28.2.03
RUMO AO FUNDO DO POÇO
Além da fase ruim na quadra,
Vin Baker luta contra o álcool
“Esta temporada tem sido uma espécie de pesadelo”. Na quarta-feira, foi assim que Vin Baker definiu seu primeiro ano em Boston, afogado em uma série de problemas dentro e fora da quadra. Um dia depois, o pesadelo se tornou ainda mais assustador: os Celtics suspenderam o jogador por tempo indeterminado. Detalhes não foram revelados oficialmente, mas o motivo, ao que parece, está relacionado à dependência alcoólica. Aos 31 anos, Baker vive seu inferno astral.
Há dois meses, o Rebote já havia comentado sobre a dificuldade do ala em recuperar sua velha forma, mas torna-se impossível não voltar ao assunto quando ele ultrapassa os limites do ginásio e se torna um drama pessoal. É triste ver tanto sofrimento no fim da carreira de alguém que já participou de várias edições do All-Star Game e defendeu seu país numa Olimpíada.
A princípio, a decisão da diretoria não tem caráter de punição, e sim de ajuda. “Nossa preocupação é com a pessoa, não com o atleta”, garantiu o gerente geral do Boston, Chris Wallace. “Acreditamos que o melhor para ele agora é ficar fora por um tempo. Esperamos que um dia ele possa se unir ao grupo novamente.” Pelo tom das palavras, dá para sentir que o caso é grave. De qualquer forma, Baker deixa de receber seu salário enquanto estiver supenso. Se não voltar até o fim da temporada, perderá US$ 3,75 milhões. Ficar sem dinheiro numa hora dessas, convenhamos, não vai ajudar nada na recuperação.
O técnico Jim O’Brien, que vinha mantendo o jogador seguidamente no banco de reservas, também não quis detalhar o ocorrido, mas ofereceu solidariedade “Trata-se de um cara fantástico, doce e gentil", disse. "Seja qual for o problema, ele pode contar conosco. Boas instituições apóiam seus funcionários. É o nosso caso aqui.”
Antoine Walker, um dos craques da equipe, foi pelo mesmo caminho: “Algumas coisas são mais importantes que o basquete. Como amigos, entendemos a situação e, antes de nos preocuparmos com sua volta ao elenco, precisamos ter certeza de que ele ficará bem.”
Resta torcer por um desfecho feliz. Esperamos que Baker vença seu desafio e que os Celtics não se omitam pensando apenas na relação salário-rendimento.
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Tributo: Logo mais, a ESPN mostra a partida entre Knicks e Magic. Tudo bem, além de ser mais um confronto do Leste, é a milésima aparição do Orlando na telinha este ano. Mas desta vez vale a pena conferir. No intervalo, o New York promete uma festa para Patrick Ewing, aposentando sua camisa 33. Justíssima homenagem ao ilustre representante de uma escola de pivôs que está indo embora.
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(Foto - Jeff Reinking/NBAE)
27.2.03
CONTURBADAS VISITAS AO PASSADO
No último dia 20, o New Jersey exibiu
o uniforme da temporada 1975-1976
A NBA não costuma desprezar a história. Este ano, foi mais longe e transformou a memória em atitude, homenageando em quadra a rica herança das gerações passadas. Para isso, oito partidas da temporada regular foram reservadas ao que eles chamam de Hardwood Classic Nights. Na data marcada, uma das equipes joga com uniformes antigos, numa espécie de tributo às lendas de outros tempos. O problema é que algumas dessas lendas não estão nada satisfeitas com a brincadeira.
O que a princípio parece ingratidão tem uma explicação bem razoável.
Além do valor histórico, a iniciativa rende uns bons trocados. Em anos anteriores, algo parecido já havia sido feito, mas agora estamos diante de uma febre. Nas lojas oficiais da liga, camisas de times do passado tornaram-se campeãs de venda, levando a reboque outros itens de vestuário esportivo como calções, bonés, meias e tênis. Para vestir o uniforme de Oscar Robertson, por exemplo, o consumidor desembolsa um bocado de dólares, mas pelo menos tem a garantia de que o tecido foi produzido com os métodos mais avançados da indústria têxtil, longe do material jurássico usado nos anos 60. É o encontro do visual retrô com a alta tecnologia.
Em resumo: a novidade movimenta rios de dinheiro. E os jogadores quem têm o nome grafado no produto não recebem um tostão furado. Muitos deles resolveram reclamar. O primeiro foi Dominique Wilkins, que tem visto nas ruas uma legião de fãs envergando a camisa que ele usava no Atlanta Hawks. No começo, o orgulho falou mais alto. “Mas quando passei a encontrar, a cada dia, 20 ou 30 pessoas com meu nome nas costas, sem que eu ganhasse um centavo por isso, percebi que já não era tão legal assim.” O ex-craque contratou um advogado e saiu à procura de dados mais precisos sobre vendagem. Assim que reunir informação suficiente, pretende entrar com uma ação judicial para exigir sua fatia do bolo.
O alvo seria a Associação de Atletas Aposentados da NBA (NBARPA), cujo diretor executivo, Mel Davis, informou ontem ao site da ESPN que a verba é destinada a financiar bolsas de estudo, assistência médica gratuita e outras doações. Os jogadores, no entanto, alegam que não recebem detalhes sobre os gastos. Desde 1993, quando a NBARPA foi criada, cerca de 800 associados assinaram um documento liberando os direitos sobre nome e imagem. Alguns deles, porém, não sabiam que a liberação era para sempre. Agora, famosos como Alex English e Jerry West optaram por rescindir o acordo.
O assunto, repleto de minúcias jurídicas, ainda vai dar muito pano para manga. Ontem, na derrota para o Phoenix, o Milwaukee Gary Payton adotou o visual da temporada de 1968-69. (Por sinal, vejam que curioso, nas últimas cinco partidas Payton usou cinco uniformes diferentes: o verde dos Sonics no dia 15; o branco dos Sonics no dia 19; o lilás dos Bucks no sábado; o branco dos Bucks na segunda-feira; e o retrô ontem). Sacramento Kings e New Jersey Nets também já homenagearam seus antepassados. O próximos são Sixers, Suns, Nuggets, Rockets e Wizards. Enquanto as brigas se arrastam no tribunal, a festa continua nas quadras. E nas lojas, claro.
(Foto - Noren Trotman/NBAE)
26.2.03
MOMENTO-BOBEIRA
Hoje, o Rebote faz uma pequena pausa forçada. Deixo vocês na companhia de seis personagens da Turma da Mônica. Voltem à infância e vejam que algumas figuras criadas por Maurício de Souza encontram seus paralelos físicos na NBA. Até amanhã. Um abraço.
Dirk Nowitzki (Louco)
Tim Duncan (Capitão Feio)
Yao Ming (Nimbus)
John Crotty (Dudu)
Arvydas Sabonis (Frank)
Jerry Krause (Bugu)
25.2.03
QUASE TUDO COMO ANTES
Após a boataria, Van Horn e Coleman
não foram mandados embora do time
De uns tempos para cá, o Philadelphia 76ers tornou-se uma central de boatos. A equipe era uma das mais cotadas para promover uma liquidação no elenco. Derrick Coleman e Keith Van Horn, por exemplo, já estavam com as malas prontas, aguardando apenas uma definição sobre o destino da viagem. Pois a data-limite passou, ninguém se pronunciou e os telefones se calaram. Tudo continua como antes. Ou quase.
A novidade é que o time venceu suas últimas seis partidas, tomando do Boston o quarto lugar do Leste e, conseqüentemente, a posse temporária do mando de quadra nos playoffs. Os Celtics tinham tudo para recuperar a posição ontem, em casa, contra o Houston Rockets. No início do quarto período, venciam por sete pontos. Mas cederam o empate no tempo normal e perderam na prorrogação.
Melhor para os Sixers, que amanhã recebem o fraco Memphis Grizzlies. A intenção é fincar a bandeira na quarta vaga e partir em busca do Indiana Pacers, que se mantém em terceiro mas vem caindo pelas tabelas. Na vitória mais recente, contra o Cleveland, Coleman marcou 20 pontos e apanhou 13 rebotes. Van Horn não ficou muito atrás, com 17 e 7. Diante de tamanha colaboração, Allen Iverson se permitiu uma atuação discreta, com apenas 23 pontinhos e 6 assistências.
Não sei se a diretoria desistiu das trocas ou simplesmente não conseguiu empurrar seus atletas para outros times. De qualquer forma, manter o grupo intacto pode ter sido bom negócio. Lá estão nomes de talento como Aaron McKie, Eric Snow e Kenny Thomas. Somam-se a eles o brilhantismo de Iverson e a eficiência de Van Horn e Coleman. Para o Leste, está bom demais.
O único azar da cartolagem foi a péssima motícia sobre a saúde de Todd MacCulloch. Com uma doença no sistema neurológico, o pivô de 27 anos deve ser obrigado a encerrar a carreira. Os médicos constataram que um distúrbio no cérebro prejudica o movimento de suas pernas e dificulta o equilíbrio. No domingo, MacCulloch foi às lágrimas durante uma entrevista coletiva. “Tem sido muito difícil para mim. Minha vida sempre foi abençoada, e eu me perguntava se um dia as coisas começariam a dar errado”, lamentou.
De fato, é uma pena que ele não possa participar, em quadra, da bela evolução do Philadelphia. Mas não há de ser nada. Nessas horas, vale muito mais a vida.
(Foto - Jesse D. Garrabrant/NBAE)
24.2.03
CALADO E DESMOTIVADO
Miller tem problemas em L.A.
No último dia 30 de julho, Cavs e Clippers anunciaram, inflados de otimismo, uma das negociações de maior impacto na pré-temporada: a troca de Darius Miles por Andre Miller. A promessa era de sucesso para ambas as partes. Sete meses depois, a transação revelou-se um fracasso total e os dirigentes não podem fazer nada, a não ser lamentar a impossibilidade de voltar no tempo e desfazer o acordo.
Como já foi comentado aqui, a situação de Miles em Cleveland é tão ruim que o jogador entrou em depressão e cogita até abandonar o basquete. Mas engana-se quem pensa que Miller vive dias melhores. O armador, apontado como um dos grandes nomes da posição para o futuro, não é de falar muito. Mas cansou de engolir a decepção. Na semana passada, abriu o jogo para um repórter do jornal Orange County Register:
“Achei que este seria um ano de evolução individual, tendo em vista o nível do treinador e dos atletas aqui em Los Angeles. Mas as coisas não melhoraram para mim. Foi um passo para trás em relação ao meu objetivo de sempre ajudar o time.”
