5.2.03



PROCURA-SE TORCIDA




Quem paga para ver as peripécias do
Memphis Grizzlies de Stromile Swift?




Em algum lugar do Tennessee, a campainha toca alto. O sujeito larga o controle remoto no sofá, repousa a latinha de cerveja no criado-mudo e se levanta cheio de preguiça. Cruza a sala e abre a porta. Lá está um engravatado sorridente com o discurso na ponta da língua. “Boa noite, senhor, desculpe incomodá-lo. Sou representante comercial de uma empresa que presta serviços ao Memphis Grizzlies. Gostaria de saber se o senhor está interessado em adquirir um cupom com ingressos para jogos de basquete no ginásio The Pyramid. O preço é camarada.”

O vendedor sabe que corre o risco de ouvir uma resposta do tipo “O que é Memphis Grizzlies?”. Mas não importa. É assim, com a milenar tática de venda porta-a-porta, que a equipe têm saído à caça de torcedores.

Desespero semelhante atormenta vários cartolas da NBA, preocupados com arquibancadas cada vez mais vazias. A situação do Memphis (oitava audiência mais baixa da liga) não é das piores, comparada aos recorrentes fracassos de público em Cleveland e Atlanta. As duas cidades disputam, poltrona a poltrona, para ver quem leva menos gente às partidas.

Neste fim de semana, a casa dos Hawks estará cheia pela primeira vez. Mas nenhum atleta local terá a oportunidade de ver, da quadra, as dependências lotadas da Philips Arena. Glenn Robinson, Shareef Abdur-Rahim e Theo Ratliff foram esquecidos na convocação para o All-Star Game de domingo. A prata da casa acabou preterida até nos eventos preliminares de sábado.

O gerente Pete Babcock, endeusado na pré-temporada pela promissora contratação de Robinson, acaba de assumir toda a culpa por uma das campanhas mais decepcionantes dos últimos tempos. A esta altura, os playoffs estão a léguas de distância. De olho na segunda metade do campeonato, Babcock promete mudanças no elenco até 20 de fevereiro.

Em Cleveland, a solução também passa pelo balcão de negócios. Darius Miles chegou com pinta de craque, não correspondeu e pode fazer as malas em breve. A boa fase de Ricky Davis e do calouro Dajuan Wagner não encontra eco no resto da equipe. As derrotas se acumulam e ninguém paga para ver os jogadores batendo cabeça em quadra.

O Memphis, ao menos, reúne talento jovem suficiente para sonhar com um futuro melhor. Há dois anos, a franquia se mudou de Vancouver, no Canadá, para a terra de Elvis Presley. Em 2004, terá um novo ginásio. Até lá, quando estiver erguido o moderno FedEx Forum, espera-se que haja mais gente diposta a pagar pelos ingressos.

(Foto - Joe Murphy/NBAE)

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