitores,
Um Feliz Natal e obrigado pela companhia.
Abraços,
Rodrigo Alves
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foto . nbae
23.12.04
o bloco do eu sozinho
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))) Iverson botou os 76ers nas costas
Esta história de mudança de função, de distribuir assistências, de jogar pelo coletivo, tudo isso parece ter cansado a beleza de Allen Iverson. A julgar pelas últimas três partidas, o craque do Philadelphia 76ers voltou a ser o pontuador fominha dos velhos tempos e desandou a arremessar sem tomar conhecimento dos adversários.
E dos companheiros de time também, claro.
No sábado passado, em Milwaukee, Iverson anotou 54 pontos na vitória sobre os Bucks. Dois dias depois, cravou 51 em casa, mas não conseguiu evitar a derrota para o Utah Jazz diante da própria torcida. Ontem, fez 40 e venceu em Indianápolis.
A seqüência foi o bastante para roubar o posto de cestinha da temporada (28.7) e reconduzir o pequeno rebelde a seu devido lugar. O problema é que a estratégia do exército de um homem só continua me parecendo um bocado arriscada.
À exceção do primeiro jogo, contra o Milwaukee, os Sixers tiveram sérios problemas a despeito das performances explosivas de seu melhor atleta. Contra o Jazz, as cinco dezenas de pontos não foram suficientes para arrancar uma vitória no Wachovia Center. E ontem o time só deslanchou quando os coadjuvantes entraram em cena.
No início do terceiro quarto, Iverson já tinha 30 pontos e o Philadelphia perdia por dígitos duplos. Conseguiu virar o jogo graças a Marc Jackson, Andre Iguodala e Kevin Ollie, que passaram a dividir as tarefas ofensivas com o astro.
O técnico Jim O'Brien devia aproveitar o Natal para estudar o melhor jeito de jogar. A partir do dia 27, o time parte para uma turnê de sete partidas na conferência Oeste. Com ou sem os shows de Iverson, cada erro vai custar muito caro.
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E não é que o Chicago Bulls foi a Detroit e saiu de lá com a quinta vitória seguida? Daqui a pouco vou começar a acreditar que esses garotos aprenderam a jogar basquete.
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foto . nbae
21.12.04
tempo para respirar
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))) Os Bulls de Curry tentam reagir
Michael Jordan gostou do que viu.
Com o melhor jogador de todos os tempos na platéia, o Chicago Bulls cumpriu ontem uma façanha inesperada em tempos de vacas magras: venceu sua quarta partida seguida e se aproximou do bolo de times que brigam por uma vaga nos playoffs do Leste.
A última vez que a franquia conseguiu essa seqüência de triunfos foi em 1998, graças ao próprio Jordan, que comandou o time em 13 vitórias consecutivas na temporada que lhe renderia o sexto anel de campeão.
De lá para cá, muita coisa mudou e o elenco foi destruído. O gênio da bola hoje é apenas um torcedor à beira da quadra, mas parece que sua simples presença foi o bastante para acordar a garotada.
Contra o Portland, o calouro Ben Gordon fez lembrar o número da camisa de Jordan ao marcar 23 pontos e liderar cinco atletas pontuando em dígitos duplos. "Talvez ele tenha nos dado sorte", supõe o novato.
A boa atuação do pivô Eddy Curry, com 18 pontos e oito rebotes, animou a torcida e arrancou elogios do técnico adversário, Maurice Cheeks: "Ele é um dos principais fatores na reação do Chicago".
Amanhã à noite, Curry terá de suar dobrado para evitar que a equipe volte à realidade. Em Detroit, vai trombar com a parede dos, e assim será em diversos compromissos daqui em diante.
Chegar ao mata-mata ainda é um objetivo utópico, mas tudo bem, os críticos não seriam tão exigentes. Para este ano, enquanto os jovens tentam arrumar a casa, fugir da lanterna já é bom negócio. Em tempos de miséria, um punhado de vitórias funciona como um belo agrado à torcida.
Deu para ver pela reação do fã mais ilustre.
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foto . nbae
20.12.04
oportunismo acrobático
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))) Que tal uma ponte aérea entre Kidd e Carter?
Em mais um capítulo da série “Já Vai Tarde”, o Toronto Raptors finalmente conseguiu se livrar de Vince Carter. Foi provavelmente a novela mais arrastada desde que Latrell Sprewell deixou o New York Knicks. De fato, isso tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde. Diante do inevitável, o presidente do New Jersey Nets, Rod Thorn, aproveitou para fazer seu primeiro movimento inteligente após uma série de burradas.
De uma só cajadada, também despachou seu peso morto (Alonzo Mourning), deu uma satisfação à torcida órfã de Kenyon Martin e, o mais importante, fez um afago no insatisfeito Jason Kidd.
Do jeito que andava se comportado no Canadá, Carter virou uma espécie de tumor para os Raptors. Jogando de má vontade, viu seu rendimento cair, tumultuou o clima no elenco e reclamou dos companheiros. Abraçou firme a franquia e começou a afundar com ela. A diretoria precisava se desligar do craque e sabia que, para isso, havia o risco de obter migalhas em troca.
Sim, migalhas. Não dá para classificar de outro jeito o pacote que chegou a Toronto, com Mourning, Aaron e Eric Williams e duas escolhas no draft. Todos eles podem ser úteis, mas nenhum tem envergadura para lamber a sola de Vince Carter.
Alonzo, por sinal, sequer deve vestir o uniforme da equipe canadense. Enrolado com os exames médicos, ele vai ser dispensado e terá o caminho aberto para voltar o Miami Heat, onde assumiria a modesta missão de esquentar o banco para Shaquille O’Neal.
O fato é que Jason Kidd respira aliviado. Desde a saída de Martin e Kerry Kittles, o armador implorou para ser trocado. Como não conseguiu, tratou de se recuperar da lesão e voltou às quadras. Agora ganha um companheiro de alto nível para dividir as responsabilidades. Se houver um mínimo de química, os Nets terão um dos melhores contra-ataques da história da NBA. Imaginem Kidd, Carter e Jefferson correndo em quadra aberta. Imperdível.
Deste canto, realmente acredito que Vince pode voltar a ser o herói acrobático que conquistou o Canadá. Dificilmente alguém que joga ao lado de Kidd piora sua performance. O armador sabe como ninguém a hora certa de passar a bola.
A mudança será boa por vários aspectos e só não credencia o New Jersey a brigar por títulos porque abriu um deserto embaixo da cesta. Em todo o elenco, sobraram Jason Collins, Nenad Krstic, Brian Scalabrine… e só. Chega a ser assustador.
Se quiser chegar a algum lugar, o trio Kidd-Carter-Jefferson vai ter que jogar por cinco.
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Para quem não viu, vale lembrar: deu Suns no aguardado confronto de líderes na sexta-feira. Na casa do Seattle Sonics, o Phoenix fez bonito e parece ter engrenado na estrada esburacada que leva à elite do Oeste.
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foto . cnn/sports illustrated
17.12.04
pingos nos is
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))) Stoudemire e Allen medem forças hoje
Por conveniências de horário, a ESPN escolheu o embate entre Nuggets e Heat para nos brindar logo mais. Dá para entender, mas é uma pena. A rodada vai ferver mesmo no jogo que vem em seguida, um tira-teima entre as duas forças mais surpreendentes deste início de temporada.
Sorte dos americanos, que poderão conferir ao vivo o duelo entre Phoenix Suns e Seattle Sonics. A batalha da Key Arena reúne as duas equipes mais bem colocadas da tabela, mas não é só isso. A frieza dos números pode esconder um confronto simbólico entre dois times que deixaram os favoritos para trás e, abusados, tomaram a NBA de assalto.
Com um detalhe: de um lado e de outro, pratica-se um basquete ofensivo, solto, bonito de ver. Azar de quem, como nós, só vai poder acompanhar os lances pela internet.
O Phoenix leva para Seattle uma seqüência de seis vitórias e a impressionante marca de apenas uma derrota na estrada. Os Sonics, por sua vez, sustentam a melhor campanha da liga em jogos em casa (10-1). No plano individual também não faltam atrativos. Amare Stoudemire e Ray Allen estão entre os grandes craques deste início de campeonato, sem contar nomes de peso como Rashard Lewis, Steve Nash, Shawn Marion e até Quentin Richardson, que anda promovendo shows da linha de três.
O arremesso de longa distância, por sinal, é usado pelos dois times como arma mortal. Nas estatísticas, ambos se equivalem. A disputa, portanto, recai sobre a guerra no garrafão, e aí os Suns saem na frente.
O próprio Stoudemire deixa a modéstia de lado e reconhece a superioridade. "Temos uma certa vantagem embaixo da cesta porque o pivô deles, Jerome James, de fato não consegue mover os pés tão bem", ironizou.
O técnico do Phoenix, Mike D'Antoni, prefere encarar a partida como uma boa chance de reavaliar o que vem dando errado. "É um momento empolgante para todo mundo, mas vai ser apenas mais uma vitória ou mais uma derrota", disfarça.
Na disputa pelo topo do Oeste, sabemos que não é bem assim. Quem vencer logo mais ganha moral para manter a boa seqüência em busca de uma vaga confortável nos playoffs.
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fotos . nbae
15.12.04
o herói forçado
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))) Em pose de bailarino, Webber festeja
o chute de três que decidiu o jogo ontem
Com 2,08m de músculos, Chris Webber, como se sabe, não é um exímio arremessador de três pontos. Longe disso. Seu aproveitamento de longa distância flutua entre 20% e 30%, números honestos para um ala-de-força, mas baixíssimos para decidir uma partida nos segundos finais.