O desabafo evidencia a insatisfação de Miller com uma equipe que tinha tudo para chegar aos playoffs, mas foi parar na lanterna da divisão do Pacífico. Elton Brand, Lamar Odom, Michael Olowokandi e Corey Maggette não são parceiros de se jogar fora. No meio do processo, entretanto, algo deu errado e o bolo desandou. O pior é que, daqui para a frente, a perspectiva não é nada boa. Ao fim do campeonato, todos os titulares ganham passe livre, criando uma dor de cabeça monstruosa para a diretoria.
O armador sabe que dificilmente terá seu contrato renovado por valores razoáveis. Afinal, seu rendimento em quadra caiu um bocado desde o ano passado, quando reinava absoluto como líder dos Cavaliers. Na tábua de estatísticas, os números pioraram em todos os fundamentos, de pontos a assistências, de rebotes a tocos, de roubadas a aproveitamento de arremessos. Mudar de ares pode ser a solução ideal. Não só para ele, mas tamém para qualquer time disposto a reforçar o elenco com um excelente jogador, que só precisa reencontrar a motivação perdida.
(Foto - Barry Gossage/NBAE)
23.2.03
ALMA DE GUERREIRO
Gilbert Arenas já mostrou que não foge à luta
Na quarta-feira, o Golden State Warriors perdeu feio em Portland, 125-98. O craque da equipe, Antawn Jamison, não marcou nenhum ponto, mas se esquivou da culpa. Alegou que o armador Gilbert Arenas sempre tenta definir os lances, quando o correto seria fazer mais passes. Comentário meio deselegante, por sinal. A resposta veio dois dias depois: diante do New York Knicks, o suposto fominha resolveu fazer uma experiência.
A idéia era não arremessar uma vez sequer.
E assim foi feito, até a metade do último quarto. Faltando seis minutos para o fim da partida, Jamison já beirava os 30 pontos, mas os Warriors perdiam por nove. Arenas, até então zerado, se viu forçado a mudar de tática. Pediu licença aos colegas de time, marcou 14 pontos, virou o jogo e garantiu a vitória.
Nesse garoto de 21 anos, 1.91m e cabelos ora raspados, ora em estilo black power, reside a alma do novo Golden State. Tudo bem que Jamison continua sendo o cestinha, Jason Richardson segue fazendo acrobacias, Troy Murphy evolui a cada noite e Earl Boykins mostra qualidade vindo do banco. Mas se o time deixou de ser saco de pancadas e hoje briga por uma vaga nos playoffs, isso se deve ao espírito de liderança encarnado por Arenas. Poucos na NBA possuem tamanha determinação.
Superar obstáculos e provar seu valor na marra não é tarefa recente. O número zero na camisa, por exemplo, é um singelo recado aos antigos críticos. Ainda nos tempos de faculdade, os detratores diziam que seria esta sua média de minutos por partida na Universidade do Arizona. Foi preciso mostrar, na quadra, que todos estavam enganados.
No draft de 2001, ele só foi escohido na segunda rodada (31ª opção). Ficou atrás de nomes que fracassaram vergonhosamente, como Kirk Haston, Samuel Dalembert, Steven Hunter e DeSagana Diop. Após um ano inteiro de batalha, revelou-se um dos principais criadores de jogadas da liga.
Há duas semanas, no embate entre calouros e atletas de segundo ano, o armador dos Warriors deu outra demonstração de coragem. Um dia antes do evento, anunciou à imprensa que sairia vencedor e seria eleito MVP, superando favoritos como Pau Gasol e Amare Stoudemire. Não deu outra.
Com o passe livre no fim do campeonato, Arenas deve acabar levando seu estilo agressivo para outra vizinhança. Várias equipes com a folha de pagamento folgada já mostraram interesse em desembolsar um salário compatível com a evolução do jogador. Uma delas é o Denver Nuggets de Nenê Hilario. Outra é o Atlanta Hawks, adversário do Golden hoje à noite. Seja onde for, não resta dúvida: o futuro é muito convidativo para o guerreiro número-zero.
(Foto - NBAE)
22.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Com 50 pontos, Mashburn foi um dos
heróis na noite agitada de sexta-feira
MIRA CALIBRADA - A NBA agradece. De umas semanas para cá, a moçada resolveu caprichar no ímpeto ofensivo. Não falo apenas de Kobe Bryant, que marcou pelo menos 40 pontos nas últimas oito partidas. A noite de ontem, por exemplo, foi farta em exibições de gala. Além do craque de Los Angeles, que deixou suas tradicionais quatro dezenas (desta vez diante do forte Portland Traiblazers), Jamal Mashburn e Tracy McGrady quebraram a barreira dos 50. T-Mac, por sinal, chegou a 52 ainda no terceiro período contra o Chicago Bulls. Pendurado com cinco faltas, ficou só nisso. Michael Jordan recordou os velhos tempos e anotou 43 na vitória sobre o New Jersey Nets. Allen Iverson também fez bonito, com 41 diante do fraco Cleveland Cavaliers.
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ENCONTRO ADIADO - O tão esperado duelo de Gary Payton e Ray Allen vestindo uniformes novos ainda não aconteceu. Esperava-se que os cinco jogadores envolvidos na troca entre Sonics e Bucks estreassem ontem, no confronto direto entre as equipes. Mas ninguém jogou. Pior para o Milwaukee, que sentiu os três desfalques e perdeu por 88-58, registrando sua pior marca ofensiva em todos os tempos. Agora, a dupla de All-Stars vive a expectativa de estréias complicadas. Logo mais, Payton visita os Blazers em Portland. Allen joga amanhã, em Los Angeles, com a ingrata tarefa de marcar o endiabrado Kobe.
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BOM INÍCIO - Drew Gooden e Gordan Giricek começaram bem a nova fase no Orlando Magic. Juntos, somaram 37 pontos contra o Chicago. Na outra ponta da negociação, Mike Miller também não decepcionou o pessoal de Memphis. Vindo do banco, anotou 23 pontos e foi o cestinha dos Grizzlies, que só perderam para o New Orleans na prorrogação, e mesmo assim por causa da noite inspirada de Mashburn.
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JÁ ERA - Para não violar o teto salarial e evitar o pagamento de multas, várias equipes deixaram de fazer as trocas que queriam. O principal derrotado nessa história talvez tenha sido o Los Angeles Clippers. Ao fim do campeonato, todo o time titular ganha passe livre: Olowokandi, Brand, Odom, Maggette e Miller. Comenta-se que nenhum deles está disposto a renovar contrato. Seria prudente negociar pelo menos dois ou três, para garantir algum talento em troca. Não veio ninguém, e agora as perspectivas para 2004 são absolutamente sombrias.
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BAD BOY? - Na derrota do Phoenix Suns para o Toronto Raptors, o calouro Amare Stoudemire começou no banco de reservas e só entrou quando o primeiro quarto já chegava ao fim. A punição teve motivos disciplinares, mas a diretoria não quis revelar o que o garoto aprontou. A boa notícia ficou por conta de Tom Gugliotta, finalmente liberado pelo departamento médico. Recuperando-se de uma fratura no pé direito, ele estava de molho desde novembro.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Latrell Sprewell, Derrick Coleman, Steve Smith, Jason Terry, Jamal Crawford, Theo Ratliff, Danny Fortson, Damon Stoudamire, Brian Grant... passou a data-limite e continuam todos em seus times.
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Deprimido em Cleveland, Darius Miles diz que não tem mais prazer em jogar. Admite até abandonar o basquete.
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Famoso por seus tiros certeiros nas quadras da Europa, o francês Antoine Rigaudeau chegou ao Dallas Mavericks com pinta de salvador. Após 10 rodadas, ele mantém a impressionante média de 1.7 ponto por jogo e o fantástico aproveitamento de 23% nos arremessos.
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Se a temporada regular terminasse hoje, Shaquille O’Neal estaria nos playoffs. Yao Ming, não.
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(Foto - Sam Forencich/NBAE)
21.2.03
CRAQUES DE ROUPA NOVA
Payton foi embora, mas o torcedor do
Seattle não deve chorar: Allen vem aí
Se a NBA não fosse uma caixinha de surpresas, Gary Payton faria hoje à noite, contra os Bucks, sua milésima partida com a camisa do Seattle Supersonics. De fato, ele estará em quadra, na Key Arena. Mas vestindo o uniforme roxo dos visitantes. A reação das arquibandadas é imprevisível. Ainda anestesiada pela notícia, a torcida não sabe se deve prestar um tributo a Payton (com quem manteve uma relação apaixonada por mais de uma década) ou dar as boas vindas a Ray Allen, o novo craque da casa, que até ontem era ídolo em Milwaukee.
No fim da tarde de quinta-feira, quando o prazo para negociações já se esgotava, as equipes anunciaram uma troca daquelas que fazem o chão tremer, envolvendo cinco armadores. A partir de agora, Payton e Desmond Mason passam a defender os Bucks, enquanto Allen, Kevin Ollie e Ronald Murray tomam o caminho contrário rumo a Seattle. A complexa transação carrega uma penca de detalhes curiosos, a começar pela coincidência de um confronto direto no dia seguinte e pelo aborto repentino do já citado jogo 1.000.
No frigir dos ovos, que time levou vantagem? Podem acreditar: os dois. O que varia é a perspectiva de cada um. A intenção do Milwaukee é claramente imediatista, de olho nos playoffs que se aproximam. Payton, Mason, Sam Cassell e Michael Redd provavelmente formam a melhor rotação de armadores da liga. A eficiência se estende à ala, com Tim Thomas, Toni Kukoc e Anthony Mason. Os pivôs são fracos, mas também não se pode querer tudo ao mesmo tempo.
