21.2.03



CRAQUES DE ROUPA NOVA




Payton foi embora, mas o torcedor do
Seattle não deve chorar: Allen vem aí




Se a NBA não fosse uma caixinha de surpresas, Gary Payton faria hoje à noite, contra os Bucks, sua milésima partida com a camisa do Seattle Supersonics. De fato, ele estará em quadra, na Key Arena. Mas vestindo o uniforme roxo dos visitantes. A reação das arquibandadas é imprevisível. Ainda anestesiada pela notícia, a torcida não sabe se deve prestar um tributo a Payton (com quem manteve uma relação apaixonada por mais de uma década) ou dar as boas vindas a Ray Allen, o novo craque da casa, que até ontem era ídolo em Milwaukee.

No fim da tarde de quinta-feira, quando o prazo para negociações já se esgotava, as equipes anunciaram uma troca daquelas que fazem o chão tremer, envolvendo cinco armadores. A partir de agora, Payton e Desmond Mason passam a defender os Bucks, enquanto Allen, Kevin Ollie e Ronald Murray tomam o caminho contrário rumo a Seattle. A complexa transação carrega uma penca de detalhes curiosos, a começar pela coincidência de um confronto direto no dia seguinte e pelo aborto repentino do já citado jogo 1.000.

No frigir dos ovos, que time levou vantagem? Podem acreditar: os dois. O que varia é a perspectiva de cada um. A intenção do Milwaukee é claramente imediatista, de olho nos playoffs que se aproximam. Payton, Mason, Sam Cassell e Michael Redd provavelmente formam a melhor rotação de armadores da liga. A eficiência se estende à ala, com Tim Thomas, Toni Kukoc e Anthony Mason. Os pivôs são fracos, mas também não se pode querer tudo ao mesmo tempo.

O Seattle, por sua vez, pensa no futuro. Para começo de conversa, era preciso se livrar de um pepino. Com o contrato prestes a vencer, Payton estava insatisfeito porque não via chances de prorrogá-lo. Mais cedo ou mais tarde, o eterno All-Star partiria. Bom que tenha sido mais cedo. Só assim foi possível trazer para o seu lugar um atleta de calibre semelhante. Aos 27 anos, Allen será a pedra fundamental na urgente renovação dos Sonics. Em torno dele, um novo elenco será construído. O único vacilo da cartolagem foi ter mandado embora, no mesmo dia, o reserva de Payton, Kenny Anderson (trocado com o New Orleans por Elden Campbell). O limitado Kevin Ollie será jogado à fogueira e terá um reserva de quinta categoria, seja Joseph Forte ou próprio Ronald Murray.

Resumo da ópera: enquanto o Milwaukee tem Payton e Cassell, falta ao Seattle um baixinho; enquanto o Seattle tem Campbell e Rashard Lewis, falta ao Milwaukee um grandalhão. Mesmo com esses furos na escalação, ambos seguem satisfeitos. E nós também. Após tanto disse-me-disse, finalmente vimos uma troca de verdade.

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Prestígio: O Denver Nuggets mandou o pivô Mark Blount e o ala de força Mark Bryant para Boston, em troca do armador Shammond Williams. Isso mostra que a diretoria está plenamente satisfeita com seus três homens de garrafão: Marcus Camby, Juwan Howard e... Nenê Hilario. Ponto para o brasileiro.

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(Foto – Jeff Reinking/NBAE)

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