Pois ontem, em Milwaukee, ele resolveu calibrar a mão. Com o jogo empatado, os Bucks usaram sua última falta para impedir que o Sacramento Kings fizesse um arremesso. Webber arriscou de três e converteu, mas o cronômetro já estava parado.
A bola voltou para a lateral e acabou parando outra vez nas mãos do ala. Ciente da improbabilidade de acertar o chute novamente, ele tentou localizar Mike Bibby para um passe, mas o armador estava marcado. Brad Miller esperava dentro do garrafão, mas o relógio ia evaporando, a marcação ia apertando e, do meio da rua, Webber foi obrigado a arremessar de novo.
Bingo.
Os três pontos cravados na campainha garantiram uma vitória importante na estrada, por 89-86.
O episódio não deixa de ser simbólico para os torcedores que vêem o Sacramento como um time de pipoqueiros. Webber só foi o herói da noite porque as circunstâncias o forçaram a chutar uma bola da qual ele queria se livrar.
"Eu não estava preparado, era muito longe. Vi Brad embaixo da cesta, mas àquela altura não havia mais tempo para o passe", justificou o All-Star.
O lance espetacular foi o ápice de uma reação furiosa dos Kings, que apagaram uma vantagem de 10 pontos do Milwaukee, irritando o técnico Terry Porter: "É sempre a mesma história. Tínhamos uma margem de folga e ela sumiu no ar. Costumamos conversar sobre a execução dos ataques, mas na hora H as coisas não funcionam."
Por essas e outras, os Bucks amargam a 11ª posição do Leste, atrás até do New Jersey Nets, que ontem, contra o New York, chegou a ficar 15 minutos sem acertar uma cesta. O Sacramento, por sua vez, briga com os cachorros grandes na elite do Oeste, em quarto lugar, com 15 vitórias e seis derrotas.
Aos poucos, o time de Rick Adelman vai se ajeitando. Só precisa ganhar mais confiança nos momentos finais das partidas. Não é todo dia que um grandalhão de 2,08m acerta duas bolas de três seguidas, sendo uma quase do meio da quadra.
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Por um motivo que eu ainda não consegui descobrir, houve uma pane no sistema de comentários. Já vasculhei o servidor Enetation, conferi os comandos, e até agora nada. Continuo tentando solucionar o problema e agradeço a paciência dos leitores.
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foto . cnn/sports illustrated
14.12.04
como nos velhos tempos
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))) Sem Wade, Shaq fez tudo sozinho ontem
"Meu tornozelo foi para um lado e o resto do meu corpo foi para o outro". Assim Dwyane Wade descreveu a torção que o tirou da partida de ontem, contra o Washington Wizards, mas a teimosia do armador em continuar jogando forçou um diálogo rápido com Shaquille O'Neal.
"Flash, vai descansar o pé e deixa que eu cuido do trabalho", recomendou o pivô do Miami Heat.
Ciente do talento e da velocidade que lhe renderam o apelido, Wade avisou que, se deixasse a quadra, Shaq teria de fazer no mínimo 40 pontos para arrancar uma vitória contra uma das maiores surpresas do Leste.
Tudo bem. Missão cumprida.
O'Neal lembrou os tempos de Los Angeles Lakers e, pela primeira vez na temporada, foi um monstro no garrafão. Atingiu as quatro dezenas de pontos e ainda adicionou ao pacote 12 rebotes e cinco tocos. Resultado: mesmo sem contar com agilidade de Wade, o Miami venceu por 106-83 e fincou sua bandeira no topo do Leste.
A liderança da conferência não chega a ser algo de tão sensacional, já que a coroa tem passado de mão em mão, muitas vezes contemplando times que não chegam a inspirar muita confiança. De todos eles, passando por Wizards, Cavs e Knicks, o Heat é o que mais tem pinta de brigar pelo título.
Além do mais, provou ontem que pode sobreviver sem um dos astros. É claro que isso só vale para uma ou duas partidas, daí a importância da boa notícia soltada pelo departamento médico: no jogo de amanhã, novamente contra o Washington, agora na capital federal, Wade e seu tornozelo estarão de volta às atividades.
O que não dá para entender é a decisão do técnico Eddie Jordan de não fazer marcação dupla sobre Shaq ontem, mesmo sabendo que ele era a única opção de ataque. "Expliquei para meus companheiros de time que eu precisava decidir o jogo. Os adversários permitiram que eu fosse agressivo", avaliou o pivô, que enterrou nove bolas.
Jordan deve ter aprendido a lição, mas agora não adianta. Mesmo que consiga anular O'Neal amanhã, Flash estará em quadra para dividir as tarefas. E vai ser difícil segurar o novo líder.
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foto . cnn/sports illustrated
13.12.04
drama no horário nobre
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))) Bryant, Malone e uma cena que passará
a figurar apenas nos arquivos fotográficos
"Alô, Karl?"
"Sim."
"É o Kobe."
"Oi, Kobe."
"Olha só: fica longe da minha mulher. Qual é o seu problema? Como você tem coragem de fazer uma coisa dessas?"
Pois é. Bobeou, a vida de Kobe Bryant vira uma novela mexicana. O diálogo telefônico acima, detalhado pelo próprio jogador, ocorreu no fim do mês passado, quando Vanessa Bryant, mulher de Kobe, informou ao marido que Karl Malone havia lhe passado uma cantada em pleno Staples Center.
Enquanto o amado suava na quadra e marcava 30 pontos contra o Milwaukee Bucks, Vanessa ouvia gracinhas de Malone, que ainda não jogou este ano.
))) Vanessa: gracinhas de
Malone dentro do ginásio
Recuperando-se de uma cirurgia e mantendo o mistério sobre um possível retorno ao elenco dos Lakers, Malone tem mostrado um certo "espírito Shaquille O'Neal", assumindo o lugar do pivô como inimigo número 1 do craque da companhia.
Embora ambos se esforcem para negar os desentendimentos, não há mais como esconder a situação. Primeiro, Kobe sugeriu, em entrevista a uma rádio, que o time deveria abrir os olhos em relação à volta ou não de Malone. Disse "intuir" que o ala não retornaria às fileiras do Los Angeles.
Pronto. Malone subiu nas tamancas e deu a entender que as declarações do colega de equipe o deixaram chateado a ponto de procurar outra vizinhança.
Agora, a divulgação do diálogo telefônico leva o caso para o plano pessoal. Kobe, já enrolado com uma acusação de estupro que abalou o casamento, não parece disposto a ter mais um entrevero capaz de estremecer as relações com a mulher. Aparentando tranqüilidade na partida de ontem contra o Orlando Magic, ele afirmou que aceita Malone de volta, mas "apenas como companheiro de time".
O ala ainda não se pronunciou sobre o novo episódio. Ou seja, vale aguardar as cenas do próximo capítulo.
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fotos .cnn/sports illustrated e cbs
10.12.04
o milagre de tracy
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))) Quem saiu cedo perdeu o show de T-Mac
"Bem, vocês perderam um grande jogo". Foi este o recado irônico de Tracy McGrady para centenas de torcedores do Houston Rockets que deixaram o ginásio nos minutos finais, quando o San Antonio Spurs mantinha a vantagem em torno de 10 pontos. Desenhava-se mais uma derrota constrangedora em casa. O que os fãs não sabiam era que T-Mac tinha outros planos. De fato, quem foi embora perdeu um dos desfechos mais espetaculares na história da NBA.
Para quem ainda não sabe, McGrady marcou 13 pontos nos 35 segundos finais. Acertou quatro bolas de três, sendo uma com falta e lance-livre de bonificação. A última balançou a rede a um segundo do fim, virando o jogo para 81-80 e recompensando os torcedores abnegados que acreditaram no triunfo até o último instante.
O ala-armador do Houston teve uma noite heróica como há muito não se via na NBA. Os números absolutos (33 pontos, oito rebotes e cinco roubadas) não se comparam aos 53 pontos, 16 rebotes e quatro tocos de Dirk Nowitzki na semana passada, mas superam qualquer performance recente em termos de poder de decisão.
A última coisa parecida aconteceu há quase uma década. Foi em 1995, no primeiro confronto das semifinais do Leste entre Indiana Pacers e New York Knicks. Com 8.9 segundos no relógio, Reggie Miller, possuído, marcou 8 pontos e garantiu uma vitória épica por 107-105.
Para McGrady, a atuação de ontem não representa apenas uma porta para os livros de recordes do basquete americano. Mais que isso, começa a colocar o craque de volta no rol dos melhores atletas da liga. Desde que chegou ao Texas, na pré-temporada, ele ainda não conseguiu se encontrar, mas já deu dois sinais de que pode voltar a ser o velho T-Mac.
O primeiro foi justamente na noite gloriosa de Nowitzki, quando seus 48 pontos foram ofuscados pela grandiosidade do alemão. O segundo foi ontem, quando mostrou que ainda tem o instinto matador para carregar um time nas costas.
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O milagre, lance-a-lance
0:52 - Ming enterra (66-74)
0:47 - Padget rouba e enterra (68-74)
0:44 - Brown acerta lances-livres (68-76)
0:35 - T-Mac marca de três (71-76)
0:31 - Brown acerta lances-livres (71-78)
0:24 - T-Mac faz de três e sofre falta (75-78)
0:16 - Duncan acerta lances-livres (75-80)
0:11 - T-Mac marca de três (78-80)
0:07 - T-Mac rouba a bola de Brown
0:01 - T-Mac acerta de três e vira o jogo (81-80)
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foto . cnn/sports illustrated
8.12.04
o leste do avesso
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))) O Washington de Jamison é líder
Mais de um mês correu por baixo da ponte e, por favor, alguém me explique o que houve com a tábua de classificação da conferência Leste. De uma hora para outra, os favoritos bobearam e três times tomaram de assalto uma tabela que sempre foi meio estranha, mas neste início de campeonato tem se mostrado totalmente esquizofrênica.
