15.1.04
um degrau a menos, por favor
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))) Não dá para atropelar o tempo
Incômodos percalços no servidor deixaram o Rebote fora do ar justamente no dia em que Leandrinho e Nenê se cruzaram pela primeira vez na NBA. Ontem, a análise do jogo estava pronta, da primeira palavra ao ponto final. Agora o texto repousa na lixeira que ilustra o canto esquerdo da minha tela. Paciência. Talvez aquilo fosse mesmo uma análise precipitada.
O que importa é que a transmissão da ESPN dissipou as lantejoulas em torno da figura de Leandrinho. Foi bom para ele. Caiu o brilho dos holofotes, desceu o tom do oba-oba, surgiu um par de pontos cristalinos: 1) O jovem armador do Phoenix Suns tem muito potencial. 2) Esta seta na direção do futuro ainda está longe de fazer dele um craque.
Quando Stephon Marbury se foi, nosso Barbosa sentiu nos ombros o peso de substituir o astro. Não percebeu que há no time uma hierarquia em relação às opções ofensivas. A saída de um jogador brilhante força a entrada de um reserva, não de um sucessor.
No caso do Phoenix, o desafogo no ataque passa automaticamente para Shawn Marion, Amare Stoudemire e Joe Johnson. Leandrinho ainda não entendeu isso. Segue selecionando arremessos na melhor escola Paul Pierce de basquete, sem metade da competência do original.
Contra o Denver Nuggets, o armador brasileiro arremessou 13 vezes, acertou apenas quatro, levou tocos a granel e (o mais grave) irritou Mike D’Antoni. Foi preocupante ver aquele sermão furioso que levou do técnico após ter chutado um tijolo desnecessário da linha de três.
Contra o Chicago Bulls, naquele jogo dos 27 pontos, o ímpeto ofensivo deu certo, com a colaboração de uma defesa frágil. Pronto. Leandrinho achou que a cartilha serviria para todas as noites. Pensou que a ausência de Marbury estava suprida. Ledo engano. A pontuação caiu nas partidas seguintes e a regularidade foi escoando pelo ralo, abrindo um sorriso maroto no rosto do experiente Howard Eisley (que é fraco, mas carrega malandragem de sobra para disputar posição com um calouro).
Companheiros patrióticos, vocês podem (e devem) embarcar no entusiasmo da torcida. Só vocês. Quem veste uniforme não pode. É preciso saber que toda carreira pressupõe uma escada, e a tentativa de pular degraus geralmente acaba em tombo feio.
Logo mais, em Portland, convém ir com calma: passar mais, selecionar chutes, ampliar visão de jogo. Entre um e outro momento de cautela, cabe perfeitamente a infiltração abusada sem medo Zach Randolph, o tiro de três com Wesley Person tapando a visão, até a assistência pelo vão das pernas de Jeff McInnis. Tudo isso é exceção, diferencial. Não dá para transformar ousadia em regra a cada posse de bola.
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Por falar em Phoenix e por falar em calouros, que belo jogador este Zarko Cabarkapa, hein? Ainda vai dar muito trabalho.
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Aguardo as pedradas. Até amanhã.
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foto . nbae
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