O Seattle, por sua vez, pensa no futuro. Para começo de conversa, era preciso se livrar de um pepino. Com o contrato prestes a vencer, Payton estava insatisfeito porque não via chances de prorrogá-lo. Mais cedo ou mais tarde, o eterno All-Star partiria. Bom que tenha sido mais cedo. Só assim foi possível trazer para o seu lugar um atleta de calibre semelhante. Aos 27 anos, Allen será a pedra fundamental na urgente renovação dos Sonics. Em torno dele, um novo elenco será construído. O único vacilo da cartolagem foi ter mandado embora, no mesmo dia, o reserva de Payton, Kenny Anderson (trocado com o New Orleans por Elden Campbell). O limitado Kevin Ollie será jogado à fogueira e terá um reserva de quinta categoria, seja Joseph Forte ou próprio Ronald Murray.
Resumo da ópera: enquanto o Milwaukee tem Payton e Cassell, falta ao Seattle um baixinho; enquanto o Seattle tem Campbell e Rashard Lewis, falta ao Milwaukee um grandalhão. Mesmo com esses furos na escalação, ambos seguem satisfeitos. E nós também. Após tanto disse-me-disse, finalmente vimos uma troca de verdade.
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Prestígio: O Denver Nuggets mandou o pivô Mark Blount e o ala de força Mark Bryant para Boston, em troca do armador Shammond Williams. Isso mostra que a diretoria está plenamente satisfeita com seus três homens de garrafão: Marcus Camby, Juwan Howard e... Nenê Hilario. Ponto para o brasileiro.
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(Foto – Jeff Reinking/NBAE)
20.2.03
TEMPO DE MUDANÇA
Chega de Disney: Miller sai da Flórida
e encara o desafio no fraco Memphis
Se não for agora, só na próxima temporada. Hoje é o último dia para as trocas de jogadores na NBA. A partir de amanhã, ninguém mais poderá mudar de uniforme. A expectativa, no entanto, é por uma quinta-feira morna. Nada de transações mirabolantes, poucas estrelas arrumando as malas. A não ser por possíveis loucuras envolvendo Latrell Sprewell ou Gary Payton, as negociações tendem a ser discretas e a elite da liga deve permanecer intacta.
O movimento começou ontem, com uma troca pra lá de interessante. Na calada da noite de quarta-feira, o Orlando Magic mandou Mike Miller e Ryan Humphrey para o Memphis Grizzlies, recebendo em troca os novatos Gordan Giricek e Drew Gooden.
Algo me diz que a equipe da Flórida marcou um gol de placa. Sei que Miller é um excelente arremessador e vinha compensando razoavelmente a ausência de Grant Hill. Não é fácil perder um gatilho desses. Mas embarcá-lo numa viagem à terra de Elvis deixa de ser um sacrifício quando se percebe que o trem da volta traz uma dupla de calouros tão valiosa.
O melhor é que não se trata apenas de um investimento seguro. Além do futuro garantido no basquete americano, Giricek e Gooden podem ser as peças que faltavam ao Orlando na briga por uma vaga nos playoffs. O primeiro vai suprir boa parte da carência de pontaria. E o segundo deve resolver um problema crônico do Magic, agravado pela demissão de Horace Grant no início do ano: falta de presença no garrafão. Somam-se a isso as trombadas do pesado Shawn Kemp, o brilho rotineiro de Tracy McGrady e a inteligência do técnico Doc Rivers. Pronto, temos aí um time enjoado.
Do outro lado, Miller deve formar uma boa dupla com Pau Gasol. E só. Numa atitude desastrada, o Memphis abortou um belíssimo processo de reformulação, apoiado na experiência do treinador Hubie Brown e no talento dos garotos que acabam de ir embora. Para efeito imediato, com base nas estatísticas, o resultado será positivo. Mas jogue o pensamento para daqui a cinco anos. Imagine Gooden enterrando uma bola e Giricek disparando um tiro de três. Viu o tamanho da mancada?
Por falar em calouros, nem vou perder meu tempo avaliando Humphrey. Basta apresentar suas médias na temporada: 1.8 ponto, 2 rebotes, aproveitamento de 27% nos arremessos. Sem comentários. Posso estar enganado, mas acho que Jerry West já foi um cartola mais esperto.
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Detalhe 1: a negociação foi anunciada poucas horas após Grant Hill ter confirmado que vai se submeter a uma nova cirurgia no combalido tornozelo esquerdo. Sinal de que a paciência dos dirigentes com o jogador está se esgotando.
Detalhe 2: a intenção inicial dos Grizzlies na troca era usar Stromile Swift em vez de Drew Gooden. Engraçadinhos, não?
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(Foto – Fernando Medina/NBAE)
19.2.03
NA BEIRA DO PRECIPÍCIO
Amare e Ming brigam pelo título de calouro do
ano e não admitem largar o osso dos playoffs
Yao Ming e Amare Stoudemire travam esta noite mais um round na briga pelo título de melhor calouro do ano. Mas quando a bola subir para Houston Rockets e Phoenix Suns, o duelo individual deve ficar em segundo plano, ofuscado por uma pergunta incômoda que insiste em se manter no ar: qual dos dois times corre mais risco de perder o passaporte para os playoffs?
Entre glórias e tropeços, às veze com Shaq, às vezes sem Shaq, o Los Angeles Lakers vem subindo devagar e traz na carona o Golden State Warriors. Com disposição de sobra, ambos parecem irredutíveis na intenção de passar à próxima fase. Enquanto isso, Suns e Rockets se seguram como podem nas duas últimas vagas e amargam um assustador processo de decadência. Com baixo rendimento em quadra, não conseguem manter uma série de bons resultados. Carecem de recuperação urgente.
A partida de logo mais pode ser um bom começo. Além do embate dos novatos, promete ferver a disputa entre Steve Francis e Stephon Marbury, dois dos mais habilidosos armadores da NBA. Shawn Marion, outro craque do Phoenix, terá pela frente o veterano Glen Rice, que finalmente emerge de um longo período de inatividade.
Os Suns jogam em casa e se escoram numa vantagem razoavelmente confortável na tabela. Mas não podem bobear. Até porque a ameaça não vem apenas do Houston. Lakers e Warriors crescem no retrovisor. A esta altura do campeonato, ninguém quer ser atropelado por uma jamanta indigesta como Shaquille O’Neal ou por um fusquinha abusado como Earl Boykins.
(Foto – Bill Baptist/NBAE)
18.2.03
DESTINO INJUSTO
Por causa deste tornozelo, Hill poderá
amargar uma aposentadoria forçada
Michael Jordan completou ontem quatro décadas de vida. Cumprindo o ato final de sua trajetória, o mestre ainda não sabe ao certo quem vai sucedê-lo. Muitos nomes foram lançados ao vento. Atualmente, Kobe Bryant é o favorito para ocupar o posto, superando craques como McGrady, Duncan, Kidd e Iverson. Entretanto, já houve um período de certeza absoluta sobre o novo herdeiro. Não faz muito tempo. Em meados dos anos 90, Grant Hill tinha a faca e o queijo na mão. Era o príncipe da liga, esperando apenas que o rei saísse de cena. De uma hora para outra, viu o destino escorrer entre os dedos e sumir no ralo ingrato das contusões.
Hoje, a dor mais forte de Hill não é a que faz de seu tornozelo esquerdo uma frágil peça de porcelana. Aos 30 anos, o atleta que rascunhava um futuro de glórias passou a amargar a nefasta possibilidade de uma aposentadoria precoce. Sem ao menos chegar aos pés de Jordan.
No esporte, não é fácil sobreviver a três cirurgias delicadas. A recuperação é lenta e prevê recaídas. Com Hill, não foi diferente. No início deste campeonato, todos acreditavam e torciam por sua recuperação definitiva. O otimismo dava as cartas e o Orlando Magic logo ganhou status de favorito no Leste. A dupla com T-Mac tinha tudo para encantar os fãs da equipe.
Entre um e outro percalço, tudo corria bem. O jogador atuou em 29 partidas este ano (bem mais que as quatorze de 2002 e as quatro de 2001) e ensaiou uma volta aos velhos tempos. Mas a lesão, sempre ela, venceu novamente. No mês passado, o técnico Doc Rivers acenou com a possibilidade de deixar o craque fora da temporada regular e aproveitá-lo apenas nos playoffs. Foi uma decisão quase forçada, que deixa no ar um par de dúvidas: primeiro, se a saúde estará em dia até lá; segundo, se o Orlando vai mesmo se classificar à próxima fase.
Em meio ao mar de incertezas, surgiu a angústia maior. A cada dia, crescem os rumores a respeito do fim prematuro da carreira de Hill. Especula-se que ele nunca mais pisará numa quadra de basquete. Com isso, aumenta o triste quórum de um grupo que inclui nomes de peso como Alonzo Mourning e Terrell Brandon, todos em guerra contra o próprio corpo, numa sofrida espera que ninguém sabe quando termina.
(Foto – Barry Gossage/NBAE)
17.2.03
O PRAZER DE VIAJAR
Após oito vítórias na estrada, Duncan
colhe frutos de uma turnê memorável
Grant Hill vai ter de esperar. Na crônica de ontem, prometi que discutiria hoje o drama vivido pelo jogador do Orlando Magic, mas um assunto urgente me obriga a empurrá-lo para a terça-feira. Culpa de Tim Duncan. Nesta semana que começa, não há como fugir do San Antonio Spurs. O time acaba de voltar para casa após uma viagem de 21 dias. Superado o impacto negativo da primeira escala (com derrota para os Timberwolves), veio um feito sem precedentes. Desde 29 de janeiro, foram oito jogos seguidos. E, pasmem, oito vitórias em terreno adversário.
O próprio site da NBA hesitou antes de confirmar a informação, mas trata-se da turnê mais bem sucedida de toda a história. Nunca houve uma seqüência tão avassaladora de uma equipe na estrada. É hora, portanto, de colher os frutos. Hoje é dia reencontrar a família, desfazer as malas, levar os filhos ao cinema, jantar com a esposa e dormir cedo. Amanhã, os jogadores pisam novamente o assoalho lustroso do SBC Center, para enfrentar o Denver Nuggets. É como se o oponente tivesse sido escolhido a dedo. Será uma espécie de “entrega das faixas”.
Com a vitória de ontem, em Sacramento, o San Antonio ultrapassou os Kings e atingiu a segunda posição do Oeste, atrás apenas dos Mavericks. Aliás, o compromisso seguinte à partida contra o brasileiro Nenê Hilario é justamente em Dallas, na quinta-feira. Levando na bagagem um retrospecto de fazer inveja a qualquer mortal, não será nenhum sacrifício tomar um avião para visitar os vizinhos no Texas.