Dava para prever que o topo do Leste seria dominado por Washington, Cleveland e New York?
No fundo, mas bem no fundo, esse furacão tem explicações razoáveis. A começar pela queda do Indiana Pacers, que teve o elenco esfacelado após a fatídica pancadaria, e do Detroit Pistons, que ainda não ajustou suas engrenagens. É assim mesmo. Acontece com equipes como Spurs, Wolves, Kings e Mavs. A cada ano, algumas delas demoram a embalar e ficam para trás no começo da temporada.
Depois, se recuperam.
Miami e Orlando, respaldados por bons reforços, continuam fazendo bonito, mas patinaram de leve e abriram espaço para forças emergentes que, cá entre nós, não inspiram muita confiança.
Os Wizards contam com a habilidade do armador Gilbert Arenas, eleito melhor atleta da semana na conferência, com média de 25.7 pontos por noite. A boa fase, com a ajuda do reforço Antawn Jamison, se traduziu em quatro vitórias seguidas. Sem que ninguém percebesse, o time pulou para a liderança.
Os Knicks, em terceiro lugar, tiram proveito da fragilidade da divisão do Atlântico. Ali não é difícil se destacar. Tanto que a campanha continua sendo medíocre, com oito vitórias e nove derrotas.
Os Cavaliers, estes sim, podem ter chegado para ficar. Para o desespero da turma que torce contra, LeBron James está jogando o fino. Era o líder que a equipe procurava nos dias de trevas e agora, ainda por cima, está bem acompanhado, com talento razoável ao seu redor.
Enquanto o amigo Carmelo Anthony pena para enfiar o Denver no grupo do mata-mata, o jovem LeBron já mandou seu recado e avisou que a liga deve prestar mais atenção no Cleveland. De fato, deve.
Quanto a Washington e New York, salvo imprevistos, o tempo deve se encarregar de devolvê-los ao lugar de origem. E tudo voltará ao normal, até que o próximo furacão peça passagem.
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Enquanto isso, no Oeste, Spurs e Sonics, os dois melhores da tabela, medem forças em San Antonio. Tim Duncan e Ray Allen prometem um jogaço.
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foto . nbae
7.12.04
pelas beiradas
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))) Simmons é um o fator de
desequilíbrio para os Clippers
O tempo fechou quando Elton Brand cerrou o punho e largou um soco no calouro Emeka Okafor. Era o último quarto da partida entre Los Angeles Clippers e Charlotte Bobcats, que seguia equilibrada, disputada lance a lance. Último quarto, aliás, uma vírgula: a brincadeira estava apenas começando e a batalha ainda se arrastaria por duas prorrogações.
Com Brand expulso, o L.A. penou para arrancar uma vitória suada, mas pelo menos saiu de quadra aliviado. Foi a quarta vez que o time da Califórnia avançou para períodos extras. Nas outras três, havia perdido para Golden State, Houston e Minnesota. Ontem, contra a franquia estreante da liga, embolsou o triunfo e manteve o honroso sétimo lugar na tabela da conferência Oeste.
Alguém aí falou em playoffs?
Bem, atrás dos Clippers ainda temos Lakers, Nuggets, Blazers, Jazz e Grizzlies, todos candidatos a uma vaga no mata-mata, na corrida que promete ser uma das mais disputadas dos últimos anos.
Enquanto os concorrentes deixam, o primo pobre de Los Angeles vai fazendo seu papel de forma exemplar. Tem vencido as partidas fáceis e perdido as difíceis. Para quem se acostumou a ser saco de pancadas na NBA, já está bom demais.
Não custa voltar alguns meses no tempo para lembrar que, na ânsia de abrigar Kobe Bryant em suas fileiras, a diretoria fez uma faxina no elenco. Perdeu gente boa e apostou no razoável Kerry Kittles como reforço. Pois Kittles, vejam só, machucou o joelho direito e sequer está jogando. O mesmo aconteceu com o calouro Shaun Livingston, que se contundiu durante um treino e também caiu na enfermaria.
Junte-se a isso o fato de que Elton Brand começou o ano pegando leve. Bem, talvez Okafor não concorde com isso depois do murro que levou ontem, mas o ala reduziu suas médias de pontos e rebotes.
Ora, como explicar, então, o sucesso dos Clippers neste início de campeonato? O segredo está num quarteto de atletas em franca ascendência.
O primeiro é Corey Maggette, que mantém o bom nível do ano passado e não foge da responsabilidade para decidir partidas. Ontem, contra os Bobcats, ele anotou 33 pontos e 11 rebotes. Tem sido assim sempre que a equipe precisa, e assim deve continuar se houver pretensões reais de classificação. Os outros três destaques formam o grupo de apoio para Maggette e Brand: o pivô Chris Wilcox, o armador Marko Jaric e o ala Bobby Simmons subiram degraus significativos na carreira e passaram a contribuir mais com a equipe.
Simmons, no entanto, parece ser o grande fator de desequilíbrio. Garantido no quinteto titular e ciente da confiança que desperta no técnico Mike Dunleavy, o ala passou a atuar 38 minutos por noite. Sua média de pontos cresceu de 7.8 no ano passado para 16.4 este ano. Evolução semelhante tem sido notada nos rebotes, nas assistências, nas roubadas e, principalmente, no aproveitamento de arremessos. O sujeito acertava 39% de seus chutes a agora subiu o número para 56%.
Se a maré de vitórias vai quebrar na praia em breve, não dá para prever. Em todo caso, convém ao Los Angeles aproveitar enquanto não acorda do sonho. Se conseguir estender a boa fase até metade da temporada, crescem as chances reais de se intrometer no clube fechado dos playoffs no Oeste.
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foto . nbae
6.12.04
cavalaria a caminho
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))) Jason Kidd volta hoje contra o Toronto
Sábado foi um daqueles dias raros para o New Jersey Nets. Dia de vitória. Tudo bem, foi um 109-88 sobre o frágil Atlanta Hawks, mas é assim mesmo: com a qualidade humana que o elenco tem apresentado, é difícil ganhar de quem não é frágil. Os outros três triunfos foram contra Chicago, Portland e Charlotte. Aí fica mais fácil, não? De resto, o que se viu foi uma dúzia de derrotas impiedosas.
Para atenuar o sofrimento, só chamando reforço de peso. E a solução saiu direto do departamento médico. A cavalaria chega hoje à noite, na Continental Airlines Arena, vestindo a camisa 5 e distribuindo passes capazes de fazer o elenco render um pouco mais.
Toda a esperança dos Nets para evitar uma campanha vexatória está nas mãos de Jason Kidd, que volta às quadras logo mais, aparentemente recuperado de uma delicada cirurgia para reconstruir a cartilagem do joelho esquerdo.
No sábado, enquanto a equipe batia o Atlanta, Kidd preferiu se poupar. Ainda não se sentia em condições de dar as caras numa partida oficial, mas já havia treinado bem, inclusive em simulações táticas de cinco contra cinco.
Ninguém esperava que o melhor armador do planeta se recuperasse de forma tão rápida. Daí a desconfiança em relação a seu real estado de saúde. Quem explica é o próprio:
"Estou me sentindo ótimo. Jamais voltaria se não estivesse me sentindo capaz. Tudo correu muito bem no processo de reablitação".
Então tá, bola para ele. Com a armação do jogo sob suas asas, Kidd tem condições de melhorar as atuações dos companheiros. É o que Richard Jefferson disse ontem: não dá para medir em números o impacto da volta.
Com uma visão de jogo ímpar no basquete mundial, Kidd talvez seja o atleta que mais produz à margem das estatísticas. Sua capacidade de envolver quem está à sua volta não pode ser transformada em numeralha. Só quem vê os jogos consegue perceber este tipo de mudança.
O técnico Lawrence Frank sabe disso e aposta todas as fichas no retorno do craque. "O número de cestas fáceis certamente vai crescer. Haverá uma queda significativa na carga de stress dos atletas".
Mesmo que não esteja 100% recuperado e ainda penando para reencontrar o melhor ritmo, não há dúvidas: Jason Kidd é o único remédio capaz de atenuar o sofrimento da torcida. A cura é um sonho distante, mas já dá para tirar o time da UTI.
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foto . nbae
3.12.04
olho no alemão
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))) Nowitzki teve noite de rei na quinta-feira
O esforço foi louvável, mas Tracy McGrady escolheu o dia errado para acordar. Em visita a Dallas, o craque do Houston Rockets fez um estrago na tábua de estatísticas com 48 pontos, nove rebotes e nove assistências. A noite tinha tudo para representar o momento de redenção para o único atleta de elite da liga que se mantinha abaixo da crítica neste início de temporada.
Só faltou combinar com o alemão.
Justamente no dia em que T-Mac voltou a ser T-Mac, Dirk Nowitzki resolveu dar de presente aos fãs a melhor atuação de sua carreira (e uma das melhores performances individuais da NBA nos últimos anos). Além dos impressionantes 53 pontos, o ala pegou 16 rebotes, deu quatro tocos, roubou três bolas e acertou 21 de 22 lances livres. Passou exaustivos 50 minutos em quadra e botou os Mavericks nas costas, do início do primeiro quarto até o fim da prorrogação. Fez de tudo em prol do coletivo e desfilou um vasto repertório de lances espetaculares.
A vitória por 113-106 serve para dar moral ao Dallas, mas também para garantir a Nowitzki uma raia de luxo na corrida pelo título de MVP. Dito isso, os mais afoitos logo gritarão: "Quem precisa de Steve Nash?"
