19.1.04



controle mental
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))) Ben Wallace está abrindo a cabeça


Esta história de matar um leão por dia cai como uma luva para certos times da NBA. Com jogos praticamente dia sim, dia não, qualquer desvio no foco representa um risco incalculável. Em certas situações, um tropeço pode ser fatal. Em outras, vejam só, a vitória pode ser inútil. No que diz respeito à batalha pela liderança da conferência Leste, a situação é cristalina:

O Detroit Pistons vence, vence, vence.

E não adianta nada.

Lá está o Indiana Pacers, senhor absoluto não apenas do Leste, mas de toda a liga, confortável na dianteira, sempre escorado em duas, três partidas de diferença em relação ao Detroit. Cabe a Larry Brown a tarefa de manter firmes as rédeas do elenco, que venceu os últimos 12 compromissos e nem assim conseguiu atingir o topo.

A próxima parada está marcada para às 18h de hoje, contra o San Antonio Spurs, que interrompeu ontem uma seqüência de três derrotas ao bater os Celtics em Boston. Se passarem pelos atuais campeões, os Pistons igualam o recorde de triunfos seguidos na história da franquia.

Sabe-se lá qual é o segredo do sucesso, mas é inegável que a boa fase tem a ver com alguma mudança de mentalidade.

A começar pela beira da quadra, com Larry Brown, um dos melhores treinadores da atualidade, obsessivo em elevar o nível de seus times. Foi assim com o Philadelphia, tem sido assim em Detroit. Brown é o homem que teve peito de guardar uma segunda escolha do draft na gaveta. Não tem pressa com Darko Milicic. Sem o europeu, o técnico tira o máximo do restante do elenco.

Ben Wallace, por exemplo, é a estrela da companhia. Assusta quem arrisca circular em seu garrafão. Distribui tocos e apanha rebotes com a facilidade de quem tira o doce de uma criança. Para Brown, tudo isso é pouco. Falta um singelo detalhe: ímpeto ofensivo.

Aos que acham impossível, o próprio Wallace avisa: “Por que não? Eu posso fazer pontos. Eu sei como fazer pontos.” A afirmação faz parte do projeto de cruzar a marca dos dígitos duplos, nunca alcançada em sete anos de carreira. A média de pontos, que nunca havia ultrapassado os 7.6, hoje está bem perto da dezena, em angustiantes 9.8.

A conscientização é lenta e passa por injeções diárias de auto-estima. “Tenho trabalhado forte no ginásio, treinando arremessos e ganhando confiança. Nos jogos, tenho me encorajado a atacar. Estou chegando lá”, disse o atleta ao jornal Detroit News.

Se realmente chegar lá, Wallace vai colaborar não apenas com sua equipe. Aprendendo a jogar, desenvolvendo habilidades, prestará um imenso serviço à NBA, quebrando a corrente dos pivôs contemporâneos, em geral talhados à força física acima de qualquer outra característica.

Wallace, logo ele, é o maior expoente desta turma. Não sabe jogar, mas é eficiente ao extremo. Se aprender um pouquinho que seja, os amantes do basquete lhe serão eternamente gratos.

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foto . nbae

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