Durante a bendita viagem, Duncan esteve sublime. Especialmente na segunda metade, quando manteve a média de 28.3 pontos e 15.3 rebotes. E não pensem que houve moleza. Longe do lar, os Spurs enfrentaram, entre outros, Pacers, Magic, Blazers, Lakers e Kings. Todos foram devidamente atropelados.
Mesmo com David Robinson na enfermaria (é uma pena vê-lo massacrado pelas lesões em sua última temporada), não faltou ajuda a Duncan. Tony Parker teve ótimas atuações, assim como Stephen Jackson, Malik Rose e o argentino Emanuel Ginobili. Está aí a conferência Oeste oferecendo ao público mais um fortíssimo candidato ao título de 2003.
(Foto – Fernando Medina/NBAE)
16.2.03
O REI DA LIGA
Kobe e T-Mac concorrem ao título de MVP
Muita água ainda vai rolar até o fim da primeira fase, mas uma coisa é certa: a NBA vai suar para escolher o MVP de 2003. O grande número de candidatos e o equilíbrio entre eles torna arriscada qualquer análise precoce. Mas é impossível resistir à tentação. Portanto, vamos especular.
O favoritismo antecipado recai sobre Tracy McGrady. O armador do Orlando Magic contava com Grant Hill para dividir as tarefas este ano, mas o fantasma das lesões voltou a atacar o companheiro (falaremos disso amanhã). Ou seja, T-Mac foi obrigado a segurar as rédeas sozinho. Com 30.7 pontos por noite, ele não decepcionou: tornou-se o cestinha da liga e provou ser um dos nomes mais valiosos do basquete americano.
Apesar de ser a opção mais lógica, McGrady ainda não conquistou meu voto. Por enquanto, estou com Kobe Bryant, por mais que isso pareça prematuro a essa altura do campeonato. Além de manter a incrível média de 42 pontos nas últimas oito partidas do Los Angeles Lakers, o amigo de Shaquille O’Neal começa a dar sinais concretos de que pode deixar de ser apenas um craque para se tornar um gênio.
Os números não mentem. Em sete anos de NBA, Kobe nunca foi tão eficiente em pontos (29.6), assistências (6.5) e roubadas (2.2). A inteligência e a visão de jogo estão tinindo, assim como as habilidades defensivas. Até agora, foram cinco triple-doubles. Sem contar os lances fantásticos que, dia após dia, fazem o torcedor levantar da cadeira. Não fazer dele o MVP pode ser uma grande injustiça com um atleta que, sem dúvida, paira alguns degraus acima de todos os outros.
Se os playoffs tivessem início hoje, tanto Kobe quanto T-Mac estariam eliminados. De certa forma, isso pode pesar na escolha. Então vamos aos candidatos que provavelmente passarão à próxima fase.
Kevin Garnett, do Minnesota, é um dos mais cotados. Eleito o melhor em quadra no All-Star Game, o homem já fez 41 double-doubles este ano, mantendo as médias de 22.2 pontos e 12.8 rebotes. De quebra, lidera o que os americanos chamam de ranking de eficiência (estatística que leva em conta o somatório de todos os fundamentos). No conjunto da obra, é um nome fortíssimo.
Tim Duncan, do San Antonio, e Dirk Nowitzki, do Dallas, correm por fora. O primeiro foi o escolhido em 2002, e o segundo comanda o melhor time da liga. Ambos estão credenciados com folgas. Um pouco mais atrás, vêm Jason Kidd, Chris Webber e Allen Iverson. Dá para sentir que sobram nomes de peso. Espero que os critérios sejam os mais justos. Só não vale, em hipótese alguma, abrir a votação para a Internet. Daria Yao Ming na cabeça.
(Fotos - NBAE)
15.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Do orgulho à confissão: Malone queria
ter jogado o All-Star Game em Atlanta
GOSTO AMARGO - Karl Malone finalmente engoliu o orgulho e admitiu que ficou chateado por não participar do jogo das estrelas, sua primeira ausência desde 1988. Dias antes da festa, ele anunciou que não aceitaria um possível convite para substituir o contundido Chris Webber, porque já havia programado uma viagem com a família. Agora, o discurso mudou. “Houve uma certa decepção. Foi estranho descansar naquele fim de semana”, disse ao jornal Salt Lake Tribune. “Mas enquanto eu for um All-Star para meus companheiros de time, estarei satisfeito.” Nesse ponto, ele não precisa se preocupar. Aos 39 anos, o Mailman atravessa uma ótima temporada, mantendo a média de 21 pontos e 8 rebotes por jogo. Ao lado de John Stockton e dos jovens Matt Harpring e Andrei Kirilenko, ele comanda o inesperado ressurgimento do Utah Jazz rumo à próxima fase.
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ABRAM ALAS - Os rapazes do Golden State estão levando a sério esse negócio de playoff. Desde que Gilbert Arenas e Jason Richardson brilharam no fim de semana do All-Star, a equipe embarcou para uma turnê na estrada e passou a atropelar os oponentes. Nos três primeiros jogos, tombaram Atlanta, New York e Toronto. De carona com o Los Angeles Lakers, os Warriors já pensam seriamente na classificação, aproveitando a má fase de Houston e Phoenix.
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SEM NOVIDADES - Faltam apenas cinco dias para a data-limite das trocas. Quem espera grandes surpresas deve se decepcionar. Muito se falou nas saídas de Gary Payton, Keith Van Horn, Eddie Jones e Latrell Sprewell. No entanto, é bem provável que eles continuem onde estão, pelo menos até julho. Entre os que realmente devem mudar de uniforme, não há ninguém da elite. Derrick Coleman, Steve Smith, Danny Fortson, Austin Croshere e Theo Ratliff já começaram a arrumar as malas.
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DELICADEZAS - Na última quarta-feira, Clippers e Wizards mediram forças no Staples Center. Pela manhã, o clima ferveu quando os times dividiam o ginásio para os treinos preliminares. O veterano Charles Oakley, do Washington, e o técnico Alvin Gentry, do Los Angeles, só não partiram para a agressão física porque a turma do deixa-disso impediu. Aos gritos, os dois trocaram xingamentos por um bom tempo. A rixa é antiga. Em dezembro, Gentry dedurou Oakley à direção da NBA por ter agredido um jogador dos Clippers (Jeff McInnis, hoje em Portland) antes de uma partida. Na ocasião, o ala pegou três jogos de suspensão e pagou multa de US$ 10 mil.
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BOXE À VISTA - Por falar em duelos individuais, Kenyon Martin, do New Jersey Nets, já disse que está ansioso pela partida contra o Orlando Magic, na próxima semana. No último confronto entre as equipes, uma cotovelada de Andrew DeClerq fez um estrago no nariz de Martin, que não hesita em acusar o adversário. “Ele fez de propósito. Sei quando um jogador faz uma coisa dessas intencionalmente.” Eu, se fosse DeClerq, pediria ao técnico Doc Rivers para ficar no banco servindo Gatorade.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
A Reebok tentou, tentou, tentou, e acabou desistindo de Kobe Bryant. O jogador, que durante seis anos foi patrocinado pela Adidas, continua flertando com a Nike.
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Bom sinal para o Sacramento: Bobby Jackson está recuperado da lesão na mão esquerda.
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O bom velhinho Danny Manning, ausente da NBA desde o ano passado, assinou com o Detroit Pistons.
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Ontem, a partida da TV deixou claro. Se Tracy McGrady tivesse o mínimo de ajuda, seria difícil segurar o Orlando. Contra o Philadelphia, seus 37 pontos foram sepultados pela incompetência dos companheiros.
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(Foto - Kent Horner/NBAE)
14.2.03
SELEÇÃO DE VERDADE
Kidd estará na Grécia para defender o
orgulho ferido do basquete americano
Iugoslavos e argentinos podem tirar o cavalinho da chuva. A moleza que encontraram no último Mundial de Basquete está com os dias contados. Ainda combalidos pelo vexame recente em Indianapolis, os Estados Unidos deram a partida num processo urgente para limpar o nome da seleção na Olimpíada de 2004. Ontem, foram convocados os quatro primeiros atletas da equipe que estará em Atenas no próximo ano: Jason Kidd, Tracy McGrady, Tim Duncan e Ray Allen.
Sinceramente, já é o bastante.
Falta um pivô para o time titular? Pois chamem o Chris Dudley. Não importa. Só o quarteto citado já garante uma diferença monstruosa em relação ao elenco que passou vergonha no Mundial, quando os maiores astros eram Paul Pierce e Jermaine O’Neal. Agora a coisa mudou de figura. E vem mais reforço de peso por aí.
Se o outro O’Neal já declarou que não está disposto a perder seu valioso tempo suando a camisa pela pátria, Kobe Bryant deve ser o próximo a confirmar presença. O homem que mantém a absurda média de 42 pontos nas últimas sete partidas é o complemento perfeito para tornar a seleção nacional novamente imbatível. Até concordo que o resto do mundo tenha evoluído a olhos vistos. Entretanto, ainda é covardia reunir os melhores da NBA para enfrentar alemães, espanhóis, argentinos e até mesmo os fortes iugoslavos.
Nowitzki, Gasol, Ginobili e Stojakovic que me perdoem, mas não há no globo terrestre ninguém capaz de bater uma seleção americana de verdade. Cientes disso, os yankees ligaram o sinal de alerta e começaram a chamar seus craques para os Jogos da Grécia. A lista ainda está longe de terminar. Ainda podem aparecer Kevin Garnett, Allen Iverson, Steve Francis, Gary Payton, Vince Carter, Ben Wallace, Chris Webber e outros menos cotados. Dá para apostar contra?
(Foto – Noren Trotman/NBAE)
13.2.03
CINCO OU SETE?
Em LA, Phil e Kobe não sabem se comemoram
ou lamentam a mudança para o playoff 2003
O presidente da NBA, David Stern, anunciou esta semana um pacote de mudanças na liga. Os tópicos são os mais variados. Vão de idade mínima para seleção de etrangeiros no draft até redução parcial do período de treinamento para veteranos na pré-temporada. No fim das contas, tudo isso ficou em segundo plano, diante da alteração mais significativa: a partir deste ano, a primeira rodada dos playoffs passa a ser disputada em melhor de sete partidas, e não de cinco, como era até o campeonato passado.