A frase vale como provocação, apesar da festa que o ex-companheiro vem fazendo no Phoenix Suns. Não custa lembrar que Nash levou o time à liderança e ainda embolsou o prêmio de melhor jogador do mês.
O fato é que o All-Star alemão soube absorver a saída do amigo. Inteligente, ampliou seu leque de jogadas e, mesmo com um punhado de estrelas ao seu redor, chamou a responsabilidade pelo sucesso da franquia. Resultado: médias inéditas de pontos (27.3, vice-cestinha), rebotes (11.4), roubadas (1.56) e aproveitamento da linha de três (45%).
Neste caso, os números falam alto, mas não representam o aspecto decisivo da avaliação. Na ponta do lápis, vale mais o amadurecimento do atleta e a sua capacidade de decisão. Não deixa de ser saudável que um estrangeiro brigue para pescar uma vaga no topo do basquete americano.
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Antes do duelo épico entre Nowitzki e T-Mac, todo mundo estava esperando que LeBron James e Carmelo Anthony fizessem o grande confronto da quinta-feira. Pura ilusão. Na vitória fácil do Cleveland sobre o Denver, LeBron marcou apenas 17 pontos e Melo anotou 14. O tira-teima fica para a próxima.
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A maré de sorte que tem acompanhado as raras transmissões da ESPN (uma mísera por semana) deve continuar forte esta noite. Cumpridas as seis rodadas de suspensão, Ben Wallace volta ao Detroit Pistons justamente contra o San Antonio Spurs de Tim Duncan. Vale ficar acordado até tarde.
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2.12.04
tédio na califórnia
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))) Odom e os Lakers precisam reagir
Ganhar os jogos fáceis, perder os difíceis. Assim tem sido a entediante rotina do Los Angeles Lakers, o que rende ao time um discretíssimo décimo lugar na conferência Oeste e a indiferença total da mídia, que simplesmente parou de falar sobre a turma de Kobe Bryant. Com o elenco desmontado, o técnico Rudy Tomjanovich ainda pena para ajustar as novas peças e criar, a partir delas, um time de basquete.
Por enquanto, bola na mão de Kobe.
O problema é que, mesmo sendo ele o cestinha da temporada, e mesmo jogando bem toda noite, nem sempre dá para arrancar vitórias com um exército de um homem só. Ontem, por exemplo, a equipe quebrou a rotina e perdeu uma partida que deveria ser muito fácil, contra o lanterna do campeonato.
Para a sorte do Chicago Bulls, os Lakers sofreram com uma pane nos quatro minutos finais, quando acertaram apenas uma cesta. Na terça-feira, contra o Milwaukee, outro revertério: Bryant errou seus últimos oito arremessos e a vitória quase foi por terra. Quem garantiu a noite feliz foi o jovem Brian Cook, que acertou cinco de seis chutes da linha de três e anotou 25 pontos. Nos segundos finais, justiça seja feita, Kobe deu um toco monstruoso em Michael Redd que, desde já, entra para a galeria dos melhores lances do ano.
O fato é que, nesse perde-e-ganha, o Los Angeles não consegue sequer ser o melhor time da cidade. Atrás dos Clippers, se mantém fora do grupo de classificados ao mata-mata. O quarto lugar na divisão do Pacífico (onde o Phoenix Suns tem passado a vassoura sem muito esforço) não condiz com a tradição de uma franquia acostumada a brigar por títulos.
Culpa de quem?
Os novos reforços continuam devendo. Por contusão ou desinteresse, Lamar Odom, Caron Butler, Brian Grant e Vlade Divac estão rendendo muito abaixo do esperado. Sem a ajuda deles, Bryant pode marcar 40 pontos a cada rodada. De nada vai adiantar.
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John Grenn e Charlie Haddad receberam em suas casas educadas cartinhas informando que estão proibidos de pisar no Palace de Auburn Hills, em Detroit. Green é o sujeito acusado de jogar um copo cheio em Ron Artest, na famosa confusão do dia 19 de novembro. Haddad teria invadido a quadra para brigar com os atletas. A princípio, nenhum processo será aberto. E fica uma sensação de que, no geral, a punição ainda é branda.
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foto . nbae
30.11.04
incêndio na colméia
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))) Os Davids Wesley e West se unem a
outros infelizes para salvar os Hornets
Cada time tem suas crises, isso todo mundo sabe, mas cá entre nós, não deve ser fácil torcer pelo New Orleans Hornets. Em toda a NBA, não há nenhuma equipe que atravesse crise maior, pautada pela diferença entre o que é e o que poderia ter sido.
Entenderam?
Se não fossem as esquinas da vida, essa franquia poderia ter se transformado em uma das potências do Leste, escorada num trio de ferro formado pelos All-Stars Baron Davis, Jamal Mashburn e Jamal Magloire. Time azeitado, elenco entrosado, está aí a receita previsível para ganhar respeito numa conferência frágil, que continua frágil mesmo com Shaquille O'Neal trombando nos garrafões.
O problema é que o mundo girou e embaralhou o meio de campo. Para começo de conversa, a NBA redesenhou suas fileiras e jogou o New Orleans para o Oeste. Pura maldade. O presente de grego se completou quando a equipe soube que cairia na divisão Sudoeste, a mais forte da liga, com San Antonio, Dallas, Houston e Memphis.
Aí não teve jeito: inferno astral na certa.
Confirmaram-se as previsões mais sombrias sobre a contusão de Mashburn, que está fora do campeonato. Baron Davis se juntou ao amigo em meados de novembro, e agora é a vez de Magloire, que deslocou um dedo e ficará três meses de molho.
Sem os principais atletas, o time tem entrado em quadra com o seguinte quinteto titular: PJ Brown, Lee Nailon, David West, David Wesley e Darrell Armstrong. Dá para engolir? O resultado só podia ser um, este que está aí, a lanterna do Oeste, onde os Hornets parecem lutar por uma vaga cativa.
Poderia não ter sido nada disso. Mas foi.
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Para o nosso azar, as contusões não perturbam só os medalhões e pegam também o brasileiro Alex. Sempre às voltas com a enfermaria, o ala-armador não consegue cavar espaço nem mesmo neste elenco cheio de buracos. Uma pena.
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fotos . nbae
29.11.04
alerta vermelho
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))) Com Yao no garrafão, McGrady não
pode mais viver apenas de pose e fama
Receber a bola no ataque e ver Andrew DeClerq se mexendo embaixo da cesta é uma coisa. Levantar os olhos e esbarrar com Yao Ming de mãos erguidas é outra completamente diferente. Qualquer cérebro razoável julgaria a segunda alternativa como a melhor situação de jogo, certo?
Bem, nem todos os cérebros razoáveis.
Envolvido até o pescoço num estilo individualista, Tracy McGrady devia se sentir aliviado ao avistar DeClerq e outros ex-comparsas do Orlando Magic. Assim, sentia-se à vontade para tentar a infiltração, chutar de longe, errar a torto e a direito. Era ele o astro do time, não existia plano B no ataque. Agora existe.
Dividir os holofotes com Yao Ming não tem sido um bom negócio para T-Mac. Basta comparar sua performance à dos outros astros que mudaram de time nesta temporada. Todos, à exceção do ala-armador do Houston Rockets, evoluíram e passaram a exercer funções primordiais em suas equipes.
Steve Francis, que trocou de uniforme com McGrady, renovou os ânimos do Orlando Magic e fez de Grant Hill um parceiro de mão cheia. Outro Steve, o Nash, mal aportou no Phoenix Suns e já está distribuindo mais de 11 assistências por partida. Shaquille O'Neal vem fazendo do Miami Heat um candidato ao título do Leste, e até Antawn Jamison mexeu com as estruturas do Washington Wizards.
T-Mac, na contramão, está caindo no limbo dos jogadores normais. Limita-se a 20.5 pontos por noite (número ridículo para quem já beirou os 30), reduziu as médias de assistências, rebotes e roubadas e até o aproveitamento de arremessos ficou mais baixo. Esperava-se que ele escolhesse melhor os chutes, que mudasse seu estilo, que jogasse para o time.
O tempo vai passando e, até agora, Tracy ainda está devendo uma prova de que essa transformação é possível. O craque que abra o olho, ou a elite da liga pode fechar-lhe as portas em pouco tempo.
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fotos . nbae
27.11.04
recados do novo iverson
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))) O armador tem motivos para festa
Faltavam menos de 20 segundos para Allen Iverson interromper uma série de 30 jogos com pelo menos uma roubada de bola. Contra o Washington, já estávamos na prorrogação, placar empatado, e ele não havia feito jus à fama de ladrão. Àquela altura, dava preferência a outros ofícios: o de artilheiro, com 26 pontos, e o de garçom, com 13 assistências. Tudo isso sem um desperdício sequer.
Pobre do desatento Jarvis Hayes, que tentava colocar a bola em jogo para o último ataque dos Wizards. Antes que Gilbert Arenas recebesse o passe, Iverson surgiu do nada para roubar, infiltrar, bandejar e decidir a partida, no segundo final. Está aí uma tarefa que o pequeno e controverso armador tem desempenhado com maestria neste início de temporada. Decide jogos com a confiança de um MVP.
Os companheiros têm colaborado e, por isso, o Philadelphia 76ers vai cumprindo papel razoável na tabela. É o líder da divisão do Atlântico, com seis vitórias e seis derrotas. Sabemos que, no Leste, rondar os 50% de aproveitamento significa grandes chances de emplacar uma vaga nos playoffs. O time da Pensilvânia tem talento para ultrapassar essa média, desde que o craque da companhia continue crescendo neste ritmo.
