16.10.03
bom com ele, melhor sem ele
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))) Bryant desvia o foco das
atenções e irrita os colegas
Na noite de terça-feira, Shaquille O’Neal estava solícito com o reportariado. Faltavam poucos minutos para o começo do amistoso contra o Phoenix Suns, e o pivô parecia animado no vestiário, diante de um bocado de microfones. Lá pelas tantas, perguntaram por que ele havia decidido não entrar em quadra, poupando o calcanhar dolorido. A resposta veio na lata:
“Quero me cuidar e estar bem para Derek, Karl e Gary.”
Ops.
Levando em conta que Derek é Derek Fisher, Karl é Karl Malone e Gary é Gary Payton, é impressão minha ou falta algum nome nessa lista? É claro que os repórteres também sentiram algo estranho no ar e pediram para o craque repetir a frase. Ele repetiu. Com os mesmos nomes, e a mesma omissão que dá margem a várias interpretações.
A primeira delas é a confirmação, pela enésima vez, de que Kobe Bryant não figura no rol dos amigos de Shaq. Que estes graúdos não se bicam, todo mundo já sabe. O que espantou a imprensa foi a frieza de soltar uma declaração cheia de malícia justamente quando o quase-desafeto atravessa o pior momento da carreira, unindo a recuperação de uma cirurgia ao inferno pessoal de uma acusação de estupro.
Não é difícil, porém, chegar a uma conclusão que vai além dessa constatação óbvia. A verdade é que este Kobe Bryant, envolvido com a Justiça até o pescoço, não é bem vindo no vestiário dos Lakers.
O próprio O’Neal já tinha deixado isso bem claro no primeiro dia de treinamento no Havaí, quando Kobe ainda não tinha se apresentado. “O time todo está aqui”, disse o pivô, dando a entender que quem está com a cabeça nos tribunais deve mesmo é ficar em casa bolando estratégias de defesa. Cruel? Pode ser, mas tem mais gente pensando parecido.
O técnico Phil Jackson, bom budista que é, não gosta de oba-oba e sabe que a presença de Bryant na delegação desvia a atenção de atletas, torcedores e jornalistas. Foi ele que vetou o jogador na viagem. “Não quis ele aqui. Seria uma distração desnecessária.”
Assim como Shaq, a dupla Payton-Malone parecia mais descontraída que o normal no pré-jogo de terça. Livres do noticiário policial, todos puderam falar apenas de basquete, sem as recorrentes e incômodas perguntas sobre a influência disso e daquilo no clima do grupo.
Sem os dois principais jogadores da campanha do tricampeonato, o Los Angeles pareceu capenga em quadra e perdeu feio para os Suns de Leandrinho (104-86). Hoje à noite, contra LeBron James e os Cavaliers, os desfalques devem se repetir. Se tudo correr como planejado, Kobe só volta amanhã (Phoenix de novo) ou domingo (Cleveland de novo), enquanto Shaq pretende retornar na estréia da temporada regular, dia 28, contra o Dallas.
Uma coisa, no entanto, ficou clara durante os primeiros amistosos: mesmo de ótimo humor, Derek, Karl e Gary, que somam 104 anos de idade, já não têm basquete suficiente para segurar a onda sozinhos.
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foto . cbs/sportsline
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