A decisão foi boa ou ruim? Não importa. A pergunta que se impõe sobre o assunto não é esta. Portanto, tratemos de reformulá-la: a decisão favorece ou prejudica o Los Angeles Lakers? Está aí o ponto chave da discussão.
Se for mantida a evolução natural das coisas, a equipe comandada por Phil Jackson chega à segunda fase na oitava ou na sétima vaga do Oeste, o que lhe renderia, de saída, um embate com o primeiro ou com o segundo da conferência. Ou seja: salvo algum acidente de percurso (o que é absolutamente possível e até provável), os Lakers devem enfrentar Dallas ou Sacramento.
Partindo deste princípio, o que seria mais indicado para a turma que veste amarelo? Melhor de cinco ou melhor de sete? Bons argumentos não faltam. Aí vão dois para cada lado.
POR QUE O NOVO FORMATO É RUIM PARA OS LAKERS?
1) Além de Shaquille O’Neal, que não é nenhum garoto, o elenco de apoio tem idade avançada. Para buscar o tetra, é preciso suar a camisa desde já. Uma batalha longa no início do playoff seria mais desgastante, e o cansaço pode pesar.
2) Dificilmente o Los Angeles perderia as duas primeiras partidas na casa do adversário. Vencendo uma delas, o mando de quadra se inverte e o formato mais curto permite fechar a série nos jogos 3 e 4, na Califórnia.
POR QUE O NOVO FORMATO É BOM PARA OS LAKERS?
1) O time deste ano está mais sujeito a tropeços, como uma derrota em casa, por exemplo. Na série mais curta, um erro desse tipo pode ser fatal. Na mais longa, aumentam as chances de recuperação.
2) No playoff, muda o conceito de “melhor time”. Não basta ter um bom elenco. Experiência é fundamental e a camisa pesa. Por conta disso, o Los Angeles pode chegar à próxima fase com status de favorito. E, teoricamente, os favoritos têm mais chances em séries maiores.
Pesando as idéias na balança, é difícil dizer quem se deu bem. Só há duas certezas nessa história. Primeiro: mudar as regras no decorrer da competição é, no mínimo, lamentável. Segundo: com cinco ou sete jogos, podem acreditar, Mavs e Kings estão igualmente preocupados a esta altura do campeonato.
(Foto – Andrew D. Bernstein/NBAE)
12.2.03
MENINO DE FUTURO
Butler é uma pérola entre os calouros
e pode estar na elite da liga em breve
De certa forma, o jogo do último sábado reforçou uma tese que eu guardava na gaveta há algum tempo. Agora sinto-me encorajado a falar dela, mesmo ciente do risco de um tiro n’água. Aqui do meu canto, acho que a NBA está vendo nascer mais um grande jogador. Anotem o nome de Caron Butler.
Para começo de conversa, nem penso em listá-lo como candidato ao título de calouro do ano. A disputa parece fechada entre Yao Ming e Amare Stoudemire. Enquanto essa dupla curte a glória em 2003, o ala do Miami Heat vai asfaltando a estrada, com a certeza de que há muito chão pela frente.
Para defender minha teoria, sou obrigado a jogar um punhado de números na lixeira. Vou usar apenas os que me interessam. No sábado, por exemplo, Butler foi o cestinha dos novatos com 23 pontos. Registrou ainda 7 assistências, 4 roubadas e 4 rebotes. Se a bola de cristal não estiver mentindo para mim (como andou fazendo nos últimos dias), a atuação pode ter sido um breve sumário de seu futuro.
Atlético, habilidoso e dono de um basquete plástico, bonito de ver, o rapaz tem tudo para evoluir e se tornar um dos atletas mais versáteis da liga. Isso leva tempo, claro, não é coisa para o mês que vem.
Levando em conta apenas as médias de pontos (13.9) e passes (2.7) na temporada, não dá para apostar tão alto. Mas a numeralha costuma enganar os céticos. Só para citar dois exemplos: Kobe Bryant e Tracy McGrady não passaram dos 8 pontos por partida quando eram calouros. Hoje, são os melhores do mundo na posição em que jogam. Será uma heresia comparar esse moleque do Miami com Kobe e T-Mac? Pode ser. Mas pode não ser.
Os torcedores do Heat, pelo menos, já se renderam ao novo ídolo. Uma pesquisa no site do time aponta Butler como o melhor do elenco na primeira metade do campeonato, à frente de medalhões como Eddie Jones e Brian Grant. Que o garoto tenha paciência e cabeça fria. O que é dele está guardado.
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Ainda sobre o Miami: Pat Riley sofre no bolso uma espécie de ditadura da NBA. Por ter criticado publicamente os juízes após uma derrota para o Portland, o técnico foi multado em US$ 20 mil. Em dezembro, já havia perdido US$ 50 mil pelo mesmo motivo. Casos como esse são recorrentes, o que não deixa de ser uma incoerência na nação que mais se orgulha da liberdade de expressão. Em um dos esportes mais populares do país, é proibido levantar a voz contra o poder soberano da arbitragem. Como se os donos do apito não merecessem um puxão de orelhas de vez em quando.
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(Foto – Barry Gossage/NBAE)
11.2.03
HORA DE JOGAR SÉRIO
Richardson, campeão das enterradas,
continua em Atlanta e pega os Hawks
Fim de festa, hora da faxina. Foi-se o All-Star Game e não há tempo para ressaca. Vinte e quatro times abrem hoje as cortinas da segunda metade da temporada, quando o negócio passa a ser para valer. A partir de agora, cada partida tem o playoff como pano de fundo. Na teoria, qualquer um tem chances de chegar. Na prática, é quase isso. Obviamente, ninguém espera uma final entre Cleveland e Denver. Mas, descontando o exagero, as zebras de plantão ainda podem aprontar surpresas.
O primeiro azarão é o Golden State Warriors, que estica sua visita em Atlanta e enfrenta os Hawks logo mais. Desta vez, Jason Richardson e Gilbert Arenas (brilhantes no jogo dos calouros) encontrarão o ginásio bem mais vazio. Em compensação, terão ao seu lado um Antawn Jamison mordido e ansioso para provar que merecia ter vestido a camisa vermelha do Oeste no domingo.
Na partida da TV, o combalido Orlando Magic recebe o líder New Jersey Nets. Na 9ª posição do Leste, Tracy McGrady e seus comparsas precisam vencer e convencer, para quebrar a série de maus resultados e voltar à briga por uma vaga na próxima fase. Grant Hill, ainda machucado, torcerá do banco por um tropeço de Jason Kidd e Kenyon Martin.
Os Lakers de Kobe Bryant e Shaquille O’Neal, vejam só, ganharam um presentão pós-All-Star. Recebem em Los Angeles os Nuggets de Nenê Hilario. E o próximo compromisso, amanhã, será em... Denver! Parece que o universo começa a conspirar a favor de Phil Jackson.
Ainda se recuperando da emoção do fim de semana, Michael Jordan leva os Wizards a Sacramento. Talvez tenha Jerry Stackhouse de volta para dividir a responsabilidade. Seria um ótimo reforço para arrancar uma vitória sobre os Kings, que atualmente, sem Chris Webber, não assustam ninguém (perderam seis das últimas dez).
Embalo semelhante busca o Phoenix Suns, que despencou nas semanas anteriores à pausa festiva. Amare Stoudemire suou a camisa no sábado, enquanto Shawn Marion e Stephon Marbury correram um bocado no domingo. Hoje, no Arizona, os três precisam reunir fôlego para bater o L.A. Clippers. Uma derrota fará crescer ainda mais a imagem de Shaq no retrovisor. O mesmo vale para o Houston Rockets, que recebe o renovado Utah Jazz. O fracasso do chinês Yao Ming no jogo das estrelas tem de ser rapidamente esquecido se a equipe quiser agarrar com unhas e dentes a oitava vaga do Oeste.
Os dois grandes confrontos da noite, no entanto, abrigam elencos razoavelmente tranqüilos quanto à chegada aos playoffs. Em Minnesota, Mavericks e Wolves certamente farão o ginásio tremer. Em Portland, Spurs e Blazers medirão forças (e que forças). Desde já, olho em Nowitzki, Garnett, Duncan e Wallace. Daqui a quatro meses, um deles pode estar erguendo o troféu mais cobiçado do basquete.
(Foto – Noah Graham/NBAE)
10.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS :::: ESPECIAL ALL-STAR ::::
Na noite de Jordan, quem roubou a cena foi Garnett
QUASE PERFEITO - A festa do All-Star Game se encaminhava para um desfecho triunfal. Michael Jordan tinha acabado de acertar um arremesso fantástico, como nos velhos tempos, e o Leste vencia por dois pontos nos últimos segundos da prorrogação. Foi aí que o pessoal do Indiana Pacers resolveu estragar tudo. Primeiro, Jermaine O’Neal cometeu uma falta desastrada em Kobe Bryant quando o adversário já estava desequilibrado na linha de três pontos. Com dois lances livres convertidos, fomos para o segundo período extra. Aí foi a vez de Isiah Thomas entrar no circuito para completar o serviço. O técnico do Indiana pôs em quadra os frios Vince Carter e Paul Pierce, que fizeram uma besteira atrás da outra e entregaram o jogo para o Oeste. Jordan e Tracy McGrady viram tudo do banco.
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RECOMPENSA - A partida começou morna e terminou eletrizante, compensando a insônia de quem ficou acordado até 2h30 da manhã. O placar de 155-145 já diz muita coisa. Kevin Garnett, com 37 pontos, foi eleito MVP com justiça. Fez poucas jogadas bonitas, mas foi um modelo de eficiência. Allen Iverson, mais abusado nas acrobacias, liderou o Leste com 35.
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SEM BRINCADEIRA - A partir do quarto período, a coisa começou a ficar séria. Iverson, T-Mac, Kobe e Steve Francis passaram a jogar para valer, de olho na vitória. O mesmo aconteceu com os técnicos, que sacaram as pranchetas, pediram tempos e capricharam nas orientações táticas. Parecia jogo de playoff.
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SHAQ-FUN - Shaquille O’Neal, por sua vez, estava mais interessado em se divertir. Talvez por isso tenha amargado a reserva nos momentos decisivos do último quarto. A verdade é que ele encarnou o espírito da festa. Foi hilário ver o grandalhão passando a bola por baixo das pernas na frente de Brad Miller. Os constantes malabarismos desajeitados deram o toque de humor necessário à partida. No fim das contas, ele não fez feio: terminou com 19 pontos e 13 rebotes.
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EU, HEIN - Jordan marcou 20, acertando apenas 9 de 27 arremessos. Que ele começasse como titular, a gente já esperava. Afinal, no treinamento de sábado, os companheiros do Leste avisaram que não aceitariam um “não” como resposta. A surpresa foi a saída de Carter, justamente o único que vinha declarando, há vários dias, sua intenção de não ceder a vaga ao ídolo, para não contrariar os fãs que o escolheram. Muito estranho. Sabe-se lá o que foi conversado no vestiário.
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
Yao Ming terminou com dois pontos e mostrou que milhões de chineses estavam errados.
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Jason Kidd merece convocação vitalícia para o All-Star. É um gênio do passe e torna o jogo muito mais interessante.
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Coitado de Zydrunas Ilgauskas: 4 minutos, uma falta, nenhum ponto. Foi o único zerado da noite.
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Marbury, Payton e Nash jogaram pouco e provaram que não era preciso chamar três reservas para Francis. Um deles poderia ter dado lugar a Antawn Jamison, Michael Finley ou Karl Malone.
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Consegui a proeza de errar TODAS as previsões do fim de semana.
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Devido à cobertura do All-Star Weekend, o BLOCO DE NOTAS ganhou edições especiais ontem e hoje. Na próxima semana, a coluna volta a aparecer apenas no sábado, seu dia habitual.
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(Foto – Jed Jacobson/NBAE)
9.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS :::: ESPECIAL ALL-STAR ::::
Jordan terá uma noite inesquecível logo mais
HOMENAGEM A CAMINHO - Na surdina, os participantes do All-Star Game preparam para esta noite um memorável tributo a Michael Jordan. Ninguém sabe ao certo como vai ser, mas os jogadores estão tramando algo especial para marcar a última participação do ídolo no jogo das estrelas. Vai faltar lenço de papel. “Talvez a gente apenas sente no chão e comece a chorar”, brincou Stephon Marbury, que prevê dificuldades para conter a emoção. “Sei que irei às lágrimas. É como perder um irmão que eu nunca tive.” Como já mostrou que não é afeito a esmolas, Jordan só deve aceitar o prêmio de MVP da partida se realmente achar que o merece. Portanto, a melhor tática é presentear o mestre com mais minutos em quadra e passes açucarados. O resto é com ele mesmo.
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LUTO - Quando a bola subir em Atlanta, Ben Wallace estará em ação pela primeira vez desde a morte de sua mãe, há uma semana. O pivô titular do Leste recebeu a triste notícia no sábado passado, durante o intervalo da partida contra o New Jersey Nets, e não atuou no compromisso seguinte (quarta-feira, contra o L.A. Clippers). Não será fácil entrar no clima de festa.
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NENÊ APAGADO - Na divertida batalha entre calouros e atletas de segundo ano, os mais experientes levaram a melhor (132-112). Gilbert Arenas avisou na sexta-feira que jogaria sério para ser o MVP, e não deu outra. O armador do Golden State Warriors marcou 30 pontos e embolsou o troféu. Caron Butler foi o cestinha dos novatos, com 23. O SporTV está de parabéns pela iniciativa de passar o jogo ao vivo, mas a transmissão foi um tanto capenga. Luiz Carlos Júnior e Miguel Ângelo da Luz não conheciam ninguém e levaram dois minutos para perceber que Nenê Hilario havia começado no banco. O brasileiro teve atuação discreta, com seis pontos e quatro rebotes.
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SONO - Como era de se esperar, imperou o tédio no torneio de enterradas. A exceção foi a última cravada de Jason Richardson, que lhe deu o título. Belíssima. De costas, com a mão esquerda, após ter passado a bola por baixo da perna direita. Uma pintura. O rival Desmond Mason teve atuação razoável e ficou em segundo lugar. Amare Stoudamire decepcionou e Richard Jefferson revelou-se uma verdadeira piada. Parecia que estava num campeonato de bandejas.
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OBSTÁCULO - Marty Burns, colunista da Sports Illustrated, apresentou na semana passada cinco sugestões para tornar mais atraente a disputa de enterradas. A mais curiosa delas é colocar Shawn Bradley embaixo da cesta, pronto para distribuir tocos. Não é uma ótima idéia?
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MÃO QUENTE - Bem que tentaram tirar o bicamponato de Peja Stojakovic nos tiros de três pontos. No meio de sua série final contra Wesley Person, soou uma campainha como se o tempo tivesse acabado. Logo depois, a garotada que pega os rebotes e afasta as bolas da quadra quase interceptou no ar um arremesso do iugoslavo. Resultado: o jogador se desconcentrou e passou a errar tudo. Depois foi autorizado a repetir a série e conquistou o título pelo segundo ano consecutivo. O troféu abacaxi ficou com Antoine Walker, que fez apenas 7 dos 30 pontos possíveis, incluindo duas tentativas que sequer atingiram o aro. Vaia nele.
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No desafio de habilidades para armadores, Jason Kidd venceu Gary Payton, Tony Parker e Stephon Marbury. Deve haver uma explicação muito boa para John Stockton não ter sido chamado no lugar de Parker.
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É sempre uma alegria ver Magic Johnson cada vez mais gordo e simpático.
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Dr. J foi uma espécie de Pedro de Lara no júri das enterradas. Só dava notas baixas. Com toda razão.
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Na calada da noite, a NBA deu uma de CBF. Anunciou ontem que a primeira rodada dos playoffs passará a ser disputada em melhor de sete jogos e não mais de cinco. A mudança já vale para este ano. Até concordo com ela. Mas aprendi, vendo as tramóias do futebol brasileiro, que é feio mudar as regras com o campeonato em andamento.
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Devido à cobertura do All-Star Weekend, o BLOCO DE NOTAS ganha edições especiais hoje e amanhã. Na próxima semana, a coluna volta a aparecer apenas no sábado, seu dia habitual.
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(Foto - Gregory Shamus/NBAE)
8.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS :::: ESPECIAL ALL-STAR ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
McGrady ainda quer Jordan entre os titulares
ÚLTIMA CHAMADA - Tracy McGrady não desiste fácil. Na semana passada, ele ofereceu sua vaga de titular no All-Star Game ao ídolo Michael Jordan, que recusou gentilmente. No treinamento desta tarde, haverá uma nova investida (desta vez com a ajuda de toda a seleção do Leste) para tentar convencer o companheiro até o jogo de amanhã: “Espero que ele mude de idéia. É um gesto de respeito e de agradecimento.” Enquanto isso, o ala Vince Carter chegou a Atlanta reafirmando que não cederia seu lugar, para não desapontar os fãs que o elegeram. “Se for preciso, eu e Jordan conversaremos sobre isso, ele vai entender e tudo ficará bem”, explicou. Então tá.
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NOTA TRISTE - O fim de semana será de festa e precaução na casa dos Hawks. Hoje e amanhã, enquanto atletas e torcedores estiverem se divertindo dentro da Philips Arena, um batalhão de seguranças ficará responsável pela ordem nas cercanias do ginásio. Às vésperas de iniciar a guerra contra o Iraque, o governo dos Estados Unidos elevou para “laranja” o nível de alerta nacional. Isso significa alto risco de ataques terroristas neste período. O presidente da NBA, David Stern, garantiu que não há motivo para pânico: “As bolsas serão revistadas e faremos tudo para que os convidados se sintam seguros.”
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VERBO SOLTO - Neste clima tenso, o canadense Steve Nash quebrou o protocolo durante a apresentação dos jogadores à imprensa. O media day geralmente é recheado de clichês sobre basquete, frases prontas e elogios mútuos. Mas Nash aproveitou a presença de jornalistas do mundo inteiro para tocar num assunto mais urgente. Vestindo uma camiseta com os dizeres “No War – shoot for peace”, o armador do Dallas Mavericks protestou contra a possível invasão americana à terra de Saddam Hussein, alegando que o conflito vai contra seus princípios humanitários e “só tem a ver com o petróleo”. Fez ele muito bem.
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NÃO DEU - Sujeito azarado, esse Emanuel Ginobili. Convocado para substituir Yao Ming no jogo entre calouros e atletas de segundo ano, o argentino se contundiu no último jogo do San Antonio Spurs antes da pausa para o All-Star. Na quinta-feira, contra o Denver, ele torceu o tornozelo e acabou cortado da festa. Em seu lugar, entra o iugoslavo Marko Jaric, do Los Angeles Clippers.
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MANDINGA - Se estiver com a mão calibrada, Brent Barry pode se tornar o primeiro jogador a conquistar o desafio de três pontos e o torneio de enterradas. Para isso, vale a superstição. Quando venceu o Slam Dunk Contest em 1996, o ala-armador do Seattle Sonics usou uma camiseta de treino por cima do uniforme. Na época, disse que estava tão nervoso que esqueceu de tirá-la. Em todo caso, decidiu repetir a tática hoje à noite, quando medirá forças nos arremessos com Peja Stojakovic, David Wesley, Antoine Walker, Pat Garrity e Wesley Person. Nas cravadas, concorrem Jason Richardson, Desmond Mason, Amare Stoudemire e Richard Jefferson.
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Às 21h45 (horário de Brasília), logo após o jogo dos novatos, o brasileiro Nenê Hilario participa de um chat no site ESPNdeportes.com. A partida, marcada para 19h, será transmitida ao vivo pelo SporTV.
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Anote aí a programação da ESPN Internacional. Hoje, às 23h (ao vivo), torneio de enterradas e arremessos de três pontos, além daqueles desafios com um monte de gente em quadra e regras complicadíssimas que nem os americanos entendem direito. No domingo, também às 23h, abrem-se as cortinas para o evento principal.
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Mais de 3 bilhões de pessoas, em 212 países, vão assistir aos eventos pela televisão. Um bocado de gente, não?
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Aposto nas zebras: D. Wesley, R. Jefferson, calouros e Leste.