Até agora, tudo corre em céu de brigadeiro. Iverson é o terceiro cestinha do campeonato, com 26.5 pontos por noite. De quebra, é o sétimo da liga em assistências e o nono em roubadas. Já decidiu duas partidas com arremessos no último segundo, e era justamente isso que faltava. O baixinho nunca foi de embolsar os jogos, de acertar chutes nos momentos decisivos. Talvez por isso (e pelo comportamento um tanto egoísta em quadra) não seja valorizado como outros atletas de nível semelhante.
Com a saída de Eric Snow, que foi escorar LeBron James em Cleveland, Iverson ganhou novas funções. Viu-se forçado a crescer como jogador. Tem correspondido com folgas. Ponto para o técnico Jim O'Brien, ponto para os Sixers, ponto para o basquete.
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Começamos o ano protestando contra o fato de a TV brasileira não dar muita bola para a NBA. É verdade, mas não podemos reclamar da sorte. Pelo menos às sextas-feiras, temos visto partidas eletrizantes. Na semana passada, estava lá, ao vivo, na nossa televisão, a pancadaria desenfreada entre Detroit e Indiana. Ontem, vimos um belo jogo entre Pistons e Heat, com direito a um desfecho fantástico pelas mãos de Rip Hamilton. Que continue assim.
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foto . nbae
26.11.04
basquete às avessas
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))) Conhece? É Harrison, calouro do Indiana,
que passou a ser protagonista em quadra
Alguma coisa está fora da ordem. Bem, na verdade é para estar mesmo. Tradicionalmente, acontece de tudo em início de temporada, período em que as equipes ainda penam para azeitar os elencos. A zebra passeia pela liga sem ser incomodada. A situação fica ainda mais esquizofrênica quando uma franquia estreante começa a vencer e uma pancadaria em quadra balança dois candidatos ao título do Leste.
O resultado está aí para todo mundo ver.
Sem Ron Artest, Jermaine O'Neal, Stephen Jackson e mais um punhado de coadjuvantes, o Indiana Pacers simplesmente resolveu que não está disposto a entregar os pontos. Contratou dois alas meia-boca (Tremaine Fowlkes e Britton Johnsen), deu uma injeção de ânimo na garotada e, bingo, atropelou Celtics e Wolves, sendo o último compromisso dentro de Minneapolis.
O Detroit Pistons só perdeu Ben Wallace (por apenas seis rodadas), mas já deu sinais de fraqueza. No meio da semana, perdeu para o fraco Charlotte Bobcats, que apesar da fama de saco de pancadas, já incluiu no currículo uma vitória sobre os atuais campeões. Na partida anterior, contra o mesmo Charlotte, o Detroit precisou de duas prorrogações para arrancar uma vitória. E na seguinte, em Cleveland, perdeu de novo, uma enfiada de 92-76, com direito a 43 pontos do surpreendente LeBron James.
Por falar em perder, o que deu no Utah Jazz? Time-sensação da temporada, o jovem grupo comandado por Jerry Sloan parece contaminado pelo feriado de Ação de Graças. Num intervalo de dois dias, perdeu para as duas únicas equipes que ainda não haviam vencido. Bulls e Hornets agradecem a gentileza.
Enquanto a zebra dá as cartas, a tabela fica do avesso. Se a temporada regular terminasse hoje, teríamos nos playoffs sete equipes que viram o mata-mata do ano passado pela TV. Só o tempo cura esse tipo de coisa. Vamos esperar para ver.
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A saída de Hubie Brown cai como uma bomba no Memphis Grizzlies. Alegando problemas de saúde, o técnico deixa órfão um grupo de jovens promissores em busca de orientação. É como se metade do time fosse embora. Vai ser difícil se recuperar do impacto.
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foto . cnn/sports illustrated
23.11.04
a vida no fundo do poço
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))) Hinrich e os Bulls não saem da lama
Mais um ano começou, quase um mês se passou, tem até franquia nova estreando com elenco de quinta categoria, e adivinhem quem é o lanterna do campeonato? Adivinhem qual é o único time que ainda não sentiu o sabor da vitória?
O bom e velho Chicago Bulls, claro.
O playground onde Michael Jordan se criou tem tudo para fincar sua bandeira definitivamente no rol das equipes pequenas. Chega a ser constrangedora a seqüência de trapalhadas da diretoria, dos técnicos, dos jogadores. Todos parecem irredutíveis na tarefa de manter a tradição no fundo do poço.
Tudo bem que a tabela deste ano não ajudou muito. Até agora, os Bulls só atuaram em casa três vezes, contra Nets, Suns e Clippers. Perderam as três, óbvio, assim como todas as outras fora de casa. O time se encontra hoje no meio de uma turnê indigesta pelo Oeste. Já visitou Kings, Warriors, Nuggets, Lakers e Suns (de novo). Acumulou derrotas humilhantes, como já é de costume.
Na quarta-feira, a pedreira continua em Salt Lake City, contra o Utah Jazz, que acaba de conceder ao New Orleans Hornets sua primeira vitória na temporada. Outro presente de Jerry Sloan? Duvido muito.
O problema é que, com um elenco desses, não dá mesmo para sonhar alto. Resta brigar com Bobcats, Hawks e Nets pela rabeira do Leste. Vejam só, estou falando do Leste, conferência cheia de fraquezas, onde o Chicago reinava soberano até pouco tempo atrás.
Com as fileiras repletas de jovens promissores que se arrastam sem corresponder às expectativas, fica difícil fazer frente até aos adversários mais fracos. A esta altura, Tyson Chandler e Eddy Curry já deveriam ter estourado, não? A julgar por uma pesquisa na página oficial, a torcida perdeu a paciência, pedindo a troca de Curry por um atleta de impacto.
As negociações, contudo, não são o ponto forte dos cartolas dos Bulls. Nos últimos anos, a quantidade de burradas é quase inacreditável. Basta passear pela liga e pescar os atletas que saíram de lá. Daria para formar uma seleção pra lá de razoável:
C - Brad Miller
PF - Elton Brand
SF - Ron Artest
SG - Jalen Rose
PG - Jamal Crawford
No banco, gente boa como Brent Barry, Fred Hoiberg, Donyell Marshall e Ron Mercer.
Ter se livrado desses jogadores nem é o pior. Triste é a turma que veio em troca. Em todas as negociações, absolutamente todas, o Chicago saiu perdendo. Ficou sempre a promessa de liberar a folha de pagamento e apostar em jovens talentos. Pura balela. Depois de tantas mexidas, Kirk Hinrich é o único que parece ter capacidade real de evoluir.
Enquanto os dirigentes patinam e os garotos ficam esperando futuro chegar, o nome da franquia segue manchado. Pobre da torcida, que se acostumou a ver Jordan e Pippen levantando canecos, e hoje respira aliviada por não haver rebaixamento na NBA.
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foto . nbae
22.11.04
sem perdão
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))) Stern fez bem ao se livrar de Ron Artest
De forma louvável, a NBA agiu rápido. Enfurecido, o manda-chuva David Stern enfiou o pé na porta e varreu Ron Artest da temporada. O pacote de punições foi divulgado de forma ágil, incisiva e sem rodeios. Ficou claro que a liga não está disposta a tolerar indisciplina. Mesmo assim, ainda cabem algumas observações sobre as penalidades. Vamos a elas.
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))) Punição aos Pistons
Como já foi dito na caixa de comentários, os ginásios da NBA confiam cegamente na educação dos torcedores. Da poltrona onde eu sentei na Continental Airlines Arena, por exemplo, não seria difícil acertar minha garrafinha d'água na testa de Shaquille O'Neal. As cadeiras à beira da quadra tornam ainda mais promíscua essa relação, que deveria ser mais bem cuidada para evitar percalços. Na saída para os vestiários, é completamente impossível frear o ímpeto dos fãs, que só precisam se debruçar no alambrado para dar uns cascudos nos atletas.
Até aí, tudo bem.
O problema é que, na pancadaria de sexta-feira, havia uma situação específica. Assim que foi agredido por Ben Wallace, Ron Artest se deitou sobre a mesa ao lado da quadra e ficou ali, numa clara atitude de provocação. Era óbvio o risco de conflito com a torcida adversária, e não havia por perto seguranças ou policiais capazes de evitar a confusão que se anunciava.
Em determinado momento, já com o circo armado, Artest esmurrou a cara de um torcedor no meio da quadra. Os dois estavam ali, soltos, sem ninguém por perto, à vontade para brigar. Não havia uma alma para apartar ou impedir as vias de fato. Isso é falha grave de organização, tanto do ginásio quanto da franquia. Merece punição severa.
Este é um dos lados da moeda. O outro diz respeito à educação. Se a questão, como foi dito, é o comportamento do torcedor, torna-se indispensável educá-lo, certo? E ninguém vai educar marmanjo distribuindo panfletos ou promovendo campanhas de conscientização na TV. Para isso, só há duas saídas.
1) A saída policial - Com câmeras de sobra, é preciso identificar e prender os agressores. Simples.
2) A saída emocional - Ao punir o time, tirando-lhe o mando de quadra ou forçando a perda de pontos, a NBA atinge em cheio a torcida, que não quer amargar derrotas. Por causa desse tipo de punição, aqui mesmo no Campeonato Brasileiro de futebol, o sujeito que atira um simples copo plástico no campo é censurado pelos próprios colegas de arquibancada. Quando todos sabem que o time pode ser prejudicado, cria-se um mecanismo defensivo na torcida, que fica com medo de ver seus ídolos prejudicados e passa a promover um sistema de autocontrole.
Portanto é necessário, sim, punir o Detroit Pistons, mesmo que engravatados e atletas (a maioria, pelo menos) não tenham culpa direta pelas agressões. Infelizmente, o cérebro do baderneiro responde melhor à repressão do que à prevenção.
