12.2.03



MENINO DE FUTURO




Butler é uma pérola entre os calouros
e pode estar na elite da liga em breve




De certa forma, o jogo do último sábado reforçou uma tese que eu guardava na gaveta há algum tempo. Agora sinto-me encorajado a falar dela, mesmo ciente do risco de um tiro n’água. Aqui do meu canto, acho que a NBA está vendo nascer mais um grande jogador. Anotem o nome de Caron Butler.

Para começo de conversa, nem penso em listá-lo como candidato ao título de calouro do ano. A disputa parece fechada entre Yao Ming e Amare Stoudemire. Enquanto essa dupla curte a glória em 2003, o ala do Miami Heat vai asfaltando a estrada, com a certeza de que há muito chão pela frente.

Para defender minha teoria, sou obrigado a jogar um punhado de números na lixeira. Vou usar apenas os que me interessam. No sábado, por exemplo, Butler foi o cestinha dos novatos com 23 pontos. Registrou ainda 7 assistências, 4 roubadas e 4 rebotes. Se a bola de cristal não estiver mentindo para mim (como andou fazendo nos últimos dias), a atuação pode ter sido um breve sumário de seu futuro.

Atlético, habilidoso e dono de um basquete plástico, bonito de ver, o rapaz tem tudo para evoluir e se tornar um dos atletas mais versáteis da liga. Isso leva tempo, claro, não é coisa para o mês que vem.

Levando em conta apenas as médias de pontos (13.9) e passes (2.7) na temporada, não dá para apostar tão alto. Mas a numeralha costuma enganar os céticos. Só para citar dois exemplos: Kobe Bryant e Tracy McGrady não passaram dos 8 pontos por partida quando eram calouros. Hoje, são os melhores do mundo na posição em que jogam. Será uma heresia comparar esse moleque do Miami com Kobe e T-Mac? Pode ser. Mas pode não ser.

Os torcedores do Heat, pelo menos, já se renderam ao novo ídolo. Uma pesquisa no site do time aponta Butler como o melhor do elenco na primeira metade do campeonato, à frente de medalhões como Eddie Jones e Brian Grant. Que o garoto tenha paciência e cabeça fria. O que é dele está guardado.

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Ainda sobre o Miami: Pat Riley sofre no bolso uma espécie de ditadura da NBA. Por ter criticado publicamente os juízes após uma derrota para o Portland, o técnico foi multado em US$ 20 mil. Em dezembro, já havia perdido US$ 50 mil pelo mesmo motivo. Casos como esse são recorrentes, o que não deixa de ser uma incoerência na nação que mais se orgulha da liberdade de expressão. Em um dos esportes mais populares do país, é proibido levantar a voz contra o poder soberano da arbitragem. Como se os donos do apito não merecessem um puxão de orelhas de vez em quando.

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(Foto – Barry Gossage/NBAE)

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