4.1.04
alívio na tela
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))) Dunleavy e Prince ajudaram
a RedeTV a estrear com sorte
Tinha gente apreensiva. O amadorismo da TV aberta, a falta de conhecimento, o fantasma da Band, tudo isso criou um manto de pessimismo antes mesmo de a primeira bola subir. NBA no canal da Luciana Gimenez? Tinha tudo para dar errado.
Mas deu certo.
A trasmissão na RedeTV preencheu cinco horas da passagem de sábado para domingo e, ao fim da jornada, ficou um misto de alívio e otimismo. A direção da casa está de parabéns. Investiu num esporte que foge da cultura brasileira e, o mais difícil, conseguiu apresentar ao espectador um produto de qualidade.
Falta ajustar uma série de detalhes, claro. Mas a surpresa foi grata para quem esperava uma noite de erros, imagem ruim e nomes trocados. O que vimos foi uma transmissão leve, bem humorada, e com um nível bastante razoável de conhecimento da liga, coisa que não temos visto ultimamente em certos jogos da ESPN.
Marco Túlio Reis não é o Ivan Zimmerman, mas reserva um estilo debochado que tira a narração do plano burocrático. Mesmo quando exagera nos bordões, garante boas doses de bom humor, elemento fundamental para quebrar o gelo com a turma de casa.
Tudo indica que o locutor vai formar uma boa dupla com Marcel, que passou bem no primeiro teste. O ex-jogador imprimiu um estilo de comentário que não costumamos ver por aí: a explicação didática, com ênfase nas regras e nos fundamentos. Marcel é técnico, sabe das coisas e terá um papel importante de informar o público heterogêneo da TV aberta. Ficará melhor ainda se trocar os infinitos termos em inglês pelos correspondentes na nossa língua.
Túlio e Marcel tiveram uma ajuda honesta, não apenas do estúdio bacana, mas também da apresentadora, cujo nome me foge agora, mas cuja desenvoltura me impressionou. Para atrair audiência, os programas de esporte vivem colocando na tela rostos bonitinhos com cérebros vazios. Não parece ser o caso da mocinha da Rede TV. Esperta, ela capricha na pronúncia e parece saber do que está falando.
Na estréia de ontem, narrador e comentarista engrenaram uma rodada dupla de cinco horas e seguraram a onda (vale lembrar que, na ESPN, as noites duplas são divididas por duas equipes). Pelo bom trabalho, ganharam como recompensa dois belos jogos, especialmente o primeiro, entre Pistons e Warriors.
O primeiro prêmio veio logo no fim do quarto inicial, quando Brian Cardinal acertou um arremesso do meio da rua, quase no garrafão de defesa. A partida foi cheia de atrativos: um espetacular toco de Tayshaun Prince com as duas mãos, confusões de arbitragem, belas jogadas de lado a lado e até a polêmica expulsão de Larry Brown.
Na verdade, o técnico do Detroit não foi expulso, e aí entrou uma das poucas lacunas da transmissão da Rede TV. No terceiro quarto, em meio a reclamações, o juiz deu uma falta técnica para Rip Hamilton e, dois segundos depois, puniu Brown da mesma forma. O técnico achou que a primeira infração também havia sido para ele e desceu para o vestiário. Os árbitros ainda tentaram trazê-lo de volta, mas o orgulho do treinador falou mais alto.
Na partida seguinte, entre Nuggets e Hawks, houve uma preocupação excessiva com cada passo de Nenê. Nada mais natural, afinal é o brasileiro que teoricamente puxa a audiência da emissora. Foi ele o principal personagem do interessante material que antecedeu a transmissão, com entrevistas, matérias e explicações sobre os times da NBA.
Em quadra, Nenê decepcionou. Seu Denver perdeu em casa para um dois piores times do campeonato. Mas aquela enterrada, repetida à exaustão, valeu a noite. A repetição dos lances vai ser outra marca da Rede TV. Como a transmissão não tem todos os anúncios que passam nos Estados Unidos (nos pedidos de tempo, por exemplo), o Brasil fica com o sinal aberto e precisa preencher a tela de alguma forma. A opção é tascar o replay. Por isso vimos o arremesso de Cardinal dezenas de vezes.
Sábado que vem, tem Minnesota e Miami. Sem brasileiros em quadra e sem o peso da estréia, será a primeira transmissão “normal”.
Boa sorte ao Túlio e ao Marcel. Pelo menos aqui deste canto, fica a torcida para que tudo dê certo.
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foto . nbae
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