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))) Suspensão dos atletas
))) Para Jackson, ficou barato
1) Ben Wallace - Bater em torcedor é falta mais grave (e menos recorrente) que brigar com adversários. No caso do Big Ben, contaram também os bons antecedentes. Por isso, é natural que a pena seja menor que as demais. Em todo caso, acho que a NBA deveria ter dado mais peso ao efeito causado pelo destempero do pivô do Detroit. O empurrão violento em Artest desencadeou um dos maiores tumultos da história da liga. Foi o estopim de uma pancadaria quase sem precedentes. No plano geral, a geladeira de seis rodadas soa como refresco.
2) Ron Artest e Jermaine O'Neal - Ambas corretíssimas. Pelo retrospecto de encrencas, caiu bem para Artest a suspensão por um ano. Para ele, no fim das contas, vai ser até bom. Terá tempo de sobra para divulgar o CD de rap e pensar na anunciada aposentadoria. O'Neal também mereceu o gancho de 25 partidas. Foi violento com os torcedores, o que é imperdoável em qualquer circunstância. A NBA mostrou pulso firme e agiu muito bem nesse aspecto.
3) Stephen Jackson - Pela selvageria que mostrou em quadra, os 30 jogos ficaram baratos. O armador foi o mais exaltado de todos, distribuiu socos e pontapés em todas as direções. Parecia possuído e, definitivamente, merecia gancho maior.
4) Reggie Miller - Fim de carreira é isso aí. De terno, o veterano tentou conter Artest enquanto o ala estava deitado na mesa. Acabou pegando um jogo de suspensão por abandonar o banco de reservas.
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fotos . cnn/si e nbae
20.11.04
o ringue da vergonha
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))) Wallace, Artest e pancadaria generalizada
Torcedor do Detroit Pistons, Mike Ryan pagou caro por um bom assento na partida de sexta-feira contra o Indiana Pacers. Quase à beira da quadra, ele foi a primeira pessoa interpelada por um furioso Ron Artest que, todo molhado, tentava descobrir quem acabara de lhe atirar na venta um copo cheio de cerveja.
"Foi você?", gritou o jogador, armando o murro.
"Não, cara, não!", respondeu Ryan, que dali em diante viu, de camarote, um dos espetáculos mais tristes na história da NBA.
Como o jogo foi transmitido ao vivo para o Brasil (que sorte, hein) e as imagens ganharam espaço até no Jornal Nacional, não cabe aqui reproduzir o passo-a-passo da pancadaria no Palace de Auburn Hills. Cabe apenas lamentar que alguns atletas tenham o equilíbrio tão frágil a ponto de deixarem aflorar os animais que se escondem sob os músculos.
Na batalha de ontem, havia vilões de sobra. O maior deles, por incrível que pareça, não era Ron Artest, e sim Ben Wallace, que iniciou o tumulto ao revidar uma falta dura com uma agressão inclassificável. Sabemos que o ala dos Pacers é um provocador barato. Sabemos também que o pivô dos Pistons enterrou o irmão de 61 anos na semana passada, o que perturba qualquer cabeça. Mas ao sentar as duas mãos no rosto do adversário, Wallace acordou os trogloditas.
Artest, que é marginal mas não é bobo, sabe que seria quebrado ao meio se partisse para o mano-a-mano com Big Ben e seu black-power. Esquivou-se rápido e, rei dos debochados, deitou-se na mesa como se nada estivesse acontecendo. Enquanto a turma do deixa-disso agia, ficou ali, parado durante alguns segundos, alvo perfeito para os vândalos que ocupavam poltronas ali perto.
Não demorou para o copo cheio estourar no peito do bad-boy, que partiu espumando fileiras acima. Passou pelo tal Mike Ryan e saiu encestando quem via pela frente. Àquela altura, Jermaine O’Neal, com cara de bom moço, também distribuía cruzados a quem quisesse. Stephen Jackson, então, parecia um lutador de vale-tudo: bateu sem escolher alvos.
Tão vilã quanto os atletas, a torcida de Detroit merece punição exemplar. O banho de cerveja, refrigerante e pipoca que os jogadores do Indiana levaram a caminho do vestiário é motivo suficiente para qualquer tribunal tomar uma atitude. Até a frágil justiça esportiva brasileira, vejam só, anda tirando mandos de campo quando um simples copo cai no gramado. Imaginem com o circo de ontem. Os proprietários do Detroit se apressaram em dar as caras na TV e culpar Artest pelo imbróglio. Coisa feia. Artest certamente está no alto da lista de culpados, mas não é o único.
Se David Stern quer manter o pulso firme da liga, convém preparar uma retaliação de peso. Os atletas já foram suspensos por tempo indeterminado, mas os fãs, a organização do ginásio e a direção do Detroit Pistons também merecem uma resposta à altura. Além de esportivo, o caso agora é policial. Tem gente ali que precisa ir para a cadeia.
Resta esperar para ver.
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Agora sim, o rapper Ron Artest terá tempo de sobra para divulgar seu CD. Se quiser investir pesado, dá até para fazer uma turnê mundial.
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Na noite de Natal, a rodada dupla da NBA se encerra com o aguardado embate entre o Miami de Shaquille O’Neal e o Los Angeles de Kobe Bryant. É o jogo da noite, certo? Até agora era, mas vale registrar que a preliminar terá Pistons e Pacers, no primeiro encontro após a barbárie de ontem.
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))) FRASES
"Foi a coisa mais feia que já vi em toda a minha carreira como técnico e jogador. Estou constrangido pela liga" – Larry Brown, treinador do Detroit.
"Com a confusão, a impressão era de que eu estava brigando pela minha vida na quadra" – Rick Carlisle, treinador do Indiana.
"Não há espaço neste esporte para o que aconteceu na sexta-feira. Foi simplesmente uma cena feia" – Joe Dumars, presidente dos Pistons.
"Culpem os fãs. Estivessem alegres, altos ou bêbados, não há desculpa para um comportamento tão reprovável" – Mike Khan, comentarista da CBS.
"A direção do Detroit Pistons precisa admitir que seus torcedores agiram como hooligans" – Marty Burns, comentarista da Sports Illustrated
"Ron Artest deveria ser expulso da liga. Quantas chances vamos dar a um sujeito que claramente não pensa nas conseqüências? Ele nem quer continuar no basquete. Jogue-o fora" – Chris Mannix, comentarista da Sports Illustrated.
"O jogador deve estar preparado para qualquer eventualidade. Sim, a tentação está sempre ali, mas a disciplina exigida para se tornar um atleta da NBA proíbe que qualquer um passe do limite" – Bill Walton, ex-jogador e comentarista da ESPN.
"Os acontecimentos de ontem à noite foram chocantes, repulsivos e indesculpáveis, uma humilhação para qualquer pessoa ligada à NBA. Ficou claro que nossos jogadores não podem entrar na área da torcida, independentemente da provocação ou do mau comportamento de pessoas que vão assistir às partidas. A investigação dos fatos está em curso e eu espero que esteja concluída até domingo à noite" – David Stern, comissário da NBA.
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fotos . cnn, espn e cbs
19.11.04
eleição precoce
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))) K-Mart anuncia a prematura votação do All-Star
Da mesma forma que parece imprudente apontar favoritos e azarões com menos de um mês de campeonato, chega a ser uma piada a NBA abrir as cédulas de votação para o All-Star Game em meados de novembro. A temporada ainda engatinha e nenhum atleta pisou em quadra mais de nove vezes, ou seja, é impossível prever agora quem merece estar no Colorado em fevereiro.
Assim que a liga abre a votação, recebe logo uma enxurrada de votos do mundo inteiro. O torcedor, claro, adora participar, e se apressa em escolher seus favoritos. Esse montante precoce faz uma diferença razoável na contagem geral. Na maioria das vezes, as distorções se corrigem a tempo, mas não vejo motivo para tanta antecedência.
Se o jogo das estrelas fosse hoje, meus votos provavelmente seriam os seguintes:
OESTE
Yao Ming
Amare Stoudemire
Kevin Garnett
Ray Allen
Steve Nash
LESTE
Shaquille O'Neal
Jermaine O'Neal
Grant Hill
LeBron James
Steve Francis
Muita gente nova, não? Daqui a quatro meses, mais da metade dessa turma pode não merecer a vaga, mas muitos deles terão votos computados desde já. Não falta por aí gente boa que ainda está dormindo e pode acordar a qualquer momento. Da mesma forma, recomenda-se cautela com alguns atletas que começaram o ano arrebentando, mas podem descer a ladeira daqui a pouco.
Então mantenhamos a calma e, por favor, vamos evitar essas campanhas deliberadas pelos brasileiros. O ano é de aprendizado, não de brilho, é preciso se conformar. Votar mecanicamente em Nenê, Leandrinho ou outro qualquer, por puro patriotismo, não terá o menor efeito. Deixem essa tarefa constrangedora para os chineses.
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foto . nbae
18.11.04
oeste sem lei
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))) Na gangorra da NBA, o Seattle
surpreende e o Denver decepciona
Às vezes fica difícil entender o que se passa no terreno acidentado do Oeste americano. Como todos estão cansados de saber, a costa do Pacífico reúne as melhores equipes de basquete do país. Ano após ano, a corrida aos playoffs ganha ares de faroeste e, no fim das contas, vale a lei do mais forte. O problema é que a temporada 2004-2005 começou turva, sem permitir que se saiba quem são os mais fortes.
Ou algum sabichão esperava, por exemplo, que o Seattle Sonics pulasse na frente com oito vitórias na seqüência? Nem a mãe do Ray Allen.
Paixões de torcedor à parte, sabemos que cada campeonato tem seu fogo de palha. Na NBA, que se arrasta por oito meses, isso fica ainda mais evidente. Não são poucos os coelhos, se vocês me permitem tomar emprestado o termo usado para identificar os corredores que disparam na frente e deixam o pelotão passar no meio do caminho.
