30.1.04



nada mudou. por enquanto
______________________________


))) Carter e Garnett lideraram a votação,
na qual o chinês Yao Ming superou Shaq



Passou um ano e nada mudou. O anúncio dos titulares do All-Star Game 2004 é um espelho do que se viu em 2003: são os mesmos dez nomes, sem uma mudança sequer. As surpresas ficam reservadas para a escolha dos reservas, no dia 3 de fevereiro. Aí sim, uma boa leva de estreantes deve oxigenar a competição.

Enquanto os técnicos não decidem quem completa os elencos, seguimos no ramerrame, adulterando levemente o ditado: a voz do povo é a voz da paixão. Nada de critérios técnicos ou apostas ousadas. O voto popular recai, invariavelmente, sobre os grandes ídolos. Mesmo que eles não estejam brilhando tanto assim.

Vejam o caso de Vince Carter, seguidamente atacado pela mídia especializada, mas líder absoluto no total de votos das duas conferências. Quem acompanha os escritos deste canto sabe que meu apoio ao sujeito é irrestrito, ao menos neste caso. All-Star Game é um palco para quem dá espetáculo. E ninguém supera Carter na arte das enterradas.

O ala-armador do Toronto Raptors aparece pela quinta vez no jogo das estrelas e se une a Allen Iverson (também com cinco participações), Tracy McGrady (quatro), Jermaine O’Neal (três) e Ben Wallace (duas) na esquadra do Leste. Na outra ponta, o Oeste conta com Kevin Garnett (recordista entre os titulares, com sete aparições), Tim Duncan (seis), Steve Francis (três), Kobe Bryant (seis) e Yao Ming (duas).

A eleição de Ming merece um capítulo à parte. Foi a única surpresa do pleito, já que Shaquille O’Neal mantinha a dianteira nas últimas parciais. A virada na reta final despertou a veia debochada do pivô do Los Angeles Lakers: “Que ótimo. De onde ele vem, existem dois trilhões de pessoas!”

Análise torta de perdedor. Na disputa online que se espalha pelo mundo, abrindo espaço para os chineses atacarem em massa, foi Shaq quem venceu. Yao se recuperou na votação em papel, feita apenas nos Estados Unidos e no Canadá. Sinal dos tempos?

Será que a turma anda se cansando das seguidas lesões de O’Neal? Será que isso é reflexo de toda essa história de montar o próprio calendário, desdenhar dos companheiros, brigar com Kobe? Bem, prefiro acreditar em outra corrente. Mais que qualquer tipo de desprezo, a decisão ilustra a evolução cristalina de Yao.

Em sua segunda temporada, o gigante oriental mostra maturidade e total adaptação ao estilo americano. Nas últimas rodadas, as médias subiram assustadoramente, quebrando a barreira dos 20 pontos e 10 rebotes. O aproveitamento de arremessos (54%) só perde para o próprio Shaq e para o brasileiro Nenê. Dentro do garrafão, o chinês está se tornando uma presença sólida e ameaçadora.

Que assim seja. Afinal, a NBA precisa, com urgência, renovar sua escola de pivôs. Não dá para desprezar o estilo clássico de um atleta com 2.29m.

______________________________

foto . nbae

Nenhum comentário: