6.2.03
UMA GANGUE DE DAR MEDO
Hoje em dia, nenhum time quer topar
com os embalados Blazers de Pippen
O primeiro quarto vai terminando, bate o cansaço nos titulares, e o técnico Maurice Cheeks olha para o banco do Portland Trail Blazers. Lá estão, ainda de agasalho, Arvydas Sabonis, Damon Stoudamire, Ruben Patterson, Antonio Daniels, Jeff McInnis e Zach Randolph. Impossível não esboçar um sorriso. Com uma retaguarda dessas, cabe ao treinador a missão de fazer o quinteto principal funcionar. Para isso, Cheeks passou dois anos comendo o pão que o diabo amassou. Mas conseguiu. Hoje, ele comanda uma equipe respeitada e temida de Leste a Oeste da NBA.
Nos últimos 27 jogos, foram apenas cinco derrotas. Nenhum outro time tem retrospecto semelhante. Em casa ou na estrada, contra grandes ou pequenos, o ímpeto é o mesmo. Mavs, Kings, Spurs, Wolves e Pistons, por exemplo, já receberam visitas inconvenientes dos Blazers este ano. Na tabela, a escalada continua. O time ocupa a terceira posição de sua conferência e belisca o Sacramento na briga pela liderança da divisão do Pacífico.
As cinco engrenagens fundamentais da máquina são Dale Davis, Rasheed Wallace, Bonzi Wells, Scottie Pippen e Derek Anderson. Mas não há sequer vestígio de pânico quando as peças de reposição precisam entrar em jogo. No fim do mês passado, Wallace amargou sete rodadas de suspensão por ter ameaçado um juiz na saída do ginásio. Ninguém notou. Nesse período, foram cinco vitórias, incluindo quatro fora de casa (a última em Dallas).
Se os nomes são os mesmos de sempre, por que só agora deu certo? Porque os rapazes, de forma geral, deram um tempo nas encrencas. Porque Anderson finalmente barrou Stoudamire. Porque Sabonis voltou a jogar, mas não forçou a barra e aceitou o banco. Porque Patterson e McInnis pararam de reclamar da reserva. Porque as contusões escolheram a dedo Chris Dudley e Ruben Boumtje-Boumtje, que não fazem a menor falta. Porque o novo uniforme vermelho deu sorte. Porque Wallace pode ser marginal, mas está comendo a bola. Porque um senhor chamado Pippen, após 15 anos de NBA, se libertou da sombra de Michael Jordan, assumiu uma improvável função de armador e se mostrou capaz de liderar um punhado de astros problemáticos.
Enfim, porque Maurice Cheeks coordenou tudo isso com maestria. Merece, desde já, brigar pelo título de técnico do ano.
(Foto - Sam Forencich)
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