Difícil, no basquete americano, é saber quem é coelho e quem é zebra de verdade. No Oeste, até agora, quatro times surpreenderam e outros quatro decepcionaram. Vamos a eles.
))) Os azarões
Além do Seattle, que vem atropelando quem passa pela frente, merecem destaque as campanhas de Phoenix (6-2), Utah (6-2) e até o pobre L.A. Clippers (5-4). Destes quatro, só dois me inspiram confiança para uma arrancada de fôlego, capaz de garantir uma boa colocação nos playoffs. E, me desculpem, os Sonics de Allen não estão no pacote.
A médio prazo, a tabela não chega a reservar grandes pedreiras para a turma comandada por Nate McMillan, que vem gastando basquete como há muito não fazia. Ninguém duvida da capacidade de Ray Allen, um dos jogadores mais injustiçados da liga em termos de reconhecimento na mídia. Duvidamos, sim, do resto do elenco, que é fraco e dificilmente suportará a longa estrada de 82 partidas. Tirando Rashard Lewis, que mantém o bom nível, sobram apenas atletas medianos e, com boa vontade, alguns jovens promissores. Posso queimar a língua, mas acho bom a torcida do Seattle aproveitar o momento. A festa não deve durar muito tempo.
O mesmo vale para os Clippers, que definitivamente não são o melhor time de Los Angeles. Com um elenco frágil, a equipe carrega o mérito de ter sido a única a bater os Sonics. Venceu aqui e acolá, mas só conseguiu convencer de fato na atípica ensacada que aplicou no Indiana Pacers, vocês lembram, no meio daquela crise entre Ron Artest e Rick Carlisle.
Com Suns e Jazz, a banda toca em ritmo diferente. Ali, sim, é possível encontrar qualidade para enfrentar a maratona. São times jovens, bem treinados e com talento pra lá de razoável. Não digo que vão brigar pelo título, mas têm condições de segurar o rojão quando os medalhões começarem a subir.
))) As tartarugas
Nas apostas do Oeste, ninguém esperava que Sacramento (4-4), Houston (4-5), Denver (3-5) e Memphis (3-5) estariam até agora brigando para ultrapassar o aproveitamento de 50%. A diferença é que, ao contrário dos azarões, é possível identificar nestes quatro um talento capaz de mudar o panorama e impulsionar uma boa corrida ao mata-mata.
Os Kings precisam enfrentar um desafio que passa por mudança de filosofia: o grupo que sempre se orgulhou de ter a rotação mais qualificada da NBA não pode mais lançar mão deste argumento. Rick Adelman precisa fazer os astros jogarem. Se não for pelas mãos calejadas de Stojakovic, Webber e Bibby, vai ficar difícil.
No Memphis, parece que só o tempo resolve a questão. Hubie Brown precisa azeitar a máquina, e isso ele sabe fazer como poucos técnicos na liga. A franquia começou sonolenta, com quatro derrotas seguidas, e precisa acordar rápido para voltar à disputa.
Os Nuggets perderam três seguidas na semana passada (duas para o Utah e uma para o Seattle). Foi o que desequilibrou a equipe. De resto, conseguiu boas vitórias, mas precisa melhorar o rendimento fora de casa. O mesmo vale para os Rockets, que começaram com dois fracassos e, quando iam se arrumando, pegaram Wolves e Lakers pela frente. No caso do Houston, só para constar, não custa nada arrumar um armador de verdade para o lugar de Charlie Ward.
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Além do recado preciso que solta toda terça na Folha de S. Paulo, Melchiades Filho agora reproduz suas colunas no endereço melk.blog.uol.com.br. Ótima pedida para os que não acessam o jornal ou para quem quiser consultar textos antigos.
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foto . nbae
17.11.04
visita de cortesia
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))) Nash fez Nelson sentir saudades ontem
Quando o relógio zerou e a sirene tocou no American Airlines Center, Steve Nash correu para o vestiário. Dos visitantes. A sensação de ser um intruso na casa onde passou os últimos seis anos tinha também uma face de alívio. No aguardado retorno ao Texas, o armador saiu vitorioso. Comandou o Phoenix Suns com 17 pontos e espantosas 18 assistências, mostrando aos ex-patrões que vai fazer falta durante a temporada.
A vida de Nash mudou em julho. Com o passe livre, ele manifestou o interesse de permancer em Dallas, mas não resistiu aos US$ 60 milhões oferecidos pelo Phoenix. Era a chance de voltar à sua porta de entrada na NBA e, de quebra, embolsar um fortuna.
No mundo do esporte, o natural era que, no mínimo, fosse chamado de mercenário pela torcida dos Mavs, que ainda penam para escolher um substituto à altura na posição 1. Nada disso. Pelo jeito, o que se viu nas arquibancadas foi uma manifestação unânime de apoio e saudade. Faixas de agradecimento se espalhavam pelo ginásio, mostrando que as relações entre fã e ídolo muitas vezes se pautam no terreno do respeito.
Dentro da quadra, o canadense continua endiabrado. Por causa dele, o Phoenix evoluiu aos tubos em relação à temporada passada. O jovem Amare Stoudemire, que ontem carimbou 34 pontos, sabe que um armador de qualidade contribui para que todo o elenco cresça. Era só disso que os Suns precisavam: alguém capaz de fazer a turma render.
"Ainda tenho muito a aprender, por isso fico feliz de ter Steve aqui para me ensinar. Ele é um dos melhores do mundo quando se trata de entregar a bola no lugar certo", elogiou o ala-pivô.
De fato, talvez só Jason Kidd consiga superar Nash nesse aspecto. Desde já, caiu nas costas dele a missão de manter o elenco na ponta dos cascos. Hoje o time ocupa o terceiro lugar do Oeste mas sabe que, daqui a pouco, os cachorros grandes começam a subir. Para conter o ímpeto das equipes que vêm atrás, será preciso estar sempre próximo dos 100%. Missão complicada para quem acabou de abraçar um grupo novo.
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Na onda de azar que assola os brasileiros na NBA, Leandrinho machucou o tornozelo e não tem previsão de volta. De fato, será um ano difícil.
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foto . cnn/sports illustrated
16.11.04
quero ser grande
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))) Está difícil conter o ímpeto de LeBron
Tudo bem, o Cleveland Cavaliers começou a temporada perdendo três jogos seguidos. A primeira derrota custou uma dupla prorrogação contra o Indiana, e as outras duas foram fora de casa, contra Miami e Milwaukee. A partir daí, o time acordou. Bateu Hawks, Suns, Wizards e Warriors, escalando a tabela e chegando rápido ao grupo que se classifica para os playoffs.
Por trás da mudança de atitude, claro, está um adolescente de 19 anos, que completa 20 daqui a um mês. Correndo por fora, LeBron James já é o cestinha do campeonato, com 28.6 pontos por noite. Sem cerimônia, deixou para trás medalhões como Bryant, Nowitzki e Iverson. Mais que isso, devolveu à pauta uma discussão que começou no ano passado.
O garoto vai ou não vai se tornar um astro?
Quando escrevo astro, refiro-me aos astros de verdade, gente do quilate de Michael Jordan, Magic Johnson e do próprio Kobe. Não vamos cair na besteira de discutir se esse é melhor que aquele, mas há um clube seleto na história da NBA reservado aos grandes craques, os homens que de fato gastaram basquete e chegaram longe.
No ano passado, quando estreou na liga, LeBron carregava nas costas a responsabilidade de esmurrar a porta deste grupo. Tinha ao seu lado a sombra de Carmelo Anthony, calouro um pouco mais experiente com a manha da universidade no currículo. Uma viagem curta ao mata-mata fez muita gente prever que Melo teria um futuro mais brilhante.
Deste canto, continuo mantendo a fé no armador dos Cavs. Para este ano, ele ainda a vantagem de ter sido cercado por um pouco mais de talento, o que facilita as coisas. Dentro da nova configuração do elenco, sem tanta responsabilidade nos ombros, chegou o momento de explodir.
E LeBron está explodindo.
A capacidade técnica, a força atlética e a idade precoce fazem dele um fortíssimo candidato a fincar bandeira no topo do basquete americano muito em breve. Nada de novo Jordan, novo Magic, sequer novo Kobe. Cada um na sua, sem comparações. Mas não tenham dúvidas de que o fenômeno colegial está de mangas arregaçadas, pronto para a briga.
Tenham boa vontade com ele.
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Para quem almeja ser grande, só pontos não bastam. Vale lembrar que LeBron James passou a pegar muito mais rebotes (8.6 por jogo), virou um senhor ladrão de bolas (2.43) e um bloqueador razoável (1.57), além de elevar o aproveitamento de arremessos para quase 50%. É desse jeito, dedicando atenção em todos os fundamentos, que se constrói uma carreira vitoriosa.
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foto . cnn/sports illustrated
13.11.04
mvp em evolução
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))) Garnett manda avisar que
está no páreo, e muito vivo
Steve Francis, Dwyane Wade, Grant Hill, Manu Ginobili, Kobe Bryant... todos eles merecem o calor dos holofotes que andam circulando pela NBA neste início de temporada. É justo que se fale de quem tem comido a bola por aí, mas não há como não sentir falta de um nome na mídia:
O monstruoso Kevin Garnett.
Não sei se alguém já reparou, mas o MVP do ano passado começou este campeonato cumprindo uma missão que parecia impossível: melhorar seus números em todos os fundamentos. Se ele já era genial em 2003-2004, o que dizer da versão turbinada que estamos vendo em 2004-2005?