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(Foto - Nathaniel S. Butler/NBAE)
7.2.03
COTOVELOS DOENDO
Finley em ação no ginásio dos Hawks:
cena que não se repetirá no All-Star
Vai ser difícil não notar. Durante este fim de semana, o rosto de Michael Finley ficará estampado num imenso outdoor ao lado do aeroporto internacional de Atlanta. A foto vai estar acompanhada da singela pergunta “Where’s Fin?”, impressa em letras garrafais. Foi essa a maneira insólita encontrada por Mark Cuban, proprietário do Dallas Mavericks, para protestar contra a ausência de seu atleta no All-Star Game de domingo.
Com Dirk Nowitzki e Steve Nash garantidos no banco do Oeste, Finley seria o terceiro representante do time na festa. Era o favorito para substituir Chris Webber, cortado por contusão, mas acabou preterido em prol de uma solução caseira: quem entrou foi Peja Stojakovic, companheiro de Webber no Sacramento Kings. De fato, não seria exagero convocar três Mavs, já que a equipe lidera a NBA com folgas. Mas havia muito talento para pouca vaga, e alguém precisava ficar de fora.
Num esporte em que o ego é compatível com os salários astronômicos, tornam-se previsíveis reações como a de Cuban. Muita gente chorou o leite derramado em público. Os primeiros foram Jalen Rose e Jerry Stackhouse, esquecidos pelos técnicos da conferência Leste e irritados com os critérios da escolha. Aos dois, sobra qualidade para integrar a lista. No entanto, a opção recaiu sobre uma justa homenagem (Michael Jordan) e um ridículo pivô extra (Brad Miller). Paciência.
No Oeste, Karl Malone não reconhece, mas ficou furioso por não ter recebido mimo semelhante ao de Jordan. Tanto que logo procurou a imprensa e rejeitou um possível convite para substituir Webber. Jogou no ar um papo mole de que já havia programado o fim de semana com a família. Puro ressentimento. Vai ficar em casa, xingando Stojakovic pela TV.
Os cotovelos doem, não tem jeito. E isso é bom. A polêmica prova que há qualidade suficiente para preencher duas seleções de excluídos, nos mesmos moldes das originais, com cinco titulares e sete reservas:
LESTE
Brian Grant (Miami)
Kenyon Martin (New Jersey)
Ron Artest (Indiana)
Jerry Stackhouse (Washington)
Jalen Rose (Chicago)
...
Kurt Thomas (New York)
Theo Ratliff (Atlanta)
Richard Hamilton (Detroit)
Ray Allen (Milwaukee)
Sam Cassell (Milwaukee)
Richard Jefferson (New Jersey)
Latrell Sprewell (New York)
OESTE
Michael Olowokandi (L.A. Clippers)
Karl Malone (Utah)
Antawn Jamison (Golden State)
Michael Finley (Dallas)
Mike Bibby (Sacramento)
...
Vlade Divac (Sacramento)
Elton Brand (L.A. Clippers)
Scottie Pippen (Portland)
Matt Harpring (Utah)
John Stockton (Utah)
Rasheed Wallace (Portland)
Pau Gasol (Memphis)
(Foto - Jamie Squire/NBAE)
6.2.03
UMA GANGUE DE DAR MEDO
Hoje em dia, nenhum time quer topar
com os embalados Blazers de Pippen
O primeiro quarto vai terminando, bate o cansaço nos titulares, e o técnico Maurice Cheeks olha para o banco do Portland Trail Blazers. Lá estão, ainda de agasalho, Arvydas Sabonis, Damon Stoudamire, Ruben Patterson, Antonio Daniels, Jeff McInnis e Zach Randolph. Impossível não esboçar um sorriso. Com uma retaguarda dessas, cabe ao treinador a missão de fazer o quinteto principal funcionar. Para isso, Cheeks passou dois anos comendo o pão que o diabo amassou. Mas conseguiu. Hoje, ele comanda uma equipe respeitada e temida de Leste a Oeste da NBA.
Nos últimos 27 jogos, foram apenas cinco derrotas. Nenhum outro time tem retrospecto semelhante. Em casa ou na estrada, contra grandes ou pequenos, o ímpeto é o mesmo. Mavs, Kings, Spurs, Wolves e Pistons, por exemplo, já receberam visitas inconvenientes dos Blazers este ano. Na tabela, a escalada continua. O time ocupa a terceira posição de sua conferência e belisca o Sacramento na briga pela liderança da divisão do Pacífico.
As cinco engrenagens fundamentais da máquina são Dale Davis, Rasheed Wallace, Bonzi Wells, Scottie Pippen e Derek Anderson. Mas não há sequer vestígio de pânico quando as peças de reposição precisam entrar em jogo. No fim do mês passado, Wallace amargou sete rodadas de suspensão por ter ameaçado um juiz na saída do ginásio. Ninguém notou. Nesse período, foram cinco vitórias, incluindo quatro fora de casa (a última em Dallas).
Se os nomes são os mesmos de sempre, por que só agora deu certo? Porque os rapazes, de forma geral, deram um tempo nas encrencas. Porque Anderson finalmente barrou Stoudamire. Porque Sabonis voltou a jogar, mas não forçou a barra e aceitou o banco. Porque Patterson e McInnis pararam de reclamar da reserva. Porque as contusões escolheram a dedo Chris Dudley e Ruben Boumtje-Boumtje, que não fazem a menor falta. Porque o novo uniforme vermelho deu sorte. Porque Wallace pode ser marginal, mas está comendo a bola. Porque um senhor chamado Pippen, após 15 anos de NBA, se libertou da sombra de Michael Jordan, assumiu uma improvável função de armador e se mostrou capaz de liderar um punhado de astros problemáticos.
Enfim, porque Maurice Cheeks coordenou tudo isso com maestria. Merece, desde já, brigar pelo título de técnico do ano.
(Foto - Sam Forencich)
5.2.03
PROCURA-SE TORCIDA
Quem paga para ver as peripécias do
Memphis Grizzlies de Stromile Swift?
Em algum lugar do Tennessee, a campainha toca alto. O sujeito larga o controle remoto no sofá, repousa a latinha de cerveja no criado-mudo e se levanta cheio de preguiça. Cruza a sala e abre a porta. Lá está um engravatado sorridente com o discurso na ponta da língua. “Boa noite, senhor, desculpe incomodá-lo. Sou representante comercial de uma empresa que presta serviços ao Memphis Grizzlies. Gostaria de saber se o senhor está interessado em adquirir um cupom com ingressos para jogos de basquete no ginásio The Pyramid. O preço é camarada.”
O vendedor sabe que corre o risco de ouvir uma resposta do tipo “O que é Memphis Grizzlies?”. Mas não importa. É assim, com a milenar tática de venda porta-a-porta, que a equipe têm saído à caça de torcedores.
Desespero semelhante atormenta vários cartolas da NBA, preocupados com arquibancadas cada vez mais vazias. A situação do Memphis (oitava audiência mais baixa da liga) não é das piores, comparada aos recorrentes fracassos de público em Cleveland e Atlanta. As duas cidades disputam, poltrona a poltrona, para ver quem leva menos gente às partidas.
Neste fim de semana, a casa dos Hawks estará cheia pela primeira vez. Mas nenhum atleta local terá a oportunidade de ver, da quadra, as dependências lotadas da Philips Arena. Glenn Robinson, Shareef Abdur-Rahim e Theo Ratliff foram esquecidos na convocação para o All-Star Game de domingo. A prata da casa acabou preterida até nos eventos preliminares de sábado.
O gerente Pete Babcock, endeusado na pré-temporada pela promissora contratação de Robinson, acaba de assumir toda a culpa por uma das campanhas mais decepcionantes dos últimos tempos. A esta altura, os playoffs estão a léguas de distância. De olho na segunda metade do campeonato, Babcock promete mudanças no elenco até 20 de fevereiro.
Em Cleveland, a solução também passa pelo balcão de negócios. Darius Miles chegou com pinta de craque, não correspondeu e pode fazer as malas em breve. A boa fase de Ricky Davis e do calouro Dajuan Wagner não encontra eco no resto da equipe. As derrotas se acumulam e ninguém paga para ver os jogadores batendo cabeça em quadra.
O Memphis, ao menos, reúne talento jovem suficiente para sonhar com um futuro melhor. Há dois anos, a franquia se mudou de Vancouver, no Canadá, para a terra de Elvis Presley. Em 2004, terá um novo ginásio. Até lá, quando estiver erguido o moderno FedEx Forum, espera-se que haja mais gente diposta a pagar pelos ingressos.
(Foto - Joe Murphy/NBAE)
4.2.03
O GRANDE DUELO: SEGUNDO ATO
O Dallas de Van Exel recebe hoje seu
maior oponente, o Sacramento Kings
Quando Shaq e Kobe saem da pauta, não se fala em outra coisa na NBA: quem é melhor, Dallas ou Sacramento? Qual dos dois é mais letal no ataque? De quem é a defesa mais segura? Quem tem o banco mais consistente? A fogueira aguarda mais lenha hoje à noite, quando as equipes se enfrentam pela segunda vez na temporada.
O primeiro encontro, em janeiro, foi um trailer estrelado por um só ator. Jogando em casa, os Kings liquidaram a fatura no quarto inicial, abrindo 13 pontos. No restante do tempo, foi só manter o ritmo até chegar aos impressionantes 123-94. A diferença é que, naquela ocasião, com o tornozelo ainda saudável, Chris Webber esteve presente e anotou 29 pontos. Subtraindo esse montante do placar final (numa suposição um tanto grosseira, claro), teríamos rigorosamente um empate.
Logo mais, tudo vai ser diferente. Contundido, o ala verá a festa do banco, em trajes de passeio. Sua ausência torna-se o grande trunfo do adversário, que, aliás, estará diante de sua torcida. Todo mundo sabe que os Mavericks seriam imbatíveis se tivessem mais qualidade no garrafão. Dirk Nowitzki, o único grandalhão habilidoso do elenco, é habilidoso até demais, e por isso acaba se afastando da cesta. Resultado: contra times fortes, a munição ofensiva obrigatoriamente se espalha pela quadra, e a defesa, muitas vezes, vai para o espaço.
