18.2.03
DESTINO INJUSTO
Por causa deste tornozelo, Hill poderá
amargar uma aposentadoria forçada
Michael Jordan completou ontem quatro décadas de vida. Cumprindo o ato final de sua trajetória, o mestre ainda não sabe ao certo quem vai sucedê-lo. Muitos nomes foram lançados ao vento. Atualmente, Kobe Bryant é o favorito para ocupar o posto, superando craques como McGrady, Duncan, Kidd e Iverson. Entretanto, já houve um período de certeza absoluta sobre o novo herdeiro. Não faz muito tempo. Em meados dos anos 90, Grant Hill tinha a faca e o queijo na mão. Era o príncipe da liga, esperando apenas que o rei saísse de cena. De uma hora para outra, viu o destino escorrer entre os dedos e sumir no ralo ingrato das contusões.
Hoje, a dor mais forte de Hill não é a que faz de seu tornozelo esquerdo uma frágil peça de porcelana. Aos 30 anos, o atleta que rascunhava um futuro de glórias passou a amargar a nefasta possibilidade de uma aposentadoria precoce. Sem ao menos chegar aos pés de Jordan.
No esporte, não é fácil sobreviver a três cirurgias delicadas. A recuperação é lenta e prevê recaídas. Com Hill, não foi diferente. No início deste campeonato, todos acreditavam e torciam por sua recuperação definitiva. O otimismo dava as cartas e o Orlando Magic logo ganhou status de favorito no Leste. A dupla com T-Mac tinha tudo para encantar os fãs da equipe.
Entre um e outro percalço, tudo corria bem. O jogador atuou em 29 partidas este ano (bem mais que as quatorze de 2002 e as quatro de 2001) e ensaiou uma volta aos velhos tempos. Mas a lesão, sempre ela, venceu novamente. No mês passado, o técnico Doc Rivers acenou com a possibilidade de deixar o craque fora da temporada regular e aproveitá-lo apenas nos playoffs. Foi uma decisão quase forçada, que deixa no ar um par de dúvidas: primeiro, se a saúde estará em dia até lá; segundo, se o Orlando vai mesmo se classificar à próxima fase.
Em meio ao mar de incertezas, surgiu a angústia maior. A cada dia, crescem os rumores a respeito do fim prematuro da carreira de Hill. Especula-se que ele nunca mais pisará numa quadra de basquete. Com isso, aumenta o triste quórum de um grupo que inclui nomes de peso como Alonzo Mourning e Terrell Brandon, todos em guerra contra o próprio corpo, numa sofrida espera que ninguém sabe quando termina.
(Foto – Barry Gossage/NBAE)
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