Apesar das previsões otimistas, o Minnesota Timberwolves caminha em meio a trancos e barrancos, com três vitórias e duas derrotas. Nas cinco partidas, KG foi o maior pontuador e reboteiro do time. Por onde passou, não deixou pedra sobre pedra e mandou o recado: vai ser difícil tirar dele o cinturão de melhor atleta do basquete americano.
A tábua de estatísticas revela que Garnett tem médias de 24.8 pontos, 15.4 rebotes e 7.1 assistências a cada noite, além de 50% no aproveitamento de arremessos. Assustadores, todos esses números são os melhores de sua carreira, provando que o ala de 28 anos ainda tem estrada para evoluir.
A vítima mais recente foi um Houston Rockets sem Tracy McGrady. Em pleno Texas, Garnett carimbou 20 pontos, 17 rebotes, nove assistências e três roubadas. Para a equipe engrenar e tentar repetir a performance do torneio passado, basta que os companheiros acompanhem o ritmo. Por enquanto, Sam Cassell e Latrell Sprewell estão devendo um pouco. Quando se acertarem e a reativarem a química, vai ser duro frear o comboio.
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Sem grandes estrelas e com um elenco extremamente bem arrumado, o Utah Jazz parece ter aprendido a lição do Detroit Pistons: não é preciso encher os uniformes com celebridades para levantar canecos. De quebra, Jerry Sloan ainda emplacou um diferencial em relação aos atuais campeões, o ataque bem executado. Por via das dúvidas, criador e criatura se enfrentam hoje à noite, quando a turma de Andrei Kirilenko recebe em Salt Lake City um Detroit desfalcado de Ben Wallace. Será um grande jogo, que o descaso das TVs nos impedirá de acompanhar ao vivo.
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foto . nbae
12.11.04
entrevista . anderson varejão
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))) "Não posso viver do prestígio de LeBron"
O Phoenix Suns poderia ser hoje o único time invicto da NBA, mas foi justamente contra os jovens do Arizona que o veterano Zydrunas Ilgauskas resolveu acertar o melhor arremesso de sua carreira. Foi uma raríssima bola de três (a quarta convertida em sete anos de NBA) que levou o Cleveland Cavaliers para a prorrogação e impulsionou a equipe de LeBron James rumo à vitória. Num jogo cheio de atrações, Anderson Varejão nem chegou a entrar em quadra.
Não importa.
Com um elenco ainda em formação, o calouro brasileiro terá chances de sobra para mostrar serviço. O técnico Paul Silas já deixou claro: “Ele me impressionou na pré-temporada e nas partidas em que teve oportunidade de jogar. Definitivamente ganhará mais minutos”.
Após começar o campeonato com três derrotas, o Cleveland já venceu duas e agora engrena numa boa seqüência: Wizards e Warriors em casa, seguidos de dois confrontos com os Bobcats. Quase uma mamata, boa chance para Anderson aparecer. Enquanto os minutos prometidos não vêm, o ala dos Cavs conversou com o escritório da NBA para a América Latina sobre a vida nova nos Estados Unidos.
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Como vai a rotina em Cleveland?
Até o momento, minha nova vida vai muito bem. Tudo está muito tranqüilo. A verdade é que Cleveland é uma cidade onde você não tem muito que fazer, mas ainda assim tenho me adaptado muito bem. Conheci brasileiros que me ajudam em algumas coisas e, mesmo estando sozinho, não posso me queixar.
Você costuma sair muito para se divertir?
Não saio muito. Gosto de ir a uma churrascaria onde conheci muitos brasileiros, e lá encontro alguns amigos, só isso.
Do que sente saudades dos tempos de Barcelona?
De tudo. Barcelona é uma cidade única, com muitas opções de lazer: praia, restaurantes e muitos lugares para conhecer.
Mantém contato com os ex-companheiros do Barcelona e com os jogadores de futebol, como Ronaldinho Gaúcho?
Quando os horários coincidem, sim. Normalmente pela internet ou por telefone. Sempre tratamos de estar em contato.
Em relação aos Cavaliers, como é sua relação com o técnico Paul Silas?
Muito boa. Não nos falamos muito porque ele é reservado, mas nos entendemos e sei que espera muito de mim.
E com os companheiros de time?
Esta é uma equipe jovem e isso facilita as coisas. Pouco a pouco, aprendo mais o inglês. Acredito que com o passar dos meses tudo será mais fácil e, ao fim da temporada, estarei falando o idioma perfeitamente.
O que significa jogar ao lado de LeBron James?
É importante. Aonde quer que vamos, sua presença chama atenção. Somos seus companheiros e devo aproveitar as oportunidades ao máximo. Ao mesmo tempo, não posso viver do prestígio de LeBron. Quero fazer o meu nome na equipe e na liga.
Tem falado com os brasileiros “veteranos” da NBA?
Sim, claro. Falo muito com o Nenê, com o Leandrinho, com o Alex e, claro, com o Rafael Araújo, o outro calouro, que está em Toronto. Temos uma ótima relação.
Você pensa em aproveitar a experiência da NBA na seleção brasileira?
Claro que sim. Nossa seleção tem muito futuro. É um grupo jovem e tem demonstrado boas possibilidades. Não chegamos à Olimpíada, mas todos sabem que temos muito talento. Acho que estaremos na China em 2008. A Argentina é um bom exemplo. Mostrou que é possível vencer. Eles passaram muito tempo jogando juntos, os atletas se conhecem. É algo que pode funcionar no Brasil.
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Por falar em entrevistas, o site da ESPN publicou ontem uma bem interessante com o encrenqueiro do momento. Marc Stein ouviu todas as explicações de Ron Artest, que declarou amor ao Indiana Pacers, descartou a aposentadoria precoce e não desmentiu os problemas de relacionamento com Jermaine O’Neal. No fim das contas, os argumentos são vagos e confusos, como convém a um atleta polêmico que está aí para complicar. Para quem encara leitura na língua nativa do homem, vale uma visita ao link.
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foto . nbae
11.11.04
o inacreditável artest
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))) A agenda de rapper cansou o atleta
Então vejam se eu entendi bem ou se as nove horas de vôo destruíram meus neurônios. Apontado pela mídia como um dos favoritos na conferência Leste, o Indiana Pacers começa a temporada confirmando as previsões e atropela adversários em seqüência. Eis que, num surto de insanidade, Ron Artest chama o técnico Rick Carlisle num canto e pede um mês de folga.
O motivo?
Recuperar-se do estafante calendário de divulgação de seu primeiro CD de rap, a ser lançado no fim deste mês. Por favor, leiam as palavras do próprio e não pensem que estou inventando: “Tenho me dedicado muito à música, preciso de descanso. Meu álbum chega às lojas no dia 23 de novembro e, depois disso, vou tratar de dedicar todo o meu tempo à missão de ganhar o título da NBA.”
Só pode ser brincadeira.
Miniférias para encarar eventos musicais em pleno decorrer do campeonato? Definitivamente, Artest não é um sujeito sério. Um gozador como ele merece punição muito maior que o castigo de dois jogos imposto por Carlisle.
Contra o Minnesota, na terça-feira, o Indiana teve garra para arrancar uma vitória apertada, graças a Jermaine O’Neal. Contra os Clippers, ontem, o que se viu foi uma enfiada histórica, de 102-68. Os 34 pontos de diferença representaram a pior derrota da equipe em todos os tempos jogando em Indianápolis.
Enquanto o torcedor é punido com o fracasso, o falastrão Artest continua recebendo seus salários de forma integral e, bem ou mal, acaba lucrando com parte da folga que reivindicou. Afinal, já são duas partidas sem cansar seu físico. A próxima é amanhã, na Filadélfia, e o treinador ainda não confirmou se o atleta volta ao quinteto titular. Se voltar, a instituição se desmoraliza. Se não voltar, cresce o risco de outro tropeço, já que O’Neal machucou o tornozelo contra o Los Angeles.
O fato é que, por mais marginal que seja, um jogador do calibre de Ron Artest não pode, em hipótese alguma, dar essa demonstração de total desinteresse pelo uniforme que defende. Ou não foi isso que ele fez? Se prefere se dedicar ao rap e precisa sacrificar o basquete para empunhar microfones, que abandone logo as quadras e abrace de vez os palcos. Com um pouco de sorte, vai vender um bocado de discos e embolsar dólares a balde.
Inconcebível é protagonizar um papelão desses, justamente quando os Pacers conseguem equilibrar o elenco e reunir um grupo capaz de brigar pelo caneco de campeão.
Entre um e outro verso de protesto, o sonho do título pode escorrer entre os dedos.
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Por falar em papelão, vejam esta história. O indivíduo finalmente se convence a ir ao ginásio para assistir a uma partida dos Bobcats, candidatos firmes a saco de pancadas na temporada. Afinal, o basquete está de volta a Charlotte, há um projeto sério, uma arena nova e, mesmo sem grandes craques, talvez valha a pena ver a turma suando a camisa em quadra. O pobre torcedor, então, passa a mão num catálogo e encontra o telefone fornecido pelo time para compra de ingressos.
Tecla o número e, do outro lado da linha, surpresa: uma mocinha atende com voz sensual, sussurrando palavras obscenas e oferecendo os mais variados prazeres da carne.
Franquia nova tem dessas coisas. Por um equívoco que até agora ninguém conseguiu explicar, o número de compra de ingressos do Charlotte cai direto numa central de tele-sexo.
A gafe foi consertada, as desculpas foram pedidas, mas o vexame está feito. Assim fica difícil ganhar credibilidade.
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O pleito foi apertado. Com 52 votos, vocês decidiram manter este visual do Rebote. Em segundo lugar, ficou a versão verde, com 42 menções, enquanto o azul (13) e o cinza (8) foram menos cotados. Seguindo a voz do povo, tudo fica como está.
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foto . nbae