O armador reserva Nick Van Exel resumiu, esta semana, o problema crônico do Dallas, se oferecendo em sacrifício pelo bem de seus companheiros: “Se eu fosse dirigente e encontrasse um jogador alto que pudesse nos ajudar a chegar ao topo, me trocaria sem pestanejar.” Descontado o exagero e o bom humor da frase, o baixinho veterano não deixa de ter uma boa dose de razão.
Enquanto a diretoria não segue o insólito conselho de Van Exel, resta ao time se aproveitar do desfalque alheio. Hoje, com Hedo Turkoglu no lugar de Webber, Nowitzki ficará bem mais à vontade para tentar as infiltrações enquanto Michael Finley e Steve Nash estiverem cuidando dos tiros de média e longa distâncias.
É uma chance de ouro para os rapazes do Texas provarem seu valor. Afinal, mesmo folgados na liderança do Oeste, eles sempre se tornam alvo de desconfiança em qualquer previsão para os playoffs. Aos Kings, que perderam cinco das últimas seis partidas (incluindo vexames em Atlanta e Toronto), resta rezar por uma noite inspirada de Peja Stojakovic e Mike Bibby. Façam suas apostas.
(Foto - D. Clarke Evans/NBAE)
3.2.03
A VITÓRIA DA DEFESA
Wallace tranca o garrafão do Detroit e o time
segue atropelando seus adversários no Leste
No intervalo da partida contra o New Jersey Nets, no sábado, Ben Wallace foi para o vestiário satisfeito. Àquela altura, tinha acumulado sete tocos, igualando o recorde histórico do Detroit Pistons, alcançado por Edgar Jones em 1981 e por Terry Tyler em 1982. A euforia virou tristeza quando, a portas fechadas, o ala-pivô recebeu a notícia da morte de sua mãe.
O atleta, obviamente, não voltou para os dois últimos quartos, mas seus companheiros trabalharam em dobro por ele. Chauncey Billups e Richard Hamilton foram impecáveis na vitória por 106-94, encerrando uma semana gloriosa para a equipe. Na sexta-feira, a vítima foi o Boston, que sofreu a pior derrota de sua existência (118-66) em pleno Fleet Center, diante de uma platéia enfurecida. Em determinado momento, a diferença a favor dos Pistons ultrapassou os 60 pontos. Inacreditável.
O fato é que o Detroit escolheu a hora certa para embalar. Até 19 de fevereiro, a tabela lhe reserva sete jogos: uns fáceis, outros razoáveis. Nenhum difícil. Se a seqüência for bem aproveitada, o Indiana Pacers terá um bom motivo para abrir o olho e ligar o sinal de alerta. Promete ferver a briga pela liderança da conferência.
No início do campeonato, ninguém imaginava que Hamilton substituiria à altura o ídolo Jerry Stackhouse; que Billups elevaria suas habilidades a um nível inédito; que Corliss Williamson manteria a forma como fonte inesgotável de talento no banco. Pois tudo isso aconteceu, e o time virou sinônimo de consistência.
A não ser que a fatalidade familiar de sábado lhe cause algum trauma, Wallace deve terminar a temporada como senhor absoluto dos garrafões do Leste. Primeiro da NBA em rebotes (média de 14.5 por noite) e segundo em tocos (2.9), o sujeito tornou-se um mestre da defesa. Após seis anos de estrada, atravessa um momento sublime em sua carreira e tem todo o direito de sonhar com o título. Se vai conseguir, aí já é outra história.
(Foto - Tony Firriolo/NBAE)
2.2.03
CAMINHO LIVRE PARA A ARRANCADA
Alguém aí duvida que este homem vai
estar presente nos próximos playoffs?
Caneta vermelha na mão, o técnico Phil Jackson já deve ter marcado em destaque o 4 de fevereiro no calendário do Los Angeles Lakers. Dentro de dois dias, o time estará em Indianapolis para disputar, contra o líder do Leste, sua partida mais importante desde o início da temporada. Os atrativos não são poucos: um O’Neal de cada lado, dois Pacers suspensos por indisciplina e um Kobe Bryant tinindo como nunca. Quando a bola subir para Shaq e Brad Miller (ambos com status de reserva no All-Star Game, como se fossem atletas do mesmo nível), estará em jogo muito mais que uma simples vitória. A turma de uniforme púrpura pode começar ali a escalada rumo ao tetracameponato.
Exagero? Vejamos.
O jogo das estrelas é uma espécie de recreio na NBA. Quem participa da festa só pensa em se divertir. Quem está fora põe a família no carro e parte em busca de um fim de semana tranqüilo. Pois alguns times da conferência Oeste decidiram, por conta própria, antecipar a folga. Tiraram o pé do acelerador e derraparam feio nas últimas semanas. Foi assim com Mavericks, Kings, Suns e Rockets. Em Los Angeles, ocorreu o inverso. Descontando dois tropeços contra Golden State e New Jersey, os Lakers resolveram, enfim, engrenar na competição.
Venceram 9 dos últimos 12 jogos, incluindo triunfos maiúsculos em Sacramento e Phoenix. Além do aspecto moral, bater o Indiana na terça-feira significa igualar, pela primeira vez, o número de vitórias e derrotas. É o que os americanos chamam de “alcançar .500”. Depois disso, basta passar pelo fraco New York Knicks e chegar ao All-Star carregando o tão sonhado saldo positivo. Na volta do recreio, o presente é ainda maior: duas partidas consecutivas contra o Denver Nuggets.
Se tudo der certo nessa seqüência, vai ser difícil segurar a rapaziada da Califórnia. Até porque fevereiro promete ser um mês razoavelmente generoso. Após o confronto duplo com Nenê & Cia., serão sete compromissos em casa e apenas dois na estrada. Pedreira, de verdade, só em meados de março, quando a equipe visita Minnesota, Sacramento e San Antonio.
Até lá, o playoff já será uma realidade. Hoje o Los Angeles ocupa a nona posição e tem à sua frente Rockets e Suns, ainda distantes, mas em queda livre. Tarefa mais difícil é beliscar Wolves (6º) e Jazz (5º), que seguem ladeira acima. Terminando em sétimo ou oitavo, a trombada no primeiro round provavelmente seria contra Kings, Mavs, Spurs ou Blazers. Mesmo nesse caso, você apostaria seu suado dinheirinho contra Shaq e Kobe?
A prudência recomenda esperar mais um pouco antes de jogar as fichas na mesa.
(Foto - Andrew D. Bernstein/NBAE)
1.2.03
:::: BLOCO DE NOTAS ::::
Todo sábado, um passeio rápido pela liga
Strickland é o mais novo hóspede no
departamento médico dos T-Wolves
NUVENS CARREGADAS - A bruxa está solta e segue cumprimentando, um por um, os armadores do Minnesota Timberwolves. Primeiro foi o astro Terrell Brandon, que se submeteu a uma cirurgia no joelho direito e está com a carreira ameaçada. Felipe Lopez, por motivo semelhante, também não volta mais nesta temporada. Troy Hudson torceu o tornozelo e vai, aos poucos, recuperando sua forma. Agora foi a vez de Rod Strickland, que deve ficar um mês parado por conta de uma grave contusão na virilha. O calouro Igor Rakocevic é o único representante da posição que consegue se manter saudável. Pelo menos por enquanto.
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VEXAME - Por falar em enfermaria, Antoine Walker esteve por lá durante quatro rodadas. Voltou a jogar ontem, bem a tempo de assinar seu nome na pior derrota da história do Boston Celtics. Foram 52 pontos de diferença a favor do Detroit Pistons (118-66), que se sentiu em casa no Fleet Center. No último período, a torcida do Boston virou a casaca e passou a vibrar intensamente com cada cesta do adversário.
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IMPLACÁVEL - Rasheed Wallace, do Portland Trailblazers, acaba de voltar à ativa após cumprir sete jogos de suspensão por ameaçar um árbitro nas cercanias do Rose Garden. A mesma punição foi imposta ao técnico do Utah Jazz, Jerry Sloan, que empurrou um árbitro na beira da quadra. Ron Artest, do Indiana Pacers, pegou um gancho de quatro partidas pela confusão que arrumou em Miami. Definitivamente, a NBA adotou a política de tolerância zero para combater a indisciplina.
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SAUDADE - Pelo visto, é hora de repatriar os deserdados. O Philadelphia 76ers está atrás de Theo Ratliff, que deixou a equipe há dois anos e foi parar no Atlanta Hawks. O Toronto Raptors, por sua vez, tenta trazer de volta Keon Clark, hoje no Sacramento Kings. Se as tentativas não derem certo, cada equipe tem um plano B na manga. Os Sixers querem Latrell Sprewell, do New York Knicks, e já ofereceram Keith Van Horn em troca. Os canadenses também sonham com Ratliff e admitem se desfazer de Lindsey Hunter e Morris Peterson.
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JUÍZO - Na iminência de se tornar um astro da NBA, o prodígio Lebron James atravessa uma maré de azar. Durante duas semanas, ele foi investigado para saber se poderia dirigir um potente Hummer H2 (avaliado em US$ 50 mil), que ganhou recentemente ao completar 18 anos. Na semana passada, as autoridades finalmente decidiram que o rapaz poderia circular à vontade com o carro. Poucas horas após a sentença, ele mostrou que não tem com o volante a mesma intimidade adquirida com a bola laranja. Bateu na traseira de um veículo parado no sinal vermelho. A vítima, que não se machucou, foi uma senhora de 88 anos (quase o quíntuplo da idade de Lebron).
:::::::: :::::::: Z O N A . M O R T A :::::::: ::::::::
O técnico Bill Cartwright, com aquele jeito de boa praça, anda brigando com todo mundo no Chicago Bulls. A vítima da vez é Marcus Fizer. O ala levou um sabão porque, além de não se enquadrar no esquema ofensivo da equipe, reclama o tempo todo com os juízes.
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Em Memphis, ninguém mais tem paciência com o calouro Drew Gooden. Quem fizer uma proposta razoável até o dia 20 leva o rapaz sem muito esforço.
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O veterano Glen Rice garante que está pronto para voltar a atuar pelo Houston Rockets. Se realmente estiver recuperado das lesões, pode ser a arma que faltava para a batalha nos playoffs.
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A Adidas, que patrocina Tracy McGrady, não deve ter gostado nada dessa história de ele oferecer sua vaga no All-Star a Michael Jordan, principal garoto-propaganda da Nike.
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(Foto - Catherine Steenkeste/NBAE)